quinta-feira, março 30, 2017

ESTA NOITE A MÚSICA ANDA NO AR, COM ERNESTO CORTAZAR: "LA VIE EST BELLE"



Hoje "Preto, Branco, E..." escolheu o pianista 
Ernesto Cortazar e a sua música fabulosa, para convidado da nossa noite.
A vida não é senão uma cara bela!...

BOA NOITE, AMIGOS!



quarta-feira, março 29, 2017

A UNICEF LANÇOU UM NOVO ALERTA QUE NÃO PODEMOS IGNORAR: A FOME NO MUNDO!





A guerra no Iémen fez pelo menos 7700 mortos, dos quais pelo menos 1546 crianças, segundo um relatório da UNICEF divulgado na segunda-feira.

O conflito entra no terceiro ano no país mais pobre do Médio Oriente e as crianças pagam o preço mais elevado. Há 462 mil crianças num estado de subnutrição grave, um número que aumenta rapidamente desde 2014.

De acordo com o relatório, o sistema de saúde do país está à beira do colapso, deixando cerca de 15 milhões de homens, mulheres e crianças sem acesso a cuidados básicos de saúde. Um surto de cólera e diarreia aquosa aguda continua a expandir-se desde outubro de 2016, com mais de 22,500 casos suspeitos de contágio e 106 mortes.
70% dos iemenitas dependem atualmente de ajuda humanitária para sobreviver. Os combates destruíram estradas e outras infraestruturas, o que, a par de obstáculos de ordem burocrática, dificulta os esforços de ajuda das organizações humanitárias.

Um “relatório do ReliefWeb http://reliefweb.int/report/yemen/yemen-not-much-time-avert-catastrophe, um serviço de informação das Nações Unidas sobre crises humanitárias, informou em 20 de março que “a situação da população civil é terrível e milhões de pessoas passam fome”.
Com a guerra, o número de crianças privadas de escolarização aumentou de mais de 50%. Cerca de 3,5 milhões de jovens formam uma geração perdida para um dos países mais pobres do mundo. A guerra privou de ensino 1,84 milhões de crianças, que vieram somar-se aos 1,6 milhões não escolarizados antes do conflito, de acordo com a UNICEF. Segundo esta, 212 ataques aéreos atingiram escolas e mataram alunos. A guerra deixou inutilizáveis 1.640 escolas, 10% dos estabelecimentos escolares do país, dos quais 1.470 foram destruídas ou passaram a abrigar combatentes ou deslocados.

O conflito no Iémen acentuou-se com a intervenção em 26 de março de 2015 da coligação militar liderada pela Arábia Saudita em apoio às forças pró-governamentais contra os rebeldes xiitas Houthis. Tal como na Síria, a Arábia Saudita e o Irão estão envolvidas no Iémen numa luta entre sunitas e xiitas, pelo controlo do Oriente Médio. Enquanto a Arábia Saudita conta com apoio dos Estados Unidos, os rebeldes xiitas Houthi são apoiados pelo Irão. Isto, ao mesmo tempo que os extremistas sunitas do Daesh combatem as forças Houthi e a Al-Qaeda recruta combatentes do Daesh para as suas fileiras.

Segundo a imprensa britânica, os Estados Unidos realizaram 40 ataques aéreos no Iémen entre 1 e 15 de março.
Assim e de acordo com a UNICEF, cerca de 22 milhões de crianças estão com fome, doentes, deslocadas e sem escola no nordeste da Nigéria, na Somália, no Sudão do Sul e no Iémen. No dia 11 de março, o coordenador dos serviços humanitários das Nações Unidas, Stephen O’Brien (Subsecretário-Geral de Assuntos Humanitários e Coordenador do Socorro de Emergência da ONU e Incumbente ) revelou que o mundo enfrenta a maior crise humanitária desde 1945, com mais de 20 milhões de pessoas afetadas pela fome nestes quatro países. Segundo Stephen O’Brien, ator e embaixador da UNICEF no Reino Unido,  o Iémen vive a situação mais dramática.

Agora, em toda a África Oriental, milhões de crianças e as suas famílias enfretam a fome como resultado da guerra civil, da seca e da falta de alimento.
No sul do Sudão, a fome já foi declarada em algumas partes do país - a primeira vez em seis anos a fome foi declarada em qualquer parte do mundo - e mais de 270.000 crianças sofrem de desnutrição aguda grave. Esta é a forma mais mortal de desnutrição que, se não tratada, leva à morte.
Num longo depoiamento, Tom Hiddleston, ator e embaixador da UNICEF no Reino Unido, declarou:

“O Sul do Sudão é o país mais novo do mundo, após a declaração de independência do Sudão em 2011. Desde que a guerra civil estourou em 2013, os seus sonhos de independência e um futuro de esperança foram quebrados. Aqueles que carregam o peso do conflito são, como sempre, crianças inocentes.

