terça-feira, setembro 30, 2014
segunda-feira, setembro 29, 2014
À NOITINHA, COM MANUEL ALEGRE: "ESPLENDOR DE AGOSTO"
ESPLENDOR DE AGOSTO
Aconteceu o pior: o
esquecimento.
Esqueci tudo o que deve ser
lembrado
e já não sei se és tu ou se te
invento
e se o que resta é só o
imaginado.
Esqueci o nome o olhar esqueci
o rosto
reclinado nas tardes de
Setembro.
E já não sei sequer quem foi
deposto
e se lembro não sei se és tu
que lembro.
Porque tudo esqueci e não
esqueci
esplendor dos corpos no azul de
Agosto
e aquele não sei quê que havia
em ti
e aquele ardor em mim de fogo
posto.
Esqueço a lembrar e se te
lembro esqueço
e já não sei se és margem ou
ainda o centro
de tanto te inventar não te
conheço
e quanto mais te esqueço mais
te lembro.
MANUEL ALEGRE,
in Nada está Escrito
domingo, setembro 28, 2014
PELA NOITE, COM PHILIP LARKIN: "CONTINUING TO LIVE"
CONTINUING TO LIVE
Continuing to live –that is,
repeat
A habit formed to get necessaries–
Is nearly always losing, or going without.
It varies.
A habit formed to get necessaries–
Is nearly always losing, or going without.
It varies.
This loss of interest, hair,
and enterprise–
Ah, if the game were poker, yes,
You might discard them, draw a full house!
But it's chess.
Ah, if the game were poker, yes,
You might discard them, draw a full house!
But it's chess.
And once you have walked the
length of your mind, what
You command is clear as a lading-list.
Anything else must not, for you, be thought
To exist.
You command is clear as a lading-list.
Anything else must not, for you, be thought
To exist.
And what's the profit? Only
that, in time,
We half-identify the blind impress
All our behavings bear, may trace it home.
But to confess,
We half-identify the blind impress
All our behavings bear, may trace it home.
But to confess,
On that green evening when our
death begins,
Just what it was, is hardly satisfying,
Since it applied only to one man once,
And that one dying.
Just what it was, is hardly satisfying,
Since it applied only to one man once,
And that one dying.
PHILIP LARKIN
sábado, setembro 27, 2014
PELA NOITE, COM GONÇALVES DIAS
OS SEUS OLHOS
Seus olhos tão negros, tão
belos, tão puros,
De vivo luzir,
Estrelas incertas, que as águas
dormentes
Do mar vão ferir;
Seus olhos tão negros, tão
belos, tão puros,
Têm meiga expressão,
Mais doce que a brisa, — mais
doce que o nauta
De noite cantando, — mais doce
que a frauta
Quebrando a solidão,
Seus olhos tão negros, tão
belos, tão puros,
De vivo luzir,
São meigos infantes, gentis,
engraçados
Brincando a sorrir.
São meigos infantes, brincando,
saltando
Em jogo infantil,
Inquietos, travessos; —
causando tormento,
Com beijos nos pagam a dor de
um momento,
Com modo gentil.
Seus olhos tão negros, tão
belos, tão puros,
Assim é que são;
Às vezes luzindo, serenos,
tranquilos,
Às vezes vulcão!
Às vezes, oh! sim, derramam tão
fraco,
Tão frouxo brilhar,
Que a mim me parece que o ar
lhes falece,
E os olhos tão meigos, que o
pranto humedece
Me fazem chorar.
Assim lindo infante, que dorme
tranquilo,
Desperta a chorar;
E mudo e sisudo, cismando mil
coisas,
Não pensa — a pensar.
Nas almas tão puras da virgem,
do infante,
Às vezes do céu
Cai doce harmonia duma Harpa
celeste,
Um vago desejo; e a mente se
veste
De pranto co'um véu.
Quer sejam saudades, quer sejam
desejos
Da pátria melhor;
Eu amo seus olhos que choram em
causa
Um pranto sem dor.
Eu amo seus olhos tão negros,
tão puros,
De vivo fulgor;
Seus olhos que exprimem tão
doce harmonia,
Que falam de amores com tanta
poesia,
Com tanto pudor.
Seus olhos tão negros, tão
belos, tão puros,
Assim é que são;
Eu amo esses olhos que falam de
amores
Com tanta paixão.
