sábado, outubro 31, 2015

O PRÉMIO SAKHAROV 2015 FOI PARA O BLOGUISTA SAUDITA RAIF BADAWI







Raif Badawi foi condenado a pena de prisão e mil chibatadas por insultar o Islão

O presidente do Parlamento Europeu, Martin Schulz, apelou ontem à "libertação imediata" do bloguer saudita Raif Badawi de forma a que este possa receber o prémio Sakharov para a Liberdade de Pensamento na cerimónia marcada para 16 de dezembro, em Estrasburgo.

Raif Badawi 

O ativista que criou o site Free Saudi Liberals, uma plataforma para o debate político e religioso, foi condenado em 2014 a 10 anos de prisão e mil chibatadas por insultar o Islão numa pena que Schulz considera "um ato de tortura brutal".

A mulher de Badawi, Ensaf Haidar, considera que este prémio é uma "mensagem de esperança e coragem" para o marido. "Espero que este prémio ajude a fazer avançar a causa de Badawi e permita que volte para a sua família", afirmou à AFP em Montreal. Haidar fugiu com os três filhos para o Canadá após receber ameaças de morte.

O anúncio da distinção com o prémio do Parlamento Europeu é conhecido na mesma semana em que a mulher de Badawi revelou que as autoridades sauditas vão voltar a aplicar a pena do marido. Preso em 2012 e condenado no ano passado a mil chibatadas, o bloguer recebeu em janeiro as primeiras 50 num ato público - que foi filmado e partilhado nas redes sociais. As sessões seguintes (a ideia era que ocorressem ao longo de 20 semanas) foram adiadas por decisão médica e pressão internacional.
 
Ensaf Haidar, mulher do ativista, num protesto da UNICEF, no Canadá

Mas num comunicado publicado no site da Fundação para a Liberdade Raif Badawi, a mulher do ativista revelou na terça-feira ter recebido informações de uma fonte - a mesma que a avisou de que as primeiras chibatadas seriam administradas no início de janeiro - de que a aplicação da pena continuará atrás dos muros da prisão. "Peço ao Rei Salman para que acabe a provação do meu marido e o perdoe. Também peço que permita que seja deportado para o Canadá para que se possa reunir com a família", lia-se no texto de Haidar.

O galardão, que tem o nome do cientista e dissidente soviético Andrei Sakharov e é entregue desde 1988 a indivíduos ou organizações pelo seu contributo na defesa dos direitos humanos e democracia, inclui um prémio monetário de 50 mil euros. No ano passado, o vencedor tinha sido o médico ginecologista congolês Denis Mukwege, pelo seu trabalho com vítimas de violações.








IMAGEM DO DIA DE HALLOWEEN





HOJE É NOITE DE "HALLOWEEN". DIVIRTAM-SE!





A lenda de Jack O'Lantern está intimamente ligada às festas do Halloween, que ocorrem por esta altura do ano, mais precisamente em cada dia 31 de outubro. A lenda surgiu a partir de um mito irlandês, que conta a história de um homem conhecido como "Jack Miserável".
Segundo a história, Jack Miserável convidou o Diabo para tomar uma bebida . Fiel ao seu nome, Jack Miserável não queria pagar a sua bebida.
Jack O´Lantern

Então convenceu o Demónio a transformar-se numa moeda, que ele, Jack, usaria para pagar as bebidas. Depois do Diabo lhe ter feito a vontade, realizando o seu desejo, Jack pegou na moeda e guardou-a no bolso, ao lado de uma cruz de prata, o que impediu o Diabo de retomar a sua forma original.

Mas Jack soltou o Diabo, mediante a condição de ele o não incomodar durante um ano, e ainda de, se ele, Jack, morresse, o Diabo não reclamaria a sua alma.

No ano seguinte, Jack enganou novamente o Diabo, fazendo-o subir a uma árvore para apanhar um pouco de fruta. Enquanto o Diabo estava em cima da árvore, Jack esculpiu uma cruz no tronco desta, para que o Diabo não pudesse descer, até que o próprio Diabo lhe prometeu não o incomodar por mais dez anos.

Pouco tempo depois, Jack morreu. Segundo reza a lenda, Deus não poderia permitir que um ser tão repugnante fosse para o céu. O Diabo, embora zangado com o truque de Jack, tinha que manter a sua palavra de não reclamar a alma de Jack, e assim não permitiu que ele fosse para o inferno.

