sexta-feira, maio 31, 2013

TEMAS QUE AMAREI SEMPRE...NÃO IMPORTA O NOME, NEM QUEM.





...E que agora, ao fim de tanto tempo, posso voltar a interpretar. Depois do acidente que sofri, anos atrás, acidente esse que tanto tempo me privou da sensibilidade de alguns dedos precisamente da mão direita. Um amigo, sem querer, fechou a porta do carro sobre a minha mão, quando agarrava o bordo da viatura, fraturando gravemente os três últimos dedos desta...




"FANTASIE" IMPROMPTU, Op.66 - CHOPIN

CONCERTO N.º2 PARA PIANO - SERGEI RACHMANINOFF

RHAPSODY ON A THEME BY PAGANINI - SERGEI RACHMANINOFF



DIA DA CRIANÇA - 1 DE JUNHO DE 2013





Com um menino nos joelhos, Jesus ensinou os Apóstolos a cultivar a inocência infantil. 
Noutra ocasião repreendeu-os por não quererem que um grupo de crianças se aproximasse d'Ele, 
dizendo-lhe que o reino do Céu era dos que se parecem com as criancinhas,
 portanto que as deixassem vir a Ele.
(Marcos 10:14)



NESTE DIA DA CRIANÇA, QUE DEVERIA SER TODOS OS DIAS,
TODO O MEU AMOR.






quinta-feira, maio 30, 2013

PRÉMIO CAMÕES 2013 - PARABÉNS, MIA COUTO!







"Eu vejo acontecer o esquecimento. Aconteceu em Moçambique com a guerra civil, em 1922. Ninguém se lembra de nada, não existe, nunca houve, ninguém morreu, ninguém matou. E é espantoso como isso é agressivo. Há um apagamento profundo, feito por uma decisão, um consenso silencioso.
É como se toda uma nação se tivesse sentado numa mesa e sem falar tivesse decidido esquecer."

MIA COUTO, (in Jerusalém)



Deus já foi mulher. Antes de se exilar para longe da sua criação e quando ainda não se chamava Nungu, o atual Senhor do Universo parecia-se com todas as mães deste mundo. Nesse outro tempo, falávamos a mesma língua dos mares, da terra e dos céus...

MIA COUTO (in primeiro capítulo do livro A Confissão da Leoa)


Este é Mia Couto. O Escritor, o Poeta, o Operário das Palavras, o Africano, o Homem da Terra, o Dono de todos os Corações. O meu Mia, como simplesmente o chamo. Também a ele dedico esta publicação, parca em palavras, mas milionária em corações, quando acaba de ganhar o tão ambicionado Prémio Camões 2013,  galardão máximo da cultura portuguesa.

PARABÉNS, MIA.








quinta-feira, maio 23, 2013

PRÉMIO PESSOA 2012 - Richard Zenith, Escritor, Crítico e Tradutor Literário







Richard Zenith é não apenas um editor da obra pessoana, 
um explicador da heteronímia, 
mas também o grande tradutor da sua poética
 para a língua inglesa.







O Prémio Pessoa é uma iniciativa conjunta do jornal Expresso e a Caixa Geral de Depósitos, e visa distinguir personalidades da Cultura, Artes ou Ciência, cuja obra, num determinado ano, se tenha evidenciado no panorama nacional.

Richard Zenith, natural de Washington DC, foi distinguido sexta feira passada com este Prémio Pessoa, na sua edição 2012. 

O escritor, crítico e tradutor literário tinha já sido premiado pelos seus trabalhos de tradução para inglês, de autores como Luís de Camões, Sophia de Mello Breyner, Antero de Quental ou António Lobo Antunes.

A viver em Portugal há 25 anos, o escritor norte-americano, com dupla nacionalidade, é um dos mais consagrados das obras de autores portugueses. 

Fernando Pessoa, um dos maiores autores de língua portuguesa, foi o alvo especial da atenção de Richard Zenith.

Mas a obra de Zenith não se esgota em  Pessoa. 

Camoniano por paixão, o autor foi responsável em 2009, por traduzir a lírica de Camões numa edição ilustrada por João Fazenda.

Sonetos e Outros Poemas, editado pela editora Planeta, mostrou que gostar de Camões e Pessoa não era uma contradição.

