quinta-feira, fevereiro 28, 2013

85.ª CERIMÓNIA DA ENTREGA DOS PRÉMIOS ÓSCARES 2013 - Lista dos Premiados













A 85.ª edição dos Óscares decorreu no passado domingo dia 24, no Dolby Theatre, em Los Angeles, numa cerimónia apresentada pelo comediante Seth MacFarlane. 


Ao longo de três horas foram atribuídas  24 estatuetas.



LISTA DOS PREMIADOS:






MELHOR REALIZADOR
Ang Lee - «A Vida de Pi»

MELHOR FILME
«Argo»

MELHOR ATRIZ SECUNDÁRIA
Anne Hathaway - «Os Miseráveis»

MELHOR ATRIZ PRINCIPAL
Jennifer Lawrence - «Silver Linings 
Playbook»

MELHOR ATOR PRINCIPAL
Daniel Day-Lewis - «lincin»

MELHOR ATOR SECUNDÁRIO
Cristoph Waltz - «Django Libertado»

MELHOR ARGUMENTO
 ADAPTADO
«ARGO»

MELHOR ARGUMENTO 
ORIGINAL
«Django Libertado»


MELHOR FILME ESTRANGEIRO
 (de língua não inglesa)
«Amor» (Áustria)


MELHOR FILME DE ANIMAÇÃO
«Brave»

MELHOR DOCUMENTÁRIO
«Searching for sugar man»

MELHOR DOCUMENTÁRIO 
EM CURTA-METRAGEM
«Inocente»

MELHOR CURTA-METRAGEM
«Curfew»

MELHOR CURTA-METRAGEM 
DE ANIMAÇÃO
«Paperman»

MELHOR PRODUÇÃO ARTÍSTICA
«Lincoln»

MELHOR FOTOGRAFIA
«A vida de Pi»


MELHOR MONTAGEM
«Argo»


MELHOR CARACTERIZAÇÃO
«Os Miseráveis»

MELHOR GUARDA-ROUPA
«Anna Karenina»

MELHOR BANDA-SONORA 
ORIGINAL
«Life of Pi» (Mychael Danna)

MELHOR CANÇÃO ORIGINAL
«Skyfall», de «007, Operação 
Skyfall» - Adele (música e letra)

MELHOR MONTAGEM DE SOM
«Skyfall»
«00:30 Hora Negra»

MELHOR MISTURA DE SOM
«Os Miseráveis»

MELHORES EFEITOS VISUAIS
«A vida de Pi»




Seth Mac Farlane na 85.ª Cerimónia dos Óscares











domingo, fevereiro 17, 2013

PENÚTIMO ANGELUS DE S.S. PAPA BENTO XVI - OS MAIORES CANDIDATOS À SUA SUCESSÃO














Mais de 100 mil fiéis católicos estiveram neste domingo na praça de São Pedro, no Vaticano, para assistir à oração do Angelus dominical, o penúltimo oficiado por Bento XVI antes da sua renúncia ao pontificado, o que acontecerá no próximo dia 28. 


Sala onde se reúne o Conclave
Entre os que assistiram ao Angelus estava o prefeito de Roma, Gianni Alemanno.

Está a ganhar cada vez mais força a ideia de que será antecipado para dia 10 de março o início do Conclave que vai eleger o sucessor de Bento XVI. 



Ontem mesmo, o porta-voz do Vaticano revelou que a Santa Sé está a estudar essa possibilidade.


"A situação desta vez é bastante diferente. Neste caso, com a comunicação da renúncia, feita antecipadamente, os cardeais que devem vir a Roma já estão avisados. Na Constituição diz entre os 15 e os 20 dias, mas isto é para lhes dar tempo para chegar. 


Adeus a S.S. Papa Bento XVI

Na eventualidade de já terem chegado todos, não será necessário esperar, por isso pode interpretar-se a Constituição de modo diferente", disse, em conferência de imprensa, o padre Frederico Lombardi, sublinhando que "esta questão foi colocada por diversos cardeais".