Dois anos atrás, viajei para o sul do Sudão no meu papel de embaixador do UNICEF no Reino Unido e encontrei crianças desnutridas, que lutavam pela vida. Crianças que não têm comida suficiente para comer estão em risco de doenças: pneumonia, diarreia, malária. As crianças, sempre as mais vulneráveis, são socorridas em emergências de extrema gravidade.

Num centro de alimentação de emergência, falei com uma mãe chamada Regina, mãe de uma criança de 15 meses, Emmanuela, que sofria de severa desnutrição. Regina foi apanhada nos combates, mas conseguiu escapar, viajando quilómetros a pé até chegar a Wau Shilluk, no nordeste do país. Por sorte, chegaram ao centro de tratamento onde Emmanuela recebeu tratamento de salvamento e reanimação. Emmanuela é uma das muitas crianças em todo o país à beira da fome devido a uma luta pelo poder entre as fações políticas que supostamente levam o país para a prosperidade. Infelizmente, existem atualmente centenas de milhares de crianças como esta, que precisam de ajuda imediata.

Na mesma visita, tive o privilégio de me juntar a uma missão de ajuda de emergência do UNICEF em helicóptero, denominada Mecanismo de Resposta Rápida. É o método mais eficiente e mais rápido de entregar alimentos e suprimentos que salvam vidas a pessoas em regiões remotas presas pela guerra. Em conjunto com o Programa Alimentar Mundial, que fornece alimentos de emergência, a UNICEF pode criar estações no campo, onde crianças com fome podem receber alimentos que salvam vidas, ao mesmo tempo que podem ser vacinadas contra a poliomielite e sarampo e depois de identificadas, são acompanhadas na esperança de reencontrarem os seus pais e famílias. A equipe passou uma semana no terreno, divulgando a operação, para que o maior número possível de pessoas fosse capaz de vir e receber o tratamento de que precisavam desesperadamente. Foi uma operação notável.

Ao longo de 2016, A UNICEF realizou 190 destas missões, continuando a alcançar áreas que nenhuma outra organização humanitária pode alcançar. A UNICEF tem os recursos, a habilidade, o conhecimento e a mão-de-obra. Mas mais do que isso, tem a paixão, a coragem e a vontade”

Tom Hiddleston,
Embaixador da UNICEF no Reino Unido

Saiba como pode colaborar com a UNICEF: http://www.unicef.pt/








terça-feira, março 28, 2017

IMAGEM DO DIA, COM MIGUEL TORGA






BOM DIA, COM JOAQUIM PESSOA: "AS TUAS LÁGRIMAS"




AS TUAS LÁGRIMAS


As tuas lágrimas respiram e florescem, o lugar onde te sentas é o rio que corre em sobressalto por dentro de uma árvore, seiva renovada que transporta palavras até às folhas felizes de um amor demorado e ainda puro. E essa árvore fala através das tuas palavras, demora-se em conversas com as abelhas, com os gaios, com o vento.

As tuas lágrimas iluminam as páginas alucinadas dos livros de poesia, e as mesas claras tão cheias de frutos que se assemelham a fogueiras ruivas, alimento privilegiado de um imenso e intenso dragão que me aquece o sangue.

As tuas lágrimas transbordam os grandes lagos dos meus olhos e eu choro contigo os grandes peixes da ternura, esses mesmos peixes que são os arquitetos perturbados de uma relação sem tempo mas alimentada por primaveras que de tão altas são inquestionáveis.

As tuas lágrimas fertilizam as searas celestes, arrefecem o movimento dos vulcões, absorvem toda a beleza do arco-íris, embebedam-se com a doçura das estrelas. E são oferendas à mãe terra, o reconhecimento final do princípio do nosso pequeno mundo.

As tuas lágrimas são minhas amigas.

São as minhas lágrimas. A forma de chorar-te cheio de alegria, ferido por esta felicidade de amar-te muito, de amar-te sempre, de apascentar nas horas mais desoladas, o meu rebanho florido de azáleas brancas e vermelhas.