O júri deste Prémio Pessoa 2012, constituído por Francisco Pinto Balsemão, Faria de Oliveira, Clara Ferreira Alves, Maria de Sousa, Mário Soares, Miguel Veiga, António Barreto, Rui Baião, Rui Vieira Nery, Antonio Lucena, João Lobo Antunes, José Luís Porfírio e Viriato Soromenho Marques, foram unânimes quanto à decisão de entregar o prémio no valor de 60 mil euros a Richard Zenith.

Os nossos parabéns ao ilustre escritor e tradutor literário, vencedor desta 26.ª edição do Prémio Pessoa. Prémio reconhecido como o mais importante galardão atribuído em Portugal na área da cultura.


Júri do Prémio Pessoa.








quarta-feira, maio 22, 2013

RECORDANDO GARRETT...






PESCADOR DA BARCA BELA

Pescador da barca bela,
Onde vais pescar com ela,
Que é tão bela,
Ó pescador?

Não vês que a última estrela
No céu nublado se vela?
Colhe a vela,
Ó pescador!

Deita o lanço com cautela,
Que a sereia canta bela...
Mas cautela,
Ó pescador!

Não se enrede a rede nela,
Que perdido é remo e vela,
Só de vê-la,
Ó pescador!

Pescador da barca bela,
Inda é tempo, foge dela,
Foge dela,
Ó pescador!


ALMEIDA GARRETT




sexta-feira, maio 17, 2013

UM COMEÇO DE NOITE...COM DAVID MOURÃO-FERREIRA








Penélope


Mais do que um sonho: comoção!
Sinto-me tonto, enternecido,
quando, de noite, as minhas mãos
são o teu único vestido.


E recompões com essa veste
que eu, sem saber, tinha tecido,
todo o pudor que desfizeste
como uma teia sem sentido;
todo o pudor que desfizeste
a meu pedido.


Mas nesse manto que desfias,
e que depois voltas a pôr,
eu reconheço os melhores dias
do nosso amor.


DAVID MOURÃO-FERREIRA





quarta-feira, maio 15, 2013

UMA ESTÓRIA PERDIDA NA NOITE DE LISBOA.. (PARTEII) - Mário José da Guia (Sem-abrigo)








Sempre fiel ao espírito do amor e ajuda ao próximo, é com imenso gosto que voltamos a esta  estória de vida, neste caso a de Mário José da Guia, o sem-abrigo de Lisboa, que meses atrás perdeu o seu emprego e vida própria, e se tornou a estória de mais uma vítima deste Estado social que se afunda e nos afunda a todos nós. Mário José deixou-nos, na altura, uma comovente lição de dignidade, à qual não conseguimos acrescentar palavras, apenas uma lágrima. As imagens falavam por si.

Passado cerca de meio ano, quisemos saber qual a situação de Mário José. Na rua habitual, onde primeiro nos dirigimos, não estava. Atrevemo-nos a interrogar a vizinhança que prontamente e de maneira afável nos recebeu, como é apanágio das gentes simples desta nossa Lisboa.

Mário José tinha tido muita sorte. Amigos, sobretudo a comunicação social e até a Internet, blogues que seguiram o nosso exemplo, e bem, ajudaram-no. Tinha conseguido, não digo uma coisa fixa (os tempos estão difíceis e diferentes), mas várias. Quisemos ainda saber mais e soubemos. Mas uma coisa nos surpreendeu: o seu amor pela rua continuava, só que agora como varredor do lixo da cidade…

Como há seis meses, não conseguimos acrescentar palavras. Também como há seis meses, as imagens agora inseridas falam por si. Mas não consegui, com pena, encontrar a mesma lição de dignidade de há seis meses atrás. Nem verter a lágrima teimosa…


E pronto, amigos. Por aqui fica encerrada esta estória perdida da noite da minha cidade. O final, foi o que Mário José escolheu. Resta-nos dizer adeus e desejar-lhe todas as felicidades…









ISOLA CHE NON C'È - Edoardo Bennato






terça-feira, maio 14, 2013

ESCREVER LIVROS?






Prometo uma opinião acerca do que hoje se consegue fazer com os inocentes dos livros...Do carregar na tecla do computador até à exposição na prateleira. Para breve...
  


A ARROGÂNCIA DA FALSA INTELECTUALIDADE...







