sábado, junho 24, 2017

ESTA NOITE A MÚSICA ANDA NO AR, COM WHITNEY HOUSTON: "WHITNEY, CAN I BE ME"



Hoje, “PRETO, BRANCO, E…” convidou para a nossa noite de música, Whitney Houston e o filme “Whitney-Can I be me” dos realizadores Nick Broomfield e Rudi Dolezal. O filme, no formato de documentário, apresenta-nos uma nova Whitney, cuja história de vida nos é revelada, pela primeira vez longe das cameras, concertos e estúdios de gravação. Estreou-se mundialmente este mês, nas salas de cinema.

Whitney Houston foi um fenómeno nunca visto. Dona de uma voz inconfundível e poderosíssima, reinou durante anos nas diversas rádios do mundo inteiro e fez a alegria da indústria musical. Mas a sua história de vida está longe de ser um conto de fadas. Prisioneira do próprio sucesso, nunca conseguiu a liberdade de cantar e gravar a música que queria, vivendo uma vida pautada pelas exigências dos que a rodearam. O filme reúne imagens nunca vistas, que revelam um mundo cheio de dúvidas e conflitos. Família, religião, drogas, sexualidade, baixa escolaridade e um matrimónio conturbado, acabaram por tornar num permanente conflito a vida desta grande estrela do universo da rádio e do cinema.
But, we’ll always love you... 


BOA NOITE, AMIGOS!







PELA NOITE, COM ALICE VIEIRA: "DESENHA COM A PONTA DOS TEUS DEDOS"




DESENHA COM A PONTA DOS TEUS DEDOS


Desenha com a ponta dos teus dedos
As fronteiras exactas do meu rosto
As rugas os sinais a cicatriz que ficou da infância
O lento sulco das lâminas onde no peito
Se enterra o mistério do amor

E diz-me
O que de mim amaste noutros corpos
Noutras camas noutra pele

Prometo que não choro mas repete
As palavras minhas que um dia sem querer
Misturaste nas tuas e levaste
Com as chaves da casa e os documentos do carro
- largaste sobre a mesa com o copo de gin a meio
Na primeira madrugada em que me esqueceste.


ALICE VIEIRA,
in "Arte poesia"(Ed: OZEDY), pág.36



Alice Vieira
Alice Vieira nasceu em 1943, em Lisboa. É licenciada em Filologia Germânica pela Faculdade de Letras de Lisboa.
Iniciou a sua carreira de jornalista aos 18 anos, no Diário de Lisboa. Trabalhou em vários jornais, entre os quais o Diário de Notícias, a cuja redação pertenceu até 1990, data em que deixou o jornalismo diário, para ficar como free-lancer, sendo durante muitos anos colaboradora do Jornal de Notícias e da revista Activa. Atualmente está reformada do jornalismo, mas trabalha no Jornal de Mafra e, desde há 13 anos, na revista juvenil Audácia, dos missionários combonianos.

Em 1979 publicou o seu primeiro romance juvenil — Rosa, Minha Irmã Rosa — que nesse ano ganhou o “Prémio de Literatura do Ano Internacional da Criança”. Desde então tem publicado regularmente romances juvenis, poesia, teatro, recolhas de histórias tradicionais, livros infantis.
Recebeu o prémio Calouste Gulbenkian em 1983 pelo seu livro Este Rei Que Eu Escolhi; o Grande Prémio Gulbenkian pelo conjunto da obra (1984); o Prix Octogone pela edição francesa de Os Olhos de Ana Marta (2000); a “Estrela de Prata do Prémio Peter Pan” pela edição sueca de “Flor de Mel”, e foi várias vezes distinguida com o Prémio Corvo Branco, atribuído pela Biblioteca Internacional da Juventude de Munique.

Fez parte da equipa de escritores dos programas de televisão “Rua Sésamo”, “Jornalinho”, “Hora Viva”, “Arco-Íris”, etc.

