quarta-feira, março 28, 2012

VIA SACRA ( VIA CRUCIS) - Semana Santa







Via Sacra ou Via Crucis ( do latim Via Crucis, "caminho da cruz"), é o trajeto seguido por Jesus Cristo carregando a cruz, que vai do Pretório até ao Calvário. O exercício da Via Sacra consiste em que os fiéis percorram mentalmente a caminhada de Jesus a carregar a Cruz desde o Pretório de Pilatos até ao monte Calvário, meditando simultaneamente com a Paixão de Cristo.

Percurso da Via Sacra ou Via Crucis

Tal exercício, muito comum no tempo da Quaresma, teve origem na época das Cruzadas ( do século XI ao século XIII): os fiéis que então percorriam na Terra Santa, os lugares sagrados da Paixão de Cristo, quiseram reproduzir no Ocidente a peregrinação feita ao longo da Via Dolorosa em Jerusalém. 

O número de estações, passos ou etapas dessa caminhada foi sendo definido paulatinamente, chegando à forma atual, de quatorze estações, no século VI. O Papa João Paulo II introduziu, em Roma, a substituição de certas cenas desse percurso não relatadas nos Evangelhos, por outros quadros narrados pelos evangelistas. A nova configuração ainda não se tornou universal.

Existem diversas meditações de autores espirituais sobre a Via Crucis ou Via Sacra. De entre elas as que foram utilizadas em Roma, durante os últimos anos, foram: Via Crucis com a Mãe, 2006; Via Crucis do cardeal Ratzinger, 2005; Via Crucis de João Paulo II, 2004; Via Crucis de João Paulo II, 2000; Via Crucis de Karol Wojtyla, 1976, e são ainda conhecidas as Via Crucis de São Josemaria Escrivá  e a Via Crucis de Ernestina Champourcin, 1952.


O exercício da Via Sacra tem sido muito recomendado pelos Sumos Pontífices, uma vez que proporciona uma meditação frutuosa da Paixão de Jesus Cristo, Nosso Senhor.


VIA SACRA






As Estações:
  1. Jesus é condenado à morte
  2. Jesus carrega a cruz às costas
  3. Jesus cai pela primeira vez
  4. Jesus encontra a sua Mãe
  5. Simão Cirineu ajuda a Jesus
  6. Verónica limpa o rosto de Jesus
  7. Jesus cai pela segunda vez
  8. Jesus encontra as mulheres de Jerusalém
  9. Terceira queda de Jesus
  10. Jesus é despojado das suas vestes
  11. Jesus é pregado na cruz
  12. Jesus morre na cruz
  13. Jesus morto nos braços de sua Mãe
  14. Jesus é sepultado










Religiosas






domingo, março 25, 2012

A MAGIA DA DANÇA (PARTE VI) - O TANGO (Património Oral e Imaterial da Humanidade)











O Tango nasceu nos fins do século XIX, derivado das misturas entre as formas musicais dos imigrantes italianos e espanhóis, dos crioulos descendentes dos conquistadores espanhóis que já habitavam os pampas e de um tipo de batuque dos negros chamado "Cadombe". Há indícios de influência da "Habanera" cubana e do "Tango Andaluz".

Tango

O Tango nasceu como uma expressão folclórica das populações pobres, oriundas de todas aquelas origens, que se misturavam nos subúrbios da crescente Buenos Aires.

Em 1913, enquanto o mundo se debatia em vésperas de Segunda Guerra Mundial, o Arcebispo de Paris proibia os meneios e cruzamentos de pernas dos dançarinos de tango, recém-chegados aos salões da moda. Um Consistório - reunião de cardeais para tratar de assuntos urgentes da Igreja - foi convocado, com caráter de urgência, para deliberar sobre este assunto tão palpitante. 

No entanto, o sensato Papa Benedito XV (Cardeal Giacomo Della Chiesa, eleito em setembro de 1914), ao assistir a uma exibição de tango por um casal de profissionais, considerou que se tratava apenas de uma novidade mais ousada e liberou a sua execução.

Numa fase inicial, o Tango era puramente dançante. O povo encarregava-se de improvisar letras picantes e bem humoradas para as músicas mais conhecidas, mas não eram, por assim dizer, letras oficiais, feitas especificamente para as músicas nem definitivamente associadas a elas.

Carlos Gardel

Pela sua forte sensualidade, o Tango foi, no início, considerado impróprio para ambientes familiares. Para os primeiros grupos de "tocadores de tango", onde se destacavam os sons da flauta e do violão, entraram o piano, seguido do violino e contrabaixo, e finalmente o "bandoneon"( híbrido de acordeom e gaita gaúcha). Estava formada a "orquestra típica".

Em público, dançavam os homens com homens. Naqueles tempos era considerada obscena a dança entre homens e mulheres abraçados, sendo este um dos aspetos do tango que o manteve circunacrito aos bordéis, onde os homens utilizavam os passos que praticavam e criavam entre si nas horas de lazer mais familiar. 

Mais tarde o Tango tornou-se numa dança típica dos bordéis, sobretudo depois da transformação das áreas dos subúrbios em fábricas, que a industrialização ocasionou, transferindo assim a miséria dos bordéis para o centro da cidade. Nesta fase proliferaram letras com a temática voltada para esses ambientes. São letras francamente obscenas e violentas.