A falsa intelectualidade é uma capa composta por uma imensidade de cores. Dá para tudo. Abriga tudo.
Pode na sua variedade encobrir vaidade, complexos das mais diversas espécies,  o da superioridade, o da inferioridade. Pode ainda esconder, no seu seio, a maldade, mas não um coração. Um falso iluminismo, também... Pano para mangas. Na próxima esquina, vende-se por trinta dinheiros. E para quem vê bem e não é vesgo, só pretende humilhar. Mas nem isso  consegue...Porque é falsa. Nem vale nada. Nem a pena.

                                                                NADA!

segunda-feira, maio 13, 2013

13 de MAIO DE 2013 EM FÁTIMA - Consagração do Pontificado do Papa Francisco I a Nossa Senhora.







Este último dia da peregrinação dos dias 12 e 13 de maio, além de assinalar o 96.º aniversário da primeira aparição mariana aos beatos de Fátima, Lúcia, Francisco e Jacinta Marto, foi marcado pela consagração do pontificado do Papa Francisco a Nossa Senhora de Fátima, numa cerimónia presidida pelo Cardeal Patriarca de Lisboa, José Policarpo.

A iniciativa teve lugar após a celebração eucarística, cerca das 10:00h da manhã. Nela foi pedida ajuda à Virgem Maria  para que olhe pelo ministério do papa argentino e pela sua vontade, já expressa publicamente, de renovar a Igreja Católica. 

Também ontem, num momento alto da peregrinação, e perante os milhares de peregrinos que encheram de luz a noite do santuário, o arcebispo do Rio de Janeiro, Orani João Tempesta, consagrou "à Senhora de Fátima" as Jornadas Mundiais da Juventude, que irão ter lugar no Brasil, no próximo Julho.


Possa esta luz que Fátima irradia, presente na chama das velas da sua noite e no sol radioso do seu dia, trazer paz, fé e esperança a todos os corações.





domingo, maio 12, 2013

FESTA DA FLOR 2013 - Hoje, na nossa Pérola do Atlântico








...A Madeira é um jardim, a Madeira é um jardim,
No mundo não há igual, no mundo não há igual.
Seus encantos não têm fim, seus encantos não têm fim,
É vila de Portugal, é vila de Portugal...
(Bailinho da Madeira, canto popular)




A beleza desta ilha tem dado origem a muitas lendas. 

E uma delas, talvez a mais popular, conta que a virgem Maria chorava pelos sofrimentos de Jesus Cristo. Muitas eram as lágrimas que lhe corriam pela face e depois caíam no seu manto azul. Por cada lágrima vertida, uma estrela brilhante surgia no seu manto. E a Virgem Maria não parava de chorar tal como não parava de sofrer. 
Entretanto, das lágrimas que se tornavam estrelas, uma escorregou do manto de Nossa Senhora, fez-se terra e foi cair no manto azul do mar.
Aí se fixou e floriu.
Assim a lágrima de Nossa Senhora se fez terra, se fez Ilha da Madeira, se fez Pérola do Oceano.
A ilha, nascida de uma lágrima de mãe, encheu-se de flores, de perfumes, de águas que saltam e cantam, de gentes que trabalham  cantam...


Fiel à minha paixão pelas festas e romarias da nossa terra, é com esta maravilhosa Festa da Flor que este ano inicio as diversas publicações a elas dedicadas. A profusão da flora madeirense contribuiu, em muito, para o estabelecimento desta manifestação artística. 
A tradição do desfile de carros artisticamente ornamentados, as esculturas florais e os tapetes que se estendem pelas ruas, são já património desta festividade e também da própria Ilha. Todos os anos os milhares de turistas a invadem, nesta ocasião. Posso incluir-me entre eles, acho estas festas lindas, não só no que respeita às manifestações de rua, como os inúmeros eventos que decorrem paralelamente, lúdicos e recreativos. 
Vão. Não mais esquecerão...


Para saberem mais, sigam: http://visitmadeira.pt/festadaflor/








HOJE, NO DIA MUNDIAL DA COMUNICAÇÃO SOCIAL 2013 - Comunicação do Papa Francisco I ao Mundo








“Uma vez que muitos de vós não pertencem à Igreja Católica e outros não são crentes, de coração concedo esta bênção, em silêncio, a cada um de vós, respeitando a consciência de cada um", escreve o chefe da Igreja Católica, na mensagem que reproduzo na íntegra:


Ao longo dos últimos tempos, não tem cessado de crescer o papel dos mass media, a ponto de se tornarem indispensáveis para narrar ao mundo os acontecimentos da história contemporânea. Por isso, vos dirijo um agradecimento especial a todos pelo vosso qualificado serviço – trabalhastes… e muito! – nos dias passados, quando os olhos do mundo católico e não só se voltaram para a Cidade Eterna, nomeadamente para este território que tem como «centro de gravidade» o túmulo de São Pedro. Nestas semanas, tivestes ocasião de falar da Santa Sé, da Igreja, dos seus ritos e tradições, da sua fé e, de modo particular, do papel do Papa e do seu ministério.