Então lançou Jack na noite escura, com apenas uma brasa de carvão acesa, para iluminar o seu caminho. 

 Jack Miserável, condenado a vaguear durante a noite.
Jack colocou o carvão dentro de um nabo esculpido, e tem vagueado pela Terra desde então. Os irlandeses começaram a referir-se a esta figura fantasmagórica como "Jack, The Lantern", e depois, simplesmente "Jack O'Lantern".



Esta lenda espalhou-se por toda a Irlanda e Escócia, e as pessoas começaram a criar as suas versões próprias de Jack O'Lantern, esculpindo rostos assustadores em nabos e batatas, que colocavam nas janelas ou perto das portas de entrada, para afugentar Jack O'Lantern e outros espíritos do mal, igualmente errantes.

Em Inglaterra, escolheram-se as beterrabas grandes, e os imigrantes destes países levaram consigo a tradição de Jack O´Lantern para os Estados Unidos da América.

Ali, os americanos rapidamente descobriram que as abóboras, uma fruta nativa da América, eram ótimas para fazer as lanternas, que hoje todos nós conhecemos...

Se analisarmos o modo como o Halloween é celebrado hoje, veremos que pouco tem a ver com as suas origens. Só restou uma alusão aos mortos, mas com um carácter completamente distinto do que tinha no início. 

Além disso, foi sendo incorporada, pouco a pouco, toda uma série de elementos estranhos tanto à festa de Finados como à de Todos os Santos.



Esta noite, divirtam-se!




sexta-feira, outubro 30, 2015

À NOITINHA, COM CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE: "NÃO DEIXE O AMOR PASSAR"





NÃO DEIXE O AMOR PASSAR


"Quando encontrar alguém e esse alguém fizer,
Seu coração parar de funcionar por alguns segundos,
Preste atenção: pode ser a pessoa mais importante da sua vida

Se os olhares se cruzarem e neste momento,
Houver o mesmo brilho intenso entre eles,
Fique alerta: pode ser a pessoa que você está procurando desde o dia em que nasceu.

Se o toque dos lábios for intenso,
Se o beijo for apaixonante,
E os olhos se encherem ďágua neste momento,
Perceba: existe algo mágico entre vocês.

Se o primeiro e o último pensamento do seu dia,
For essa pessoa,
Se a vontade de ficar juntos, chegar a apertar o coração,
Agradeça: algo do céu te mandou um presente divino; o Amor.

Se um dia tiverem que pedir perdão um ao outro, por algum motivo e,
Em troca, receber um abraço, um sorriso, um afago nos cabelos,
E os gestos valerem mais que mil palavras,
Entregue-se: vocês foram feitos um para o outro.

Se por algum motivo você estiver triste,
Se a vida te deu uma rasteira e a pessoa,
Sofrer o teu sofrimento, chorar as suas lágrimas, e enxugá-las com ternura,
Coisa maravilhosa: você poderá contar com ela em qualquer momento da sua vida.

Se você conseguir, em pensamento,
Sentir o cheiro da pessoa,
Como se ela estivesse alí do seu lado...

Se você achar a pessoa maravilhosamente linda
Mesmo ela estando de pijamas velhos,
Chinelo de dedos e cabelos emaranhados...

Se você não consegue trabalhar o dia todo,
Ansioso pelo encontro que está marcado para a noite...

Se você não consegue imaginar,
De maneira nenhuma,
Um futuro sem a pessoa ao seu lado...

Se você tiver a certeza que vai ver,
A pessoa envelhecendo e, mesmo assim,
Tiver a convicção que vai continuar louco por ela...

Se você preferir fechar os olhos,
Antes de ver a outra partindo...
É o amor que chegou na sua vida.

Muitas pessoas apaixonam-se muitas vezes na vida,
Poucas amam ou encontram o amor verdadeiro.

As vezes encontram e, por não prestarem atenção nesses sinais,
Deixam o amor passar,
Sem deixá-lo acontecer verdadeiramente.

É o livre arbítrio.
Por isso preste atenção nos sinais.
Não deixe que as loucuras do dia-a-dia,
O deixem cego para a melhor coisa da vida:
O Amor!


CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE



PELA NOITE, COM A POETISA MAMÃE CORUJA: "19.º FRAGMENTO"





19.º FRAGMENTO


E, se por acaso,
Algum dia não mais me quiseres,
Meu nome já não disseres...
Teus olhos já não me olharem,
Teus versos, diversos, calarem...
Tiveres levado  o som das letras,
Que soavam como notas divinais,
Quem levará minha tristeza embora?
Nesse dia,  que  não mais me quiseres,
Serei como pássaro sem canção.
Como pedra, inerte, sem reação.
A chorar, na flor da Vitória Régia.
Culpar a Lua pela recusa tua...
E pedir às estrelas...
Ao vento... e à chuva...
Que acalentem minh´alma nua.
Se, por acaso não mais me quiseres...
Diz-me: como poderei distinguir
O Céu azul...
Da dor?


MAMÃE CORUJA





UMA LINDA FLOR, UMA LINDA LENDA: "VITÓRIA-RÉGIA"





A lenda da Vitória-Régia é uma lenda brasileira de origem indígena tupi-guarani.

Há muitos anos, numa tribo indígena, contava-se que a lua (Jaci, para os índios) era uma deusa que ao despontar a noite, beijava e enchia de luz os rostos das mais belas virgens índias da aldeia - as cunhantãs-moças. Sempre que ela se escondia atrás das montanhas, levava para si as jovens preferidas e transformava-as em estrelas no firmamento.

 
Monolito Ponce em Tiwanaku, Bolívia
Ora uma de entre as mais lindas jovens virgens da tribo, a guerreira Naiá, vivia sonhando com este encontro e mal podia esperar pelo grande dia em que seria chamada por Jaci. Os anciãos da tribo alertavam Naiá: depois de seu encontro com a sedutora deusa, as jovens perdiam o seu sangue e a sua carne, tornando-se luz – transformando-se em estrelas do céu. 

Mas quem a impediria? Naiá queria porque queria ser levada pela lua. À noite, perdia-se, cavalgando pelas montanhas, atrás dela, sem nunca a alcançar. Todas as noites eram assim, e a jovem índia definhava, sonhando com o encontro, sem desistir. Não comia e nem bebia nada. Tão obcecada ficou que não havia pajé que a curasse. O pajé é uma pessoa de destaque em certas tribos indígenas, são curandeiros, tidos como portadores de poderes ocultos ou orientadores espirituais.

Um dia, tendo parado para descansar à beira de um lago, viu na sua superfície a imagem da deusa amada: a lua refletida nas suas águas. Cega pelo seu sonho, lançou-se ao fundo e afogou-se. A lua, compadecida, quis recompensar o sacrifício da bela jovem índia, e resolveu transformá-la numa estrela diferente de todas aquelas que brilham no céu. Transformou-a então numa "Estrela das Águas", única e perfeita, que é a planta Vitória-Régia.

Vitória-Régia

Assim, nasceu uma linda planta cujas flores perfumadas e brancas só abrem à noite, e ao nascer do sol ficam rosadas.





quarta-feira, outubro 28, 2015

IMAGEM DO DIA, COM JOSÉ MOURINHO









BOA NOITE, BONS SONHOS...Com a melhor Música romântica.






SAUDADES DA MÚSICA... COM SARA TAVARES E ALA DOS NAMORADOS: "SOLTA-SE O BEIJO"





SOLTA-SE O BEIJO


Espreito por uma porta encostada
Sigo as pegadas de luz
Peço ao gato "xiu" para não me denunciar

Toca o relógio sem cuco
Dá horas à cusquice das vizinhas e eu
Confesso às paredes de quem gosto
Elas conhecem-te bem

Aconhego-me nesta cumplicidade
Deixo-me ir nos trilhos traçados
Pela saudade de te encontrar
Ainda onde te deixei

Trago-te o beijo prometido
Sei o teu cheiro mergulho no teu tocar
Abraças a guitarra e voas para além da lua

Amarro o beijo que se quer soltar
Espero que me sintas para me entregar
A cadeira, as costas, o cabelo e a cigarrilha
A dança do teu ombro...

E nesse instante em que o silêncio
É o bater do coração
Fecha-se a porta
Pára o relógio
As vizinhas recolhem
Tu olhas-me...
Tu olhas-me...

Espreito por uma porta encostada
Sigo as pegadas de luz


CATARINA FURTADO

(Letra de 'Solta-se o beijo')






domingo, outubro 25, 2015

MAUREEN O´HARA (1920-2015), A RUIVA EXPLOSIVA DO CINEMA DAS DÉCADAS DE 1940 E 1950, DEIXOU-NOS ONTEM...