JOAQUIM PESSOA,
in 'Ano Comum'


segunda-feira, março 27, 2017

UM POUCO MAIS DE JOAQUIM PESSOA: "CONTA COMIGO SEMPRE"




CONTA COMIGO SEMPRE


Conta comigo sempre. Desde a sílaba inicial até à última gota de sangue. Venho do silêncio incerto do poema e sou, umas vezes constelação e outras vezes árvore, tantas vezes equilíbrio, outras tantas tempestade. A nossa memória é um mistério, recordo-me de uma música maravilhosa que nunca ouvi, na qual consigo distinguir com clareza as flautas, os violinos, o oboé.

O sonho é, e será sempre e apenas, dos vivos, dos que mastigam o pão amadurecido da dúvida e a carne deslumbrada das pupilas. Estou entre vazios e plenitudes, encho as mãos com uma fragilidade que é um pássaro sábio e distraído que se aninha no coração e se alimenta de amor, esse amor acima do desejo, bem acima do sofrimento.

Conta comigo sempre. Piso as mesmas pedras que tu pisas, ergo-me da face da mesma moeda em que te reconheço, contigo quero festejar dias antigos e os dias que hão-de vir, contigo repartirei também a minha fome mas, e sobretudo, repartirei até o que é indivisível.
Tu sabes onde estou.

Sabes como me chamo.
Estarei presente quando já mais ninguém estiver contigo, quando chegar a hora decisiva e não encontrares mais esperança, quando a tua antiga coragem vacilar. Caminharei a teu lado. Haverá, decerto, algumas flores derrubadas, mas haverá igualmente um sol limpo que interrogará as tuas mãos e que te ajudará a encontrar, entre as respostas possíveis, as mais humildes, quero eu dizer, as mais sábias e as mais livres.

Conta comigo. Sempre.


JOAQUIM PESSOA,
in “Ano Comum”

Voz: José-António Moreira



sábado, março 25, 2017

À NOITINHA, COM JOAQUIM PESSOA: "AMO-TE POR TODAS AS RAZÕES E MAIS UMA"






AMO-TE POR TODAS AS RAZÕES E MAIS UMA


Por todas as razões e mais uma.
Esta é a resposta que costumo dar-te quando me perguntas por que razão te amo. 
Porque nunca existe apenas uma razão para amar alguém.
Porque não pode haver nem há só uma razão para te amar.
Amo-te porque me fascinas e porque me libertas e porque fazes sentir-me bem.
E porque me surpreendes e porque me sufocas e porque enches a minha alma de mar e o meu espírito de sol e o meu corpo de fadiga.
E porque me confundes e porque me enfureces e porque me iluminas e porque me deslumbras.
Amo-te porque quero amar-te e porque tenho necessidade de te amar e porque amar-te é uma aventura.
Amo-te porque sim mas também porque não e, quem sabe, porque talvez.
E por todas as razões que sei e pelas que não sei e por aquelas que nunca virei a conhecer.
E porque te conheço e porque me conheço.
E porque te adivinho.

Estas são todas as razões.


Mas há mais uma: porque não pode existir outra como tu.


JOAQUIM PESSOA, 
in “Ano Comum”



Voz: Jorge Brandão



PELA NOITE, COM HERBERTO HELDER: "O AMOR EM VISITA"



O AMOR EM VISITA


Dai-me uma jovem mulher com sua harpa de sombra
e seu arbusto de sangue. Com ela
encantarei a noite.
Dai-me uma folha viva de erva, uma mulher.
Seus ombros beijarei, a pedra pequena
do sorriso de um momento.
Mulher quase incriada, mas com a gravidade
de dois seios, com o peso lúbrico e triste
da boca. Seus ombros beijarei.

Cantar? Longamente cantar.
Uma mulher com quem beber e morrer.
Quando fora se abrir o instinto da noite e uma ave
o atravessar trespassada por um grito marítimo
e o pão for invadido pelas ondas -
seu corpo arderá mansamente sob os meus olhos palpitantes.
Ele - imagem inacessível e casta de um certo pensamento
de alegria e de impudor.
Seu corpo arderá para mim
sobre um lençol mordido por flores com água.

Em cada mulher existe uma morte silenciosa.
E enquanto o dorso imagina, sob nossos dedos,
os bordões da melodia,
a morte sobe pelos dedos, navega o sangue,
desfaz-se em embriaguez dentro do coração faminto.
- Ó cabra no vento e na urze, mulher nua sob
as mãos, mulher de ventre escarlate onde o sal põe o espírito,
mulher de pés no branco, transportadora
da morte e da alegria.

