terça-feira, dezembro 31, 2013
domingo, dezembro 29, 2013
AO ACORDAR...Com Fernando Pessoa
PARA SER GRANDE, SÊ
INTEIRO
Para ser grande, sê inteiro:
nada
Teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa. Põe
quanto és
No mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua toda
Brilha, porque alta vive.
FERNANDO PESSOA
(Quadro de Júlio Pomar )
(Quadro de Júlio Pomar )
IMAGENS DE UMA REALIDADE QUE COMOVEU O MUNDO...
Na China, um cão recusou-se a sair do lado do seu falecido
companheiro, e ficou com ele no meio de uma estrada durante uma noite em que as
temperaturas desceram até aos 13 graus negativos.
As imagens deste cão a tomar conta do seu companheiro canino, que foi morto por um carro na China, tornaram-se um 'hit' na internet.
O cão cor de areia, o 'Bom Samaritano' (como ficou conhecido), ficou ao lado do seu amigo, apesar de o corpo estar no meio de uma estrada movimentada. E recusou-se a sair do lado do seu amigo numa noite em que as temperaturas atingiram os 13 graus negativos.
Algumas pessoas que vivem e trabalham nas proximidades viram o par e decidiram colocar um banquinho ao lado dos animais para alertar os condutores e evitar uma segunda morte após o primeiro acidente, que ocorreu a 22 de dezembro.
Uma mulher, Ma Hongyan disse à 'Sky News': "É nosso o banquinho. Uma mulher bondosa colocou-o ao lado dos cães para protegê-los de serem atropelados novamente por outro carro."
Outro espectador na cidade de
Yinchuan, na região de Ningxia Hui, disse: "Os motoristas devem ter cuidado
para não os atingir".
"O cão esteve aqui para o
seu amigo a noite toda", continuou.
O corpo do falecido cão branco
terá sido levado por um dono de restaurante para o lado da estrada. Mas, mesmo
assim, o ‘Bom Samaritano' recusou-se a deixar o amigo sozinho. Mais tarde o
homem enterrou o cão branco debaixo de uma árvore num parque local.
A primeira parte desta publicação, refere uma notícia ontem publicada num matutino da capital o CM. Logo me recordou um episódio familiar ocorrido há anos, algures na Serra da Estrela.
A primeira parte desta publicação, refere uma notícia ontem publicada num matutino da capital o CM. Logo me recordou um episódio familiar ocorrido há anos, algures na Serra da Estrela.
O amor dos animais, quer entre si, quer para quem os acolhe, é sem dúvida um exemplo de dignidade que envergonha, por vezes, a nossa condição de humanos. Teremos nós que reeguer um país, onde os animais chamam a nossa atenção para o a que por aí anda tão esquecido? Solidariedade, respeito pelos direitos individuais,etc. Não quero a minha Pátria assente em pés de barro...
Como usualmente, insiro o comentário mais votado, respeitante à notícia publicada no matutino já antes citado:
COMENTÁRIO MAIS VOTADO:
"Os animais, e os cães em particular, dão tamanhas
lições de companheirismo aos humanos que, estes, nunca serão capazes de os
igualar! "
José Oliveira
28 Dezembro 2013
sábado, dezembro 28, 2013
"PRETO, BRANCO, E...", A TODOS DESEJA...
UM 2014 PLENO DE PAZ E DE TODAS AS REALIZAÇÕES, PARA TODOS.
PARA ELE, UM POSSÍVEL "ATÉ 2014".
OBRIGADA!
PARA ELE, UM POSSÍVEL "ATÉ 2014".
OBRIGADA!
PELA NOITE...Com Sophia de Mello Breyner Andresen
AS ROSAS
Quando à noite desfolho e
trinco as rosas
É como se prendesse entre os
meus dentes
Todo o luar das noites transparentes,
Todo o fulgor das tardes
luminosas,
O vento bailador das
Primaveras,
A doçura amarga dos poentes,
E a exaltação de todas as
esperas.
SOPHIA DE MELLO BREYNER
ANDRESEN
1919/11/06 - 2004/07/02
Portugal
sexta-feira, dezembro 27, 2013
O PRIMEIRO NATAL DO PAPA FRANCISCO - Homilia da Missa da Noite de Natal (Versão Integral)
Na
Missa da Noite de Natal o Papa Francisco proferiu a seguinte homilia:
Basílica
de S. Pedro, 24 de Dezembro de 2013
1.