Um agradecimento particularmente sentido dirijo a quantos souberam olhar e apresentar estes acontecimentos da história da Igreja, tendo em conta a perspectiva mais justa em que devem ser lidos: a perspectiva da fé. Quase sempre os acontecimentos da história reclamam uma leitura complexa, podendo eventualmente incluir também a dimensão da fé. Certamente os acontecimentos eclesiais não são mais complicados do que os da política ou da economia; mas possuem uma característica fundamental própria: seguem uma lógica que não obedece primariamente a categorias por assim dizer mundanas e, por isso mesmo, não é fácil interpretá-los e comunicá-los a um público amplo e variado. Realmente a Igreja, apesar de ser indubitavelmente uma instituição também humana e histórica, com tudo o que isso implica, não é de natureza política, mas essencialmente espiritual: é o Povo de Deus, o Povo santo de Deus, que caminha rumo ao encontro com Jesus Cristo. Somente colocando-se nesta perspectiva é que se pode justificar plenamente aquilo que a Igreja Católica realiza.

Cristo é o Pastor da Igreja, mas a sua presença na história passa através da liberdade dos homens: um deles é escolhido para servir como seu Vigário, Sucessor do Apóstolo Pedro, mas Cristo é o centro. Não o Sucessor de Pedro, mas Cristo. Cristo é o centro. Cristo é o ponto fundamental de referimento, o coração da Igreja. Sem Ele, Pedro e a Igreja não existiriam, nem teriam razão de ser. Como repetidamente disse Bento XVI, Cristo está presente e guia a sua Igreja. O protagonista de tudo o que aconteceu foi, em última análise, o Espírito Santo. Ele inspirou a decisão tomada por Bento XVI para bem da Igreja; Ele dirigiu na oração e na eleição os Cardeais.

É importante, queridos amigos, ter em devida conta este horizonte interpretativo, esta hermenêutica, para identificar o coração dos acontecimentos destes dias.

Destas considerações nasce, antes de mais nada, um renovado e sincero agradecimento pelas canseiras destes dias particularmente árduos, mas também um convite para procurardes conhecer cada vez mais a verdadeira natureza da Igreja e também o seu caminho no mundo, com as suas virtudes e os seus pecados, e conhecer as motivações espirituais que a norteiam e que são as mais verdadeiras para entendê-la. Podeis estar certos de que a Igreja, por sua vez, presta grande atenção ao vosso precioso trabalho; é que vós tendes a capacidade de identificar e exprimir as expectativas e as exigências do nosso tempo, de oferecer os elementos necessários para uma leitura da realidade. O vosso trabalho requer estudo, uma sensibilidade própria e experiência, como tantas outras profissões, mas implica um cuidado especial pela verdade, a bondade e a beleza; e isto torna-nos particularmente vizinhos, já que a Igreja existe para comunicar precisamente isto: a Verdade, a Bondade e a Beleza «em pessoa». Deveria resultar claramente que todos somos chamados, não a comunicar-nos a nós mesmos, mas esta tríade existencial formada pela verdade, a bondade e a beleza.