Ultimamente tem-se também dedicado à literatura para adultos, com três volumes de crónicas (Bica Escaldada, Pezinhos de Coentrada e O Que Se Leva Desta Vida), o romance histórico Os Profetas, uma biografia da escritora inglesa Enid Blyton, o livro autobiográfico Histórias da Avó Alice, três livros de poemas -- Dois Corpos Tombando na Água (Prémio Maria Amália Vaz de Carvalho), O Que Dói às Aves, e Os Armários da Noite — e o livro Tejo, juntamente com o fotógrafo brasileiro Neni Glock. Participou ainda, com mais seis autores, em romances coletivos como Novos Mistérios de Sintra, O Código de Avintes, Eça Agora, 13 Gotas ao Deitar e, mais recentemente, A Misteriosa Mulher da Ópera.

Orienta regularmente oficinas de escrita criativa. Desloca-se quase diariamente a escolas e bibliotecas de todo o país – e também de países onde os seus livros estão traduzidos (Espanha, Alemanha, Holanda, Itália, Suécia, Sérvia, etc.).

É publicada regularmente em língua francesa pela editora La Joie de Lire— onde já saíram os romances juvenis Viagem à Roda do Meu Nome (Voyage Autour de Mon Nom), Flor de Mel (Fleur de Miel), Os Olhos de Ana Marta (Les Yeux d’Ana Marta), Caderno de Agosto (Cahier d’Août) e O Casamento da Minha Mãe (Le Mariage de Ma Mère) e, mais recentemente, o livro de poemas para crianças A Charada da Bicharada (La Charade des Animaux).
Participou com o maestro Eurico Carrapatoso no conto musical A Arca do Tesouro (interpretada pela Orquestra Metropolitana de Lisboa); e o compositor Sérgio Azevedo musicou a Charada da Bicharada, recentemente editada em CD.

É membro da direção da Sociedade Portuguesa de Autores.



SANTO ANTÓNIO JÁ SE ACABOU, O SÃO PEDRO ESTÁ-SE A ACABAR...







"Fogueiras de amor, já fiz,
Mas ocultei-lhes a chama.
A alma ama e não diz,
A boca diz mas não ama.

Pelo Santo António vi-te,
P'lo S. João fui falar-te;
No S. Pedro convenci-te,
Falta um santo p'ra deixar-te."
(Quadras populares)


Junho é, por excelência, o mês dos santos populares, e os bairros mais típicos e antigos das cidades transfiguram-se em enfeites de cor e ambiente de intensa alegria. É nestes lugares tão genuínos que se celebram as festas dos santos populares, com origem nos antigos rituais pagãos do solstício de verão e que remontam à Idade Média.


Tal como nas festas de Santo António, também nestes dias que antecedem o dia 24 de junho, dia dedicado a  São João Batista, vulgarmente conhecido apenas como São João, as ruas enchem-se do cheiro das sardinhas assadas, o vinho escorre para os copos, e os arraiais e romarias espalham-se indiscriminadamente.

O povo benze-se com alho porro, salta-se a fogueira para dar sorte, compra-se o manjerico que se cheira com a mão, para que não seque. Diz a tradição que as águas das orvalhadas da madrugada de São João têm poderes excecionais de purificação, regeneração e proteção, garantindo amores felizes e casamento próximo, para além de proporcionarem vigor aos idosos e beleza aos jovens.

Poderes místicos também são atribuídos a determinadas plantas, como o alho porro, a alcachofra, o manjerico, o cardo ou a erva cidreira.

A tradição das fogueiras de São João está relacionada com o ancestral culto do Sol, em que o fogo simboliza o poder purificador e fertilizante. O saltar da fogueira está estreitamente ligado à saúde, ao acasalamento e à fecundação.