Por volta de 1910 o Tango foi levado para Paris. Existem diversas versões acerca da maneira como isto aconteceu. A sociedade parisiense da época em que as artes viviam o modernismo, ansiava por novidades e exotismo.
Astor Piazzolla e o seu Bandoneon

O Tango tornou-se como uma febre em Paris e, como Paris era o centro cultural de todo o mundo civilizado, o Tango expandiu-se pelo resto do mundo. As parcelas moralistas da sociedade condenavam-no, assim como anteriormente tinham condenado a Valsa, por o considerarem uma dança imoral. A própria sociedade argentina desprezava o Tango, que só passou a ser aceite nos salões da classe alta, pela influência indireta de Paris.

Em 1917 começaram a surgir variantes formais do Tango. Uma delas, influenciada pela romança fracesa, deu origem ao chamado Tango-canção. Tangos concebidos para musicar uma letra. A letra passa a ser a parte essencial do Tango e consequentemente, surgem os cantores do Tango.  Já não é feito exclusivamente para dançar. É considerado o primeiro - ou pelo menos mais marcante nessa transição - Tango-canção, o "Mi Noche Triste" com letra de Pascoal Contursi, de 1917, inspirado numa música antiga chamada "Lita".

Dançarinos de Tango Argentino

Nos cabarés de luxo da década de 1920, o Tango sofreu modificações importantes. Os executantes já não eram os grupos pequenos que atuavam nos bordéis, mas músicos profissionais que introduziram o uso do piano e mais qualidade técnica e melódica.

Carlos Gardel, nascido em França, em 1890, já era senhor de um sucesso estrondoso em 1928. Sucesso que durou até 1935, quando faleceu vítima de um acidente de avião, em pleno auge da sua carreira. Gardel cantou o Tango em Paris, Nova Iorque e muitas outras capitais do mundo, sempre atraindo multidões, principalmente quando se apresentava na América Latina. Eram multidões dignas de Elvis Presley e dos Beatles. Também foi responsável pela popularização do Tango, ao estrelar filmes musicais de tango produzidos em Hollywood.

Tango Argentino

A década de 1940 é considerada uma das mais felizes e produtivas do Tango. Os profissionais que haviam começado nos cabarés de luxo da década de 1920, estavam no auge do seu potencial. Nesta época, as letras dos tangos passaram a ser mais líricas e sentimentais. A antiga temática dos bordéis e cabarés, de violência e obscenidades, passou a ser uma mera reminiscência. As letras passaram a ser caracterizadas pela fórmula ultra-romântica: a chuva, a garoa, o céu, a tristeza do grande amor perdido. Muitos dos letristas foram poetas de renome e com sólida formação cultural.

A década de 1950 conta com atuação revolucionária de Astor Piazzolla. Piazzolla rompe com o tradicional, trazendo para complementar os recursos do Tango influências de Bach e Stravinsky, ao mesmo tempo do Cool Jazz. 

Nesta altura o Tango passa a ser executado com alto grau de profissionalismo musical, mas no universo popular a década de 1950 vê a invasão do Rock'Roll americano e a danças de salão passam a ser prática apenas de um grupo de amantes.

Na década de 1960, uma lei  de proteção à música nacional Argentina já está revogada, e o Tango que era ouvido diariamente nas rádios vai sendo substituído por outros ritmos estrangeiros, e as próprias gravadoras não se interessam mais pelo Tango. A juventude não só pára de praticar o Tango no lazer do dia a dia, como passa a ridicularizá-lo como coisa fora de moda.
Cartaz do Tango, Património Oral e Imaterial
da Humanidade.













Com o desinteresse comercial das gravadoras, foram compostos poucos tangos de relevo. Tem sido prática mais comum as releituras dos antigos sucessos e as reinterpretações modernizadas dos maiores sucessos dos primeiros tempos.

Hoje, a crítica Argentina detecta um retorno ao Tango, cada vez mais frequente em peças teatrais e cinematográficas. Em 1983 apresentou-se em Paris uma inovação relativa aos espetáculos planeados para o exterior: os casais de profissionais que constituiam o elenco, provinham da "milonga porteña". Era a quebra da imagem do bailarino acrobático.

Em 1977, a prefeitura de Buenos Aires instituiu o Dia do Tango, logo tornado em evento nacional e agora  parte do calendário cultural de vários países.

E em 30 de setembro de 2009, no Dubai, o Tango foi considerado Património Oral e Imaterial da Humanidade, pela UNESCO.














ASTOR PIAZZOLLA E SUA ORQUESTRA (1950):

TANGO ARGENTINO (Atual):


sexta-feira, março 23, 2012

PARQUE DOS POETAS - Megaprojeto da Cultura








O Parque dos Poetas é o resultado da vontade de homenagear os poetas e a poesia nacional. Nasce de um conceito inicial de David Mourão-Ferreira e do escultor Francisco Simões, para celebrar a poesia e imortalizar os poetas portugueses esculturalmente representados.