«O povo que andava nas trevas viu uma grande luz» (Is 9, 1).
Esta
profecia de Isaías não cessa de nos comover, especialmente quando a ouvimos na
liturgia da Noite de Natal. E não se trata apenas dum facto emotivo,
sentimental; comove-nos, porque exprime a realidade profunda daquilo que somos:
somos povo em caminho, e ao nosso redor – mas também dentro de nós – há trevas
e luz. E nesta noite, enquanto o espírito das trevas envolve o mundo, renova-se
o acontecimento que sempre nos maravilha e surpreende: o povo em caminho vê uma
grande luz. Uma luz que nos faz reflectir sobre este mistério: o mistério do
andar e do ver.
Andar.
Este verbo faz-nos pensar no curso da história, naquele longo caminho que é a
história da salvação, com início em Abraão, nosso pai na fé, que um dia o
Senhor chamou convidando-o a partir, a sair do seu país para a terra que Ele
lhe havia de indicar. Desde então, a nossa identidade de crentes é a de pessoas
peregrinas para a terra prometida. Esta história é sempre acompanhada pelo
Senhor! Ele é sempre fiel ao seu pacto e às suas promessas. «Deus é luz, e
n’Ele não há nenhuma espécie de trevas» (1 Jo 1, 5). Diversamente, do lado do
povo, alternam-se momentos de luz e de escuridão, fidelidade e infidelidade,
obediência e rebelião; momentos de povo peregrino e de povo errante.
E,
na nossa historia pessoal, também se alternam momentos luminosos e escuros,
luzes e sombras. Se amamos a Deus e aos irmãos, andamos na luz; mas, se o nosso
coração se fecha, se prevalece em nós o orgulho, a mentira, a busca do próprio
interesse, então calam as trevas dentro de nós e ao nosso redor. «Aquele que
tem ódio ao seu irmão – escreve o apóstolo João – está nas trevas e nas trevas
caminha, sem saber para onde vai, porque as trevas lhe cegaram os olhos» (1 Jo
2, 11).
2.
Nesta noite, como um facho de luz claríssima, ressoa o anúncio do Apóstolo:
«Manifestou-se a graça de Deus, que traz a salvação para todos os homens» (Tt
2, 11).
A
graça que se manifestou no mundo é Jesus, nascido da Virgem Maria, verdadeiro
homem e verdadeiro Deus. Entrou na nossa história, partilhou o nosso caminho.
Veio para nos libertar das trevas e nos dar a luz. N’Ele manifestou-se a graça,
a misericórdia, a ternura do Pai: Jesus é o Amor feito carne. Não se trata
apenas dum mestre de sabedoria, nem dum ideal para o qual tendemos e do qual
sabemos estar inexoravelmente distantes, mas é o sentido da vida e da história
que pôs a sua tenda no meio de nós.
3.
Os pastores foram os primeiros a ver esta «tenda», a receber o anúncio do
nascimento de Jesus. Foram os primeiros, porque estavam entre os últimos, os
marginalizados. E foram os primeiros porque velavam durante a noite, guardando
o seu rebanho. Com eles, detemo-nos diante do Menino, detemo-nos em silêncio.
Com eles, agradecemos ao Pai do Céu por nos ter dado Jesus e, com eles,
deixamos subir do fundo do coração o nosso louvor pela sua fidelidade: Nós Vos
bendizemos, Senhor Deus Altíssimo, que Vos humilhastes por nós. Sois imenso, e
fizestes-Vos pequenino; sois rico, e fizestes-Vos pobre; sois omnipotente, e
fizestes-Vos frágil.
Nesta
Noite, partilhamos a alegria do Evangelho: Deus ama-nos; e ama-nos tanto que
nos deu o seu Filho como nosso irmão, como luz nas nossas trevas. O Senhor
repete-nos: «Não temais» (Lc 2, 10). E vo-lo repito também eu: Não temais! O
nosso Pai é paciente, ama-nos, dá-nos Jesus para nos guiar no caminho para a
terra prometida. Ele é a luz que ilumina as trevas. Ele é a nossa paz. Amen.