Dai-me uma mulher tão nova como a resina
e o cheiro da terra.
Com uma flecha em meu flanco, cantarei.
E enquanto manar de minha carne uma videira de sangue,
cantarei seu sorriso ardendo,
suas mamas de pura substância,
a curva quente dos cabelos.
Beberei sua boca, para depois cantar a morte
e a alegria da morte.

Dai-me um torso dobrado pela música, um ligeiro
pescoço de planta,
onde uma chama comece a florir o espírito.
À tona da sua face se moverão as águas,
dentro da sua face estará a pedra da noite.
- Então cantarei a exaltante alegria da morte.

Nem sempre me incendeia o acordar das ervas e a estrela
despenhada de sua órbita viva.
- Porém, tu sempre me incendeias.
Esqueço o arbusto impregnado de silêncio diurno, a noite
imagem pungente
com seu deus esmagado e ascendido.
- Porém, não te esquecem meus corações de sal e de brandura.

Entontece meu hálito com a sombra,
tua boca penetra a minha voz como a espada
se perde no arco.
E quando gela a mãe em sua distãncia amarga, a lua
estiola, a paisagem regressa ao ventre, o tempo
se desfibra - invento para ti a música, a loucura,
e o mar.

Toco o peso da tua vida: a carne que fulge, o sorriso,
a inspiração.
E eu sei que cercaste os pensamentos com mesa e harpa.
Vou para ti com a beleza partida,
os ombros violados,
o sangue penetrado de paredes nuas.
Digo: eu sou a beleza, seu rosto e seu durar. Teus olhos
se transfiguram, tuas mãos descobrem
a sombra da minha face. Agarro tua cabeça
áspera e luminosa, e digo: ouves, meu amor?, eu sou
aquilo que se espera para as coisas, para o tempo -
eu sou a beleza.
Inteira, tua vida o deseja. Para mim se erguem
teus olhos de longe. Tu própria me duras em minha velada
beleza.

Então sento-me à tua mesa. Porque é de ti
que me vem o fogo.
Não há gesto ou verdade onde não dormissem
tua sombra e loucura,
não há vindima ou água
em que não estivesses pousando o silêncio criador.
Digo: olha, é o mar e a ilha dos mitos
originais.
Tu dás-me a tua mesa, descerras na vastidão da terra
a carne transcendente. E em ti
principiam o mar e o mundo.

Minha memória perde em sua espuma
o sinal e a vinha.
Plantas, bichos, águas cresceram como religião
sobre a vida - e eu nisso demorei
meu frágil instante. Porém,
teu silêncio de fogo e leite repõe a força
maternal, e tudo circula entre teu sopro
e teu amor. As coisas nascem de ti
como as luas nascem dos campos fecundos,
os instantes começam da tua oferenda
como as guitarras tiram seu início da música nocturna.

Mais inocente que as árvores, mais vasta
que a pedra e a morte,
a carne cresce em seu espírito cego e abstracto,
tinge a aurora pobre,
insiste de violência a imobilidade aquática.
E os astros quebram-se em luz sobre
as casas, a cidade arrebata-se,
os bichos erguem seus olhos dementes,
arde a madeira - para que tudo cante
por teu poder angélico e fechado.

Com minha face cheia de teu espanto e beleza,
eu sei quanto és o íntimo pudor
e a água inicial de outros sentidos.

Começa o tempo onde a mulher começa,
é sua carne que do minuto obscuro e morto
se devolve à luz.

Na morte referve o vinho, e a promessa tinge as pálpebras
com uma imagem.
Espero o tempo com a face espantada junto ao teu peito
de sal e de silêncio, concebo para minha serenidade
uma ideia de pedra e de brancura.
És tu que me aceitas em teu sorriso, que ouves,
que te alimentas de desejos puros.
E une-se ao vento o espírito, rarefaz-se a auréola,
a sombra canta baixo.

Começa o tempo onde a boca se desfaz na lua,
onde a beleza que transportas como um peso árduo
se quebra em glória junto ao meu flanco
martirizado e vivo.
- Para consagração da noite erguerei um violino,
beijarei tuas mãos fecundas, e à madrugada
darei minha voz confundida com a tua.
Oh teoria dos instintos, dom de inocência,
taça para beber junto à perturbada intimidade
em que me acolhes.

