A
DEMORA
O
amor nos condena:
demoras
mesmo
quando chegas antes.
Porque
não é no tempo que eu te espero.
Espero-te
antes de haver vida
e
és tu quem faz nascer os dias.
Quando
chegas
já
não sou senão saudade
e
as flores
tombam-me
dos braços
para
dar cor ao chão em que te ergues.
Perdido
o lugar
em
que te aguardo,
só
me resta água no lábio
para
aplacar a tua sede.
Envelhecida
a palavra,
tomo
a lua por minha boca
e
a noite, já sem voz
se
vai despindo em ti.
O
teu vestido tomba
e
é uma nuvem.
O
teu corpo se deita no meu,
um
rio se vai aguando até ser mar.
MIA
COUTO,
in
«Idades cidades divindades»
Sem comentários:
Enviar um comentário