É um projeto da co-autoria do arquiteto paisagista Francisco Caldeira Cabral e da arquiteta paisagista Elsa Severino. Nesta primeira fase, o Parque tem 10 hectares com praças, alamedas e recantos que convidam à evasão, bem como um auditório ao ar livre, uma fonte cibernética, o bosque da poesia,  um parque polidesportivo e o Estádio Municipal de Oeiras.

O Parque é atravessado pela "Alameda dos Poetas", percurso principal em que assenta a concepção geral do espaço. Por sua vez, a Alameda é ladeado por "ilhas", pequenos jardins temáticos que acolhem estátuas de poetas, escolhidos por serem representativos da poesia de expressão portuguesa.

Para seleccionar os poetas que estariam representados no Parque nas suas primeira e segunda fases, os responsáveis do projeto consultaram diversas instituições, habilitadas para apurar um seleção de 60 autores. Dos nomes que constam da lista final, 50 são portugueses e 10 são autores de países ou territórios de expressão portuguesa.

As várias épocas literárias ficam também representadas, sendo que 20 dos poetas escolhidos são do século XX e os restantes de outras épocas. Na área aberta ao público - a primeira fase - estão integradas 20 esculturas de poetas do século XX, da autoria do escultor Mestre Francisco Simões.

Teixeira de Pascoaes, Florbela Espanca, José Gomes Ferreira, Miguel Torga, Sophia de Mello Breyner, Natália Correia, Eugénio de Andrade, Fernando Pessoa, Mário de Sá Carneiro, Alexandre O'Neill, Camilo Pessanha, José Régio, Vitorino Nemésio, Jorge de Sena, Carlos Oliveira, Mnuel Alegre, David Mourão-Ferreira, António Gedeão, Ruy Belo e António Ramos Rosa são os poetas aqui representados e de alguns dos quais as estátuas podem ser apreciadas nesta 1.ª fase.

Para a seleção dos artistas plásticos que executaram as esculturas da 2.ª fase, a Câmara Municipal de Oeiras contou com a colaboração de entidades como a Academia Nacional de Belas Artes, a Sociedade Nacional de Belas Artes, a Associação internacional dos Críticos de Arte e as Faculdades de Belas Artes do Porto e de Lisboa.

Quando a 2.ª fase do Parque estiver concluída, a área total do recinto será mais do dobro da atual, limitada a nascente por Paço de Arcos, a Poente pelo aglomerado de Oeiras, a sul pelo viaduto do Espargal e a norte pelas vias de ligação à Rotunda de Cacilhas (Fonte Luminosa), num total de mais 15 hectares, totalmente dotado de acessos para pessoas portadoras de deficiência.

A poesia nacional continuará a constituir o tema central do Parque, que terá 40 esculturas de 40 poetas executadas por 40 escultores de diferentes correntes estéticas.

Para homenagear Luís de Camões será criada a zona Ilha dos Amores, que além de uma estátua do poeta terá a vegetação descrita em Os Lusíadas. O Parque irá ainda passar a dispor de um Garden Center, um edifício temático designado Templo da Poesia, um anfiteatro e de um estacionamento subterrâneo.

O Parque tem 700 lugares de estacionamento em zonas circundantes e a vigilância do espaço é assegurada pela Polícia Municipal.

Para a 2.ª Fase, cuja concretização está em curso, ficaram imortalizados, em esculturas, os seguintes poetas: D. Dinis, João Roiz de Castel-Branco, Gil Vicente, Garcia de Resende, Bernardim Ribeiro, Sá de Miranda, Cristóvão Falcão, Diogo Bernardes, Luís de Camões, António Ferreira, Francisco Rodrigues Lobo, Soror Violante do Céu, Frei Jerónimo Baía, Correia Garção, Filinto Elísio, Nicolau Tolentino, José Anastácio da Cunha, Marquesa de Alorna, Manuel Maria Barbosa Du Bocage, Almeida Garrett, António Feliciano de Castilho, Alexandre Herculano, Soares dos Passos, João de Deus, Antero de Quental, Gomes Leal, Guerra Junqueiro, António Feijó, Cesário Verde e António Nobre.




Uma bela sugestão para este tempo de férias da Páscoa: uma visita a este Parque dos Poetas tão aprazível, quanto didático e convidativo ao sossego e meditação...



LOCALIZAÇÃO FREGUESIA: Oeiras
LOCALIZAÇÃO: Rua São Salvador da Baía, Oeiras
CONTACTOS: (351)214 408 583/ 214 406 543

Aberto todos os dias
Entrada Gratuita
Horário: 8h00 - 22h00







quarta-feira, março 21, 2012

DAVID MOURÃO-FERREIRA (1927-1996) - Apontamento de Poesia Contemporânea (Parte VIII)





Mais do que sonho: comoção!
Sinto-me tonto, enternecido,
quando, de noite, as minhas mãos
são o teu único vestido...




Escolhi este poeta e escritor português, David Mourão-Ferreira, para assinalar mais este Dia Mundial da Poesia. Nascido em Lisboa em 1927, foi também em Lisboa que morreu no ano de 1996. De nome David de Jesus Mourão-Ferreira, licenciou-se em Filologia Românica pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa em 1951, onde chegou a ser professor catedrático, organizando e regendo, entre outras, a cadeira de Teoria da Literatura.

