quarta-feira, julho 30, 2014

O PALÁCIO DE BUCKINGHAM ABRE AS PORTAS E MOSTRA 250 ANOS DE INFÂNCIA REAL BRITÂNICA - "ROYAL CHILDHOOD EXIBITION"






Cenas da infância de Ellizabeth II e sua irmã, Margaret, foram divulgadas pelo Palácio de Buckingham na abertura da mostra Royal Chidhood

O pequeno Príncipe George tem a quem sair em beleza e ternura. Cenas da infância da rainha Elizabeth II foram divulgadas num vídeo feito para a abertura da exposição Royal Childhood (Infância Real), neste sábado, no Palácio de Buckingham, em Londres.
Com cabelo loiro e bochechas rosadas, Elizabeth II, na época ainda princesa Isabel, nome de batismo, diverte-se com a irmã mais nova, Margaret.

Nas cenas, as duas princesas correm pelos jardins do Palácio, ensaiam passos coreografados pela mais velha e brincam com seis cachorros. A mais nova imita os gestos da irmã mais velha em diversos momentos.

A exposição ficará aberta até o dia 28 de setembro e mostra mais de 250 anos de memória das crianças da família real. Além das imagens da rainha, objetos da coleção pessoal da realeza podem ser vistos pelos visitantes, inclusive peças do príncipe George, que acaba de completar o seu primeiro ano de vida.











PELA NOITE, COM ANTÓNIO NOBRE: "O TEU RETRATO"






O TEU RETRATO


Deus fez a noite com o teu olhar,
Deus fez as ondas com os teus cabelos;
Com a tua coragem fez castelos
Que pôs, como defesa, à beira-mar.


Com um sorriso teu, fez o luar
(Que é sorriso de noite, ao viandante)
E eu que andava pelo mundo, errante,
Já não ando perdido em alto-mar!


Do céu de Portugal fez a tua alma!
E ao ver-te sempre assim, tão pura e calma.
Da minha Noite, eu fiz a Claridade!


Ó meu anjo de luz e de esperança,
Será em ti afinal que descansa
O triste fim da minha mocidade!




 ANTÓNIO NOBRE



UMA TARDE COM MANUEL ALEGRE: "COISA AMAR"






COISA AMAR


Contar-te longamente as perigosas
coisas do mar. Contar-te o amor ardente
e as ilhas que só há no verbo amar.
Contar-te longamente longamente.


Amor ardente. Amor ardente. E mar.
Contar-te longamente as misteriosas
maravilhas do verbo navegar.
E mar. Amar: as coisas perigosas.


Contar-te longamente que já foi
num tempo doce coisa amar. E mar.
Contar-te longamente como dói


desembarcar nas ilhas misteriosas.
Contar-te o mar ardente e o verbo amar.
E longamente as coisas perigosas.



MANUEL ALEGRE,
in COISA AMAR (COISAS DO MAR),



domingo, julho 27, 2014

À NOITINHA, COM DAVID MOURÃO-FERREIRA: "PENÉLOPE"




PENÉLOPE


Mais do que um sonho: comoção!
Sinto-me tonto, enternecido,
quando, de noite, as minhas mãos
são o teu único vestido.


E recompões com essa veste
que eu, sem saber, tinha tecido,
todo o pudor que desfizeste
como uma teia sem sentido;
todo o pudor que desfizeste
a meu pedido.


Mas nesse manto que desfias,
e que depois voltas a pôr,
eu reconheço os melhores dias
do nosso amor.


DAVID MOURÃO-FERREIRA




sábado, julho 26, 2014

PELA NOITE ...Com ÁLVARO DE CAMPOS (Heterónimo de Fernando Pessoa)






Há sem dúvida quem ame o infinito,

Há sem dúvida quem deseje o impossível,

Há sem dúvida quem não queira nada —

Três tipos de idealistas, e eu nenhum deles:

Porque eu amo infinitamente o finito,

Porque eu desejo impossivelmente o possível,

Porque quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser,

Ou até se não puder ser...




ÁLVARO DE CAMPOS
(Heterónimo de Fernado Pessoa)




quarta-feira, julho 23, 2014

À TARDINHA COM JORGE DE SENA: "NO PAÍS DOS SACANAS"






NO PAÍS DOS SACANAS 


Que adianta dizer-se que é um país de sacanas?
Todos os são, mesmo os melhores, às suas horas,
e todos estão contentes de se saberem sacanas.
Não há mesmo melhor do que uma sacanice
para poder funcionar fraternalmente
a humidade de próstata ou das glandulas lacrimais,
para além das rivalidades, invejas e mesquinharias
em que tanto se dividem e afinal se irmanam.


Dizer-se que é de heróis e santos o país,
a ver se se convencem e puxam para cima as calças?
Para quê, se toda a gente sabe que só asnos,
ingénuos e sacaneados é que foram disso?