Por sua vez e segundo a lenda da tradição das cascatas de São João, Santa Isabel teria sido muito amiga de Nossa Senhora e por isso, visitavam-se assiduamente. Uma tarde, Santa Isabel foi a casa de Nossa Senhora e contou-lhe que em breve nasceria seu filho, que se chamaria João Batista. Nossa Senhora então  teria perguntado: “Como poderei saber do nascimento dessa criança? Vou acender uma fogueira bem grande. Assim  poderás vê-la ao longe e saberás que João nasceu. Mandarei também erguer um mastro com uma boneca sobre ele.

Santa Isabel cumpriu a promessa. Certo dia Nossa Senhora viu ao longe uma fumaceira e depois umas chamas bem vermelhas. Foi à casa de Isabel e encontrou o menino João Batista, aquele que mais tarde batizaria Jesus e seria um dos santos mais importantes do catolicismo. Aconteceu no dia 24 de junho

São João Batista, depois de Santo António, é o segundo santo homenageado nesta quadra festiva. Apelidado de "apóstolo do amor" terá nascido a 24 de junho, anunciado pelo Anjo Gabriel, e foi o precursor do Messias, a quem batizou como estava determinado. Morreu a pedido de Salomé, que exigiu a sua cabeça por indicação de sua mãe Herodíades, com quem Herodes mantinha uma relação ilícita.


A festa de São João tem no Porto o seu maior expoente e dimensão, assumindo quase um carácter mágico pela forma como os seus habitantes vivem a festa. É como se tudo acabasse nesse dia, festejando a chegada de um novo ciclo de renovação com liberdade e desprendimento. A véspera do dia 24 torna-se no dia da noite mais longa, na cidade do Porto.

É a noite do tradicional fogo de artifício sobre o rio Douro. A tradição cumpre-se ainda com a sardinha assada na brasa, com os manjericos e as suas quadras populares, com as elaboradas cascatas de dezenas de figuras de barro, com o lançamento de balões de ar quente que ficam a brilhar no céu, com as fogueiras para as pessoas saltarem e os célebres cordões humanos que percorrem a cidade. E finalmente, com os ramos de erva cidreira, os alhos porros e os ruidosos martelinhos que servem para bater na cabeça de quem passa...

Se calhar, podia dizer-se que basta estar numa qualquer rua do Porto, para se estar a festejar o São João. Rusgas, bailes, fogos de artifício, pequenas festas de bairro, de rua, de praça, espalham-se pela cidade e ninguém fecha a porta a ninguém que queira entrar, nesta noite tão especial.

E depois, claro, restam ainda os locais onde a história e a tradição festejam oficialmente o São João: a Ribeira, a Av. dos Aliados, a Baixa portuense....
São João que, só a partir de 1911 e por referendo, viu o dia da sua festa tornar-se oficialmente feriado municipal e em 1945 os seus festejos  serem considerados como parte integrante das festas do município.


BOM SÃO JOÃO!






segunda-feira, junho 19, 2017

PORTUGAL A ARDER - PORTUGAL OFICIALMENTE DE LUTO. Saiba como pode ajudar!




Portugal está oficialmente de luto, que durará 3 dias.

Pelo menos 62 pessoas morreram e cerca de 62 pessoas ficaram feridas num incêndio que deflagrou na tarde de sábado passado em Pedrógão Grande, Leiria. Números que poderão aumentar, se a situação dos fogos evoluir, uma vez que temperaturas acima dos 40 graus e fortes trovoadas assolam grande parte do território do país.

A maior parte das vítimas foi apanhada pelas chamas quando seguia de carro e se viu encurralada pelo fogo, mas há várias aldeias com casas que o mesmo fogo destruiu. Os mortos confirmados até ao momento serão todos civis. Muitas pessoas estão ainda dadas como desaparecidas, situação agravada pela dificuldade das comunicações no local. Durante a madrugada, foi noticiado o desaparecimento de dois bombeiros, mas terão sido localizados, com ferimentos. Entre os cinco feridos mais graves estão quatro bombeiros e uma criança. Na manhã do dia de ontem, domingo, o fogo ainda ardia com muita intensidade, com quatro frentes, duas delas muito violentas.