David de Jesus Mourão-Ferreira

Foi secretário de Estado da Cultura, entre 1976 e 1979; diretor do diário A Capital; diretor do Boletim Cultural do Serviço de Bibliotecas Itinerantes e Fixas da Fundação Calouste Gulbenkian, entre 1984 e 1996; diretor da revista Colóquio/Letras; presidente da Associação Portuguesa de Escritores (1984-86) e presidente da Association Internacionale  des Critiques Littéraires. Foi ainda autor de alguns programas de televisão e escreveu diversos poemas imortalizados pela voz de Amália.

A sua obra reparte-se pela poesia; pela crítica literária, como Os Ócios do Ofício, Vinte Poetas Contemporâneos, ou Hospital das Letras ou Lâmpadas no Escuro (de Herculano a Torga); pelo ensaio; pela tradução; pelo teatro; pelo romance; e também pelo jornalismo.

Embora os seus primeiros poemas datem de meados dos anos 40, a sua atividade poética começou a ganhar relevo quando foi codiretor, a par com António Manuel Couto Viana e Luís de Macedo, da revista Távola Redonda (1950-54), que, sem apresentar programa ou manifesto, se apresentava como uma alternativa poética à poesia social, baseada na "revigoração do lirismo", exigindo ao poeta "autenticidade e um mínimo de consciência técnica, a criação em liberdade e, também a diligência e capacidade de admirar, criticamente, os grandes poetas portugueses de gerações anteriores a 1950.

Amália Rodrigues, David Mourão-Ferreira e Maria Barroso,
esposa de Mário Soares.

Foi um escritor sem reservas ideológicas ou preconceitos de ordem estética, ("VIANA, António Manuel Couto - "Breve Historial" in As Folhas Poesia Távola Redonda, Boletim Cultural da F.C.G., VI série, n.º 11, outubro de 1988), atributos a que acresciam como exigências a reação contra a "imediatez da inspiração e contra o impuro aproveitamento da poesia para fins sociais", através do equilíbrio "entre os motivos e a técnica, entre os temas e as formas" (cf.MOURÃO-FERREIRA,David - "Notícias sobre a Távola Redonda" in Estrada Larga 3, p.392).

O primeiro volume da Coleção de Poesia das Edições "Távola Redonda" assinala a publicação da sua primeira obra poética, A Secreta Viagem, onde se encontram reunidos alguns dos traços que distinguiriam a sua poética posterior, nomeadamente a preferência pela temática amorosa, o rigor formal, a continuidade e renovação da lírica tradicional como, por exemplo, a de inspiração camoniana, ou a abertura a experiências poéticas estrangeiras. No poema "Dos Anos Quarenta", relembra leituras nessa etapa de iniciação poética: Proust, Thomas Mann, Rilke, Apolinnaire, a "constelação pessoana", Álvaro de Campos, "E Régio Miguéis Nemésio", bem como as circunstâncias que rodearam essa descoberta, como o "despertar do deus Eros", a guerra, a queda dos fascismos e a perseverança da ditadura salazarista.

Tempestade de Verão

Da sua obra poética, cuja poesia se distingue pelo lirismo culto, depurado e subtil, destacam-se os seguintes livros: A Secreta Viagem, Do Tempo ao Coração, Cancioneiro do Natal, Matura Idade e Ode à Música.

David Mourão-Ferreira foi poeta, romancista, critico e ensaísta. A sua poesia caracteriza-se pelas figuras constantes da mulher e do amor, e pela busca deste como forma do conhecimento, sendo considerado como um dos poetas do erotismo na literatura portuguesa. 

A vivência do tempo e da memória são também constantes na sua obra, marcada, a nível de estilo, por uma procura permanente do equilíbrio, de que resulta uma escrita tensa, e pela contenção da força lírica e sensível do poeta numa linguagem rigorosa, trabalhada, de grande riqueza rítmica, melódica e imagística, que fazem dele um clássico da modernidade.

David Mourão-Ferreira e Maria Augusta, sua esposa.

A obra de David Mourão-Ferreira foi várias vezes reconhecida com prémios literários: Prémio de Poesia Delfim Guimarães em 1954, para Tempestade de Verão; Prémio Ricardo Malheiros em 1960, para Gaivotas em Terra; Prémio Nacional da Poesia em 1971, para Cancioneiro de Natal; Prémio da Crítica da Associação Internacional dos Críticos Literários para As Quatro Estações; e, para Um Amor Feliz, os prémios de Narrativa do Pen Clube Português, D.Dinis, de Ficção do Município de Lisboa e o Grande Prémio de Romance e Novela da Associação Portuguesa de Escritores.


Ao autor foi ainda atribuído, em 1996, ano da sua morte, o Prémio de Consagração de Carreira da Sociedade Portuguesa de Autores.


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POEMAS DE DAVID MOURÃO-FERREIRA:
1- David Mourão-Ferreira; 2- Crepúsculo;
3- Nós temos cinco sentidos;
4- E por vezes as noites duram meses;
5- Mais do que um sonho: comoção!;
6- Escada sem Corrimão.