A atriz Maureen O'Hara morreu aos 95 anos, ouvindo a sua música favorita: The Quiet Man, segundo declarações do seu agente. A família confirmou que a atriz, de dupla nacionalidade (Irlanda e Estados Unidos), faleceu na sua casa em Boise, no estado norte-americano de Idaho.

Nascida Maureen Fitzsimmons em Ranelagh, perto de Dublin, na Irlanda, a 17 de agosto de 1920, mudou-se para os EUA em 1938 e tornou-se cidadã americana. Estreou-se no cinema num filme de Alfred Hitchcock, Jamaica Inn. A sua última aparição no cinema foi em 1991 com Eu, Tu e a Mamã, uma comédia de Chris Columbus.  
Um autêntico ícone da época de ouro do cinema de Hollywood, entre os anos 1940 e 1950, Maureen O´Hara atriz, que chegou a ser considerada a mulher mais bonita do mundo, também encarnou uma mulher lutadora, ao lado de John Wayne em Depois do vendaval (1952).

A atriz protagonizou mais de 60 filmes. "Sempre fui uma garota irlandesa difícil", admitiu ela numa entrevista ao jornal "Daily Telegtraph" em 2004. "Mostrei que era uma atriz de puro sangue. Não apenas pelo meu rosto, que também me deu frutos", completou. Maureen foi homenageada com um Oscar honorário em 2014, como prémio de carreira.

Entre os seus principais filmes estão O Homem Tranquilo The Quiet Man, em que contracenou com John Wayne, Milagre na rua 34  e Como era verde o meu vale.

Descanse em paz.








sexta-feira, outubro 23, 2015

BOM DIA, COM FERNANDO PESSOA: "O INFANTE"





O INFANTE


Deus quer, o homem sonha, a obra nasce.
Deus quis que a terra fosse toda uma,
Que o mar unisse, já não separasse.
Sagrou-te, e foste desvendando a espuma,

E a orla branca foi de ilha em continente,
Clareou, correndo, até ao fim do mundo,
E viu-se a terra inteira, de repente,
Surgir, redonda, do azul profundo.

Quem te sagrou criou-te português.
Do mar e nós em ti nos deu sinal.
Cumpriu-se o Mar, e o Império se desfez.
Senhor, falta cumprir-se Portugal!

Se alguém bater um dia à tua porta,
Dizendo que é um emissário meu,
Não acredites, nem que seja eu;
Que o meu vaidoso orgulho não comporta
Bater sequer à porta irreal do céu.

Mas se, naturalmente, e sem ouvir
Alguém bater, fores a porta abrir
E encontrares alguém como que à espera
De ousar bater, medita um pouco. Esse era
Meu emissário e eu e o que comporta
O meu orgulho do que desespera.
Abre a quem não bater à tua porta!



FERNANDO PESSOA,
in  “Poesias Inéditas”




Comunicação ao País do Presidente da República sobre a indigitação do Primeiro-Ministro





Comunicação ao País do Presidente da República sobre a indigitação do Primeiro-Ministro
Palácio de Belém, 22 de outubro de 2015

Portugueses

Na Comunicação ao País que realizei no dia 6 de outubro, afirmei que Portugal necessita de uma solução governativa que assegure a estabilidade política.

Referi também que essa solução governativa deve dar garantias firmes de que respeitará os compromissos internacionais historicamente assumidos pelo Estado português e as grandes opções estratégicas adotadas desde a instauração do regime democrático, opções que – importa ter presente – foram sufragadas pela esmagadora maioria dos cidadãos nas eleições de dia 4 de outubro.

Os contactos efetuados entre os partidos políticos que apoiam e se reveem no projeto da União Europeia e da Zona Euro não produziram os resultados necessários para alcançar uma solução governativa estável e duradoura.

Esta situação é tanto mais singular quanto as orientações políticas e os programas eleitorais desses partidos não se mostram incompatíveis, sendo, pelo contrário, praticamente convergentes quanto aos objetivos estratégicos de Portugal.

Daí o meu repetido apelo a um entendimento alargado em torno das grandes linhas orientadoras de política nacional.

Lamento profundamente que, num tempo em que importa consolidar a trajetória de crescimento e criação de emprego e em que o diálogo e o compromisso são mais necessários do que nunca, interesses conjunturais se tenham sobreposto à salvaguarda do superior interesse nacional.