Alguns não sabiam por que o Bispo de Roma se quis chamar Francisco. Alguns pensaram em Francisco Xavier, em Francisco de Sales, e também em Francisco de Assis. Deixai que vos conte como se passaram as coisas. Na eleição, tinha ao meu lado o Cardeal Cláudio Hummes, o arcebispo emérito de São Paulo e também prefeito emérito da Congregação para o Clero: um grande amigo, um grande amigo! Quando o caso começava a tornar-se um pouco «perigoso», ele animava-me. E quando os votos atingiram dois terços, surgiu o habitual aplauso, porque foi eleito o Papa. Ele abraçou-me, beijou-me e disse-me: «Não te esqueças dos pobres!» E aquela palavra gravou-se-me na cabeça: os pobres, os pobres. Logo depois, associando com os pobres, pensei em Francisco de Assis. Em seguida pensei nas guerras, enquanto continuava o escrutínio até contar todos os votos. E Francisco é o homem da paz. E assim surgiu o nome no meu coração: Francisco de Assis. Para mim, é o homem da pobreza, o homem da paz, o homem que ama e preserva a criação; neste tempo, também a nossa relação com a criação não é muito boa, pois não? [Francisco] é o homem que nos dá este espírito de paz, o homem pobre... Ah, como eu queria uma Igreja pobre e para os pobres! Depois não faltaram algumas brincadeiras... «Mas, tu deverias chamar-te Adriano, porque Adriano VI foi o reformador; e é preciso reformar...». Outro disse-me: «Não! O teu nome deveria ser Clemente». «Mas porquê?». «Clemente XV! Assim vingavas-te de Clemente XIV que suprimiu a Companhia de Jesus!». São brincadeiras... Amo-vos imensamente! Agradeço-vos por tudo o que fizestes. E, pensando no vosso trabalho, faço votos de que possais trabalhar serena e frutuosamente, conhecer cada vez melhor o Evangelho de Jesus Cristo e a realidade da Igreja. Confio-vos à intercessão da bem-aventurada Virgem Maria, Estrela da Evangelização. Desejo o melhor para vós e vossas famílias, para cada uma das vossas famílias. E de coração a todos concedo a minha bênção.

Obrigado.

Disse que de coração vos daria a minha bênção. Uma vez que muitos de vós não pertencem à Igreja Católica e outros não são crentes, de coração concedo esta bênção, em silêncio, a cada um de vós, respeitando a consciência de cada um, mas sabendo que cada um de vós é filho de Deus, Que Deus vos abençoe!




sábado, maio 11, 2013

A FOTO QUE COMOVE O MUNDO... - Acidente em Savar, Bangladesh






Uma fotografia feita pela fotógrafa e ativista bengalesa Talisma Akter, mostrando duas vítimas abraçadas entre os escombros do prédio que desabou no mês passado em Savar, perto de Dacca, no Bagladesh, tem comovido o mundo. Captada durante o acidente que vitimou mais de 800 pessoas e que é considerado a maior tragédia da indústria têxtil do país, corre em quase todas as redes sociais.

Interrogada por muitas pessoas sobre a imagem do casal morto, numa entrevista à revista "Time" Talisma declarou: "Eu não sei quem são ou qual a relação entre eles". Afirmou ainda, ter tentado descobrir a identidade do casal, mas não teve êxito. 


Aqui fica o comovente testemunho de mais uma tragédia...



quinta-feira, maio 09, 2013

RANSHI.EU - UM POEMA ESCRITO A 28 MÃOS E QUE É "UM DIÁLOGO EUROPEU EM VERSOS"











Filipa Leal é uma jornalista cultural que nasceu no Porto. Tem 33 anos e representou Portugal no Festival de Poesia de Berlim entre 1 e 9 de Junho de 2012. Os temas principais do Festival foram o debate e o significado da cultura para a construção da identidade europeia.

A apresentação de um poema escrito em cadeia ( "renshi") por todos os participantes, oriundos dos 28 países da UE, na chamada Noite de Renshi, foi o alvo de todas as atenções. "É a primeira vez que um parlamento de poetas e de todos os países da União Europeia se expressa, através de versos, sobre os receios e os valores europeus. Com fúria, tristeza ou prazer", escreveu o diretor do Festival, Thomas Wohlfhart.

O poema começou a ser escrito na Grécia, país europeu mais afetado pela crise das dívidas soberanas. Mas também a pátria da democracia e da cultura europeias. E o lírico grego Yannis Stiggas foi o seu iniciadorCada poeta começa a partir do último verso do poema anterior, dando origem a uma obra gigantesca que espelha uma miríade de olhares e referências culturais.

E aqui temos a prestação de Filipa Leal, que eu considero notável, bem o espelho da alma dos portugueses e também dos cidadãos dos países que vivem os tempos da crise devoradora que assola as respetivas pátrias. Não conheço ainda o poema final, mas a ansiedade acompanhada da curosidade, são enormes...