A eventual antecipação do Conclave fará com que a eleição do novo papa ocorra até ao dia 16, podendo a coroação do novo Pontífice ter lugar a 19, dia de S. José.
Entretanto, as reuniões preparatórias do Conclave, em que podem participar também os purpurados com mais de 80 anos, estão, para já, agendadas para os dias 15 e 16, datas que, também elas, podem ser alteradas.

"O Papa está a ter em consideração a publicação, nos próximos dias, de um 'Motu Propio" para precisar alguns pontos da constituição sobre o Conclave", anunciou ainda o padre Federico Lombardi, porta-voz do Vaticano.

O conclave que reúne usualmente os 117 cardeais aptos a votar, será  de 116, por renúncia do cardeal de Jacarta (Indonésia), cujo delicado estado de saúde impede a sus presença. 
Multidão de fiéis na Praça de São Pedro, durante o penúltimo Angelus

A votação segue um rito que inclui o isolamento dos eleitores e  estabelece que a definição só ocorra com o apoio de dois terços dos votos. 

De contrário, busca-se o consenso.

Especialistas em temas da Igreja Católica Apostólica Romana apontam pelo menos 12 candidatos à sucessão de Bento XVI. 

Esta relação inclui três latino-americanos, além de um brasileiro, dois africanos, dois italianos, dois norte-americanos, um canadense e um filipino.





A seguir, os nomes dos cardeais apontados como mais prováveis à sucessão do papa Bento XVI:







Peter Turkson, 64 anos (ganense) – Chefe da Comissão de Justiça e Paz do Vaticano 
Laurent Monsengwo Pasinya, 74 anos (congolês) - Arcebispo de Kinshasa, no Congo

Grianfanco Ravasi, 70 anos (italiano) – Presidente do Conselho da Pontifícia de Cultura

Angelo Scola, 71 anos (italiano) – Arcebispo de Milão, na Itália. É defensor do diálogo entre muçulmanos e católicos

Dario Castrillón Hoyos, 83 anos (colombiano) – Presidente emérito da  Pontifícia Comissão Ecclesia Dei e prefeito da Congregação para o Clero


Jorge Bergolio, 76 anos (argentino) – Arcebispo de Buenos Aires, capital da Argentina



Óscar Rodrígues Maradiaga, 70 anos (hondurenho) – Arcebispo de Tegucigalpa, capital de Honduras, e presidente da Cáritas Internacional, que reúne organizações humanitárias ligadas à Igreja Católica Apostólica Romana



Cláudio Hummes, 78 anos (brasileiro) – Ex-arcebispo de São Paulo e prefeito emérito da Congregação para o Clero

Arcebispo Timothy Dolan, 63 anos (norte-americano) - Cardeal-arcebispo de Nova York, nos Estados Unidos


Luis Antonio Tagle, 57 anos (filipino) – Arcebispo de Manila, nas Filipinas, e faz parte do Colégio de Cardeais

Marc Ouellet, 67 anos (canadense) - Ex-arcebispo de Quebec, no Canadá, e prefeito da Congregação para os Bispos.
Charles Chaput, 68 anos (norte-americano) - Arcebispo da Filadélfia, nos Estados Unidos



segunda-feira, fevereiro 11, 2013

O ADEUS DE S.S. PAPA BENTO XVI - O Papa anuncia a sua Resignação para o Dia 28 de Fevereiro de 2013












A dois meses de festejar oito anos de pontificado, Bento XVI abandona o cargo, que ficou marcado por uma postura mais dogmática da Igreja e iniciativas como a beatificação do seu antecessor, João Paulo II.


"Depois de ter analisado perante Deus e com a minha consciência cheguei à conclusão que as minhas forças e a idade avançada [85 anos] não me permitem exercer de maneira apropriada o ministério de Pedro", disse o Papa, em Latim, esta segunda-feira durante uma cerimónia de canonização.
O arcebispo de Milão, Angelo Scola, é apontado pela imprensa italiana como um dos favoritos a sucessão do alemão. Por sua vez, o jornal inglês 'The Guardian' noticia que o ganês Peter Turkson é um dos favoritos a render Bento XVI. O novo Conclave, para escolher o novo Papa, deve acontecer já no mês de março.