GONÇALVES DIAS
(1823-1864)
Etiquetas:
POEMAS SOLTOS-Os Teus Olhos. Gonçalves Dias.
UMA FACA DE DOIS GUMES...- O "BLUETOOTH" ENTRE NÓS
NOTA:
Porque me parece importante e satisfazendo inúmeros pedidos, repito hoje , de novo, a publicação desta mensagem, assim como deixo o link de outra publicada em sequência e relacionamento com esta :http://pretobrancoe.blogspot.pt/2014/09/mais-um-idoso-encontrado-morto-em.html
O Bluetooth pode ter problemas de segurança. Empresa finlandesa detectou vulnerabilidades na segurança dos dispositivos Bluetooth, sobretudo telemóveis.
Bluetooth arrisca segurança de
telemóveis A tecnologia Bluetooth pode colocar em risco a segurança dos
dispositivos, de acordo com um relatório técnico apresentado pela empresa
finlandesa Codenomicon. A tecnologia Bluetooth, muito comum em dispositivos
smartphones e telemóveis, tem vulnerabilidades que podem ser exploradas por
hackers.
A Codenomicon testou o uso do
Bluetooth num kit mãos livres para utilização do telemóvel em automóveis,
concluindo que é possível aceder aos dados dos telemóveis. Em situações de
maior risco também os sistemas electrónicos dos automóveis podem ser colocados
em risco, colocando em causa a segurança dos passageiros do veículo.
«O problema está na implementação,
uma vez que podem ocorrer erros humanos», referiu Ari Takanen, CFO da
Codenomicon. «Raramente a qualidade do software é visível para os
consumidores».
Os dados pessoais são uma
verdadeira mina de ouro para aqueles que os exploram, mas cuidado com os
deslizes.
Temos o exemplo flagrante, no
nosso quotidiano, quando, levianamente nos referimos “às vizinhas com saltos de papagaio”…Mas não
é assim tão inocente.
Ao publicar esta mensagem,
procurei , modestamente, porque os meus conhecimentos informáticos são
puramente banais, informar-me um pouco mais acerca deste assunto “tabu” para tantos.
Certamente que muitos de nós já
conhecemos o som dos saltos e as batidas que hoje em dia proliferam nos nossos
condomínios. A própria comunicação social brinca com o assunto.
Talvez assim possam entender um
pouco sobre a “técnica”, pessoalmente considerada psicoticamente criminosa, uma
vez que não respeita nem a liberdade nem a privacidade de cada um de nós,
constitucionalmente reconhecidas.
Colhi as informações que se
seguem na intenet, e reproduzo o seu conteúdo na íntegra:
I-“Inscrever-se na lista de
distribuição de uma newsletter, comprar bilhetes de avião, preencher um
formulário administrativo, partilhar fotos através das redes sociais, utilizar
o GPS integrado no Smartphone, ver um vídeo, jogar online e em rede, são tudo
oportunidades para adquirir múltiplas tipologias de dados pessoais, cuja
utilização poderá ser multiplicada infinitas vezes através das campanhas de
e-marketing direcionadas, comportamentais e mais ou menos invasivas. O
internauta terá então pela frente barras intermitentes ou deslizantes, links
comerciais puxados pelo motor de busca, spams na caixa de correio eletrónico.
O dinamismo deste mercado
também se serve da evolução das tecnologias e, em breve, certas informações
serão recolhidas diretamente a partir do nosso corpo. Uma marca de equipamentos
desportivos de renome mundial apresentou recentemente uma pulseira de medição
de atividade física que permite arquivar os resultados obtidos para poder
depois armazená-los nos servidores da empresa e utilizá-los mais tarde para
oferecer conselhos em matéria de entretenimento desportivo ao seu utilizador.
Os grandes nomes que fazem a
rede dos nossos dias são na essência máquinas financeiras que têm como
objectivo rentabilizar ao máximo a sua atividade e criar valor. Apesar dos
avisos permanentes, a grande maioria dos internautas não tem qualquer
consciência da utilização que é feita dos seus dados pessoais.
Negligenciamos a proteção dos
nossos dados pessoais por desejo de facilidade
O destino dos nossos dados
pessoais está nas nossas mãos, se nos esforçarmos!
