AQUELA
CATIVA
(Endechas
a Bárbara escrava)
Aquela
cativa
Que
me tem cativo,
Porque
nela vivo
Já
não quer que viva.
Eu
nunca vi rosa
Em
suaves molhos,
Que
pera meus olhos
Fosse
mais fermosa.
Nem
no campo flores,
Nem
no céu estrelas
Me
parecem belas
Como
os meus amores.
Rosto
singular,
Olhos
sossegados,
Pretos
e cansados,
Mas
não de matar.
U~a
graça viva,
Que
neles lhe mora,
Pera
ser senhora
De
quem é cativa.
Pretos
os cabelos,
Onde
o povo vão
Perde
opinião
Que
os louros são belos.
Pretidão
de Amor,
Tão
doce a figura,
Que
a neve lhe jura
Que
trocara a cor.
Leda
mansidão,
Que
o siso acompanha;
Bem
parece estranha,
Mas
bárbara não.
Presença
serena
Que
a tormenta amansa;
Nela,
enfim, descansa
Toda
a minha pena.
Esta
é a cativa
Que
me tem cativo;
E.
pois nela vivo,
É
força que viva.
LUÍS
VAZ DE CAMÕES
2 comentários:
A cultura e a sensibilidade sempre presentes. Parabéns, minha Amiga!
Rever Camões associado a uma bela imagem é um prazer...
Maior prazer é tê-la de volta querida Amiga.
Sabe como são especialmente importantes os seus comentários, vindos de uma pessoa como a Peonia
Beijo.
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