Crepúsculo

É quando um espelho, no quarto,
se enfastia;
Quando a noite se destaca
da cortina;
Quando a carne tem o travo
da saliva,
e a saliva sabe a carne
dissolvida;
Quando a força de vontade
ressuscita;
Quando o pé sobre o sapato
se equilibra...
E quando às sete da tarde
morre o dia
-que dentro de nossas almas
se ilumina,
com luz lívida, a palavra
despedida.


Nós temos cinco sentidos

Nós temos cinco sentidos:
são dois pares e meio de asas.

-Como quereis o equilíbrio?


E por vezes as noites duram meses

E por vezes as noites duram meses
E por vezes os meses oceanos
E por vezes os braços que apertamos
nunca mais são os mesmos. E por vezes

encontramos de nós em poucos meses
o que a noite nos fez em muitos anos
E por vezes fingimos que lembramos
E por vezes lembramos que por vezes

ao tomarmos o gosto aos oceanos
só o sarro das noites não dos meses
lá no fundo dos copos encontramos

E por vezes sorrimos ou choramos
E por vezes ah por vezes
num segundo se evolam tantos anos.


Penélope

Mais do que um sonho: comoção!
Sinto-me tonto, enternecido,
quando, de noite, as minhas mãos
são o teu único vestido.

E recompões com essa veste
que eu, sem saber, tinha tecido,
todo o pudor que desfizeste
como uma teia sem sentido;
todo o pudor que desfizeste
a meu pedido.

Mas nesse manto que desfias,
e que depois voltas a pôr,
eu reconheço os melhores dias
do nosso amor.


Escada sem corrimão

É uma escada em caracol
E que não tem corrimão.
Vai a caminho do Sol
Mas nunca passa do chão.
Os degraus, quanto mais altos,
Mais estragados estão,
Nem sustos nem sobressaltos
servem sequer de lição.
Quem tem medo não a sobe
Quem tem sonhos também não.
Há quem chegue a deitar fora
O lastro do coração.
Sobe-se numa corrida.
Corre-se prigos em vão.
Adivinhaste: é a vida
A escada sem corrimão.






DAVID MOURÃO-FERREIRA: "PRIMAVERA"

DAVID MOURÃO-FERREIRA: "BARCO NEGRO"


domingo, março 18, 2012

PARA TODOS OS PAIS - 19 de Março, Dia do Pai






Ter um Pai! É ter na vida
Uma luz por entre escolhos;
É ter dois olhos no mundo
Que veem pelos nossos olhos!


Ter um Pai! Um coração
Que apenas amor encerra,
É ver Deus no mundo vil,
É ter os céus cá na terra!


Ter um Pai! Nunca se perde
Aquela santa afeição,
Sempre a mesma, quer o filho
Seja um santo ou um ladrão;


Talvez maior, sendo infame
O filho que é desprezado
Pelo mundo; pois um Pai
Perdoa ao mais desgraçado!


Ter um Pai! Um santo orgulho
Pró coração que lhe quer
Um orgulho que não cabe
Num coração de mulher!


Embora ele seja imenso
Vogando pelo ideal,
O coração que me deste
Ó Pai bondoso é leal!


Ter um Pai! Doce poema
Dum sonho bendito e santo
Nestas letras pequeninas,
Astros dum céu todo encanto!


Ter um Pai! Os órfãozinhos
Não conhecem este amor!
Por mo fazer conhecer,
Bendito seja o Senhor!
(Florbela Espanca)


PARA TODOS OS PAIS, UM ABRAÇO DE PARABÉNS!

segunda-feira, março 12, 2012

OBESIDADE - Obesidade Mórbida e Obesidade Infantil















A obesidade é atualmente reconhecida como uma doença crónica que afeta, de modo cada vez mais marcante, as sociedades industrializadas. Tornou-se já um lugar comum classificá-la como a epidemia do século XXI e como um grave problema de saúde pública.
Circunferências que representam os perfis normal (esquerda),
Com excesso de peso (centro), e obeso (direita).

Em Portugal, a obesidade assume proporções alarmantes: existe a maior taxa de obesidade infantil da Europa, mais de um milhão e meio de obesos, e estima-se que exista entre 200 e 300 mil doentes com a denominada obesidade mórbida, em que o IMC é igual ou superior a 40 [IMC=peso/(altura)2].

As causas da obesidade são múltiplas. Os erros alimentares e sedentarismo constituem a associação mais frequentemente apontada como causa da obesidade. Infelizmente estes comportamentos são prática usual de uma grande parte da população jovem, mesmo infantil. Hoje em dia os jovens passam a maioria dos tempos livres em frente de uma televisão ou computador, hábitos já adquiridos durante o período da sua infância.

Físico tipo Maçã (esquerda) e Físico tipo Pera (direita)

A este comportamento sedentário, soma-se um regime alimentar hipercalórico, baseado essencialmente no abuso do consumo da alimentação conhecida como "fast food". Mas a obesidade também depende de factores genéticos, hormonais, psicológicos e sócio-económicos que conferem à causa desta doença características multifactoriais. Uma coisa é certa: uma criança ou um jovem obeso, terá todas as hipóteses de vir a ser um adulto vítima de anorexia ou de obesidade mórbida...