PELA MANHÃ...Com Fernando Pessoa
A
MINHA CAMISA ROTA
A
MINHA camisa rota
(Pois
não tenho quem me a cosa)
É
parte minha na rota
Que
vai para qualquer cousa,
Pois
o estar rota denota
Que
a minha [...]
Para
muita coisa de volta.
Mas
sei que a camisa é nada,
Que
um rasgão não é mal,
E
que a camisa rasgada
Não
traz a alma enganada,
Em
busca do Santo Graal.
FERNANDO
PESSOA
(Poesias
Inéditas)
quarta-feira, dezembro 25, 2013
À NOITINHA...Com Manuel Alegre
OS
RATOS INVADIRAM A CIDADE
Os ratos invadiram a cidade
povoaram as casas os ratos
roeram
o coração das gentes.
Cada homem traz um rato na
alma.
Na rua os ratos roeram a
vida.
É proibido não ser rato.
Canto na toca. E sou um
homem.
Os ratos não tiveram tempo
de roer-me
os ratos não podem roer um
homem
que grita não aos ratos.
Encho a toca de sol.
(Cá fora os ratos roeram o
sol).
Encho a toca de luar.
(Cá fora os ratos roeram a
lua).
Encho a toca de amor.
(Cá fora os ratos roeram o
amor).
Na toca que já foi dos
ratos cantam
os homens que não chiam. E
cantando
a toca enche-se de sol.
(O pouco sol que os ratos
não roeram).
MANUEL ALEGRE
terça-feira, dezembro 24, 2013
segunda-feira, dezembro 23, 2013
AINDA SOBRE A MAGIA DO NATAL...
A
magia ainda vive no coração dos adultos, que aceitam o desafio de vestir o fato do Pai Natal. Este ano há mais pessoas a fazer o papel do velhinho
das barbas brancas.
Com
a crise, os cachets baixaram e a oferta tornou-se maior. Uns recebem entre mil
a 1500 euros por 15 dias a fazer de Pai Natal, outros cobram 75 euros por
presença em eventos e grandes superfícies e outros ainda só aceitam participar
nesta festa gratuitamente, a favor da comunidade onde vivem.
Há
quem conte com uma experiência de mais de 30 anos, outros estreiam-se na grande
fantasia de uma viagem que começa no Polo Norte e termina numa qualquer
chaminé. A história fala de São Nicolau, conhecido por salvar marinheiros das
tempestades, defender crianças e oferecer generosos presentes aos mais pobres,
o primeiro Pai Natal de que há memória.
Nos
anos 30 do século XX a Coca-Cola procurava uma forma de vender mais
refrigerantes no inverno e contratou um ilustrador para desenhar a publicidade.
Nasceu assim o Pai Natal , aquele que todas as crianças
esperam na noite de 24. Um museu alemão pede agora que o Pai Natal seja
classificado como Património Imaterial da Humanidade, argumentando as suas
origens germânicas.
Lendo
um matutino, algures pela manhã, esta estória que poderemos e devemos chamar de
mais uma estória de Natal, prendeu a minha atenção e sensibilidade, pela sua
autenticidade e pelo espírito de natal que ela traduz.
Como sempre, insiro no final a publicação do comentário mais votado.
«António
Carvalho: idade 77 anos, profissão reformado (era vendedor de mobiliário), anima
hoje o largo de Cascais onde está.
Aos
77 anos, António Carvalho orgulha-se da barba natural branca, que deixa crescer
todos os anos desde abril e que corta sempre no dia 26 de dezembro, terminado o
trabalho de Pai Natal.
O
papel começou já depois dos 30, por carolice. Hoje, a figuração ajuda a
engordar os parcos 400 euros de reforma. "Cobro aos que podem pagar, para
depois ir de borla a algumas instituições", frisa. António Carvalho,
casado, com um filho e um neto de 12 anos, acredita no Pai Natal e faz com que
os outros também acreditem. Ostenta barbas verdadeiras, para criar a magia, e
"confrontar os miúdos atrevidos, que gozam e questionam o Pai Natal. A
esses, dou-lhes a volta", diz.
Não
foi fácil a sua infância, interrompida aos dez anos quando se viu obrigado a
trabalhar para ajudar a família, após o pai ter ficado incapacitado.
"Comecei a varrer lojas e a deitar serradura para a entrada, como se fazia
então. Fui vendedor de mobiliário, ganhava à comissão, e deixei para trás o meu
sonho, o teatro e a música."