Neste contexto, e tendo ouvido os partidos representados na Assembleia da República, indigitei hoje, como Primeiro-Ministro, o Dr. Pedro Passos Coelho, líder do maior partido da coligação que venceu as eleições do passado dia 4 de outubro.

Tive presente que nos 40 anos de democracia portuguesa a responsabilidade de formar Governo foi sempre atribuída a quem ganhou as eleições.

Assim ocorreu em todos os atos eleitorais em que a força política vencedora não obteve a maioria dos deputados à Assembleia da República, como aconteceu nas eleições legislativas de 2009, em que o Partido Socialista foi o partido mais votado, elegendo apenas 97 deputados, não tendo as demais forças políticas inviabilizado a sua entrada em funções.

Tive também presente que a União Europeia é uma opção estratégica do País. Essa opção foi essencial para a consolidação do regime democrático português e continua a ser um dos fundamentos da nossa democracia e do modelo de sociedade em que os Portugueses querem viver, uma sociedade desenvolvida, justa e solidária.

A observância dos compromissos assumidos no quadro da Zona Euro é decisiva, é absolutamente crucial para o financiamento da nossa economia e, em consequência, para o crescimento económico e para a criação de emprego.

Fora da União Europeia e do Euro o futuro de Portugal seria catastrófico.

Em 40 anos de democracia, nunca os governos de Portugal dependeram do apoio de forças políticas antieuropeístas, isto é, de forças políticas que, nos programas eleitorais com que se apresentaram ao povo português, defendem a revogação do Tratado de Lisboa, do Tratado Orçamental, da União Bancária e do Pacto de Estabilidade e Crescimento, assim como o desmantelamento da União Económica e Monetária e a saída de Portugal do Euro, para além da dissolução da NATO, organização de que Portugal é membro fundador.

Este é o pior momento para alterar radicalmente os fundamentos do nosso regime democrático, de uma forma que não corresponde sequer à vontade democrática expressa pelos Portugueses nas eleições do passado dia 4 de outubro.

Depois de termos executado um exigente programa de assistência financeira, que implicou pesados sacrifícios para os Portugueses, é meu dever, no âmbito das minhas competências constitucionais, tudo fazer para impedir que sejam transmitidos sinais errados às instituições financeiras, aos investidores e aos mercados, pondo em causa a confiança e a credibilidade externa do País que, com grande esforço, temos vindo a conquistar.

Devo, em consciência, dizer aos Portugueses que receio muito uma quebra de confiança das instituições internacionais nossas credoras, dos investidores e dos mercados financeiros externos. A confiança e a credibilidade do País são essenciais para que haja investimento e criação de emprego.

É tanto mais incompreensível que as forças partidárias europeístas não tenham chegado a um entendimento quando, num passado recente, votaram conjuntamente, na Assembleia da República, a aprovação do Tratado de Lisboa, do Tratado Orçamental e do Mecanismo Europeu de Estabilidade, enquanto os demais partidos votaram sempre contra.

Cabe ao Presidente da República, de forma inteiramente livre, fazer um juízo sobre as diversas soluções políticas com vista à nomeação do Primeiro-Ministro.

Se o Governo formado pela coligação vencedora pode não assegurar inteiramente a estabilidade política de que o País precisa, considero serem muito mais graves as consequências financeiras, económicas e sociais de uma alternativa claramente inconsistente sugerida por outras forças políticas.

Aliás, é significativo que não tenham sido apresentadas, por essas forças políticas, garantias de uma solução alternativa estável, duradoura e credível.

Portugueses,

A responsabilidade do Presidente da República na formação do Governo encontra-se regulada pelo artigo 187 da Constituição, segundo o qual o Presidente deve nomear o Primeiro-Ministro tendo em conta os resultados eleitorais, depois de ouvidos os partidos políticos com representação parlamentar.

Sigo a regra que sempre vigorou, repito, que sempre vigorou na nossa democracia: quem ganha as eleições é convidado a formar Governo pelo Presidente da República.

No entanto, a nomeação do Primeiro-Ministro pelo Presidente da República não encerra o processo de formação do Governo. A última palavra cabe à Assembleia da República ou, mais precisamente, aos Deputados à Assembleia da República.

