quinta-feira, dezembro 30, 2010

segunda-feira, dezembro 27, 2010

CRISE...QUAL CRISE?!!!



O termo "Black Friday" é um termo usado para assinalar uma terça e sexta-feiras, dias em que nos Estados Unidos se verificou uma grande queda de preços no comércio de consumo, nos anos passados de 1929 e 1987. Hoje, esta "Black Friday", que dura dois dias, tornou-se tradição e sinónimo de saldos antecipados em vários países do mundo.

Nos Estados Unidos esta corrida às lojas verifica-se no dia seguinte ao "Dia de Graças" (Thank's Giving Day), 26 de Novembro . É o dia 26 de Dezembro que entre nós e noutros países assinala o primeiro dia desta "Black Friday", antecipando-se simultâneamente, o início da época oficial dos saldos de inverno.

As lojas abrem com grandes promoções e formam-se enormes filas às suas portas. Para os EUA, durante este período de compras, a National Retail Ferderation prevê que cerca de 138 milhões de americanos vão este fim de semana fazer compras, de acordo com a agência Reuters. Os electrodomésticos, electrónica e os brinquedos, são os principais alvos.

Em Portugal, os comerciantes, como os seus colegas de outros países que também assinalam esta data com os seus saldos, prevêem que este ano vá ser o melhor dos três últimos, devido ao facto de as pessoas aguardarem, com a crise, esta época de baixa de preços...

Junto imagens de uma superfície comercial, neste caso o "El Corte Inglês", que retratam bem o "caos" e confusão que a "Black Friday" de ontem, ali gerou...

...Qual crise?!!!
    

RECORDAÇÕES DO NATAL...











As minhas 
melhores 
recordações

Simples, significativas,
 testemunhos da  
 Consoada familiar, temperada
 com grande alegria!...

quinta-feira, dezembro 23, 2010

O AZULEJO EM PORTUGAL (Parte II) - Igreja da Madre de Deus





A Igreja ou Convento da Madre de Deus foi fundada pela Rainha D. Leonor (1458-1525), mulher de D. João II e irmã de D. Manuel.
O espaço da Igreja da Madre de Deus começou por ser constituído por algumas casas e horta, no qual se constituiu um núcleo modesto, destinado a albergar um pequeno grupo de freiras Franciscanas Descalças da primeira Regra de Santa Clara, recém-chegadas de Setúbal.

Nave principal da Igreja da Madre de Deus

A igreja, espaço fundamental para a comunidade, só mais tarde veio a ser completada. O conjunto arquitectónico deixado por D. Leonor, ao tempo da sua morte, era verdadeiramente exíguo e foi o rei D. João III, pressionado pelas queixas das freiras, quem iniciou uma grande campanha de remodelação deste espaço. Segundo documentação da época, D. João III ordenou ao arquitecto Diogo de Torralva, que traçasse uma nova igreja para a Madre de Deus, mais ampla e com um coro novo.

São desta época o claustro com as varandas de pedraria e respectivas capelas e a antiga igreja de D.Leonor, transformada em sala do capítulo. Nasceu assim um edifício de raiz clássica, com uma capela-mor de forma quadrada, coberta por uma cúpula, cujo tambor

Claustro da Igreja da Madre de Deus
seria rasgado por janelas mais tarde encerradas pelo Rei, a pedido das freiras, que alegaram sentir uma grande devassa.

D. João III sentiu uma grande devoção pelo convento, na sequência da qual mandou construir um passadiço do Paço contíguo para a igreja, de forma a poder assistir à missa, da tribuna real.

De acordo com testemunhos da época, foi ainda ao abrigo desta devoção que o Rei "se mandou retratar, e à Rainha sua mulher e em dous quadros se acham os seus retratos no coro".

Nos finais do século XVII, o Rei D. Pedro II acudiu de novo às freiras clarissas do Mosteiro da Madre de Deus, mandando-o reparar quase de novo. São desta época as pinturas dos tectos da igreja, coro-alto e corpo da igreja, e ainda os painéis de azulejos holandeses ali colocados a expensas de um deputado do tribunal da Junta do Comércio do Brasil, em troca de se fazer sepultar, assim como a sua família, neste convento.

S. João Baptista, padroeiro da Freguesia do Lumiar

Para além das pinturas e azulejos, a igreja recebeu altares de talha dourada, assim como o douramento nas molduras das pinturas que decoravam a igreja e o coro-alto.

