quarta-feira, agosto 31, 2016
segunda-feira, agosto 29, 2016
HARI TRINDADE, A POETISA DA SEMANA: "TEU RETRATO, PINTADO POR MIM"
TEU RETRATO, PINTADO POR MIM
Se pintora eu fosse,
pintaria teu rosto
com todas as cores da paleta.
A cor intensa de Frida Kahlo,
para ressaltar tua beleza.
Em teus cabelos, usaria o negro,
usado por Van Gogh
em Nuit Etoilée.
Com fios prateados,
enalteceria teu olhos
na minha cor noite.
O vermelho sangue em tua boca,
para destacar teu sorriso tão alvo,
como a Crucificação Branca
iluminada de Chagall.
E em tuas mãos...ahh tuas mãos!
(que dizem tanto),
usaria o rosa pálido,
como a cor das Madonas de Tiziano.
Nelas poria uma pena,
para poetar como Da Vinci.
Como não sou pintora,
pinto teu retrato em minha mente.
Lembrando tua imagem,
sorridente,
colorida,
brilhante,
matizada.
- Pintado com as cores que inventei.
Hari Trindade
Imagem – Internet
Hari Trindade, nascida em 1963, é Mãe, Amiga, Companheira… é MULHER.
A sua ideia de vida centra-se no conceito de que o amor está em todos e,
assim, é para todos, de igual modo.
A autora escreve sobre o amor, suas ações e reações, em forma de poesia.
Como mulher, ela traz, às mulheres, palavras que confortam a alma, e
alegram o coração de quem ama, ou espera o amor. Mas as suas palavras também se
dirigem aos homens, pois também eles se podem rever em tudo o que ela escreve,
com igual ênfase!
Publicou duas coletâneas em 2013, “Café com Verso” pela Futurama Editora, e
“Mulheres Fascinantes”, pela Editora Delicatta.
Como fervorosa amante da poesia, Hari Trindade usa o papel e a tinta para
transmitir o que sente, levando aos apaixonados, palavras de amor, como um
bálsamo para alguns dos seus momentos!
A poetisa vive, em Florianópolis, no sul do Brasil.
Site:
domingo, agosto 28, 2016
PELA NOITE, COM ADÉLIA PRADO: "A SERENATA"
A
SERENATA
Uma
noite de lua pálida e gerânios
ele
viria com boca e mão incríveis
tocar
flauta no jardim.
Estou
no começo do meu desespero
e
só vejo dois caminhos:
ou
viro doida ou santa.
Eu
que rejeito e exprobo
o
que não for natural como sangue e veias
descubro
que estou chorando todo dia,
os
cabelos entristecidos,
a
pele assaltada de indecisão.
Quando
ele vier, porque é certo que vem,
de
que modo vou chegar ao balcão sem juventude?
A
lua, os gerânios e ele serão os mesmos
-
só a mulher entre as coisas envelhece.
De
que modo vou abrir a janela, se não for doida?
Como
a fecharei, se não for santa?
ADÉLIA
PRADO
Adélia
Luiza Prado de Freitas nasceu em
1936 em Divinópolis-MG, onde cresceu e se educou. Formou-se em Filosofia e
trabalhou como professora. Em 1971 publicou o livro de poemas “A Lapinha de
Jesus”, junto com Lázaro Barreto. Cinco anos depois foi que publicou sozinha o
seu primeiro livro, Bagagem (1976), revelando uma artista de extrema
originalidade e lirismo. Publicou depois “Coração Disparado” (1978), coletânea
que trouxe a consagração merecida, trazendo-lhe o Prémio Jabuti, da Câmara
Brasileira do Livro de São Paulo.
Os
seus poemas, contos e romances registam o cotidiano das pequenas cidades do
interior, com fortes manifestações de religiosidade. “Lá estão as comadres, as
santas missões, as formigas pretas, o angu, as tanajuras, as pessoas na sombra
com faca e laranja”, afirma Afonso Romano no prefácio da coletânea “Coração
Disparado”. Adélia faz poesia como quem está com o caderno ao lado do fogão,
dizendo verdades que não foram ditas pelos “poetas” até então. Isto ela faz num
tom mágico e fantástico, recriando a vida do interior mineiro por meio de uma
linguagem inovadoramente feminina, isto é, ela não repete a mesma linguagem
usada pelos poetas modernistas, nem os seus poemas versam sobre imagens
desgastadas como “noite-canto-solidão”.
O
grande mérito de Adélia Prado é que ela explora temas como a família, elemento
praticamente descartado pelos poetas brasileiros, que preferem falar nas
amantes, quando muito em noivos e noivas. Ela valoriza a vida nas menores coisas,
como os afazeres da casa, até as mais comuns, como a gravidez no poema
“Esperando Sarinha”, que revelam os mais simples desejos e expectativas de uma
gestante.