Não, o melhor seria aguentar, fazendo que se ignora.
Mas claro que logo todos pensam que isto é o cúmulo da sacanice,
porque no país dos sacanas, ninguém pode entender
que a nobreza, a dignidade, a independência, a
justiça, a bondade, etc., etc., sejam
outra coisa que não patifaria de sacanas refinados
a um ponto que os mais não são capazes de atingir.
No país dos sacanas, ser sacana e meio?
Não, que toda a gente já é e pelo menos dois.
Como ser-se então nesse país? Não ser-se?
Ser ou não ser, eis a questão, dir-se-ia.
Mas isso foi no teatro, e o gajo morreu na mesma.



JORGE DE SENA
10/10/1973



PROJETO "YOSEMITE" de Colin Delehanty e Sheldon Neill









Colin Delehanty e Sheldon Neill, ambos apaixonados pela fotografia, quando se conheceram através da plataforma de partilha de vídeos Vimeo,  estavam longe de imaginar que  iriam desenvolver este projeto intitulado "Yosemite".

Os dois fotógrafos,  decidiram após uma partilha de ideias  relativas à sua paixão comum, a fotografia, que iriam em conjunto captar as magnificas paisagens que o  "Yosemite National Park" oferece.

Neste Projeto  captaram diversas imagens do parque nacional de Yosemite através de uma Canon 5D Mark II e uma variedade de lentes Canon L e Zeiss CP,  criando os vídeos inseridos nesta mensagem, e que através da utilização da técnica Timelapse  quase nos dão a ilusão de que podemos tocar as paisagens através do ecrã.

Yosemite atrai entre 3 e 4 milhões de visitantes por ano, visitado pela maioria das pessoas durante o mês de julho.
Quando as temperaturas são mais baixas e o clima é claro, escaladores inundam o vale para escalar as suas paredes de granito de 3000 pés... 


Informações retiradas de: Project Yosemite

Vídeo obtido em: Project Yosemite on Vimeo
















segunda-feira, julho 21, 2014

PELA NOITE, COM MIA COUTO: "SOLIDÃO"






SOLIDÃO


Aproximo-me da noite
 o silêncio abre os seus panos escuros
 e as coisas escorrem
 por óleo frio e espesso

 Esta deveria ser a hora
 em que me recolheria
 como um poente
 no bater do teu peito
 mas a solidão
 entra pelos meus vidros
 e nas suas enlutadas mãos
 solto o meu delírio

 É então que surges
 com teus passos de menina
 os teus sonhos arrumados
 como duas tranças nas tuas costas
 guiando-me por corredores infinitos
 e regressando aos espelhos
 onde a vida te encarou

 Mas os ruídos da noite
 trazem a sua esponja silenciosa
 e sem luz e sem tinta
 o meu sonho resigna



MIA COUTO,


in "Raiz de Orvalho e Outros Poemas"



MESTRE BAGUINHO, O SAPATEIRO POETA DA MOURARIA







A nossa Lisboa tem surpreende-nos em cada momento. E esta é mais uma das suas surpresas deliciosas.

Em pleno bairro da Mouraria, mais precisamente no número 50 da rua dos Lagares, Fernando Baguinho, de 80 anos feitos no Dia de Portugal, exerce a sua profissão desde os 8 anos. A sua vida seria um mote constante para um mais um fado deste bairro. A tristeza, morte e miséria perseguiram-no sempre desde a mais tenra idade, mas também lhe deram forças para se erguer na vida e vencer na sua profissão.

«Fui aprender a profissão num vão de escada da Av. Almirante Reis, como moço de recados. Foram tempos muito duros, e só não morremos de fome, graças à sopa dos amigos. Levava todos os dias uma chapinha de metal para trazer sopa e pão para a famíla. Era a única coisa que comíamos durante o dia. Era só eu que trabalhava. Naquela altura, ganhava 15 tostões por dia e 9 escudos por semana»

O discurso é interrompido pela chegada de um velho amigo António, que lhe foi meter o boletim para do euromilhões neste espaço mágico, a loja de Fernando Baguinho. A esperança é a última a morrer. 

A loja lembra uma casa-museu, onde Lisboa Antiga permanece intocável e firme no tempo, com as suas molduras, quadros e gravuras de gentes e espaços que outrora deram vida a esta cidade. Todos eles feitos com recortes de papel e cola de sapateiro, ilustrados  com quadras e frases suas:

"SAPATEIROS"

Os catedráticos das profissões
Candidatos ao Prémio Nobel
Têm fama de aldrabões
Mentirosos e sucateiros
Mas quais são as profissões
Que não têm sapateiros"


Baguinho, uma alcunha que lhe deram 
por ser pequenino, adora Lisboa e o bairro que o viu crescer.
Mestre Baguinho, um sapateiro poeta da Mouraria, a trabalhar 
"até quando Deus quiser"...




sexta-feira, julho 18, 2014

NESTA NOITE,COM NELSON MANDELA.-Poema:INVICTUS (William E. Henley)






INVICTUS

  
Do fundo desta noite que persiste
A me envolver em breu - eterno e espesso,
A qualquer deus - se algum acaso existe,
Por mi’alma insubjugável agradeço.

  
Nas garras do destino e seus estragos,
Sob os golpes que o acaso atira e acerta,
Nunca me lamentei - e ainda trago
Minha cabeça - embora em sangue - ereta.