Josepf Ratzinger foi eleito no dia 20 de abril de 2005 o 265.º papa quando tinha 78 anos de idade. Sucedeu a João Paulo II que morreu a 2 de Abril de 2005. Bento XVI é o quarto Papa a renunciar ao cargo depois de  Bento IX (1032), Celestino V (1294) e Gregorio XII (1515).
A escolha de Joseph Ratzinger foi decidida a 19 de abril de 2005 para suceder a João Paulo II. Hoje, a dois meses de completar 86 anos, o Papa anunciou a sua saída.
O cardeal Josep Ratzinger tornou-se aos 78 anos o novo sumo pontífice da Igreja católica, tendo escolhido o nome de Bento XVI.



Ratzinger tornou-se assim o primeiro alemão a chefiar a Igreja Católica em muitos séculos e um representante da linha mais dogmática da Igreja. Decano do conselho cardinalício, antes da morte de João Paulo II, Ratzinger dirigia a poderosa congregação para a doutrina da fé, herdeira da Inquisição.
Com ideias que frequentemente chocam com as correntes liberais do seu país de origem, o nome de Ratzinger surgiu em todas as polémicas no seio da Igreja católica para travar as tentativas de reforma dos seus correligionários mais progressistas.



Ratzinger, que nasceu em Marktl (Baviera), na diocese de Passau, numa família tradicional de camponeses, participou como soldado do exército alemão nos últimos meses da Segunda Grande Guerra.
Entre 1946 e 1951 estudou filosofia e teologia na universidade de Munique e em 1951 foi ordenado sacerdote. Depois de se formar em 1953, assumiu em diferentes cidades alemãs as respectivas cátedras de teologia, centrando o seu ensino no dogma e na teologia fundamental.
Em Junho de 1977 foi nomeado cardeal pelo Papa Paulo VI.



François Hollande, presidente da França, foi um dos primeiros a reagir à renúncia do Papa considerando a decisão de “eminentemente respeitável". A chanceler alemã Angela Merkel mostrou-se "emocionada" com a saída de Josepf Ratzinger. "Quero expressar respeito e gratidão pelo Papa", disse.



Mensagem de S.S. Papa Bento XVI:

Queridíssimos Irmãos,

Convoquei-vos para este Consistório, não apenas por causa das três canonizações, mas também para vos comunicar uma decisão de grande importância para a vida da Igreja.

Depois de examinar reiteradamente a minha consciência perante Deus, cheguei à certeza de que, pela idade avançada, já não tenho forças para exercer adequadamente o ministério de Pedro (petrino). Sou consciente de que este ministério, pela sua natureza espiritual, deve ser levado a cabo não apenas por obras e palavras mas também, em menor grau, através do sofrimento e da oração.

No mundo atual, sujeito a rápidas transformações e sacudido por questões de grande relevância para a vida da Fé, para governar a barca de S. Pedro e anunciar o Evangelho é necessário também vigor, tanto do corpo como do espírito. Vigor que, nos últimos meses, diminuiu em mim de forma que tenho de reconhecer a minha capacidade para exercer de boa forma o ministério que me foi encomendado.

Por isso, sendo consciente da seriedade deste ato, e em plena liberdade, declaro que renuncio ao ministério de Bispo de Roma, sucessor de S. Pedro, que me foi confiado pelos cardeais no dia 19 de abril de 2005. De forma que, a partir do dia 28 de fevereiro de 2013, às 20:00 (19:00 em Lisboa), a sede de Roma, a sede de S. Pedro vai ficar vaga e deverá ser convocada, através daqueles que têm competências, o Conclave para a eleição do novo Sumo Pontífice.

Queridíssimos irmãos, dou-vos as graças de coração por todo o amor e trabalho com que trouxeram até mim o peso do meu ministério e peço perdão por todos os meus defeitos.