II_Comunicação WIFI sem
qualquer hotspot
Há uns tempos atrás, o bluetooh
começou por ser a tecnologia escolhida para comunicação entre alguns
dispositivos, como por exemplo entre telemóveis. Apesar de muitos considerarem
que o Bluetooth é actualmente uma tecnologia obsoleta, a verdade é que serve
perfeitamente para vária situações, é uma tecnologia barata, e além disso permite emparelhar dois
equipamentos de forma muito fácil.
Uma vez que esta funcionalidade
é interessante, porque não portá-la para as redes wifi?
A Wi-Fi Alliance, grupo
responsável por garantir a interoperabilidade entre dispositivos Wi-Fi de
diferentes fabricantes, veio anunciar recentemente um novo standard de
comunicação designado por Wi-Fi Direct. Este novo standard, permitirá que os equipamentos comuniquem
entre si, não existindo a necessidade de um hotspot (ex. router wifi) pelo meio das comunicações.
Review:
Asus AT3N7A-I (Atom dual core com Ion!)
É uma placa-mãe mini-ITX que
pode ser um interessante ponto de partida para a montagem de um PC compacto
para uso geral ou até mesmo um Media PC transado para marcar presença no seu
home theatre.
Apesar de a Nvidia afirmar que
não faltam chipsets Ion no mercado, a oferta de produtos baseados nessa
plataforma ainda é rara e disponível em pequenas quantidades. O que temos visto
é que os primeiros lançamentos têm sido de fabricantes pequenos que desviam do
radarzinho de Santa Clara ou de empresas grandes o suficiente para resistir às
ofertas de vendas casadas (processadores Atom com chipset incluso) por preços
super camaradas. Entre elas estão a Zotac e a ASUS, que fabrica a AT3N7A-I – um
produto que, por sinal, nem consta do catálogo do site americano na empresa
(fui encontrar informações dela no site da Inglaterra).
ASUS_AT3N7AI_overview
Ocupando um quadrado de apenas
17 cm de lado, a AT3N7A-I segue o padrão Mini-ITX, desenvolvido pela VIA
Technologies e que aos poucos é adotado por outros big players do mercado,
incluindo a própria Intel, como a linha Essential Series D945GCLF montada aqui
no Brasil pela Digitron.
Se de um lado a placa da Intel
é voltada para a montagem de PCs simples e baratos, o modelo da ASUS atrai um
público bem mais maduro e sofisticado, em especial entusiastas que procuram por
uma plataforma diferenciada que ofereça uma boa relação entre desempenho
gráfico e consumo de energia.
ASUS_AT3N7AI_overview2_small
Na minha opinião, um dos
grandes atrativos desse produto é sua compatibilidade com os atuais padrões do
mercado, ou seja, nada de conectores exóticos, fontes customizadas ou gabinetes
com furação estranha que você só vai encontrar (literalmente) na China. Ela se
comporta como qualquer placa-mãe mainstream do mercado, podendo ser instalada
em qualquer gabinete padrão ATX.
ASUS_AT3N7AI_no_gabinete_small
O seu painel traseiro aproveita
ao máximo o espaço disponível, ofecendo (à partir da esquerda) uma porta PS/2
para teclado, duas USB 2.0, HDMI, SVGA, SPDIF, mais seis USB 2.0, eSATA,
bluetooth (uia!), rede Gigabit Ethernet (Realtek RTL8112L) e som (VIA VT 1708s)
de 7.1 canais. Ainda existe uma conexão interna para mais duas portas USB 2.0 e
de som, provavelmente para ser usada em conexões frontais do computador.
ASUS_AT3N7AI_back_panel_small
O que mais chamou a atenção
neste departamento foi a sua interface Bluetooth que — na primeira vez — pensei
tratar-se de um dongle USB (eba!), mas o dito cujo não pode ser removido
(boo!). Eu acho que essa solução é até mais interessante do que, por exemplo, uma porta Wi-Fi integrada. Isso
porque o Bluteooth pode comunicar facilmente com outros dispositivos de entrada
e saída como controles remoto, mouses, teclados e até mesmo fones de ouvido.
Fora isso ele poderia baixar informações e conteúdo de outros dispositivos
móveis como fotos de um celular, vídeos e músicas de um PC etc. As
possibilidades são infinitas.
