sábado, junho 24, 2017

SANTO ANTÓNIO JÁ SE ACABOU, O SÃO PEDRO ESTÁ-SE A ACABAR...







"Fogueiras de amor, já fiz,
Mas ocultei-lhes a chama.
A alma ama e não diz,
A boca diz mas não ama.

Pelo Santo António vi-te,
P'lo S. João fui falar-te;
No S. Pedro convenci-te,
Falta um santo p'ra deixar-te."
(Quadras populares)


Junho é, por excelência, o mês dos santos populares, e os bairros mais típicos e antigos das cidades transfiguram-se em enfeites de cor e ambiente de intensa alegria. É nestes lugares tão genuínos que se celebram as festas dos santos populares, com origem nos antigos rituais pagãos do solstício de verão e que remontam à Idade Média.


Tal como nas festas de Santo António, também nestes dias que antecedem o dia 24 de junho, dia dedicado a  São João Batista, vulgarmente conhecido apenas como São João, as ruas enchem-se do cheiro das sardinhas assadas, o vinho escorre para os copos, e os arraiais e romarias espalham-se indiscriminadamente.

O povo benze-se com alho porro, salta-se a fogueira para dar sorte, compra-se o manjerico que se cheira com a mão, para que não seque. Diz a tradição que as águas das orvalhadas da madrugada de São João têm poderes excecionais de purificação, regeneração e proteção, garantindo amores felizes e casamento próximo, para além de proporcionarem vigor aos idosos e beleza aos jovens.

Poderes místicos também são atribuídos a determinadas plantas, como o alho porro, a alcachofra, o manjerico, o cardo ou a erva cidreira.

A tradição das fogueiras de São João está relacionada com o ancestral culto do Sol, em que o fogo simboliza o poder purificador e fertilizante. O saltar da fogueira está estreitamente ligado à saúde, ao acasalamento e à fecundação.


Por sua vez e segundo a lenda da tradição das cascatas de São João, Santa Isabel teria sido muito amiga de Nossa Senhora e por isso, visitavam-se assiduamente. Uma tarde, Santa Isabel foi a casa de Nossa Senhora e contou-lhe que em breve nasceria seu filho, que se chamaria João Batista. Nossa Senhora então  teria perguntado: “Como poderei saber do nascimento dessa criança? Vou acender uma fogueira bem grande. Assim  poderás vê-la ao longe e saberás que João nasceu. Mandarei também erguer um mastro com uma boneca sobre ele.

Santa Isabel cumpriu a promessa. Certo dia Nossa Senhora viu ao longe uma fumaceira e depois umas chamas bem vermelhas. Foi à casa de Isabel e encontrou o menino João Batista, aquele que mais tarde batizaria Jesus e seria um dos santos mais importantes do catolicismo. Aconteceu no dia 24 de junho

São João Batista, depois de Santo António, é o segundo santo homenageado nesta quadra festiva. Apelidado de "apóstolo do amor" terá nascido a 24 de junho, anunciado pelo Anjo Gabriel, e foi o precursor do Messias, a quem batizou como estava determinado. Morreu a pedido de Salomé, que exigiu a sua cabeça por indicação de sua mãe Herodíades, com quem Herodes mantinha uma relação ilícita.


A festa de São João tem no Porto o seu maior expoente e dimensão, assumindo quase um carácter mágico pela forma como os seus habitantes vivem a festa. É como se tudo acabasse nesse dia, festejando a chegada de um novo ciclo de renovação com liberdade e desprendimento. A véspera do dia 24 torna-se no dia da noite mais longa, na cidade do Porto.

É a noite do tradicional fogo de artifício sobre o rio Douro. A tradição cumpre-se ainda com a sardinha assada na brasa, com os manjericos e as suas quadras populares, com as elaboradas cascatas de dezenas de figuras de barro, com o lançamento de balões de ar quente que ficam a brilhar no céu, com as fogueiras para as pessoas saltarem e os célebres cordões humanos que percorrem a cidade. E finalmente, com os ramos de erva cidreira, os alhos porros e os ruidosos martelinhos que servem para bater na cabeça de quem passa...

Se calhar, podia dizer-se que basta estar numa qualquer rua do Porto, para se estar a festejar o São João. Rusgas, bailes, fogos de artifício, pequenas festas de bairro, de rua, de praça, espalham-se pela cidade e ninguém fecha a porta a ninguém que queira entrar, nesta noite tão especial.

E depois, claro, restam ainda os locais onde a história e a tradição festejam oficialmente o São João: a Ribeira, a Av. dos Aliados, a Baixa portuense....
São João que, só a partir de 1911 e por referendo, viu o dia da sua festa tornar-se oficialmente feriado municipal e em 1945 os seus festejos  serem considerados como parte integrante das festas do município.


BOM SÃO JOÃO!






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