domingo, janeiro 31, 2016

DE NOVO COM FERNANDO PESSOA: "ORAÇÃO"







ORAÇÃO


Senhor, que és o Céu e a Terra,
E que és a Vida e a Morte!
O Sol és tu e a Lua és Tu,
E o Vento és Tu também!
Onde nada está Tu habitas e onde tudo está é o Teu templo.
Eis o Teu Corpo!
Dá-me vida para Te servir e alma para Te amar.
Dá-me vista para Te ver sempre no Céu e na Terra,
Ouvidos para Te ouvir no Vento e no Mar,
Mãos para trabalhar em Teu nome.
Torna-me puro como a água e alto como o céu.
Que não haja lama nas estradas dos meus pensamentos
Nem folhas mortas nas lagoas dos meus propósitos.
Faze com que eu saiba amar os outros como irmãos
E Te servir como a um Pai.
Minha vida seja digna da Tua presença.
Meu corpo seja digno da Terra tua cama
Minha alma possa aparecer diante de Ti,
Como um filho que volta ao lar.
Torna-me grande como o Sol,
Para que eu Te possa adorar em mim
E torna-me puro como a Lua,
Para que eu Te possa rezar em mim;
E torna -me claro como o dia para que
Eu te possa ver em mim.
Senhor,protege-me e ampara-me
Dá-me que eu me sinta Teu
Senhor livrai-me de mim.



FERNANDO PESSOA





PELA NOITE, COM JOSÉ RÉGIO: "FADO PORTUGUÊS"





FADO PORTUGUÊS


O Fado nasceu um dia,
quando o vento mal bulia
e o céu o mar prolongava,
na amurada dum veleiro,
no peito dum marinheiro
que, estando triste, cantava,
que, estando triste, cantava.


Ai, que lindeza tamanha,
meu chão, meu monte, meu vale,
de folhas, flores, frutas de oiro,
vê se vês terras de Espanha,
areias de Portugal,
olhar ceguinho de choro.


Na boca dum marinheiro
do frágil barco veleiro,
morrendo a canção magoada,
diz o pungir dos desejos
do lábio a queimar de beijos
que beija o ar, e mais nada,
que beija o ar, e mais nada.


Mãe, adeus. Adeus, Maria.
Guarda bem no teu sentido
que aqui te faço uma jura:
que ou te levo à sacristia,
ou foi Deus que foi servido
dar-me no mar sepultura.


Ora eis que embora outro dia,
quando o vento nem bulia
e o céu o mar prolongava,
à proa de outro veleiro
velava outro marinheiro
que, estando triste, cantava,
que, estando triste, cantava.



JOSÉ RÉGIO







segunda-feira, janeiro 25, 2016

À NOITINHA, COM PEDRO CHAGAS FREITAS: "PROMETO FALHAR"







Há qualquer coisa de Deus na forma como me amas, mãe.
As pessoas não são tão grandes como tu, as pessoas não aguentam tanto a vida como tu. As pessoas choram, as pessoas sofrem, as pessoas passam pela vida à procura da melhor maneira de viver. Mas tu amas-me, mãe. Tu amas-me assim, sem condições, e parece que quando me amas nem sequer existes. Apenas ficas ali, a ver-me existir, e é assim que descobres e me ensinas que a vida se resume a ver quem amas viver.

Há qualquer coisa de impossível na forma como me amas, mãe. O possível teria de exigir que parasses quando te dói, que parasses quando o mundo, filho da puta do mundo, te obriga a inventares novas maneiras de me dares tudo o que eu preciso.

Há qualquer coisa de genial na forma como me amas, mãe. E tu consegues o milagre da multiplicação dos pães e dos corpos, estás no sítio exacto onde te preciso na hora exacta onde te preciso com as palavras exactas de que preciso, a falares-me de como é importante acreditar que sabemos tudo mesmo que seja importante acreditar que não sabemos nada.

Há qualquer coisa de eu todo na forma como me amas, mãe.

E quando me perguntarem que idade tem a minha mãe direi apenas que para sempre. 

PEDRO CHAGAS FREITAS,
 in 'Prometo Falhar'






PELA NOITE, COM MIA COUTO: "A DEMORA"




A DEMORA


O amor nos condena:
demoras
mesmo quando chegas antes.
Porque não é no tempo que eu te espero.


Espero-te antes de haver vida
e és tu quem faz nascer os dias.


Quando chegas
já não sou senão saudade
e as flores
tombam-me dos braços
para dar cor ao chão em que te ergues.


Perdido o lugar
em que te aguardo,
só me resta água no lábio
para aplacar a tua sede.


Envelhecida a palavra,
tomo a lua por minha boca
e a noite, já sem voz
se vai despindo em ti.


O teu vestido tomba
e é uma nuvem.
O teu corpo se deita no meu,
um rio se vai aguando até ser mar.