Começa o tempo na insuportável ternura
com que te adivinho, o tempo onde
a vária dor envolve o barro e a estrela, onde
o encanto liga a ave ao trevo. E em sua medida
ingénua e cara, o que pressente o coração
engasta seu contorno de lume ao longe.
Bom será o tempo, bom será o espírito,
boa será nossa carne presa e morosa.
- Começa o tempo onde se une a vida
à nossa gratidão.



HERBERTO HELDER,
(O Amor em Visita),1958



Voz:José-António Moreira



ESTA SEMANA O PAPA FRANCISCO CHAMOU ATENÇÃO DO MUNDO PARA DOIS FACTOS QUE NÃO PODEMOS IGNORAR...



Esta semana, o Papa Francisco, chamou a atenção do mundo para dois factos que não podemos de todo ignorar.
As palavras “Recordar os pais fundadores da União Europeia para encontrar o caminho do futuro” foram a mensagem do Papa Francisco que ecoou na sala Régia do Palácio Apostólico, num encontro inédito com os 27 chefes de Estado e de Governo da União Europeia.  

Na véspera do 60º aniversário do Tratado de Roma, o Sumo Pontífice procurou guiar os líderes de uma Europa que, segundo o Papa, “se desnorteou e vive a década das crises”.
“A Europa descobre uma nova esperança quando o homem está centro e no coração das suas instituições. Estou convencido que isso confere uma preparação imbuída de confiança para escutar as pessoas que constituem a União. Infelizmente, existe com frequência um sentimento de separação entre a cidadania e as Instituições Europeias”, proferiu o Papa Francisco.

Antes do Papa usar a palavra, coube ao primeiro-ministro italiano, Paolo Gentiloni, e ao Presidente do Parlamento Europeu, António Tanjani, discursarem:
“Podemos derrotar o terrorismo e o problema da imigração e acabar com a crise económica crónica e com o castigo do desemprego jovem, apenas se formos capazes de redescobrir e apreciar as razões que nos juntaram”, afirmou Tanjani.

Um encontro inédito num momento difícil da construção europeia, sem dúvida. Precisamente no 60º aniversário do Tratado que oficializou a criação da Comunidade Económica Europeia, a União prepara-se para, pela primeira vez, perder um Estado-membro: o Reino Unido…



Na véspera deste encontro inédito, numa nota divulgada pela sala de imprensa, a Santa Sé explica que o Papa Francisco recebeu em audiência o cardeal Ângelo Amato, prefeito da Congregação para as Causas dos Santos.
Durante a referida audiência, o Papa autorizou a Congregação para as Causas dos Santos a promulgar um conjunto de decretos, entre os quais o atribuído a Francisco Marto, que nasceu a 11 de junho de 1908 e morreu a 4 de abril de 1919, e ainda a Jacinta Marto, que nasceu a 11 de março de 1910 e morreu a 20 de fevereiro de 1920.

A canonização dos dois pastorinhos, beatificados pelo papa João Paulo II, em Fátima, estava dependente do reconhecimento deste milagre.
Protagonistas das aparições de Fátima, os dois pastorinhos, que assinalam este ano o seu centenário, foram beatificados pelo papa João Paulo II a 13 de maio de 2000, em Fátima.

O processo arrancou em 1981, com a alteração da disciplina eclesiástica que permite às crianças serem canonizadas. Passou por diferentes papas e, se terminar este ano, como agora se prevê, serão três os líderes da Igreja pelo qual o processo de beatificação e canonização dos dois pastorinhos passou: João Paulo II, Bento XVI e Francisco.

Promulgação do Decreto da Congregação das Causas dos Santos, 23.03.2017
Depois da beatificação, o processo de canonização foi aberto em 2004, mas sofreu um contratempo em 2007 face às dúvidas levantadas por especialistas do Vaticano em relação ao alegado milagre de uma criança na Suíça que teria ficado curada de diabetes após a mãe emigrante portuguesa assistir, de joelhos, ao processo de beatificação dos dois pastorinhos.

No entanto, em 2013, surgiu um caso que despertou o interesse da postuladora. Das "centenas e centenas de graças" que passaram pelas mãos de Ângela Coelho, a atenção voltou-se para o caso de uma criança no Brasil, para o qual foi alertada "dois meses depois de ter ocorrido".
É essa a graça agora considerada milagre pela Igreja Católica e que permitirá tornar os dois beatos de Fátima em santos.