Agora, confiamos a Igreja ao cuidado do Sumo Pastor, Nosso Senhor Jesus Cristo e suplicamos a Maria, sua Santa Mãe, que assista com a sua materna bondade aos padres cardeais ao eleger o novo Sumo Pontífice. Pelo que me diz respeito, também no futuro, quero servir com todo o meu coração à Santa Igreja de Deus com uma vida dedicada à oração.






sexta-feira, fevereiro 08, 2013

DOIS DIAS DIFERENTES: O DIA DE UM SEM-ABRIGO E O DIA DE UM BANQUEIRO












Entre 2009 e 2012, só uma economia desenvolvida teve um aumento de impostos maior que Portugal: a Argentina. E para Fernando Ulrich, presidente do BPI, os portugueses ainda não chegaram ao seu limite de austeridade. Para isso, deu dois exemplos de resistência: a Grécia e os sem-abrigo.


«Se os gregos aguentam uma queda do Produto Interno Bruto de 25%, os portugueses, não aguentariam porquê?» disse a 30 de janeiro, durante a apresentação de resultados do banco. E acrescentou: «Se andar aí na rua, infelizmente encontramos pessoas que são sem-abrigo, isso não lhe pode acontecer a si ou a mim porquê? Isso também nos pode acontecer. E se aquelas pessoas que vemos ali na rua, naquela situação e a sofrer tanto, aguentam, porque é que nós não aguentamos?» Mais tarde acrescentaria: «Não sei porque é que alguém tem a garantia de que esse tipo de sofrimento não me pode acontecer a mim ou à minha família».

Seguindo a ideia sugerida por um semanário da capital, tentei comparar o dia de um sem-abrigo com o do presidente do BPI. Para isso, convém saber as situações de vida de cada um deles:
C, 28 anos de idade, está desempregado há 18 meses e meio. Foi viver para a rua pela primeira vez, aos 23 anos. Tinha problemas com álcool. Até aos 26, viveu de biscates. Tem a 4.ª classe. Ganha cerca de 70 cêntimos por dia.
Fernando Ulrich, 60 anos de idade, trabalha há 30 anos no BPI. É presidente da comissão executiva desde abril de 2004. Frequentou o curso de Gestão no Instituto Superior de Economia e Gestão. Em 2011, recebeu 1.647 euros por dia.


7h30-9h:
C. acorda num prédio abandonado, no Bairro Alto da Eira, em Lisboa. Tem o pequeno-almoço ao seu lado, num saco de papel - dois pães e um bolo, que lhe foram dados na noite anterior pela equipa de rua da Comunidade Vida e Paz. O banho não está tão próximo: para tomar duche tem tem de andar 14 minutos a pé até ao balneário de Santa Engrácia, na Calçada dos Barbadinhos.

Quando C. termina a sua rotina diária, pouco depois das 9h, já Fernando Ulrich está no seu gabinete do BPI. O banqueiro acorda às seis horas numa moradia com piscina e jardim. A jardinagem é um dos hobbies do líder do BPI, ao fim de semana gosta de podar alfazemas e oliveiras. C. também chegou a aprender técnicas de jardinagem, mas não como passatempo. Esteve num curso profissional para desempregados, em Chelas; recebia 150 euros por mês, além de subsídio de alimentação. Ulrich começa o dia a fazer ginástica (gosta de pilates).


10h:
C. começa a procurar sucata junto aos caixotes do lixo. "Já encontrei cadeiras, quatro televisões, uma tábua de engomar e uma impressora", conta. Deles retira ferro ou cobre, que depois vende. " Um guiador dum carrinho de supermercado dos antigos do Minipreço pode ter 16 quilos de ferro". Os locais onde encontra sucata variam entre a Av. Morais Soares, Praça do Chile ou a Penha de França. Mas o modo como faz o percurso não: vai sempre a pé, com os objetos que recolhe na mão ou, quando são demasiado grandes, dentro dum carrinho do Pingo Doce, que empurra pelas ruas. "Guardo o ferro numa obra embargada do Santana Lopes. Era para ser uma biblioteca, mas as obras estão paradas há nove anos e meio." O carrinho aguenta até 30 quilos.


