SATÉLITE
Fim de tarde.
No céu plúmbeo
A lua baça
Paira.
Muito cosmograficamente
Satélite.
Desmetaforizada,
Desmitificada,
Despojada do velho
segredo de melancolia,
Não é agora o golfão de
cismas,
O astro dos loucos e
enamorados,
Mas tão somente
Satélite.
Ah! Lua deste fim de
tarde,
Desmissionária de
atribuições românticas;
Sem show para as
disponibilidades sentimentais!
Fatigado de mais-valia,
gosto de ti, assim:
Coisa em si,
-Satélite.
MANUEL BANDEIRA
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