Com a canonização, os dois beatos poderão ser os mais jovens santos da Igreja Católica. A data e local para a cerimónia de canonização vão ser decididos num próximo consistório (reunião de cardeais), no Vaticano, marcado para 20 de abril.

Em Portugal, considera-se que “não será nada de extraordinário” se a data decidida for o dia 13 de maio e o local a Cova da Iria, uma vez que o Papa estará em Portugal para participar na comemoração do Centenário das Aparições.

Sabemos que o programa da peregrinação do Papa Francisco para o centenário das aparições, anunciado em simultâneo em Fátima e em Roma, prevê um “encontro privado” com Marcelo Rebelo de Sousa na Base Aérea de Monte Real, a 12 de maio, e com António Costa, na manhã de 13 de maio.

Depois de aterrar às 16:20 de 12 de maio na Base Aérea de Monte Real, o papa visita a capela da base, antes do encontro privado de 30 minutos com o Presidente, Marcelo Rebelo de Sousa.
Segue depois da base em helicóptero até ao estádio de Fátima, deslocando-se numa viatura aberta até ao santuário, de acordo com o programa.
Às 18:15, tem prevista a primeira oração, na Capelinha das Aparições. À noite, fará uma saudação durante a Benção das Velas, também na capela.
A manhã de sábado, 13 de maio, começa com um encontro com o primeiro-ministro, António Costa, e com uma visita à Basílica de Nossa Senhora do Rosário de Fátima.
Pelas 10:00, começa a missa no recinto do santuário, com uma homilia de Francisco, além de uma saudação aos doentes. 
Depois do almoço com os bispos portugueses na Casa Nossa Senhora do Carmo, o Papa Francisco deverá regressar ao Vaticano a bordo do seu avião, estando prevista a cerimónia de despedida na base de Monte Real, segundo o programa anunciado em Fátima e em Roma.

De facto, foram duas novidades surpreendentes e maravilhosas, numa altura em que, logo pela manhã, somos surpreendidos pelas notícias dos loucos derrames de sangue que quase diariamente assolam o conturbado mundo de hoje…






quinta-feira, março 23, 2017

PELA NOITE, COM JOSÉ CARLOS ARY DOS SANTOS(ARY DOS SANTOS): "ESTRELA DA MANHÃ"



ESTRELA DA MANHÃ


Era a tarde mais longa de todas as tardes que me acontecia
Eu esperava por ti, tu não vinhas, tardavas e eu entardecia
Era tarde, tão tarde, que a boca tardando-lhe o beijo morria.
Quando à boca da noite surgiste na tarde qual rosa tardia
Quando nós nos olhámos, tardámos no beijo que a boca pedia
E na tarde ficámos, unidos, ardendo na luz que morria
Em nós dois nessa tarde em que tanto tardaste o sol amanhecia
Era tarde de mais para haver outra noite, para haver outro dia.

       Meu amor, meu amor
       Minha estrela da tarde
       Que o luar te amanheça
       E o meu corpo te guarde.
       Meu amor, meu amor
       Eu não tenho a certeza
       Se tu és a alegria
       Ou se és a tristeza.
       Meu amor, meu amor
       Eu não tenho a certeza!

Foi a noite mais bela de todas as noites que me adormeceram
Dos noturnos silêncios que à noite de aromas e beijos se encheram
Foi a noite em que os nossos dois corpos cansados não adormeceram
E da estrada mais linda da noite uma festa de fogo fizeram.
Foram noites e noites que numa só noite nos aconteceram
Era o dia da noite de todas as noites que nos precederam
Era a noite mais clara daqueles que à noite se deram
E entre os braços da noite, de tanto se amarem, vivendo morreram.

       Meu amor, meu amor
       Minha estrela da tarde
       Que o luar te amanheça
       E o meu corpo te guarde.
       Meu amor, meu amor
       Eu não tenho a certeza
       Se tu és a alegria
       Ou se és a tristeza.
       Meu amor, meu amor
       Eu não tenho a certeza!

Eu não sei, meu amor, se o que digo é ternura, se é riso se é pranto
É por ti que adormeço e acordado recordo no canto
Essa tarde em que tarde surgiste dum triste e profundo recanto
Essa noite em que cedo nasceste despida de mágoa e de espanto
Meu amor, nunca é tarde nem cedo para quem se quer tanto!



JOSÉ CARLOS ARY DOS SANTOS
(ARY DOS SANTOS),
in "As Palavras das Cantigas"

Voz: Carlos do Carmo



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