Além deste oceano de lamúria,
Somente o Horror das trevas se divisa;
Porém o tempo, a consumir-se em fúria,
Não me amedronta, nem me martiriza.


Por ser estreita a senda - eu não declino,
Nem por pesada a mão que o mundo espalma;
Eu sou dono e senhor de meu destino;
Eu sou o comandante de minha alma.



William E. Henley

(Tradutor: André C S Masini)


Com esta mensagem, presto , neste dia, uma homenagem singela a quem foi um dos maiores homens de sempre. Nelson Mandela.








PELA MANHÃ, COM VINICIUS DE MORAES: "A UM PASSARINHO"







A UM PASSARINHO



Para que vieste
Na minha janela
Meter o nariz?
Se foi por um verso
Não sou mais poeta
Ando tão feliz!
Se é para uma prosa
Não sou Anchieta
Nem venho de Assis
Deixe-te de histórias
Some-te daqui.



VINICIUS DE MORAES



quinta-feira, julho 17, 2014

BOA NOITE. COM MANUEL BANDEIRA : "A ESTRELA"







A ESTRELA


Vi uma estrela tão alta,
Vi uma estrela tão fria!
Vi uma estrela luzindo
Na minha vida vazia.

Era uma estrela tão alta!
Era uma estrela tão fria!
Era uma estrela sozinha
Luzindo no fim do dia.

Por que da sua distância
Para a minha companhia
Não baixava aquela estrela?
Por que tão alta luzia?

E ouvi-a na sombra funda
Responder que assim fazia
Para dar uma esperança
Mais triste ao fim do meu dia.



MANUEL BANDEIRA

(1886/04/19 - 1968/10/13

Brasil)




terça-feira, julho 15, 2014

O QUE VERDADEIRAMENTE MATA PORTUGAL - O pensamento de Eça de Queiroz (1845-1900)







O que verdadeiramente nos mata, o que torna esta conjuntura inquietadora, cheia de angústia, estrelada de luzes negras, quase lutuosa, é a desconfiança. O povo, simples e bom, não confia nos homens que hoje tão espectaculosamente estão meneando a púrpura de ministros; os ministros não confiam no parlamento, apesar de o trazerem amaciado, acalentado com todas as doces cantigas de empregos, rendosas conezias, pingues sinecuras; os eleitores não confiam nos seus mandatários, porque lhes bradam em vão: «Sede honrados», e vêem-nos apesar disso adormecidos no seio ministerial; os homens da oposição não confiam uns nos outros e vão para o ataque, deitando uns aos outros, combatentes amigos, um turvo olhar de ameaça. Esta desconfiança perpétua leva à confusão e à indiferença. O estado de expectativa e de demora cansa os espíritos. Não se pressentem soluções nem resultados definitivos: grandes torneios de palavras, discussões aparatosas e sonoras; o país, vendo os mesmos homens pisarem o solo político, os mesmos ameaços de fisco, a mesma gradativa decadência. A política, sem actos, sem factos, sem resultados, é estéril e adormecedora.

Quando numa crise se protraem as discussões, as análises reflectidas, as lentas cogitações, o povo não tem garantias de melhoramento nem o país esperanças de salvação. Nós não somos impacientes. Sabemos que o nosso estado financeiro não se resolve em bem da pátria no espaço de quarenta horas. Sabemos que um deficit arreigado, inoculado, que é um vício nacional, que foi criado em muitos anos, só em muitos anos será destruído.

O que nos magoa é ver que só há energia e actividade para aqueles actos que nos vão empobrecer e aniquilar; que só há repouso, moleza, sono beatífico, para aquelas medidas fecundas que podiam vir adoçar a aspereza do caminho.

Trata-se de votar impostos? Todo o mundo se agita, os governos preparam relatórios longos, eruditos e de aprimorada forma; os seus áulicos afiam a lâmina reluzente da sua argumentação para cortar os obstáculos eriçados: as maiorias dispõem-se em concílios para jurar a uniformidade servil do voto. Trata-se dum projecto de reforma económica, duma despesa a eliminar, dum bom melhoramento a consolidar? Começam as discussões, crescendo em sonoridade e em lentidão, começam as argumentações arrastadas, frouxas, que se estendem por meses, que se prendem a todo o incidente e a toda a sorte de explicação frívola, e duram assim uma eternidade ministerial, imensas e diáfanas.

O país, que tem visto mil vezes a repetição desta dolorosa comédia, está cansado: o poder anda num certo grupo de homens privilegiados, que investiram aquele sacerdócio e que a ninguém mais cedem as insígnias e o segredo dos oráculos. Repetimos as palavras que há pouco Ricasoli dizia no parlamento italiano: «A pátria está fatigada de discussões estéreis, da fraqueza dos governos, da perpétua mudança de pessoas e de programas novos.»


Eça de Queirós
in ‘Distrito de Évora’
O pensamento de Eça de Queiroz (1845-1900)


PELA NOITE, COM O MEU PIANISTA FAVORITO: TSUYOSHI YAMAMOTO (Piano-Jazz)















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