Além
disso, incorpora na sua obra a presença da mulher concreta em si mesma, capaz
de revelar um erotismo ausente na “poesia feminina” convencional. Desta forma,
revela uma mulher que vai além das ideologias, dos preconceitos, destemida a
ponto de descartar a maneira masculina de olhar o mundo e os clichés da
ideologia literária e social.
Alguns
de seus poemas dialogam com os de Fernando Pessoa, Guimarães Rosa e Drummond,
mas só para os marcar de uma maneira surpreendentemente inovadora. O seu primeiro
livro começa com o poema “Com Licença Poética”, onde ela retoma pelo avesso o
gauche de Drummond. Outra releitura bastante interessante é a que ela faz do
poema “No meio do caminho”, também de Drummond: “Achei engraçado quando o poeta
tropeçou na pedra / Eu tropeço na lei de jugo suave: ‘Amai-vos’”.
A
poesia de Adélia Prado revela uma constante alegria de estar viva, mesmo diante
de tantas adversidades. Até mesmo os palavrões que ela usa nos seus textos
aparecem com tanta naturalidade, que quase passam despercebidos. E aqui cabe
uma consideração importante: o modernismo “dessacralizou” apenas a gramática,
mas a linguagem continuou sendo a mesma “casta e burguesa” de sempre.
Inspirado neste poema, Martha Medeiros escreveu o livro "Doidas e Santas", que posteriormente adaptou para o teatro.
Etiquetas:
POEMAS SOLTOS- A Serenata. Adélia Prado
ITÁLIA ENTERRA OS SEUS MORTOS E O MUNDO CHORA
O
funeral das mais de 290 vítimas que morreram no terremoto que destruiu parte da
região central de Itália começou neste sábado. Na cidade de Arquata, 35 pessoas
foram veladas juntas, numa cerimónia que teve lugar no ginásio desportivo da
cidade.
Entre
estes corpos, um deles dos corpos é o de
Giulia Rinaldo, de apenas 10 anos. O corpo de Giulia foi encontrado pela equipa
de bombeiros em cima do da sua irmã mais nova, Georgia, encontrada viva depois
de 16 horas de buscas na cidade de Pescara del Tronto.
Um
dos bombeiros que trabalharam neste resgate, conhecida apenas como Andrea,
deixou uma carta para à vítima que ela não conseguiu salvar. O bilhete foi
deixado em cima do seu caixão.
A
carta diz o seguinte:
"Olá,
minha querida. Apenas consegui puxar-te com uma mão para fora dos escombros. Perdoa-nos
por termos chegado tarde demais. Tinhas deixado de respirar, mas gostaria que soubesses
que fizemos tudo o que podíamos para te salvar. Quando regressar à minha casa
em Áquila, sei que estará um anjo que me olha lá do céu e que haverá mais uma
estrela brilhando na noite. Tchau, Giulia, amo-te, mesmo que nunca me tenhas me
conhecido"
Este
não foi, contudo, um dia assim tão triste para a pequena Giorgia. Resgatada após mais de 16 horas de estar soterrada em
Pescara del Tronto, Giorgia pôde viver para celebrar curiosamente, no mesmo dia
de sábado, 4 anos de vida.
Realçando
a importância do acontecimento e do dia, a pequena sobrevivente recebeu a
visita do Presidente de Itália, Sergio Mattarella que fez questão de oferecer a
Giorgia uma boneca como prenda pelo seu 4.°aniversário.
Itália
viveu este dia de sábado como um dia de luto nacional, marcado pelo que foi descrito
como um funeral de Estado para 35 das quase 300 vítimas do forte sismo que na
madrugada de quarta-feira arrasou parte do centro do de Itália.
sexta-feira, agosto 26, 2016
HARI TRINDADE, A POETISA DA SEMANA: "ALMA ANTIGA"
ALMA
ANTIGA
Minha
alma é tão antiga,
já
andou por vales e encostas.
Morreu
em castelos de pedras,
correu
pelos campos de mimosas amarelas,
banhou-se
em rios claros e limpos.
Foi
amada, perdeu seu amado.
Sofreu
a dor da morte,
dançou
flamenco com vestido azul,
tomou
vinho nas tabernas de Sevilha,
sentiu
o frio dormindo em pallozas.
Conheceu
os mares do Hawaí.
Foi
feiticeira, e enfeitiçada,
viu
seu amor partir para sempre,
chorou
lágrimas ácidas de dor,
vagou
pelas areias a espera do amor.
onde
viu naufragar navios piratas.
Minha
alma apazigou-se,
encontrou
o ser amado outra vez.