O reinado de D. João V trouxe novos benefícios decorativos ao edifício, mas o Terramoto de 1755 provocou algumas ruínas neste, e foi mais tarde, o Rei D. José quem custeou as obras de restauro dos danos ocasionados por esta catástrofe nacional.

O século XIX trouxe ao mosteiro profundas modificações institucionais e funcionais, uma vez que a extinção das ordens religiosas pôs fim às actividades culturais daquela instituição.

A partir de 1896 deram-se início às obras que iriam permitir uma nova utilização civil do espaço:  a instalação do Asilo D. Maria Pia. Para o local foram sendo conduzidos e armazenados painéis de azulejos, primitivamente destinados a decoração, mas que acabaram por ali permanecer guardados em caixotes.


Entrada do Museu Nacional do Azulejo
Nos inícios do século XX, a igreja e os anexos da Madre de Deus, em Xabregas, foram considerados como anexos do Museu Nacional de Arte Antiga, a fim de poder ser feita a sua salvaguarda patrimonial, tal como aconteceu com outros museus nacionais.

Por fim, no dia 26 de Setembro de 1980, e em grande parte com a ajuda financeira da Fundação Calouste Gulbenkian, o Museu Nacional do Azulejo emancipou-se, tornando-se Nacional, e autonomizando-se em relação ao Museu Nacional de Arte Antiga.

As imagens que ilustram esta mensagem, assim como as do vídeo que a ela anexei, foram por mim captadas durante a última visita guiada que a UTIL do Lumiar efectuou ao Museu Nacional do Azulejo e sem as quais não me teria sido possível realizar esta publicação.

Assim, pois, o meu muito obrigada  à UTIL do Lumiar, que tão exemplarmente tem contribuído para o crescimento intelectual, lazer e são convívio dos seus utentes.






segunda-feira, dezembro 20, 2010

O MAIOR PRESÉPIO VIVO - Ainda o NATAL...








A comunidade paroquial da freguesia de Priscos, em Braga, realiza este ano a quinta edição do Presépio Vivo, dando lugar à realização do projecto «Priscos: O Maior Presépio ao Vivo da Europa».

Mais de 35 mil pessoas visitaram esta freguesia, este ano, para admirarem o presépio que conta com 480 figurantes, 60 cenas bíblicas distribuídas por cerca de 30 mil metros quadrados e pretende ser o maior presépio humano da Europa. 

Para o pároco local, o Padre José Torres, esta foi uma iniciativa muito positiva para a comunidade: "Tivemos pai, mãe e filhos como figurantes. Juntar uma família inteira numa acção social é muito difícil e foi alcançado. Só em Itália se realizam presépios com figurantes humanos de ainda maior dimensão. Com este tipo de cenários da cultura hebraica e romana, em Portugal e Espanha não há nada semelhante", garantiu.

O representante diplomático da Santa Sé, o Núncio Apostólico em Portugal D. Rino Passigato, presidiu à cerimónia de inauguração, acompanhado pelo presidente  da Conferência Episcopal Portuguesa e arcebispo de Braga, D, Jorge Ortiga.



Feliz Natal, ao vivo!...






quinta-feira, dezembro 16, 2010

FLOR DE LIS - UMA HISTÓRIA DE NATAL...








Este Natal, a comunicação social ofereceu-nos um presente, um belo presente de Natal: a história de uma mulher brasileira, de nome Flor de Lis, que, nas favelas do Rio de Janeiro, teve a coragem de enfrentar criminosos e até a própria justiça, para salvar e ficar com 46 crianças.

Esta história maravilhosa, não de um só, mas pelo menos de quarenta e seis Natais, acontece em Niterói, região metropolitana do Rio de Janeiro e deu já origem a um filme "Flordelis, basta uma palavra para mudar", que ameaça bater recordes de bilheteira no Brasil.

Conheçamos, nestas imagens, esta mãe maravilhosa que vive hoje já com 50 filhos, resgatados das possíveis garras do crime e alguns, do paredão da morte...



EUSÉBIO - 50 ANOS EM PORTUGAL



Foi há cinquenta anos que Eusébio da Silva Ferreira chegou a Portugal, em 15 de Dezembro de 1960, com destino ao Benfica. Para Eusébio, "parece que foi ontem", afirmou numa entrevista a um jornal desportivo.