A PJ garante que o fogo teve origem num raio que atingiu uma árvore.
Marcelo Rebelo de Sousa deslocou-se na madrugada  de ontem a Pedrógão Grande.  À chegada, o Presidente da República emocionou-se ao abraçar o secretário de estado da Administração Interna, Jorge Gomes. Após reunião com as equipas de comando das operações no local, o Presidente da República apresentou as condolências à família das vítimas mortais e manifestou um "profundo calor humano" e apoio a todos os meios envolvidos no local, destacando os bombeiros, a GNR, o Exército e a Segurança Social. Disse ainda que no caminho até ao teatro das operações viu "cabos caídos e acessos difíceis".

Nos últimos anos, Portugal tem sido atingido por incêndios florestais que já mataram centenas de elementos dos Bombeiros e civis. A tragédia de Pedrogão Grande é das mais graves de sempre no que toca a vítimas mortais. Na memória está ainda os grandes incêndios da Serra do Caramulo em 2013, que vitimaram quatro bombeiros, encurralados pelas chamas. Mais recentemente no ano passado, na Madeira, violentos incêndios varreram a ilha provocando três mortos e dezenas de feridos, num cenário dantesco que correu o mundo. Em 2006, seis bombeiros chilenos, que vieram auxiliar os seus companheiros portugueses num incêndio na Guarda, acabaram por não conseguir escapar à força do fogo. Dois anos antes, já dois especialistas chilenos tinham perdido a vida num incêndio na Chamusca. O pior ano de sempre em termos de mortos devido a incêndios foi em 2003. Na altura morreram 21 pessoas. 25 militares morrem na Serra de Sintra Em 1986, 14 bombeiros e dois civis morreram num violento incêndio que deflagrou em Castanheira do Vouga, no concelho de Águeda. As chamas que acontecem agora no Distrito de Leiria, onde 62 pessoas perderam a vida e outras 62 apresentam ferimentos graves, devido a estes incêndios começados no Pedrógão, mas que se alastram já por 3 distritos, constituem de longe,  a maior tragédia de sempre em Portugal, ocasionada pelos fogos florestais.

Durante a oração dominical do Angelus, no Vaticano, o Papa Francisco convidou todos os fiéis a rezarem em silêncio por todas as vítimas do incêndio que já provocou a morte a 61 pessoas. “Eu transmito a minha proximidade ao querido povo português, atingido por um incêndio devastador que causou mortes, feridos e destruição", disse Francisco ao longo da oração.  

Ao terminar esta triste e dolorosa menagem, não posso deixar de enaltecer e homenagear esses heróis anónimos, os Bombeiros Voluntários e Civis de Portugal, que nem por um instante deixam de generosamente oferecer as suas vidas em prol das vidas que não hesitam em resgatar a estes fogos pavorosos e ainda a tantas outras circunstâncias de perigo.

Sei que a comunicação social e as redes sociais fazem recolha de alimentos, roupas, leite, tudo o que possa ajudar quem nada tem agora.


Ficam algumas sugestões, para quem quiser ser solidário:

Para as vítimas do incêndio, o Correio da Manhã e a CMTV abriram uma linha solidária. Basta ligar para o 760 202 101 (custo da chamada 0,60€+IVA) para ajuda. A receita das chamadas feitas para esta linha reverte por inteiro para ações de solidariedade com as vítimas e respetivas famílias.

Também a Caixa Geral de Depósitos abriu uma conta solidária "Unidos por Pedrógão" (Conta Solidária Caixa 0001 100000 330), sendo que ao banco público fez uma doação inicial de 50 mil euros. A todos os que quiserem ajudar, podem fazê-lo com o IBAN PT50 0035 0001 00100000330 42.

