quinta-feira, julho 23, 2015

PRÉMIO CALOUSTE GULBENKIAN 2015 - DR. DENIS MUKWEGE (República Democrática do Congo)







Com particular alegria, publico hoje esta mensagem. Bem haja este grande herói, cientista e humanista, radicado nestas terras africanas tão queridas.

Denis Mukwege, médico congolês que tem dedicado a sua vida a assistir mulheres vítimas de violação na República Democrática do Congo, é o vencedor do Prémio Calouste Gulbenkian 2015.

No valor de 250 mil euros, o Prémio foi entregue no dia 20 julho, segunda-feira, às 19h, no Anfiteatro ao Ar Livre da Fundação, seguindo-se um concerto pela Orquestra Gulbenkian.

Presidido por Jorge Sampaio, o júri do Prémio Calouste Gulbenkian,  distinguiu este ano a extraordinária ação humanitária desenvolvida pelo médico ginecologista Denis Mukwege na República Democrática do Congo, um país onde a violação e a mutilação sexual são utilizadas como arma de guerra.

Nascido em 1955,  Mukwege especializou-se no tratamento de mulheres violentadas pelas milícias armadas do seu país, sobretudo durante a guerra civil (1998-2003). O hospital que fundou em 1999, em Bukavu, The Panzi Hospital,  tornou-se uma referência mundial na reparação e tratamento das lesões provocadas por este género de agressão, tendo, desde então, prestado apoio clínico, psicológico, social e jurídico a dezenas de milhares de mulheres.

Apesar de a guerra civil na República Democrática do Congo ter terminado em 2003, vários grupos armados lutam pelo controlo dos riquíssimos recursos naturais do país, criando um clima de guerra e de instabilidade, em que as mulheres se tornaram as principais vítimas. As violações são um instrumento de domínio através do terror e dão-se sistematicamente nas aldeias, com toda a comunidade a assistir. Normalmente os agressores não ficam por aí, torturando e mutilando gravemente as mulheres. Muitas são queimadas com substâncias químicas ou alvejadas a tiro nos órgão genitais. Esta estratégia, usada pelas milícias armadas,  com consequências devastadoras para as mulheres e para toda a comunidade, leva as pessoas a abandonar as aldeias, os seus campos e os seus bens.



Há alguns anos atrás, Mukwege escapou a uma tentativa de assassinato após ter denunciado e condenado o uso da violência sexual nesta guerra motivada puramente por interesses económicos. Nessa altura abandonou país com a família, mas acabou por voltar, inspirado pela determinação das mulheres em lutar contra as atrocidades de que são vítimas.

Denis Mukwege, que se deslocou Lisboa para receber o Prémio Calouste Gulbenkian, foi vencedor do Prémio Olof Palme em 2008 e do Prémio Sakharov em 2014, entre outros.

O Prémio Calouste Gulbenkian é atribuído a uma instituição ou a uma pessoa, portuguesa ou estrangeira, que se tenha distinguido na defesa dos valores essenciais da condição humana. 

Foi atribuído pela primeira vez em 2012 à West-Eastern Divan Orchestra, a formação liderada por Daniel Barenboim, tendo nos anos seguintes, contemplado, respetivamente, a Biblioteca de Alexandria (2013) e a Comunidade de Santo Egídio (2014).  

Parabéns! Bem haja, Dr. Denis Mukwege.








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