ASUS_AT3N7AI_bluetooth_small
Outra vantagem desse modelo é a
presença de dois slots para pentes de memória DIMM DDR2 de 667/800 Mhz com
suporte para dual channel, algo incomum nesse tipo de placa. Na imagem abaixo
podemos ver outros recursos interessantes, como as três portas SATA 300, o
conector da fonte de 24 pinos e até duas saídas de alimentação para
ventiladores do gabinete. Nada mal para uma simples placa do seu porte.
ASUS_AT3N7AI_slot_memory_small
No canto esquerdo podemos ver
seu único slot PCI que pode ser usado para adicionar mais algum recurso ao
projeto de montagem como mais uma placa de rede Ethernet ou Wi-Fi, mais portas
de disco IDE ou SATA ou até mesmo uma placa de captura de vídeo ou recepção de
TV.
ASUS_AT3N7AI_PCI
No canto inferior esquerdo
podemos ver o LED verde que avisa que a placa está ligada, ao lado dos dois
únicos jumpers da placa: o de cima limpa a CMOS e o de baixo abriga a entrada
do sensor de invasão do gabinete. Também podemos ver as conexões do painel
frontal que se resume ao essencial: botões de liga/desliga e Reset e os LEDs de
liga e de acesso ao disco rígido.
ASUS_AT3N7AI_jumpers_small
Obviamente, toda essa
parafernália eletrónica serve apenas para dar apoio aos dois principais
componentes da placa-mãe, que são o processador Atom 330 dual core de 1,6 GHz e
o seu chipset Nvidia Ion montados sob um grande cooler de alumínio e arrefecido
por uma ventoinha cujo som lembra muito uma dor de dente: leve e constante ela
não vai te matar, mas pode te deixar doido se ficar invocado com ela.
ASUS_AT3N7AI_cooler
Em termos simples, o Atom 330 é
representado por dois processadores Atom N230 “Diamondville” de 1,6 GHz e 512
KB de cache L2 montados lado a lado no mesmo encapsulamento. É um tipo de
solução dual core já usada pela Intel noutros produtos da casa como o Pentium D
e os Core 2 Quad. O curioso é que, como o núcleo Diamondville tem suporte para
Hyper-Threading, ele comporta-se como um processador de quatro núcleos. Se
pensar um pouco, de um certo modo o Atom 330 é o menor e mais barato x86
quadcore da praça e que, por incrível que pareça, roda SOs de 64 bits.
(Review: Asus AT3N7A-I (Atom dual core com Ion!)
Mário Nagano @ztopztop on 01/10/09, 17:52
ASUS_AT3N7AI_Intro)
Repito:
Negligenciamos a proteção dos
nossos dados pessoais por desejo de facilidade
O destino dos nossos dados
pessoais está nas nossas mãos, se nos esforçarmos, caso contrário, serão do
amigo do alheio.
Infelizmente, o tráfego destes
dados é de tal modo importante, que a sua falta de proteção atrai a cobiça de
uma outra categoria de coletores de dados, um certo tipo de hackers.
Relacionados com o que inicialmente referi.
Deixo os contactos que
considerei necessários na ajuda para a resolução da “brincadeira” dos “saltos
de papagaio”, que de brincadeira tem muito pouco. Falem, não se calem, eduquem
os vossos filhos e os vossos comportamentos. Todo o problema que o homem criou,
também o pode eliminar.
Brigadas de crime informático:
Contactos
Diretoria de Lisboa e Vale Tejo - Piquete
211 967 202
Diretoria do Norte - Piquete
225 088 644
Diretoria do Centro - Piquete
239 828 130
Diretoria do Sul - Piquete
289 884 522
quinta-feira, setembro 25, 2014
quarta-feira, setembro 24, 2014
IMAGEM DO DIA, COM UNICEF
"Dear Nailatu,
It’s not easy to be a school girl like you in Northern Nigeria.
You are only 12. But you have a dream: become a doctor.
Your father is behind you all the way. UNICEF as well.
Don't give up on your dream. Never. You will be a doctor, Nailatu".
http://ow.ly/y6sKb
Best,
UNICEFAfrica and its fans
#BringBackOurGirls #AfricanChildDay
It’s not easy to be a school girl like you in Northern Nigeria.
You are only 12. But you have a dream: become a doctor.
Your father is behind you all the way. UNICEF as well.