A Uber associa-se a tragédia de Pedrógão Grande A plataforma tecnológica Uber irá disponibilizar a partir de segunda-feira uma opção gratuita para os usuários doarem bens alimentares e material médico aos bombeiros e vítimas da tragédia de Pedrógão Grande. A recolha destes bens será feita pelos motoristas da empresa e não tem qualquer custo para o utilizador.  Ajudar os bombeiros com comida, água e medicamentos

A corporação dos Bombeiros Voluntários de Leiria deixa um apelo para que entrenguem, em qualquer um dos quartéis da região, garrafas de água, enlatados, bolos secos, produtos de higiene e bens não perecíveis. Aceitam-se ainda donativos, cobertores e roupa para as vítimas, leite e barras energéticas.
Noutras corporações da os pedidos variam, sendo que em alguns casos os donativos serão depois encaminhados para as corporações que mais precisarem:

Bombeiros Penela: Água e fruta 

Bombeiros Voluntários de Góis: Águas, fruta e outros alimentos,soro fisiológico, pomadas para queimaduras

Bombeiros Voluntários de Miranda do Corvo: Águas, enlatados, fruta, leite, soro fisiológico

Bombeiros Voluntários de Oliveira do Hospital: águas e enlatados Bombeiros Voluntários Ansião: Águas, fruta, barras energéticas e bolachas, sumos

Bombeiros Voluntários de Coimbra: Água, leite, barras enegéticas

Bombeiros Sapadores de Coimbra: Aceitam donativos que serão depois entregues nas corporações mais necessitadas

Bombeiros Voluntários de Brasfemes: Águas, barras de cereais

Bombeiros Condeixa: águas, barras energéticas, leite, sumos, conservas e enlatados, fruta

Bombeiros Voluntários De Alvaiázere: Água, fruta, barras energéticas

Bombeiros Voluntários Marinha Grande e Bombeiros Voluntários Vieira de Leiria: Almofadas, cobertores e lençóis para posterior entrega em Pedrógão Grande.

Bombeiros Voluntários De Lisboa: Aceitam donativos para posterior entrega em Pedrógão Grande .



BEM HAJAM. PORTUGAL E OS PORTUGUESES AGRADECEM!






sexta-feira, junho 16, 2017

LISBOA É LINDA!!! - SANTOS POPULARES 2017





Cumprindo a tradição, uma vez mais Lisboa pintou-se e vestiu-se com as cores dos santos populares, no passado dia 13 de junho, dia de Santo António de Pádua e de Lisboa.
Trono de Santo António

As festas do dia iniciaram-se com a tradicional procissão em honra de Santo António, o mais venerado em Lisboa, embora o seu padroeiro seja São Vicente. Com partida do adro da Igreja que leva o orago do santo, a procissão percorreu diversas artérias do popular bairro de Alfama, entre enfeites dos arraiais, sempre acompanhada por milhares de devotos, passando pela Sé de Lisboa onde se incorporou a relíquia do santo franciscano sumamente venerado em Lisboa e Pádua, até retornar ao Largo da Sé, adjacente ao largo de Santo António, para a benção aos fiéis.

Tal como acontece desde 1958, os Casamentos de Santo António afirmam-se, ano após ano, também como uma marca incontornável na tradição popular de Lisboa. A iniciativa, retomada há 20 anos, e organizada, desde então, pela Câmara Municipal de Lisboa, é, para Fernando Medina, seu presidente, “também um estímulo à fixação dos jovens na cidade”.

No final do dia, a noite que prometia ser longa, iluminou-se com o colorido do desfile das Marchas de Lisboa ao longo da Avenida da Liberdade, as luzes de um sem número de arraiais espalhados por toda cidade e fogos de artifício. Mais uma vez a tradição se cumpriu: a alegria e o entusiasmo dos milhares de pessoas presentes, foram a moldura marcante das festas populares deste ano.

