Esta
manhã encontrei o teu nome nos meus sonhos
e
o teu perfume a transpirar na minha pele. E o corpo
doeu-me
onde antes os teus dedos foram aves
de
verão e a tua boca deixou um rasto de canções.
No
abrigo da noite, soubeste ser o vento na minha
camisola;
e eu despi-a para ti, a dar-te um coração
que
era o resto da vida - como um peixe respira
na
rede mais exausta. Nem mesmo à despedida
foram
os gestos contundentes: tudo o que vem de ti
é
um poema. Contudo, ao acordar, a solidão sulcara
um
vale nos cobertores e o meu corpo era de novo
um
trilho abandonado na paisagem. Sentei-me na cama
e
repeti devagar o teu
nome, o nome dos meus sonhos,
mas
as sílabas caíam no fim das palavras, a dor esgota
as
forças, são frios os batentes nas portas da manhã.
MARIA
DO ROSÁRIO PEDREIRA
Maria do Rosário Pedreira, nasceu em1959 e é editora e escritora.
Desempenha actualmente funções no grupo Leya, depois de ter passado pela editora QuidNovi, pela Temas & Debates e pela Gradiva.
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