MIA COUTO,
in «Idades cidades divindades»




É o povo quem mais ordena e foi o povo que me quis dar a honra de me eleger Presidente da República - Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente da República Portuguesa







Portugal tem um novo presidente. Marcelo Rebelo de Sousa recebeu mandato dos portugueses para ocupar a mais alta magistratura na nação Portuguesa.
Com 52% dos votos nas eleições presidenciais de domingo, dispensou uma segunda volta, que lhe poderia ter comprometido as aspirações.

O discurso de vitória foi proferido na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, que considera a sua “segunda casa”, sede da Justiça e de todos os princípios e ensinamentos democráticos em Portugal.

"Fiz questão de me dirigir ao país esta noite a partir da Faculdade de Direito de Lisboa, casa de liberdade, de pluralismo, de abertura de espírito. Não foi uma opção política, foi uma escolha de natureza afetiva. Ao longo de 50 anos, primeiro como aluno e depois como professor, esta casa fez de mim muito daquilo que sou", justificou.
Marcelo disse ter recebido dos pais e da sua formação inicial "os valores personalistas, a distinção entre o bem e o mal, a preocupação pelo país, o gosto pela simplicidade e o apego aos serviços dos outros".


"A Faculdade de Direito deu-me quase tudo o resto, e deu-me muito: a convicção da importância da educação e da investigação, a ideia do serviço público, a noção de que o futuro se constrói a aprender, a ensinar, a conviver, a partilhar o conhecimento", acrescentou.

“Nesta noite desejo saudar, em primeiro lugar, o povo português. É o povo quem mais ordena e foi o povo que me quis dar a honra de me eleger Presidente da República. Não há vencidos nestas eleições. Todos me merecem o mesmo respeito. Todos fazem parte da pátria que somos, cá dentro e lá fora"”, declarou.
E acrescentou: “Serei um Presidente da República livre e isento e o primeiro a querer que o Governo governe com eficácia e sucesso”
Marcelo Rebelo de Sousa afirmou que quer uma governação "com eficácia e com sucesso" e uma oposição "ativa e representativa", em nome do interesse nacional e da qualidade da democracia portuguesa. Manifestou a intenção de "fomentar a unidade nacional", "promover as convergências políticas" e "incentivar o frutuoso relacionamento entre órgãos de soberania e agentes políticos, económicos, sociais e culturais" enquanto chefe de Estado.

Marcelo sublinhou que será «empenhado e atuante, olhando para os mais pobres e desprotegidos, que vivem na periferia da sociedade, de que fala o Papa Francisco»

NÚMEROS TOTAIS NACIONAIS

Marcelo Rebelo de Sousa conseguiu ser o candidato mais votado em todos os distritos nacionais, um facto inédito.
Sampaio da Nóvoa surge em segundo lugar com quase 23% dos votos, seguido de Marisa Matias, a candidata apoiada pelo Bloco de Esquerda que é a grande surpresa da noite ao colocar-se em terceiro lugar com mais de 10%.
A ex-ministra socialista Maria de Belém ficou no quarto lugar com pouco mais de 4%, seguida de Edgar Silva.

A abstenção ficou nos 51%.







sexta-feira, janeiro 22, 2016

"THE REVENANT", O PRINCIPAL CANDIDATO AO PRÉMIO "OSCAR" 2016, ESTÁ AÍ...








"The Revenant"(O Regresso) criou grande expectativa e ansiedade, visto ter sido o grande vencedor dos Globos de Ouro, em que o realizador Iñárritu e o ator Leonardo DiCaprio conquistaram o troféu. O filme foi nomeado em 12 categorias, que incluem as de Melhor Filme, Realizador e Ator. 

O nome do ator inglês de 38 anos Tom Hardy surge duplamente, estando nomeado para a categoria de Melhor Ator Secundário pela participação no filme do realizador mexicano Alejandro G. Iñárritu, e sendo o nome principal do elenco do filme que se encontra mais próximo de "The Revenant" nestas nomeações : "Mad Max: Estrada da Fúria", também nomeado para as categorias de Melhor Filme e Realizador.



A cerimónia dos Óscares da Academia de 2016 terá lugar no próximo dia 28 de fevereiro, como já é normal, no "Dolby Theatre", sendo apresentada este ano pelo conhecido ator e comediante Chris Rock.

Michael Punke, transporta-nos ao século 19, e baseado em factos reais, narra-nos em  “The Revenant”  uma extraordinária aventura épica de um homem que luta pela sobrevivência. Numa expedição no deserto americano desconhecido, o lendário explorador Hugh Glass (Leonardo DiCaprio) é brutalmente atacado por um urso e deixado como morto por membros de sua própria equipa de caça. 