Mas
aproveitou as oportunidades da vida. "Trabalhei em telenovelas, teatro e
fiz um curso de representação com um colaborador da TV Globo que veio a
Portugal, tenho um diploma e tudo", diz com orgulho, acrescentando que
também é vocalista da Banda Maior e aluno na Universidade da Terceira Idade.
Por isso, sempre que veste a pele de Pai Natal faz questão de dar "uma
palavra de conforto às crianças". E recorda uma situação difícil, há uns
anos, numa grande superfície de Odivelas: "Perguntei às crianças o que
queriam receber e um menino disse que gostava de ter um prato de sopa na mesa.
Só queria um buraco para me esconder. Somos obrigados a ter grande capacidade,
pois o papel de Pai Natal também pode ser muito sentimental".»
Comentário mais votado:
"Sou eu o verdadeiro pai natal. sem dinheiro e desempregado e com dividas de 2000 euros as financas que não me perdoa nem um centimo tentei dar algo aos meus filhos mas só lagrimas me escorrem pelo rosto "
sábado, dezembro 21, 2013
BOAS FESTAS , DESEJA "PRETO, BRANCO, E..." - Com Fernando Pessoa e Amigos.
MAR PORTUGUÊS
Ó mar salgado, quanto do teu
sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães
choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por
casar
Para que fosses nosso, ó mar!
Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma nao é pequena.
Quem quer passar além do
Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo
deu,
Mas nele é que espelhou o céu.
FERNANDO PESSOA
BOAS FESTAS
PARA
TODOS!
sexta-feira, dezembro 20, 2013
PELA NOITE...Com Fernando Pessoa
ACORDO
DE NOITE SUBITAMENTE
Acordo
de noite subitamente.
E o meu
relógio ocupa a noite toda.
Não sinto a Natureza lá fora,
O meu
quarto é uma coisa escura com paredes vagamente brancas.
Lá fora
há um sossego como se nada existisse.
Só o
relógio prossegue o seu ruído.
E esta
pequena coisa de engrenagens que está em cima da minha mesa
Abafa
toda a existência da terra e do céu...
Quase
que me perco a pensar o que isto significa,
Mas estaco, e sinto-me sorrir na noite com os cantos da boca,
Porque
a única coisa que o meu relógio simboliza ou significa
É a
curiosa sensação de encher a noite enorme
Com a
sua pequenez...
FERNANDO
PESSOA
(Poesias
Inéditas)
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POEMAS SOLTOS- Fernando Pessoa.
quinta-feira, dezembro 19, 2013
"IL DIVO" LANÇAM O SEU NOVO ÁLBUM "A MUSICAL AFFAIR" ESTE MÊS, EM PORTUGAL
Este sexto disco da carreira do
quarteto chama-se “A Musical Affair” e reúne uma compilação de grandes canções
inspiradas nos músicais da Broadway, como O Fantasma da Opera, Carousel, West
Side Story entre outros. Inclui ainda poderosos
duetos com Barbra Streisand, Kristin Chenoweth, Nicole Sherzinger, Heather
Headley e Michael Ball.
O álbum ilustra a assinatura
romântica da banda, com interpretações emocionantes de “Bring him home “ (Os
Miseráveis), “”Some Enchanted Evening (South Pacific), “Memory” (Cats) ou ainda
“Can you feel the love tonight” (The Lion King).
Já foram vendidos mais de 26 Milhões de discos em todo o mundo, e conquistaram mais de 50 primeiros lugares
nos “rankings” de vendas. Em Portugal só estará disponível a partir de 24 de
dezembro.
A fans portuguesas, expectantes, aguardam a sua apresentação ao vivo. Seria um belo presente de Natal...
Para mais: Il Divo (Sítio Oficial)
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em Portugal.,
MÚSICA- IL DIVO'S A MUSICAL AFFAIR
quarta-feira, dezembro 18, 2013
2013 FOI ASSIM...
Com a chegada do final de 2013 , o Google passa em revista os acontecimentos que considera mais relevantes do ano de 2013. Na revista “Zeigeist”, esta terça feira, revela quais os
termos e as tendências mais pesquisadas
durante este ano.
O termo mais procurado do ano foi "Nelson
Mandela", provavelmente devido à procura de informações sobre ele após
sua morte, no dia 5 de dezembro.