Don't give up on your dream. Never. You will be a doctor, Nailatu".
http://ow.ly/y6sKb
Best,
UNICEFAfrica and its fans
#BringBackOurGirls #AfricanChildDay
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IMAGEM DO DIA-UNICEF Africa
LISBOA FESTEJA O "DIA EUROPEU SEM CARROS", COM BARCOS...- 22 de Setembro de 2014
No Programa Café da Manhã da
RFM de hoje,
o humorista Nilton falou do Dia Europeu sem carros,
que Lisboa
assinalou com barcos ...
terça-feira, setembro 23, 2014
PELA NOITE, COM LORD BYRON; "SO WE´LL BE NO MORE A ROVING"
SO, WE´LL BE NO MORE A ROVING
So, we'll go no more a roving
So late into the night,
Though the heart be still as
loving,
And the moon be still as
bright.
For the sword outwears its
sheath,
And the soul wears out the breast,
And the heart must pause to
breathe,
And love itself have rest.
Though the night was made for
loving,
And the day returns too soon,
Yet we'll go no more a roving
By the light of the moon.
LORD BYRON (GEORGE GORDON)
domingo, setembro 21, 2014
DIA MUNDIAL DA DOENÇA DE ALZHEIMER 2014 - "Um Filho não tem Cabelos Brancos"
As pessoas com Alzheimer desaprendem todos os dias de viver. Esquecem nomes, caras, palavras, gestos e movimentos. Na Casa do Alecrim, unidade criada apenas para pessoas com este problema, todos os dias as ensinam a lembrar as suas próprias vidas. Hoje é dia mundial da doença.
Reproduzo, seguidamente, um artigo que me impressionou particularmente, publicado no jornal Expresso.
"É
como uma cena de um filme que se está sempre a ver de novo, em repetição
contínua. Elena está habituada, faz parte da sua profissão, é terapeuta
ocupacional na Casa do Alecrim, uma unidade no concelho de Cascais criada para
pessoas com doença de Alzheimer. Basta-lhe que eles saibam que “é alguém
importante nas suas vidas e que gosta deles”. Mas ser apenas isso, apenas isso,
é muito mais difícil de pedir a um familiar.
Demora muito tempo, e alguns familiares nunca
conseguem esse patamar que exige criar uma forma de “tolerância para não estar
agarrado ao que a pessoa foi”, diz Fernanda Carrapatoso, directora desta
unidade sem fins lucrativos da associação Alzheimer Portugal.
É pedir a um filho que aceite que aquela mãe ou pai nunca mais vai saber que ele é seu filho, nem o nome com que escolheu baptizá-lo, nem nada do que viveu com ele, e que consiga aceitar ser apenas uma pessoa que reconhecem, que sentem que é familiar e que lhes traz bem-estar quando a vêem chegar. Em troca, não podem esperar mais nada. E, mesmo isso, a capacidade de os reconhecer como alguém significativo, irá, mais tarde ou mais cedo, desaparecer.
É pedir a um filho que aceite que aquela mãe ou pai nunca mais vai saber que ele é seu filho, nem o nome com que escolheu baptizá-lo, nem nada do que viveu com ele, e que consiga aceitar ser apenas uma pessoa que reconhecem, que sentem que é familiar e que lhes traz bem-estar quando a vêem chegar. Em troca, não podem esperar mais nada. E, mesmo isso, a capacidade de os reconhecer como alguém significativo, irá, mais tarde ou mais cedo, desaparecer.
Ele sabe que ela o reconhece e que quando aparece sente uma emoção agradável, mas a interacção com a mãe, de 86 anos, limita-se a pouco mais do que esta troca de frases. Francisco deixou de lhe chamar mãe porque ela não responde ao chamamento e ainda lhe pergunta “’Qual mãe?’, como quem diz ‘Vai chamar mãe a outra’”, explica o filho, de 42 anos. Trata-a pelo nome, porque ela já não se lembra que é mãe dele, mas ainda sabe que se chama Natalina. “Anda, Natalina, vamos andar, faz-te bem o exercício”, diz-lhe, para darem mais uma volta ao edifício envidraçado, arquitectado para receber luz de todos os ângulos.