Ao aumento de peso associam-se frequentemente outras patologias, como hipertensão arterial, diabetes,  colesterol elevado, dislipidemias, apneia do sono, artrose e varizes, entre muitas outras, que, nos seus mais variados aspectos, implicam limitações e custos, económicos e sociais, que condicionam a qualidade e esperança de vida dos doentes.

Obesidade Infantil

O grau de obesidade de cada um de nós é avaliado pelo Ídice Massa Corporal (IMC) medido em Kg/m2. Permite classificar a obesidade e avaliar o risco relativo do indivíduo desenvolver complicações.

Se: IMC > 18 e < 25 Kg/m2, será considerado Normal.
      IMC > 25 e < 30 Kg/m2, será considerado Excesso de peso.
      IMC> 30 e < 35 Kg/m2, será considerado Obesidade moderada (grau I)
      IMC > 35 e < 40 Kg/m2, será considerado Obesidade grave (grau II)
      IMC> 40 Kg/m2, será considerado Obesidade mórbida (grau III)

Embora o total de gordura no nosso corpo seja importante, é mais relevante ainda, saber onde ela está localizada. A gordura depositada da região abdominal (andróide) acarreta mais riscos para a saúde do que se ela estiver concentrada noutra parte do corpo, como a zona das ancas e coxas (ginóide). Uma medida que é comum ser adotada no prática médica para avaliar os riscos de sáude é a relação Cintura:Anca.

Obesidade Mórbida

Mulheres com Cintura:Anca > 0,80 cm = Risco
Homens com Cintura:Anca > 1,00 cm = Risco

Muitos especialistas utilizam, conjuntamente os métodos IMC e Cintura:Anca, para avaliar com mais segurança o risco de saúde do paciente. Outros ainda, aceitam que a simples circunferência abdominal maior que 95 cm é representativa de risco elevado de doenças.

O ganho do peso na área acima da cintura ( tipo físico " Maçã" ) é mais perigoso do que o peso ganho em torno da área das ancas ou quadris e das coxas ( físico tipo " Pera" ).

As células gordas na parte superior do corpo têm características diferentes das encontradas nas ancas e na coxas.

As pessoas com o perfil em formato de maçã têm mais facilidade de desenvolver outras doenças, como problemas cardiovasculares, uma vez que a gordura visceral, ao contrário da subcutânea, dirige-se diretamente para o fígado antes de circular até aos músculos, podendo causar resistência à insulina, levando à hiperinsulinémia, que são níveis elevados de insulina, aumentando assim o risco de diabetes, hipertensão e doenças cardiovasculares.

Técnicas invasivas do tratamento da obesidade

Como se pode concluir, a obesidade é uma doença que tem de ser encarada com muita responsabilidade e cuidado. As pessoas, no entanto, engordam por uma simples razão: consomem mais calorias do que gastam. Por outras palavras, não fazem uma alimentação saudável e levam uma vida sedentária. Sem exercício, o corpo não queima as calorias que ingeriu, e estas transformam-se em gordura, que por sua vez causa o aumento de peso.

Como a perda de peso é algo que requer muita força de vontade e disciplina, o melhor é prevenir a obesidade. E o cuidado, como já vimos, deve começar logo na infância.

Avaliação da Obesidade

O tratamento inicial da obesidade mórbida está associado ao carácter progressivo da doença e das suas graves consequências para o estado de saúde dos doentes. Embora este tratamento inicial seja feito com base em dietas de baixas calorias, com uma perca de peso lenta e morosa, verificou-se que, em muitos casos, os pacientes voltavam a recuperar o peso perdido.

Para o tratamento destes casos e para outros que os médicos entendam apropriados, a medicina utiliza técnicas Técnicas Invasivas, que podem ou não ser Cirúrgicas.

Técnica não cirurgica: O balão intra-gástrico, é a técnica mais simples, completamente reversível. Passa pela introdução de um balão, por via endoscópica, no estomâgo. Uma vez cheio com soro fisiológico, ocupa parte do estômago, diminuindo a sensação de fome do doente.

Intervenção cirúrgica para colocação de Banda Gástrica

Técnicas cirurgicas:
A Gastroplastia Vertical Anilhada: consiste em efectuar um reservatório após secção vertical no estomâgo a cerca de 6 cm da transição esófago-gástrica, provocando restrição à passagem dos alimentos para o restante estômago.

A Gastroplastia com Banda:  procede-se à colocação de um "anel" de material sintético imediatamente abaixo da transição esófago-gástrica, deixando apenas uma pequena bolsa acima deste, criando uma passagem estreita para o estômago distal (tipo funil).

Com estas técnicas, é de esperar que os pacientes percam de 30 a 40% do seus excessos de peso nos primeiros 12 a 18 meses  de pós-operatório. Todavia trata-se de tratamentos dispendiosos, não acessíveis a todas as bolsas, e que no Serviço Nacional de Saúde contam com longas listas de espera, que podem ir de meses a anos...