Além
de Mandela, "Paul Walker", ator de "Velocidade Furiosa" que também
morreu em dezembro, aparece em 2º lugar no ranking. Cory Monteith, ator de "Glee", falecido em julho fica em 4ºlugar. "Boston Marathon" ("Maratona de
Boston"), que refere o desastre ocorrido quando duas bombas explodiram matando três pessoas e ferindo
várias outras em abril passado, também aparece na lista.
A tecnologia também ocupa diversos lugares.
Mas o melhor é ver, e depois comentar...
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ATUALIDADE-Google Zeigeist: Here's to 2013
À NOITINHA...Com Augusto Gil
BALADA
DA NEVE
Batem
leve, levemente, como quem chama por mim...
Será
chuva? Será gente?
Gente
não é certamente e a chuva não bate assim...
É
talvez a ventania, mas há pouco há poucochinho,
Nem uma
agulha bulia na quieta melancolia
Dos
pinheiros do caminho...
Fui
ver. A neve caia do azul cinzento do céu,
Branca
e leve branca e fria...
Há
quanto tempo a não via! E que saudades, Deus meu!
Olho através
da vidraça. Pôs tudo da cor do linho.
Passa
gente e quando passa,
Os
passos imprime e traça na brancura do caminho...
Fico
olhando esses sinais da pobre gente que avança,
E noto,
por entre os mais, os traços miniaturais
Duns
pezitos de criança...E descalcinhos, doridos...
A neve
deixa ainda vê-los, primeiro bem definidos
Depois
em sulcos compridos, porque não podia erguê-los!...
Que
quem já é pecador sofra tormentos, enfim!
Mas as
crianças, Senhor porque lhes dais tanta dor?!
Porque
padecem assim?!...
E uma
infinita tristeza, uma funda turbação
Entra
em mim, fica em mim presa.
Cai
neve na natureza e cai no meu coração. Ah!
AUGUSTO GIL
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Augusto Gil,
POEMAS SOLTOS-Balada da Neve
EM LOUVOR DAS CRIANÇAS...Com o Poeta Eugénio de Andrade
EM LOUVOR DAS CRIANÇAS
Se
há na terra um reino que nos seja familiar e ao mesmo tempo estranho, fechado
nos seus limites e simultaneamente sem fronteiras, esse reino é o da infância.
A esse país inocente, donde se é expulso sempre demasiado cedo, apenas se
regressa em momentos privilegiados — a tais regressos se chama, às vezes,
poesia. Essa espécie de terra mítica é habitada por seres de uma tão grande
formosura que os anjos tiveram neles o seu modelo, e foi às crianças, como
todos sabem pelos evangelhos, que foi prometido o Paraíso.
A
sedução das crianças provém, antes de mais, da sua proximidade com os animais —
a sua relação com o mundo não é a da utilidade, mas a do prazer. Elas não
conhecem ainda os dois grandes inimigos da alma, que são, como disse
Saint-Exupéry, o dinheiro e a vaidade. Estas frágeis criaturas, as únicas desde
a origem destinadas à imortalidade, são também as mais vulneráveis — elas têm o
peito aberto às maravilhas do mundo, mas estão sem defesa para a bestialidade
humana que, apesar de tanta tecnologia de ponta, não diminui nem se extingue.
O
sofrimento de uma criança é de uma ordem tão monstruosa que, frequentemente, é
usado como argumento para a negação da bondade divina. Não, não há salvação
para quem faça sofrer uma criança, que isto se grave indelevelmente nos vossos
espíritos. O simples facto de consentirmos que milhões e milhões de crianças
padeçam fome, e reguem com as suas lágrimas a terra onde terão ainda de lutar
um dia pela justiça e pela liberdade, prova bem que não somos filhos de Deus.
terça-feira, dezembro 17, 2013
NADIR AFONSO (1920-2013) DEIXOU-NOS NA SEMANA PASSADA...
Nadir Afonso é autor de uma
teoria estética, tendo publicado vários livros onde defende que a arte é
puramente objectiva e regida por leis de natureza matemática, que tratam a arte
não como um acto de imaginação, mas de observação, percepção e manipulação da
forma.
Reconhecido internacionalmente,
está representado em vários museus. As suas obras mais famosas são a série
Cidades, que sugerem lugares em todo o mundo. Com 92 anos de idade, ainda
trabalhava activamente na pintura. Faleceu no passado dia 11 de dezembro, aos 93 anos de idade, no
hospital de Cascais onde se encontrava internado, .