Para sobreviver, Glass resiste ao sofrimento inimaginável do frio glaciar, bem como à traição do seu confidente John Fitzgerald (Tom Hardy). Guiado apenas pela sua enorme coragem, determinação e o amor da sua família, Glass sobrevive e parte em busca de vingança.

FICHA TÉCNICA:

GÉNERO: Ação e aventura
REALIZADOR: Alejandro G. Iñárritu
ARGUMENTO: Mark L. Smith & Alejandro G. Iñárritu
BASEADO EM PARTE NO ROMANCE DE: Michael Punke
PRODUTORES: Arnon Milchan, Steve Golin, Alejandro G. Iñárritu, Mary Parent, James W. Skotchdopole, Keith Redmon
ELENCO: Leonardo DiCaprio, Tom Hardy, Domhnall Gleeson, Will Poulter
MÚSICA ORIGINAL DE: Ryuichi Sakamoto e Alva Noto

Saiba mais em:








quinta-feira, janeiro 21, 2016

IMAGEM DO DIA, COM ALEXANDRE O'NEILL









PELA NOITE, COM O POETA JORGE DU VAL






Caído na velha calçada
O poeta já não ralha
Já não se escreve poema

É só uma pedra na estrada
A no sapato foi gasta
Por quem lhe levou a pena

E já sonho não é!
O frio tondou-lhe a fé
A vida trocou-lhe a alma...

Vejam! Não se pode mais de pé
É tombado. É ralé...
Um último verso, mais nada...



jorge du val






terça-feira, janeiro 19, 2016

PELA NOITE, COM LUÍS VAZ DE CAMÕES: "AQUELA CATIVA"






AQUELA CATIVA

(Endechas a Bárbara escrava)

Aquela cativa
Que me tem cativo,
Porque nela vivo
Já não quer que viva.
Eu nunca vi rosa
Em suaves molhos,
Que pera meus olhos
Fosse mais fermosa.


Nem no campo flores,
Nem no céu estrelas
Me parecem belas
Como os meus amores.
Rosto singular,
Olhos sossegados,
Pretos e cansados,
Mas não de matar.


U~a graça viva,
Que neles lhe mora,
Pera ser senhora
De quem é cativa.
Pretos os cabelos,
Onde o povo vão
Perde opinião
Que os louros são belos.


Pretidão de Amor,
Tão doce a figura,
Que a neve lhe jura
Que trocara a cor.
Leda mansidão,
Que o siso acompanha;
Bem parece estranha,
Mas bárbara não.


Presença serena
Que a tormenta amansa;
Nela, enfim, descansa
Toda a minha pena.
Esta é a cativa
Que me tem cativo;
E. pois nela vivo,
É força que viva.


LUÍS VAZ DE CAMÕES



segunda-feira, janeiro 18, 2016

IMAGEM DO DIA: "O AMOR E O ÓDIO"










ESTA TARDE, COM MIA COUTO: "NO TEU ROSTO"










NO TEU ROSTO


No teu rosto
competem mil madrugadas

Nos teus lábios
a raiz do sangue
procura suas pétalas


A tua beleza
é essa luta de sombras
é o sobressalto da luz
num tremor de água
é a boca da paixão
mordendo o meu sossego



MIA COUTO,
in
"Raiz de orvalho e outros poemas"





CONCERTO DE ANO NOVO 2016 (NEUJAHRSKONZERT 2016) - Orquestra Filarmónica de Viena








Durante décadas, a Filarmónica de Viena tem apresentado ao público, no Ano Novo, um programa alegre com um repertório exclusivamente em homenagem à família Strauss e seus contemporâneos. Realizados na sala grande do edifício do Musikverein de Viena, na Áustria, e graças à transmissão de televisão para mais de 70 países, estes concertos no Ano Novo desfrutam de grande popularidade não só em Viena, mas em todo o mundo.


Este blogue mantem-se fiel à sua divulgação anual, por motivos que não necessitam de justificação, tal a beleza e qualidade destes concertos.

Nascidos durante um período negro da história da Áustria, os concertos foram projetadas para encorajar a população austríaca e, por sua vez dar-lhes a esperança de melhores tempos. Hoje, milhões de pessoas ao redor do mundo vivem com esta música, às vezes alegre e outra profunda, que traz otimismo e alegria para o novo ano.

O Concerto de Ano Novo da Filarmónica de Viena tem este ano o glamour suplementar de celebrar o jubileu dos 75 anos do evento, recordando a data de 1/1/1941: segundo concerto do género dos Wiener Philharmoniker, mas o primeiro realizado no dia de Ano Novo.

Este ano, um maestro excecional, o letão Mariss Jansons, que perfez 73 anos duas semanas depois deste concerto, dirigiu pela terceira vez a Filarmónica de Viena nesta data, após 2006 e 2012.