Junto inseri imagens bem elucidativas dos diversos tipos de obesidade e das suas consequências verdadeiramente dramáticas... 







quarta-feira, março 07, 2012

DIA INTERNACIONAL DA MULHER - 8 de Março









Neste Dia Internacional da Mulher, pretende-se chamar a atenção para o papel e dignidade da mulher e levar a uma tomada de consciência do valor da pessoa, para perceber o seu papel na sociedade, contestar e rever preconceitos e limitações que vêm sendo impostos à mulher.

Também neste dia, 8 de março de 1857, as operárias têxteis de uma fábrica de Nova Iorque entraram em greve, ocupando a fábrica, para reivindicarem a redução de um horário de mais de 16 horas por dia para 10 horas. Estas operárias que, nas suas 16 horas, recebiam menos de um terço do salário dos homens, foram fechadas numa fábrica onde, entretanto, se declarara um incêndio, e cerca de 130 mulheres morreram queimadas. 

Em 1910, numa conferência internacional de mulheres realizada na Dinamarca, foi decidido, em homenagem àquelas mulheres, comemorar o 8 de março como "Dia Internacional da Mulher". De então para cá, o movimento a favor da emancipação da mulher tem tomado forma, tanto em Portugal como no resto do mundo.


Em Portugal, a Constituição Portuguesa de 1822 e todas as outras seguintes, afirmam que a lei é igual para todos, sem referência especial às mulheres.



Corações



segunda-feira, março 05, 2012

2012, ANO BISSEXTO - Curiosidades








O ano bissexto é, como todos sabemos, aquele que possui um dia a mais do que os outros que possuem 365 dias. No calendário gregoriano, este dia extra é contado a cada 4 anos, sendo incluído sempre no mês de fevereiro, que passa a ter 29 dias. O ano bissexto acontece porque o ano-calendário tradicionalmente utilizado possui uma diferença em relação ao ano solar. Enquanto que no calendário tradicional o ano dura 365 dias para se completar, no calendário solar dura 365,25 dias.

Imperador romano Júlio César
Essa diferença de 0,25 corresponde à fração de um quarto de um dia. Sendo assim, a cada quatro anos temos a diferença de um dia em relação ao calendário convencional e solar. Esse dia é justamente o que caracteriza o ano bissexto.

Assim, para se calcular um ano bissexto a partir do calendário gregoriano, foram adotadas as seguintes regras:
  • Todo o ano divisível por 4 é bissexto.
  • Todo o ano divisível por 100 não é ano bissexto.
  • Mas, se o ano for também divisível por 400 é ano bissexto.
O ano bissexto teve início no Egito em 238 a.C., durante a monarquia helenística de Ptolomeu III (246-222 a.C.), quando foi decretada a adição de 1 dia a cada 4 anos para compensar a diferença que existia entre o ano do calendário, com duração de 365 dias e o ano solar (chamado ano astronómico sazonal), com duração aproximada de 365,25 dias, ou seja, de 365 dias +6 horas.

Lamentavelmente, esta tentativa de reformulação do calendário não teve a aceitação necessária, por parte dos povos da antiguidade, e as discrepâncias permaneceram na contagem dos dias.

Papa Gregório XIII

O ano bissexto foi introduzido na Europa a partir do ano 46 a.C., com o calendário adotado pelo Imperador romano Júlio César (102-44 a.C.). Este calendário tinha sido proposto pelo astrónomo Sogines (90-?? a.C.), de origem grega, mas que vivia em Alexandria no Egito.

O decreto de Júlio César estabelecia que o ano teria 365 dias depois de 3 anos, ou seja, o quarto ano teria um dia a mais. No entanto os sacerdotes encarregados do calendário, parece terem confundido o texto do decreto e passaram a colocar um dia a mais cada três anos. 

Essa incorreção foi descoberta por volta do ano 10 a.C. e, para corrigir o erro acumulado, os anos passaram a ter 365 dias até ao ano 8 depois de Cristo. Assim, o ano 4 depois de Cristo não foi um ano bissexto como seria de se imaginar. Portanto os anos bissextos foram os seguintes, a partir de Júlio César e da correção no ano 10 a.C.:
Antes de Cristo: 45, 42, 39, 36, 33, 27, 24, 21, 18, 15, 12, 9.
Depois de Cristo: 8, 12, 16, e a partir daí de 4 em 4 anos.

O calendário de Júlio César (chamado de Calendário Juliano) foi adoptado em todos os países sob o domínio do Império Romano.

Postal do "Leap Year"
A partir da Idade Média o sistema de três anos com 365 dias, seguido de um ano com 366 dias, foi adotado no calendário da Igreja Católica, através de uma Bula Papal, espalhando-se o seu uso por todos os países de influência católica. Nessa época também foi adotado o dia 25 de dezembro como sendo o dia do Nascimento de Jesus, de modo a substituir uma festa pagã em homenagem ao sol que acontecia nessa data, dois dias depois do solstício de inverno no hemisfério norte (o dia 23 de dezembro é o que tem a noite mais longa do ano, no hemisfério norte, ou o dia mais longo no hemisfério sul).

Também é dessa época (século V) a adopção numeral atual dos anos contados a partir do nascimento de Jesus, calculada por um monge chamado "Dionísio, o Pequeno" - tudo indica que o tal monge errou os seus cálculos e Jesus nasceu provavelmente alguns anos antes do "ano um". No sistema adotado não existe o "ano zero", uma vez que à data se utilizava a grafia dos números em algarismos romanos, que não possuem o algarismo correspondente ao "zero".