No total, 20 marchas estiveram em competição e participaram no desfile, que partiu do Marquês de Pombal e desceu a Avenida da Liberdade em direção aos Restauradores: Alfama  (vencedora do ano passado) , Benfica, Madragoa, Alto do Pina, Carnide, Penha de França, Campo de Ourique, Bica, Castelo, Ajuda, São Vicente, Mouraria, Santa Engrácia, Alcântara, Marvila, Bela Flor-Campolide, Belém, Olivais, Graça e Bairro Alto.

O bairro de Alfama foi o vencedor desta edição 2017 das Marchas Populares de Lisboa,  escolha da responsabilidade da Empresa de Gestão de Equipamentos e Animação Cultural (EGEAC), responsável pela organização desta iniciativa e revelada pela mesma empresa na passada terça feira, dia 13.

O segundo lugar foi atribuído à marcha do Bairro Alto e o terceiro à marcha da Madragoa.

Alfama em noite de Santo António

VENCEDORES (categorias):

Melhor coreografia:Madragoa
Melhor cenografia:Carnide
Melhor figurino:Alfama
Melhor letra:Bica
Musicalidade:Alfama
Melhor composição original:Piratas on the rock, Bela Flor – Campolide.



LISBOA É LINDA!!!






PELA NOITE, COM JOÃO MORGADO: " A CASA"



A CASA


Tu és uma casa.
Gosto de olhar pela janela
para dentro de ti

Confesso
por vezes gosto de me fazer convidado
 de esfregar uns beijos 
no tapete de entrada
e entrar como não quer nada
apesar de querer tudo. 

Tudo. 

Absolutamente tudo!

Chego para pedir
um poucochinho de açúcar
um nico sal 
um raminho de salsa 
um suave torvelinho de ternuras

Chego para pedir coisas pequenas
que não te façam falta 
na esperança de que dês pela minha falta
nas pequenas coisas que te peço

Às vezes digo que passei só por passar
com medo de confessar a intenção.

Digo que tropecei no teu olhar
que foi sem querer
- desculpa,
se te peguei na mão!

Suspiro baixinho
que encalhei no teu carinho

Sim, baixinho
mas não muito, pois confesso
…a intenção é que me oiças!

Tu és uma casa.

Gosto de olhar pela janela
para dentro de ti.

Por vezes gosto de me fazer convidado
e fico feliz quando me abres
as portadas dos teus braços.

Mas gostava tanto, tanto, mas tanto,
quer fosses tu a convidar-me
a oferecer o tapete de entrada aos meus beijos
a dar a chave da porta aos meus desejos.

Queria deixar do lado de fora
a desculpa de que vim
pelo cheiro do café que é o teu perfume.

Queria estar ao fogão 
a acender-te o lume.

Queria estar sentado contigo à mesa,
sentado, a teu lado, numa mesa a dois,
para te dizer depois ao que vim,
para te dizer depois, e por fim,
que não quero ser mais o teu convidado, 
que quero o teu corpo habitado
…por mim!

Tu és uma casa.

Deixa-me olhar pela janela
para fora de ti!



JOÃO MORGADO,
In «Para Ti»
2014(Ed: Kreamus)


quarta-feira, junho 14, 2017

PELA NOITE, COM JOÃO MORGADO: "BAILARINO:PÁSSARO DO CHÃO"




BAILARINO: PÁSSARO-DO-CHÃO

  
O Bailarino é um pássaro do chão,
como outros são do céu.
São a inveja das árvores que não voam
a inveja das pedras com musgo
dos pesados Homens que não dançam.

Quem te ensinou a voar?
Foi a magia do vento?
Foi o vento que te ensinou a ser folha bailadeira
em vez de árvore?
A ser poeira malabarista em vez de pedra?
A ser artista e a altear os pés sem estar preso?
A recolher as raízes, a vomitar o peso?

O Bailarino é um pássaro do chão,
como outros são do céu.
O seu corpo é uma recta onde cabem
todas as curvas de um véu.
Feito de ar, nervos d’aço, é fio-de-prumo aberto em compasso.