Apontas para o rosto sarcástico do sol do Inverno
E disparas. Há tantos meses que não chove - reparaste?
É o próprio céu a desistir de ti. E mesmo assim tu disparas, sós sabes disparar.
Estás enganada, Europa. Envelheceste mal e perdeste a humildade.
Não é contra o sarcasmo que disparas, não é contra o Inverno,
Nem sequer contra o insólito, contra o desespero.
Tu disparas contra a luz.
 Podes atirar-nos à cara, Europa: bombas, palavras, relatórios de contas.
Podes até atirar-nos à cara um deputado, uma cimeira.
Mas os teus filhos não querem gravatas. Os teus filhos querem paz.
Os teus filhos não querem que lhes dês a sopa. Os teus filhos querem trabalhar.
Há tantos meses que não chove - reparaste?
A terra está seca. Nem abraçados à terra conseguimos dormir.
Enquanto eu te escrevo, tu continuas a fazer contas, Europa. 
Quem deve. Quem empresta. Quem paga.
Mas os teus filhos têm fome, têm sono. Os teus filhos têm medo do escuro.
Os teus filhos precisam que lhes cantes uma canção, que os vá adormecer.
Eu acreditei em ti e tu roubaste-me o futuro dos meus irmãos.
Se estamos calados, Europa, é apenas porque, contrários ao teu gesto,
Não queremos disparar.

                                                                                            Filipa Leal 
                                                                                           (a seguir...)






terça-feira, maio 07, 2013

TEATRO MARIINSKY II - A nova Sala do Teatro Mariinsky de Moscovo









Enquanto no Bolshoi, em Moscovo, continuam as investigações ao ataque com ácido ao diretor artístico Sergei Filin, ao mesmo tempo que alguns bailarinos vão falando do mau ambiente no teatro, o Mariinsky, casa imperial da ópera e do ballet,construído em 1860, começou na passada semana uma nova era. 

Sala do novo Mariinsky II

O investimento de cerca de 550 milhões de euros, pagos pelo Governo russo, é o maior de sempre num edifício deste género, e garante não só um aumento do espaço como também acompanha as mais recentes evoluções tecnológicas. Não é apenas uma construção de agora, como também para o futuro. O passado, esse, não é esquecido e é por isso que há uma ligação, através de uma ponte sobre um canal do Rio Neva, entre o novo Mariinsky e o antigo, que continuará a receber espetáculos.

Vladimir Putin cumprimenta Valery Gergiev, diretor artístico do Teatro Mriinsky.
durante a gala da inauguração

Mas como em todas as mudanças, não podiam faltar as críticas. Algumas centram-se exatamente nas diferenças entre os dois edifícios. Têm surgido muitas vozes contra a nova construção, defendendo que esta se devia ter mantido fiel não só à imagem do Mariinsky como de toda a zona envolvente. O diretor do Museu Hermitage, Mkhaïl Pietrovski, diz que este novo edifício é banal e para o realizador Alexandre 
Sokurov, Leão de Ouro em Veneza em 2011, parece uma caixa. Grande parte dos cidadãos de São Petersburgo também não vê no Mariinsky II uma casa de espetáculos, mas antes um centro comercial.

Valery Guerguiev, o prestigiado maestro russo que há dez anos sentiu necessidade de ampliar o teatro, não está preocupado com as críticas, porque tem a certeza de que quem critica mudará de opinião assim que conhecer o espaço por dentro.  

Vista das instalações do novo Mariinsky II

"A inauguração do Mariinsky II vai reafirmar e reforçar a grande tradição do teatro, abrindo caminho para o futuro, tornando possível criar obras de vanguarda e performances inovadoras, com as quais até aqui não podíamos nem sonhar", declarou o maestro aos jornalistas. Acrescentou ainda que muitas das vozes críticas se calaram quando em abril se abriram as portas para um teste acústico do novo auditório, que tem lugar para duas mil pessoas.

Jack Diamond, responsável pelo projeto, é da mesma opinião de Guerguiev. o arquiteto canadiano foi escolhido em 2009, em substituição do francês Dominique Perrault, cujos projetos para o Mariinsky não foram aceites. O arquiteto diz que inovou, mas garante que não esqueceu o passado daquele local, ao tentar relacionar os dois espaços... 


Ballet Bolshoi, companhia residente do teatro Mariinsky




Ballet Nacional de Espanha no Teatro Mariinsky:

Gala de inauguração do novo Mariinsky

Ballet Bolshoi, companhia residente do Tetro Mariinsky:




CESÁRIO VERDE, O POETA DE LISBOA (1855-1886) - Apontamento da Poesia Contemporânea (Parte XIV)






Mergulha-se em angústias lacrimosas
Nos ermos de um castelo abandonado,
e as próximas florestas tenebrosas
Repercutem um choro amargurado.