"Estava um frio", lembra o Pantera Negra, que pela primeira vez deixava a velha Lourenço Marques, hoje Maputo capital de Moçambique, rumo à Metrópole. "Lá era Verão, mais de 40 graus, e eu trazia um fatinho",completou Eusébio, dirigindo-se ao jornalista.

Eusébio, o Pantera Negra
Pela primeira vez longe de Moçambique, Eusébio, 18 anos, nunca imaginaria o que o aguardava na capital portuguesa. Era, à época, a grande figura do Sporting Clube de Lourenço Marques, e os jornais portugueses de há muito relatavam as suas façanhas.

Entretanto as notícias que chegavam a Portugal davam conta de que Eusébio poderia vir para o Sporting: nessa altura, em Portugal, ninguém conhecia a sua figura, mas o seu nome já era conhecido.

Assim, no dia da sua chegada à Portela, o jovem Eusébio encontrou, para além dos jornalistas, o comité do Benfica, liderado pelo Director Domingos Claudino, que também o aguardava. Do aeroporto seguiram para a secretaria do clube benfiquista, na rua Jardim do Regedor, de onde Eusébio recorda os seus primeiros momentos em Portugal: "o senhor Coluna é que me aguentou. Só conhecia Lourenço Marques, nunca tinha saído e de repente há toda aquela confusão à minha volta. Tinha passagem de ida e volta e queria ir-me embora. A minha mãe tinha dito aos dirigentes do Benfica que, o filho, se não se adaptasse, o dinheiro estava no banco. Eram 250 contos. Foi então que o senhor Coluna falou com o chefe do departamento do Benfica, Gastão Silva, e disse-lhe para me tirar daqui sem ninguém saber".

Eusébio e o Glorioso
Foi o que aconteceu. Eusébio nem conheceu Lisboa. Seguiu de imediato para o Algarve, para Lagos.

"Ninguém me conhecia", continuou a recordar, "levantava-me de manhã cedo, ia fazer uma corrida e dar uns toques. Ninguém me conhecia, no hotel eram só estrangeiros".

Eusébio permaneceu em Lagos por mais uns quatro dias, para que tudo se resolvesse (à época  o Sporting reclamava o direito à contratação de Eusébio, uma vez que este era jogador do Sporting Clube de Lourenço Marques) e, antes de regressar a Lisboa, Eusébio recorda um emocionado telefonema: "liguei para a minha mãe e disse-lhe que já podia beber um copo, uma cervejinha preta, porque já sou jogador do Benfica". Continuou: "depois mandei-lhe 100 contos em dinheiro, um prémio do Presidente Maurício Vieira de Brito. O senhor Coluna disse-me para não ser em cheque, porque a minha mãe iria gostar de receber as notas novinhas de mil escudos, aquelas azulinhas"...

Eusébio era finalmente jogador do Benfica. A estreia oficial aconteceu apenas em Maio de 1961.

"O meu primeiro ordenado foi cinco contos, depois passou para seis. O senhor Coluna, o senhor José Águas e o senhor Costa Pereira ganhavam 4.500 escudos"... Rematou o Pantera Negra. E assim nasceu a maior lenda viva do futebol português, talvez mesmo do futebol mundial...

Muitos parabéns a Eusébio, por todos estes 50 anos passados na Luz, ao serviço do Benfica!


terça-feira, dezembro 14, 2010

UM NATAL FELIZ, EM TODOS OS TEMPOS


Presépio


UM FELIZ NATAL PARA TODOS, TAL COMO HÁ 2010 ANOS...

 UM NATAL FELIZ, NOS TEMPOS DE HOJE...



...MAS SEMPRE O MESMO NATAL!

sexta-feira, dezembro 10, 2010

O AZULEJO EM PORTUGAL (Parte I)







ORIGENS:
A origem da palavra Azulejo tem gerado alguma controvérsia. Alguns etimologistas afirmam que esta palavra   tem origem persa, de raiz mesopotâmica, baseada no adjectivo azul, que caracterizava a pedra semi-preciosa de cor azul muito forte, abundante na região, o lápis-lazúli. Outros defendem que tem origem árabe, na palavra al-zulayche ou zuléija, que significa pedra pequena polida ou ladrilho. Azulejo propriamente como ladrilho que conhecemos, deve ter-se afirmado na Andaluzia, e propagado pela cultura árabe que proliferou na Península Ibérica.