Foi
feliz, protegida e amada,
caminhou
com ele, pelas ruas da Idade Média,
deitou-se,
e fez amor na relva verde.
Sorriu
ao amado com paixão,
para
guerra perdeu seu amor,
vagou
triste até padecer.
Renasceu
em outro corpo,
outra
vida, outra era.
Recomeçou
sua busca pelo amor perdido.
Minha
alma tão antiga,
encontrou
seu amado
para
perde-lo para vida.
Entristeceu,
fechou-se,
outra
vez sofreu.
Vive
agora à espera,
de
junto ao ser amado,
-
voltar a renascer!
HARI
TRINDADE
Hari Trindade, nascida em 1963, é Mãe, Amiga, Companheira… é MULHER.
A sua ideia de vida centra-se no conceito de que o amor está em todos e, assim, é para todos, de igual modo.
A autora escreve sobre o amor, suas ações e reações, em forma de poesia.
Como mulher, ela traz, às mulheres, palavras que confortam a alma, e alegram o coração de quem ama, ou espera o amor. Mas as suas palavras também se dirigem aos homens, pois também eles se podem rever em tudo o que ela escreve, com igual ênfase!
Publicou duas coletâneas em 2013, “Café com Verso” pela Futurama Editora, e “Mulheres Fascinantes”, pela Editora Delicatta.
Como fervorosa amante da poesia, Hari Trindade usa o papel e a tinta para transmitir o que sente, levando aos apaixonados, palavras de amor, como um bálsamo para alguns dos seus momentos!
A poetisa vive, em Florianópolis, no sul do Brasil.
Etiquetas:
POESIA DA SEMANA- Hari Trindade. Alma Antiga
quinta-feira, agosto 25, 2016
PELA TARDE, COM MIA COUTO: "O ARDINA"
O ARDINA
Já vi a água morta.
Já escutei a ventania torta.
Já vi a terra chover
Já escutei a pedra sofrer.
Tudo isto me disse
o menino que todos os dias,
me traz o jornal.
O menino falou
e a omoplata lhe subiu
a sustentar o peso dos graves carregos.
A cidade emagrecia
nos ombros da criança.
O passo do menino
não foi feito para um caminhar tão escravo.
Ainda chamei.
Mas a cidade, devoradora de infância,
já engolira o pequeno ardina.
Nessa tarde,
o tédio me descoloria,
tudo estava morto,
faltava morrer o cemitério.
Foi quando o ardina
voltou a anunciar
o que vira e escutara
na água, na terra, na pedra e na chuva.
Foram as melhores notícias
que ele alguma vez me trouxe.
MIA COUTO
(Idades, cidades, divindades, pág. 64)
Já vi a água morta.
Já escutei a ventania torta.
Já vi a terra chover
Já escutei a pedra sofrer.
Tudo isto me disse
o menino que todos os dias,
me traz o jornal.
O menino falou
e a omoplata lhe subiu
a sustentar o peso dos graves carregos.
A cidade emagrecia
nos ombros da criança.
O passo do menino
não foi feito para um caminhar tão escravo.
Ainda chamei.
Mas a cidade, devoradora de infância,
já engolira o pequeno ardina.
Nessa tarde,
o tédio me descoloria,
tudo estava morto,
faltava morrer o cemitério.
Foi quando o ardina
voltou a anunciar
o que vira e escutara
na água, na terra, na pedra e na chuva.
Foram as melhores notícias
que ele alguma vez me trouxe.
MIA COUTO
(Idades, cidades, divindades, pág. 64)
Maputo, 2005
quarta-feira, agosto 24, 2016
À NOITINHA, COM ARY DOS SANTOS: "CAVALO À SOLTA"
CAVALO
À SOLTA
Minha
laranja amarga e doce
meu
poema
feito
de gomos de saudade
minha
pena
pesada
e leve
secreta
e pura
minha
passagem para o breve breve
instante
da loucura.
Minha
ousadia
meu
galope
minha
rédea
meu
potro doido
minha
chama
minha
réstea
de
luz intensa
de
voz aberta
minha
denúncia do que pensa
do
que sente a gente certa.
Em
ti respiro
em
ti eu provo
em
ti consigo
esta
força que de novo
em
ti persigo
em
ti percorro
cavalo
à solta
pela
margem do teu corpo.
Minha
alegria
minha
amargura
minha
coragem de correr contra a ternura.
Por
isso digo
canção
castigo
Amêndoa
travo corpo alma amante amigo
por
isso canto
por
isso digo
alpendre
casa cama arca do meu trigo.
Meu
desafio
minha
aventura
minha
coragem de correr contra a ternura.
ARY
DOS SANTOS
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