Quem te ensinou a voar?
Foi o milagre dos deuses?
Foram os deuses que te ensinaram
a intensidade e a leveza?
O brilho dos reflexos, a elegância da espuma?
O enlaçar da poesia e das emoções uma a uma,
uma a uma?

O Bailarino é um pássaro do chão,
como outros são do céu.
Quem te ensinou a voar?

- Aprendi na dor…!

Sim, o Bailarino é um pássaro
as suas asas são da dimensão da dor
um pássaro moldado em rasgado movimento
que se repete, se repete, se repete…
quantas vezes? - setenta vezes sete
até que reste um corpo alquebrado
maltratado, castigado, torturado
e se abra um sulco de arado na alma…

- Sem direito ao céu, o Bailarino é um pássaro bastardo,
que sem magias nem milagres aprende
a voar em contraluz,
deixando o sangue no estrado
onde apenas o suor reluz!

- Ahhh… mas quando dança…
quando dança é pássaro por inteiro
esquece a mágoa e o sofrimento
desliza como água, é música em movimento
ganha asas, ganha vento, ganha os ares a sonhar
abre em arco os seus braços, risca lume no ar
e em pose de conquistador, rei d’aquém e d’além dor
vai onde o corpo alcança
e é num segundo
senhor do mundo
num subtil passo de dança!


JOÃO MORGADO,
in“CNB e os Poetas”
Ed: Companhia Nacional de Bailado,
"Arte poesia", pág.113, 
Ed:"Edições Oz", 2015




Na imagem: bailarino Roberto Bolle
Montagem e composição da imagem:



João Morgado
João Morgado nasceu em 1965, em Aldeia do Carvalho, Covilhã, Portugal. É formado em Comunicação pela Universidade da Beira Interior e tem um mestrado em Estudos Europeus na Universidade de Salamanca, Espanha.
Trabalhou como jornalista e, para além da imprensa regional, escreveu no diário “Público” e semanário “Sol”. Consultor de comunicação nos meios empresariais e políticos, é atualmente chefe de Gabinete do Presidente da Câmara de Belmonte.
Na literatura, afirmou-se com dois romances: «Diário dos Infiéis», 2010, e «Diário dos Imperfeitos», 2012. Estas duas obras foram adaptadas ao teatro pela ASTA – Associação de Teatro e outras Artes.
A sua incursão no romance histórico deu-se com a obra «VERA CRUZ», um romance histórico sobre a vida desconhecida de Pedro Álvares Cabral e que apresenta uma nova versão sobre as verdadeiras razões que o levaram a desviar a frota e chegar a um novo continente, e tomar oficialmente para Portugal as que são hoje as terras do Brasil.
Este livro teve ainda uma versão para crianças «Cabralito», com ilustrações de Bruno Picoto.
O romance «VERA CRUZ» serviu ainda de base a uma sinfonia para Orquestra Sinfónica, com Coro e Soprano. Uma obra composta pelo maestro João Pedro Delgado, que teve a direção da orquestra do maestro Gustavo Delgado e Dora Rodrigues como soprano convidada. Os músicos da orquestra selecionados entre oito escolas de música do distrito de Castelo Branco. A estreia ocorreu a 21 de Maio, no TMG - Teatro Municipal da Guarda.
Recentemente lançou «ÍNDIAS», um romance biográfico dedicado a Vasco da Gama, o herói imperfeito, que foi odiado por todos mas amado por D. Manuel I e ficou na história de Portugal por ter sido o primeiro navegante a chegar às Índias das especiarias.
Entre os livros publicados, destacamos ainda «Meio-Rico», contos, 2011; «Pássaro dos Segredos», conto ilustrado, 2014; «Para Ti», poesia, 2014. É coordenador do DIÁSPORA – Festival Literário de Belmonte

Saiba mais:


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