Uníssemos, nós dois, as nossas covas,
Ó doce castelã das minhas trovas!
´


Poeta português, natural de Caneças, Loures, oriundo de uma família burguesa abastada. O pai era lavrador (tinha uma quinta em Linda-a-Pastora) e comerciante (estabelecido com uma loja de ferragens na baixa lisboeta). Foi por essas duas actividades práticas, úteis, de acordo com a visão do mundo do próprio Cesário Verde, que se repartiu a vida do poeta. 

Paralelamente, ia alimentando o seu gosto pela leitura e pela criação literária, embora longe dos meios literários oficiais com que nunca se deu bem, o que o levou, por exemplo, a abandonar o Curso Superior de Letras da Faculdade de Letras de Lisboa, que frequentou entre 1873 e 1874. 
Cesário Verde estreou-se, nessa altura, colaborando nos jornais Diário de Notícias, Diário da Tarde, A Tribuna e Renascença. A partir de 1875 produziu alguns dos seus melhores poemas: «Num Bairro Moderno» (1877), «Em Petiz» (1878) e «O Sentimento dum Ocidental» (1880). Este último foi escrito por ocasião do terceiro centenário da morte de Camões e é, ainda hoje, um dos textos mais conhecidos do poeta, embora mal recebido pela crítica de então, numa incompreensão geral mesmo por parte de escritores da Geração de 70, de quem Cesário Verde esperaria aceitação para a sua poesia. 


A falta de estímulo da crítica e um certo mal-estar relativamente ao meio literário, expressos, por exemplo, no poema «Contrariedades» (Março de 1876), fazem com que Cesário Verde deixe de publicar em jornais, surgindo apenas, em 1884, o poema «Nós». O binómio cidade-campo surge como tema principal neste longo poema narrativo autobiográfico, onde o poeta evoca a morte de uma irmã ( 1872) e de um irmão (1882), ambos de tuberculose, doença que viria a vitimar igualmente o poeta, apesar das várias tentativas de convalescença numa quinta no Lumiar. 

Só em 1887 foi organizada, postumamente, por iniciativa do seu amigo Silva Pinto, uma compilação dos seus poemas, a que deu o nome de O Livro de Cesário Verde (à disposição do público em geral apenas em 1901). Dividida em duas secções, Crise Romanesca e Naturais, o livro não seguiu qualquer critério cronológico de elaboração ou de publicação. Entretanto, novas edições vieram acrescentar alguns textos à obra conhecida do poeta e organizá-la segundo critérios mais rigorosos.   


Formado dentro dos moldes do realismo e do parnasianismo literários, Cesário Verde afirmou-se sobretudo pela sua oposição ao lirismo tradicional. Em poemas por vezes cínicos ou humorísticos (na linha de A Folha, de João Penha, ou de Baudelaire, de que se reconhece a influência sobretudo no tratamento da temática da cidade, do amor e da mulher) conseguiu manter-se alheio ao peso da «literatura», procurando um tom natural que valorizasse a linguagem do concreto e do coloquial, por vezes até com cariz técnico, marcando um desejo de autenticidade e um amor pelo real, que fez com que a sua poesia enfrentasse, por vezes, a acusação de prosaísmo. 

Com uma visão extremamente plástica do mundo, deteve-se em deambulações pela cidade ou pelo campo (seus cenários de eleição) transmitindo o que aí era oferecido aos sentidos, em cores, formas e sons, de acordo com a fórmula do próprio poeta, expressa em carta ao seu amigo Silva Pinto: «A mim o que me rodeia é o que me preocupa». Se, por um lado, exaltava os valores viris e vigorosos, saudáveis, da vida do campo e dos seus trabalhadores, sem visões bucólicas, detinha-se, por outro, na cidade, na sedução dos movimentos humanos, da sua vibração, solidarizando-se com as vítimas de injustiças sociais e integrando na sua poesia, por vezes, um desejo de evasão. 


Conhecido como o poeta da cidade de Lisboa, foi igualmente o poeta da Natureza anti-literária, numa antecipação de Fernando Pessoa/Alberto Caeiro, que considerava Cesário um dos vultos fundamentais da nossa história literária.

Através de processos impressionistas, de grande sugestividade (condensando e combinando, por exemplo, sensações físicas e morais num só elemento), levou a cabo uma renovação ímpar, no século XIX, da estilística poética portuguesa, abrindo caminho ao modernismo e influenciando decisivamente poetas posteriores.