Painel Albarrada
Quanto ao Azulejo em Portugal, só começou a ser fabricado, com características nacionais, por volta do ano de mil e quinhentos. Desde aí e durante cerca de 300 anos, o seu uso generalizou-se de tal forma que era raro o edifício de categoria que não usasse o Azulejo como decoração, principalmente associada à talha dourada (daí a expressão tão conhecida "ouro sobre azul"), ou a outras artes decorativas.

Assim, o Azulejo em Portugal assumiu tais proporções, que a sua linguagem estética evoluiu, adaptando-se às mudanças dos tempos e exigências de modos e gostos.

Foi de Sevilha e Talavera que vieram a maior parte dos azulejos com padrões renascentistas, cuja influência foi extremamente importante para o desenvolvimento entre nós. De salientar os azulejos que imitavam superfícies elevadas, conhecidos como Trompe-d'oeil, cuja gradação cromática criava a ilusão de um foco de luz e zonas de sombra. Esta técnica de relevos separando as cores era também justificada pelo facto de, à época, ainda não se conhecer a técnica que permitiu preparar tintas espessas o suficiente para se não misturarem entre si.

Parece que este facto se deveu a uma viagem do rei D. Manuel I a Sevilha, Toledo e Alicante, no ano de 1498, onde se deslumbrou com o brilho e policromia dos interiores mouriscos. Como o monarca manifestasse o desejo de construir os seus palácios à semelhança dos edifícios visitados, deu-se assim a primeira aparição do mosaico hispano-mourisco em Portugal. Assim foi edificado o Palácio Nacional
de Sintra.

Painel Figurativo

No séc. XVII o azulejo mantém ainda o seu colorido, com azul, amarelos, laranja, verde e cor de vinho, pintados sobre fundo branco.

Com a Restauração e Independência de 1640, a nobreza enriquece com os valores e riquezas vindos do Brasil e o Azulejo é aplicado em larga escala nos numerosos edifícios nobres,  jardins e revestimentos interiores e exteriores de igrejas e palácios.

Nos finais deste século, importam-se dos Países Baixos ciclos em azul e branco, influenciados pela cerâmica chinesa, que chegou à Europa por vias marítimas e que agradou bastante não só aos holandeses como ao gosto português, que começou a sua produção em larga escala: temas de cortesãs, figuras de convite,  cenas religiosas, de caça e militares.
Datam desta altura as decorações de cozinhas e sacristias, igrejas e conventos, com figuras de alimentos pendurados, representativos de caça ou peixe. O Palácio Marquês da Fronteira, em Lisboa, ostenta magnífica azulejaria desta época.

Com o terramoto de 1755, surge ao luxo, a necessidade da fabricação em série, agora destinada a revestir edifícios novos e reconstruídos, moda muito em voga no Brasil e daí importada, sobretudo pelas características de isolamento, resistência e decoração que o azulejo apresentava como material de revestimento nas novas construções. O Palácio Nacional de Queluz e a Quinta dos Azulejos, no Lumiar, enquadram-se neste período do azulejo em Portugal.
Fábrica Viúva Lamego

Ainda hoje se mantém como um dos materiais preferenciais na construção civil, pela sua forte impermeabilidade e resistência às variações das temperaturas ambientais.

No séc. XIX, os azulejos retomam a policromia, muito mais simples e repetitivos, e passam definitivamente para o exterior dos edifícios: Jorge Colaço e Rafael Bordalo Pinheiro destacaram-se na elaboração deste tipo de azulejos. Quanto ao séc. XX, houve alguns avanços na segunda metade, com trabalhos de Maria Keil, Cargaleiro, Júlio Pomar, Eduardo Néry e Vieira da Silva, entre outros.

As fábricas ou "ateliers" que mais se destacaram no fabrico Azulejo antigo  foram : Viúva Lamego, Constância (minha preferida) e Sant´Anna, quase todas ainda activas, segundo creio.

FABRICO:
O chamado azulejo ou chacota antiga, de raiz puramente artesanal, voltou a estar em moda por volta das décadas dos anos 60 e 70. Este tipo de azulejo deve ter 14 cms de tamanho e 11 mms de espessura, embora e a pedido, possa ser comercializado com as medidas industriais de 15 cms. Deve, contudo, manter os 11 mms de espessura e não os 8 mms industriais, incompativeís com a sua textura.