Ulrich circula noutra zona da cidade, no centro de Lisboa, de carro: tem um Mercedes Classe E, conduzido por um motorista do banco. À mesma hora, pelo menos uma vez por mês, o motorista leva-o à reunião da direção da Associação Portuguesa de Bancos, em Lisboa. Aí encontra-se com outros banqueiros, como Ricardo Salgado, Nuno Amado e Faria de Oliveira. Juntos discutem os assuntos da banca e tomam posições que marcam a atualidade do País - em agosto de 2012 reuniram-se com o ministro das Finanças, Vítor Gaspar, na véspera da quinta revisão do memorando da troika, para falarem da concessão de crédito à economia.

13h:
C. gosta de ler notícias nos jornais gratuitos, como o Metro e o Destak. Às vezes folheia o Correio da Manhã, mas sem pagar. "Não compro o jornal, só o leio quando vou a um café (o Correio da Manhã custa 90 cêntimos)", diz C., enquanto acrescenta opiniões sobre o alargamento da União Europeia e as eleições em Timor-Leste. Quando tem menos dinheiro para uma refeição completa, vai ao Minipreço: compra latas de salsichas, pão e sumo.


Ulrich verá as mesmas notícias que C., mas não só em português. O jornal inglês Financial Times é um dos seus preferidos. Para quem não for assinante, custa 3,5 euros por dia (durante a semana) e 4 euros ao sábado. Os almoços variam: quando tem menos tempo, o banqueiro almoça numa das salas de refeição do BPI. Noutros dias, vai com amigos a restaurantes.


17h:
Uma vez por semana C. vende os metais no sucateiro. "No mês passado vendi 19,5 kg de ferro, 3,5 kg de cobre, e 2 kg de alumínio". Levou vários dias a reuni-los e quase se magoou no transporte - um carro passou tão perto dele, que lhe ia virando o carrinho. O sucateiro deu-lhe 7,9 euros por tudo, mais do que costuma receber (entre 2,95 e 6,5 euros). Daqui a duas semanas, espera conseguir cortar o cabelo e festejar o aniversário. "Compro um bolinho no Pingo Doce. Faço 29 anos e tenho de comemorar". C., tem família, mas não recebe muita ajuda. "Um primo já me deu uns fios de cobre para vender".

Ulrich passa parte das tardes em reuniões. A cada três meses reúne-se, por volta das 16h45, com jornalistas para revelar os resultados do BPI. A 30 de janeiro, quando fez as polémicas declarações sobre os sem-abrigo, anunciou que o banco fechara com lucros de 29,1 milhões de euros. Em 2011, o banqueiro recebeu 1,647 mil euros por dia, de salário bruto.


18h:
C. continua à procura da sucata. Às vezes encontra objetos e roupas junto ao lixo."Apanhei este cinto", diz enquanto soube a camisola e mostra um cinto azul-marinho com uma âncora cunhada na fivela. "Mas não sou parvo. Vi antes se tinha vestígios de sangue". Se encontra um objeto mais pequeno, leva-o num saco opaco para não mostrar o que está lá dentro. Também tem uma mochila.

Ulrich anda de fato e gravata, com um bloco de notas A4 liso na mão. Chama-lhe "auxiliar de memória" e utiliza-o para tirar apontamentos desde que entrou para o banco, em 1983. Gasta um cada dois meses e tem uma regra: os cadernos nunca saem do BPI.


21h30:
C. fica à espera dos voluntários da Comunidade Vida e Paz todos os dias. Umas vezes junto à Pastelaria Mexicana, perto da Av. de Roma, outras perto da Igreja de Arroios, duas das várias paragens diária dos voluntários. Recebe um pacote com comida e bebe um copo de leite, servido num recipiente de plástico. Depois, prepara-se para se defender do frio de mais uma noite passada ao relento, com mantas e cartões arranjados num qualquer contentor de lixo.

A essa hora, Ulrich costuma voltar a casa. Nos piores dias chega às 22h30.

Não tem que esperar pelos voluntários da Comunidade Vida e Paz, nem preparar a sua cama ao relento...






segunda-feira, fevereiro 04, 2013

PORQUE É CARNAVAL...OS AMORES DE COLOMBINA E PIERROT







Um Pierrot apaixonado,
que vivia só cantando,
por causa de uma Colombina 
acabou chorando, 
  acabou chorando...



São personagens de um estilo teatral conhecido como Commedia dell’Arte, nascido na Itália do século XVI. 