O calendário católico, no entanto,continuava exatamente como o Calendário Juliano. Como o ano ano bissexto ocorria a cada quatro anos sem exceção, existia um pequeno erro que com o passar do tempo se tornou evidente, pois verificou-se que o Natal se começava a  atrasar em relação ao solstício.

São Patrício

Por volta de 1580 o astrónomo e matemático jesuíta Cristophus Clavius (1537-1612) estudou o calendário e as posições dos astros celestes e chegou à conclusão que a contagem dos dias estava errada. A preocupação da Igreja Católica era com a Quaresma, durante a qual os fiéis não podiam comer carne vermelha.

Se o calendário de facto estiver errado, os católicos estariam a comer carne vermelha em "dias proibidos" e algo urgente devia ser feito para corrigir esta situação pecaminosa. 

Foi criada então uma comissão composta pelo próprio Papa Gregório XIII (1502-1585) e vários sábios, entre eles o astrónomo e médico italiano Aloisius Lilius (1510-1576) e o jesuíta Cristophorus Clavius que já tinham estudado o problema do calendário.

A sugestão da comissão foi fazer uma pequena alteração na regra do ano bissexto, que seria doravante cada 4 anos com exceção dos anos conhecidos como "anos centenários" (anos com a terminação 00), que seriam bissextos somente a cada 400 anos.


Seria também necessário suprimir 10 dias ao calendário, para compensar o erro acumulado desde a época de Júlio César. O Papa Gregório XIII instituiu então,  em 1582, através de uma Bula Papal, um novo calendário, que ficou conhecido como o Calendário Gregoriano.

Santa Brígida

A medida mais  polémica do Calendário Gregoriano foi decidir que o mês de outubro de 1582 teria somente 21 dias, para ajustar o início da primavera ao novo calendário. Assim o dia 4 de outubro de 1582 foi seguido pelo dia 15 de outubro de 1582. Convencionou-se também que doravante o ano começaria no dia 1 de janeiro e não em março, como era até então.

O novo calendário foi adotado pelos países sob a influência da Igreja Católica, incluindo o Brasil, colónia de Portugal à data. A Grã-Bretanha e as suas colónias só adotaram o Calendário Gregoriano em 1772, seguida pela França em 1806, que já usava um "Calendário Republicano", completamente diferente e sugerido pela Revolução Francesa.

Os países sob o domínio da Igreja Ortodoxa demoraram mais tempo a fazer o ajuste e isso só aconteceu depois da revolução comunista de 1918.

Curiosamente existe uma tendência de se achar que quem nasce no dia 29 de fevereiro "só faz anos a cada 4 anos". Isso não é verdade, uma vez que, tal como para as demais pessoas se adicionam 365 dias ao dia do seu nascimento para o cálculo da data dos respetivos aniversários, também para quem nasce a 29 de fevereiro o procedimento é semelhante: quem nasce a 29 de fevereiro deverá festejar o aniversário no dia 29 nos anos bissextos, e no dia 28 de fevereiro para os demais anos. Nunca no dia 1 de março, como também vulgarmente é sugerido.

Rainha Margareth da Escócia

No que respeita a superstições do ano bissexto, existe uma lenda que diz que os homens que recebem propostas de casamento, de uma mulher, no dia 29 de fevereiro, não podem negar. Este dia também é conhecido como "Leap Day", cheio de superstições e tradições, extremamente respeitadas na Escócia, por exemplo. Já na Grécia, este dia poderá trazer a má sorte para o casal.

Assim, na Irlanda, a tradição diz que no dia 29 de fevereiro, as namoradas podem pedir os namorados em casmento...e eles têm que aceitar.

Reza a lenda que esta tradição teve origem no século V, quando Santa Brígida (Saint Bridget) reclamou a São Patrício (Saint Patrick), o padroeiro do país, que as mulheres tinham que esperar muito para serem pedidas em casamento. São Patrício ouviu a reclamação e decretou que, cada quatro anos, no dia 29 de fevereiro, "Elas" poderiam pedi-los em casamento, o que também ficou conhecido como "Ladies Privilege".

Em 1288 esta tradição foi levada para a Escócia pela rainha Margareth, que tornou a tradição numa lei. O homem que recusasse teria que pagar uma multa que podia ser de um beijo até uma saia de seda (nada demais).


Logotipo do filme "Leap Year"



Nos dias de hoje o Leap Year é, em ambos os países, mais lenda do que realidade, sendo pouco praticado pelas irlandesas e não tem qualquer valor legal. Todavia, muitas estrangeiras, especialmente americanas de origem irlandesa, vêm à Irlanda, Dublin em especial, para proporem casamento aos seus namorados. Questões de romantismo...

A este propósito, inseri um vídeo "trailer" de um filme homónimo "LeapYear" de 2010, que trata esta tradição com muita graça e humor. Conta a história de Anna (Amy Adams), uma americana muito convencional e metódica, que viaja até Dublin, para pedir o namorado em casamento...






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