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POEMAS DE CESÁRIO VERDE:

De tarde                                                   Manias
                                                         
Naquele «pic-nic» de burguesas,                                  O mundo é velha cena ensanguentada.                          
Houve uma coisa simplesmente bela,                          Coberto de remendos, picaresca;
E que, sem ter histórias nem grandezas,                     A vida é chula, farsa assobiada,  
Em todo o caso dava uma aguarela.                             Ou selvagem tragédia romanesca.

Foi quando tu, descendo do burrico,                             Eu sei um bom rapaz -hoje uma ossada-,
Foste colher, sem imposturas tolas,                             Que amava certa dama pedantesca,
A um granzoal de grão-de-bico                                     Perversíssima, esquálida, e chagada,
Um ramalhete rubro de papoulas.                                Mas cheia de jactância quixotesca.

Pouco depois, em cima de uns penhascos,                     Aos domingos a déia, já rugosa,
Nós acampámos, inda o sol se via;                                Concedia-lhe o braço, com preguiça, 
E houve talhadas de melão, damascos,                          E o dengue, em atitude receosa,
E pão de ló molhado em malvasia.                                 
                                                      
Mas, todo púrpuro, a sair da renda                                Na sujeição mais submissa,
Dos teus dois seios como duas rolas,                              Levava na tremente mão nervosa,
Era o supremo encanto da merenda                           O livro com que a amante ia ouvir missa!
O ramalhete rubro das papoulas.                                       
            



Heroísmos                                                  Deslumbramentos

Eu temo muito o mar, o mar enorme,                      Milady, é perigoso comtemplá-la,
Solene, enraivecido, turbulento,                               Quando passa aromática e normal, 
Erguido em vagalhões, rugindo ao vento;                  Com seu tipo tão nobre e tão de sala,
O mar sublime, o mar que nunca dorme.                  Com seus gestos de neve e de metal.

Eu temo o largo mar, rebelde, informe,                     Sem que nisso desgoste ou desenfade,
De vítimas famélico, sedento,                                    Quantas vezes, seguindo~lhe as passadas,
E creio ouvir em cada seu lamento                             Eu vejo-a, com real solenidade,
Os ruídos de um túmulo disforme.                             Ir impondo toilettes complicadas!...

Contudo, num barquinho transparente,                      Em si tudo me atrai como um tesouro:
No seu dorso feroz vou blasonar,                                 O seu ar pensativo e senhoril,
Tufada a vela e n'água quase assente,                         A sua voz que tem um timbre de ouro

E ouvindo muito perto o seu bramar,                           E o seu nevado e lúcido perfil!
Eu rindo, sem cuidados, simplesmente,                       Ah! Como me estonteia e e me fascina...
Escarro, com desdém, no grande mar!                          E é na graça distinta do seu porte,
                                                                  Como a Moda supérflua e feminina,
                                                               E tão alta  e serena como a Morte!

                                                                 Eu ontem encontrei-a quando vinha,
                                                               Britânica e fazendo-me assombrar;
                                                       Grande fatal, sempre sozinha,
                                                                E com firmeza e música no andar!
                                                     
                                                                     O seu olhar possui, num jogo ardente,
                                                                      Um arcanjo e um demónio a iluminá-lo;

                                                                 Como um florete, fere agudamente, 
                                                                 E afaga como o pêlo como um regalo!

                                                                   Pois bem. Conserve o gelo por esposo,
                                                                             E mostre, se eu beijar-lhes as brancas mãos,
                                                           O modo diplomático e orgulhoso 
                                                                             Que Ana da Áustria mostrava aos cortesãos.

                                                                     E enfim prossiga altiva como a Fama,
                                                                  Sem sorrisos, dramática, cortante;
                                                                         Que eu procuro fundir na minha chama
                                                                         Seu ermo coração, como um brilhante.

                                                                 Mas cuidado, milady, não se afoite, 
                                                                                Que hão de acabar os bárbaros reais;
                                                                 E os povos humilhados, pela noite,
                                                                    Para a vingança aguçam os punhais.

                                                                         E um dia, ó flor do Luxo, nas estradas,
                                                                      Sob o cetim do Azul e as andorinhas,
                                                              Eu hei-de ver errar, alucinadas,
                                                                    E arrastando farrapos - as rainhas!




                                                                           
                                                                                                
                               
                                                           
Cesário Verde

Mário Viegas recita Cesário Verde:



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