Participantes de uma trama cheia de sátira social, os três figurantes representam serviçais envolvidos num triângulo amoroso: Pierrot ama Colombina, que ama Arlequim, que, por sua vez, também deseja Colombina.

O estilo surgiu como alternativa à chamada Commedia Erudita, de inspiração literária, que apresentava atores falando em latim, naquela época uma língua já inacessível à maioria das pessoas.

Assim, a história do trio enamorado foi sempre um autêntico entretenimento popular, com origem no Carnaval. 
Apresentadas nas ruas e praças das cidades italianas, as histórias encenadas ironizavam a vida e os costumes dos poderosos de então. 

Apesar de obedecerem a um enredo predefinido, as peças tinham a improvisação como ingrediente principal, exigindo grande disciplina e talento cómico dos atores. Estes  tinham que responder rapidamente e de improviso às novas piadas e situações criadas pelo colegas.

Colombina, era criada de uma filha do patrão Pantaleão, o mais popular dos personagens patrões, representantes da elite da sociedade italiana nas histórias da Commedia dell’Arte. 

Mercador veneziano, Pantaleão era um tirano avarento e galanteador desajeitado, alvo constante do gozo dos servos e de outros personagens da trama.

Mas Colombina era tão bela e refinada quanto a sua patroa. Era também o pivô de um triângulo amoroso que ficaria famoso em todo o mundo – de um lado, o apaixonado Pierrot; do outro, o malandro Arlequim. 

Para despertar o amor deste último, a romântica Colombina cantava e dançava provocantemente graciosa nos espectáculos.

Pierrot ou Pierrô cujo nome original era Pedrolino, foi batizado em França, no séc. XIX, como Pierrot e assim ficou conhecido. 

O mais pobre dos personagens serviçais, vestia roupas feitas de sacos de farinha, tinha o rosto pintado de branco e não usava máscara. 

Vivia sofrendo e suspirando de amor pela Colombina. Por isso, era o alvo preferido das piadas em cena. Não foi à toa que a sua atitude, os seus trajes e sua maquiagem influenciaram todos os palhaços de circo.

O seu caráter é aquele de um palhaço triste, apaixonado pela Colombina, que inevitavelmente lhe parte o coração e o deixa pelo Arlequim. É normalmente representado usando roupas largas e brancas, por vezes metade pretas, cara branca e uma lágrima desenhada por debaixo dos olhos. 

A característica principal do seu comportamento é a sua ingenuidade. É considerado como um bobo, sempre alvo de partidas, mas mesmo assim continua a confiar nas pessoas. Pierrot também é representado como sendo um lunático, distante e inconsciente da realidade.

Arlequim era também criado de Pantaleão, um espertalhão preguiçoso e insolente, que tentava convencer  todos da sua ingenuidade e estupidez. 

Depois de entrar em cena saltitando, deslocava-se pelo palco com passos de dança e um grande repertório de movimentos acrobáticos. 

Debochado, adorava pregar partidas aos outros personagens e depois usava a sua agilidade para se escapar das confusões criadas. 

Outra de suas características era a sua roupa de losangos, pela qual se destacava em cena.

No Carnaval Brasileiro, Arlequim procura encontrar o seu par, Colombina, pelas ruas. Gosta de fumar tabaco e atrapalhar a festa dos ambiciosos, aventureiros e homens de boa educação. 

Arlequim também pode, quando é avistado por uma dama, roubar-lhe um beijo, brincadeira que causa ciúmes a Colombina. Que acaba por pregar uma partida a Arlequim ou à dama que foi beijada…

Arlequim oferece ainda o seu coração a uma dama bela e acessível, deixando-o à porta de casa. 

Quando alguém come esse coração do Arlequim, torna-se o Arlequim. O intento de Pierrot é apanhar o coração quando Arlequim o oferece a alguém, intento esse que fracassa sempre devido às brincadeiras do mesmo.

Em qualquer tradição carnavalesca, este amor lendário surge condenado ao fracasso e é celebrado das mais diversas formas. Mas sempre com o condimento alegre e picante, conjugado em perfeita harmonia com um romantismo nostálgico e dolente …







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