A rejeição do Programa do Governo, por maioria absoluta dos Deputados em efetividade de funções, implica a sua demissão.

É, pois, aos Deputados que cabe apreciar o Programa do Governo que o Primeiro-Ministro apresentará à Assembleia da República no prazo de dez dias após a sua nomeação.

É aos Deputados que compete decidir, em consciência e tendo em conta os superiores interesses de Portugal, se o Governo deve ou não assumir em plenitude as funções que lhe cabem.

Como Presidente da República assumo as minhas responsabilidades constitucionais.

Compete agora aos Deputados assumir as suas.

Boa noite.








quarta-feira, outubro 21, 2015

UM CONTO CHINÊS, QUE ME ENCANTOU..."A FLOR DA HONESTIDADE"





A FLOR DA HONESTIDADE



Conta-se que por volta do ano 250 A.C., na China antiga, um príncipe da região norte do país estava em vésperas de ser coroado imperador mas, de acordo com a lei, deveria casar-se. Sabendo disso, resolveu fazer uma "disputa" entre as moças da corte ou quem quer que se achasse digna da sua proposta.
No dia seguinte, o príncipe anunciou que receberia, numa celebração especial, todas as pretendentes e lançaria um desafio.
Uma velha senhora, serva do palácio há muitos anos, ouvindo os comentários sobre os preparativos, sentiu uma leve tristeza, pois sabia que a sua jovem filha nutria um sentimento de profundo amor pelo príncipe.

Ao chegar a casa e relatar o facto à jovem, espantou-se ao saber que ela pretendia ir à celebração, e indagou incrédula: 

- Minha filha, o que farás lá? Estarão presentes, as mais belas e ricas moças da corte.

Tira essa ideia insensata da cabeça, eu sei que tu deves estar sofrendo, mas não tornes o sofrimento uma loucura. 
E a filha respondeu: 

- Não, querida mãe, não estou sofrendo e muito menos louca, eu sei que jamais poderei ser a escolhida,  mas é a minha  oportunidade de ficar pelo menos alguns momentos perto do príncipe, isto já me torna feliz.

À noite, a jovem chegou ao palácio. Lá estavam, de facto, todas as mais belas moças, com as mais belas roupas, com as mais belas jóias e com as mais determinadas intenções. Então, finalmente, o príncipe anunciou o desafio: 

- Darei a cada uma de vocês, uma semente. Aquela que, dentro de seis meses, me trouxer a mais bela flor, será escolhida minha esposa e futura imperatriz da China.

A proposta do príncipe não fugiu às profundas tradições daquele povo, que valorizava muito a especialidade de "cultivar" algo. O tempo passou e a doce jovem, como não tinha muita habilidade nas artes da jardinagem, cuidava com muita paciência e ternura a sua semente, pois sabia que se a beleza da flor surgisse na mesma extensão do seu amor, ela não precisava se preocupar com o resultado. Passaram-se três meses e nada surgiu.

A jovem tudo tentara, usara de todos os métodos que conhecia, mas nada havia nascido. Dia após dia. 
Por fim, os seis meses haviam passado e nada havia nascido. Consciente do seu esforço e dedicação a moça comunicou a sua mãe que, independente das circunstâncias voltaria ao palácio, na data e hora combinadas, pois não pretendia nada além de mais alguns momentos na companhia do príncipe.

Na hora marcada estava lá, com o seu vaso vazio, bem como todas as outras pretendentes, cada uma com uma flor mais bela do que a outra, das mais variadas formas e cores. Ela estava admirada, nunca havia presenciado tão bela cena.
Finalmente chega o momento esperado e o príncipe observa cada uma das pretendentes com muito cuidado e atenção. Após passar por todas, uma a uma, anuncia o resultado e indica a bela jovem como sua futura esposa.
As pessoas presentes tiveram as mais inesperadas reações. Ninguém compreendeu porque ele tinha escolhido justamente aquela que nada tinha cultivado. Então, calmamente o príncipe esclareceu:

- Esta foi a única que cultivou a flor que a tornou digna de se tornar uma imperatriz: A flor da honestidade. Pois todas as sementes que entreguei eram estéreis. Se para vencer, estiver em jogo a tua honestidade, perde. Serás sempre um vencedor.
  
(conto chinês)



“A esperança é o sonho daqueles que estão acordados.
 Desistindo, não se será derrotado: 
as derrotas também adoçam e embelezam a vida”




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