Jansons é uma das glórias da direção de orquestra das últimas décadas e é regularmente apontado em votações como sendo o mais brilhante maestro em atividade. Filarmónica de Leninegrado/S. Petersburgo (ao longo de 28 anos), Filarmónica de Oslo (durante 21 anos), Filarmónica de Londres, Sinfónica de Pittsburgh, Orquestra do Concertgebouw de Amesterdão (11 anos) e Sinfónica da Rádio da Baviera (há 12 anos, sendo que o contrato, sucessivamente prolongado, já se estende até 2021!) são algumas das orquestras que já o tiveram como titular ou "convidado principal".

Mariss Jansons

Mariss estudou em Viena com Hans Swarowsky e em Salzburgo com Karajan (na Rússia, trabalhara com Yevgeny Mravinsky) e dirigiu em 1992 pela primeira vez a Orquestra Filarmónica de Viena. É membro da Sociedade dos Amigos da Música, o outro nome do Musikverein de Viena.


O concerto
A celebração deste concerto  tornou-se um ritual. O programa seguirá três repetições principais ou encores. Durante a segunda iteração (a marcha tradicional O Danúbio Azul de Johann Strauss II, 314 Op., 1867), o público interrompe com aplausos as fases iniciais e o diretor, em nome da orquestra deseja a todo  o público (de todo o mundo) um Feliz Ano Novo. Na terceira e última parte, tradicionalmente,  a composição  Radetzky March (Johann Strauss I, 228 Op., 1848) é interpretada.

Em 2005 não foi tocada, em memória das vítimas do tsunami de 26 de dezembro de 2004 na Ásia. O público bate palmas palmas ao ritmo da Marcha de Radetzky, sob a batuta do maestro.
 Zubin Mehta conduziu o concerto em 1990, 1995, 1998 e 2007. Em 2007, congratulou-se com a Roménia e a Bulgária como membros da União Europeia. Em 2008 e 2010, o diretor francês Georges Petre assumiu a direção do show.

Desde 1959, o Concerto de Ano Novo é transmitido ao vivo pela ORF (televisão nacional austríaco) para mais de 70 países, em 2010, foi transmitido pela primeira vez tempo em HDTV e online. Ballets também são emitidos em Schoenbrunn Palace para os telespectadores. Em 2007, foram mostrados pela primeira vez , com bailados interpretados nos jardins barrocos do castelo. Estas peças são normalmente dançadas por bailarinos do Ballet Estatal de Viena e, por vezes o Ballet da Ópera Estatal de Viena, Volksoper de Viena, a Ópera Estadual Bávara, bem como estrelas internacionais convidados. Em 2008 foi a primeira vez que se dançou ao vivo no grande salão, repetida em 2011, com os onze bailarinos estagiários de 15 anos, da Escola de Ballet da Ópera Estatal de Viena. Em 2011, Valentino desenhou figurinos para o bailado realizada no Museu Kunsthistorisches (Museu de Arte e História).

Embora o programa de música por norma contemple a dinastia Strauss (pai e filho Johann, Josef e Eduard), muitas vezes inclui obras de outros compositores, como Josef Lanner e Josef Jr. Hellmesberger . O programa inclui obras  executadas em espetáculos anteriores ao Ano Novo.

Concerto de Ano Novo 2016 (Neujahrskonzert 2016) – Orquestra Filarmónica de Viena 

A decoração floral de Ano Novo é um presente da cidade italiana de Sanremo desde 1980. Em 2011, o grande salão foi decorado com 30.000 flores.

UM FELIZ ANO DE 2016! 

O PROGRAMA:
Franz von Suppe
Ouv. Ein Morgen, ein Mittag, ein Abend em Wien
Johann Strauss, Jr.
Märchen aus dem Orient. Walzer, op. 444
Josef Strauss
Wiener Leben. Polka Française, op. 218
Eduard Strauss
und lacht lebt Wo homem. Polka Schnell, op. 108
Josef Strauss
aus Österreich Dorfschwalben. Walzer, op. 164
Johann Strauss, Jr.
Vom Donaustrande. Polka Schnell, op. 356

- Pausa -

Johann Strauss, Jr.
Perpetuum mobile. Musikalischer Scherz, op. 257 
Accelerationen. Walzer op.234 
magnetische Elektro-Polka, op. 110
Eduard Strauss
Mit Dampf. Polka Schnell, op. 70
Johann Strauss, Jr.
An der Elbe. Walzer, op. 477
Johann Strauss, sen.
Annen Polka-[Beliebte Annen Polka-], op. 137
Hans Christian Lumbye
Champagner-Galopp, op. 14
Johann Strauss, Jr.
Studenten-Polka. Polka Française, op. 263
Johann Strauss, sen.
Freiheits-Marsch, op. 226
Johann Strauss, Jr.
Wein, Weib und Gesang. Walzer, op. 333
Eduard Strauss
Mit Chic. Polka Schnell, op. 221




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