Também
há dias em que Natalina identifica Francisco como “o mano”. Não sabe porquê é
que por vezes ocupa esse lugar, afinal, um dos dois irmãos que Natalina tinha
morreu, com o outro já não tem relações e nunca a visitou, ao contrário de
Francisco, que o faz dia sim, dia não. Talvez ele seja “o mano” porque quando
Francisco lhe voltou a aparecer na vida, vivia em Inglaterra desde 1997, já
tinha umas mechas de cabelo grisalho “e um filho não tem cabelos brancos”,
tentou explicar-se a si mesmo. Para Natalina “o Francisco é uma criança”.
No
tempo em que cuidava de Natalina em sua casa havia noites em que Francisco
adormecia a chorar e a pensar “a falta que me fazia ter aqui a minha mãe” e
noites em que, na mesma casa, “a mãe vagueava à procura da criança, do filho”,
que nunca conseguiu encontrar, apesar de habitarem ambos o mesmo espaço. É como
se vivessem em tempos desencontrados. Natalina Sequeira procurava um filho que
na sua cabeça ainda era pequeno, Francisco chorava uma mãe que começou a
desaparecer há uns cinco anos. “Era superprotectora, andávamos sempre agarrados
aos abraços e beijos. A preocupação dela por mim faz-me falta”; “agora é uma
mulher distante, fria”.
Foi
a mãe que ela foi que lhe serviu de combustível emocional para aguentar ser
cuidador dela durante três anos, sozinho, antes de conseguir vaga na Casa do
Alecrim, que abriu portas em Janeiro de 2013. A irmã tinha feito o mesmo, antes
de ele ter de regressar. Para 30 vagas de utentes da segurança social há 400
pessoas em espera, só do concelho de Cascais, explica a directora da unidade.
http://alzheimerportugal.org/pt/
Francisco Sequeira vivia já 16 anos em Inglaterra, emigrou quando ainda não era tendência, não arranjava emprego em Portugal. Lá ganhou vida estável, como professor de educação especial, mas teve de voltar para tentar arranjar uma solução para os pais. Tirou um ano de licença sem vencimento, pensou que em seis meses resolveria tudo, lhes arranjaria um lar. Só conseguia lugar em lares privados, o mínimo 1200 euros por mês e ele não tinha esse dinheiro. Teve de desistir da vida em Inglaterra para tomar conta da sua mãe em sua casa, e também do pai, que entretanto também ficou demente mas morreu há uns meses. Em Portugal há 153 mil pessoas com alguma forma de demência, cerca de 90 mil são casos de Alzheimer. Está em Portugal há 4 anos, “a vida destruída”.
(CATARINA GOMES 21/09/2014 - 08:48)
Para saber mais sobre esta doença em Portugal:
(CATARINA GOMES 21/09/2014 - 08:48)
Para saber mais sobre esta doença em Portugal:
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DIA MUNDIAL DA DOENÇA DE ALZHEIMER 2014
sábado, setembro 20, 2014
UM FIM DE DIA, COM EUGÉNIO DE ANDRADE:"ADEUS"
ADEUS
Já gastámos as palavras pela
rua, meu amor,
e o que nos ficou não chega
para afastar o frio de quatro
paredes.
Gastámos tudo menos o silêncio.
Gastámos os olhos com o sal das
lágrimas,
gastámos as mão à força de as
apertarmos,
gastámos o relógio e as pedras
das esquinas
em esperas inúteis.
Meto as mãos nas algibeiras
e não encontro nada.
Antigamente tínhamos tanto para
dar um ao outro!
Era como se todas as coisas
fossem minhas:
quanto mais te dava mais tinha
para te dar.
Às vezes tu dizias: os teus
olhos são peixes verdes!
e eu acreditava.
Acreditava,
porque ao teu lado
todas as coisas eram possíveis.
Mas isso era no tempo dos
segredos,
no tempo em que o teu corpo era
um aquário,
no tempo em que os meus olhos
eram peixes verdes.
Hoje são apenas os meus olhos.
É pouco, mas é verdade,
uns olhos como todos os outros.
Já gastámos as palavras.
Quando agora digo: meu amor...,
já se não passa absolutamente
nada.
E no entanto, antes das
palavras gastas,
tenho a certeza
de que todas as coisas
estremeciam
só de murmurar o teu nome
no silêncio do meu coração.
Não temos já nada para dar.
Dentro de ti
não há nada que me peça água.
O passado é inútil como um
trapo.
E já te disse: as palavras
estão gastas.
Adeus.
EUGÉNIO DE ANDRADE
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