Em 1938 Nadir Afonso ingressou
no curso de Arquitectura na Escola de Belas-Artes do Porto. Durante esses anos
a pintura de Nadir evoluiu para uma progressiva abstracção.
Terminados os estudos de
arquitectura partiu para Paris, em 1946, onde se inscreveu na École des
Beaux-Arts para estudar Pintura, e obteve, por intermédio de Portinari, uma
bolsa de estudo do governo francês. Colaborou com Le Corbusier de 1946 até 1948,
e novamente em 1951.
No final de 1951 parte para o
Brasil, onde trabalhou nos anos seguintes com Óscar Niemeyer, sobretudo no
projecto do IV Centenário da Cidade de S. Paulo, Parque de Ibirapuera. Em
finais de 1954 voltou a Paris.
Aí, publicou a obra de reflexão
estética La Sensibilité Plastique (Paris: Presses
du Temps Présent, 1958) e apresentou no ano seguinte a sua primeira grande
exposição antológica, na Maison des Beaux-Arts de Paris.
Em 1955, em Portugal, concorreu
ao projeto do Monumento ao Infante D. Henrique a erigir em Sagres. Em Chaves
projectou a Panificadora, uma das obras de referência da arquitectura
portuguesa do século XX.
Representou Portugal na Bienal
de São Paulo, no Brasil ( 1961 e 1969), e teve o privilégio de ver a sua obra
galardoada com inúmeras distinções.
Em 1967 recebeu o Prémio Nacional de Pintura e, passados
dois anos, o Prémio Amadeo de
Souza-Cardoso.
A Fundação Calouste Gulbenkian dedicou-lhe uma exposição
retrospectiva que foi apresentada em 1970 no Centre Culturel Portugais, em
Paris, e posteriormente em Lisboa.
Publicou Les
Mécanismes de la Création Artistique (Neuchem vâtel: Editions du Griffon,
1970).
Foi ainda condecorado com os
graus de Oficial e Grande-Oficial da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada em
dezembro de 2010.
Nos anos seguintes, desenvolveu
uma intensa actividade artística e aos poucos a sua pintura irradiou pelo mundo
ao mesmo tempo que continuou a publicar regularmente.
Aos livros referidos
seguiram-se: Aesthetic Synthesis, Universo e o Pensamento, O Sentido da Arte, Da intuição Artística ao
Raciocínio Estético, Sobre a Vida e
Sobre a Obra de Van Gogh, As Artes:
Erradas Crenças e Falsas Criticas, Nadir Face a Face com Einstein, Manifesto – O Tempo não Existe
Em 2010, foi realizada uma grande exposição da
sua obra, no Museu Nacional de Soares dos Reis, Porto, e, seguidamente, no
Museu Nacional de Arte Contemporânea - Museu do Chiado, Lisboa.
Também o Museu da Presidência
da República não foi o único a dedicar-lhe uma exposição
retrospectiva. Outra grande exposição foi apresentada no Museu Carlo Bilotti-
Vila Borghese em Roma (2012) e outra exposição em Veneza no Palazzo Loredan
(2012).
Nadir Afonso é autor de uma
obra singular, estruturada no contexto artístico internacional com consistente
pioneirismo e um dos artistas de maior relevo da arte do século XX e XXI.
Um
processo sustentado pela reflexão e análise teórico-filosófica, de formulação
própria e o consequente trabalho prático como fio condutor para uma metodologia
racional.
O artista defende uma estética que pressupõe a relação das leis
geométricas, leis universais que existem na Natureza indispensáveis ao alcance
da harmonia, e a relação mutável das funções e necessidades que permitem
determinar as leis evolutivas, não especificas da obra de arte.
A obra de Nadir Afonso,
complexa, é pautada por vários períodos que são o resultado de um
desenvolvimento natural da sua pintura. Se o início aborda a representação do
real, uma evolução conduziu-o desde o expressionismo em que pintou intensamente
a cidade do Porto, às derradeiras composições que chamamos período fractal,
dedicado às grandes metrópoles
( em Wikipédia e Sítio Oficial de Nadir Afonso)
Descanse em paz.
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Homenagem Póstuma- Nadir Afonso (1920-2013)
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