Corte da lastra
Depois de escolhida a pasta de barro ideal, estende-se esta lastra entre duas barras de madeira, sobre areia (para o barro não pegar).

Obtida a espessura ideal. procede-se ao corte do azulejo sobre um molde de madeira com as medidas correctas.

Uma vez cortado, procede-se à secagem desta chacota, que deve ser muito lenta, sem variações de temperatura e pode levar de 1 a 2 meses, consoante as condições climatéricas.



Fase da pintura do painel
Seguidamente sofre a primeira queima no forno (mufla) até atingir a temperatura final de 1040º, operação que deve demorar cerca de 12 horas.

O arrefecimento tem que ser lento, podendo demorar mais de 15 horas.

A operação seguinte é a vitrificação, ou seja, mergulhar o azulejo no preparado líquido do vidro (segredo "vital" de cada fabricante) e fundamental para o brilho e tonalidade final da peça. Esta seca rapidamente e ao fim de cerca de 20 minutos poderá ser pintada.
O desenho escolhido é picotado sobre o vidrado, passando-se em seguida com pó de carvão embrulhado num pano (boneca de carvão), para demarcar o desenho picotado.


Resultado após a 2.ª queima




A pintura deve ser rápida e precisa, visto que a superfície do azulejo é porosa e não permite emendas...

Veja-se o resultado final após a 2.ª queima de 1090º e como as cores resultaram, ficando o azulejo pronto após o seu total arrefecimento.

A Azulejaria Artística é um património apaixonante, que deveria ser preservado a todo o custo.Também eu me apaixonei... O Painel do Presépio, A Albarrada e o Painel do Flautista, contaram com a minha modesta colaboração.














domingo, dezembro 05, 2010

IMACULADA CONCEIÇÃO - Padroeira de Portugal, Origens






A Imaculada Conceição é segundo o dogma católico, a concepção da Virgem Maria sem mancha (do latim "macula"). O dogma diz que, desde o primeiro instante da sua existência, a Virgem Maria foi preservada por Deus, da falta da graça santificante que aflige a humanidade, porque ela estava cheia da graça divina. Também professa que a Virgem Maria viveu uma vida completamente livre de pecado.

Papa Pio IX

A festa da Imaculada Conceição, comemorada em 8 de dezembro, foi definida como uma festa universal em 1476, pelo Papa Sisto IV.

Em 8 de Dezembro de 1854, a Imaculada Conceição foi solenemente definida como dogma pelo Papa Pio IX, na sua bula "Ineffabilis Deus" e em 31 de Março de 1876, Pio IX enriqueceu ainda este dogma com 300 dias de indulgência cada vez que recitado.
A Igreja Católica considera que o dogma é apoiado pela Bíblia, bem como pelos Padres da Igreja, como Irineu de Lyon e Ambrósio de Milão. Uma vez que Jesus encarnou no ventre da Virgem Maria, era necessário que ela estivesse completamente livre de pecado para poder gerar o seu filho.

Em Portugal, deve-se ao rei D. João IV o facto de Nossa Senhora da Conceição ter sido proclamada padroeira de Portugal, por proposta sua. Durante as Cortes reunidas em Lisboa desde 28 de Dezembro de 1645 até 16 de Março de 1646, o rei afirmou "que a Virgem Maria foi concebida sem pecado original" e comprometeu-se a doar, em seu nome, em nome de seu filho e dos seus sucessores, à Santa Casa da Conceição, em Vila Viçosa, "cinquenta cruzados de ouro em
cada ano", como sinal de tributo e vassalagem.

El-Rei D. João IV

O acto da proclamação de Nossa Senhora da Conceição como Padroeira de Portugal, efectuado pelo monarca com a maior solenidade em 25 de Março de 1646, alargou-se a todo o país, com o povo, à noite, a entoar cânticos de júbilo pelas ruas, para celebrar a Conceição Imaculada da Virgem, ou mais precisamente a Maternidade Divina de Maria.

Assim, Nossa Senhora tornou-se a verdadeira soberana de Portugal, não voltando, por isso, desde esta altura, nenhum dos nossos reis a ostentar a coroa, direito que passou a pertencer apenas à Excelsa  Rainha, Mãe de Deus.

Em 1648 D. João IV manda cunhar moedas de ouro e de prata, tendo numa das faces a imagem da Imaculada Conceição com a legenda "Tutelaris Regni" - Padroeira do Reino. Em 1654, ordena que sejam postas em todas as portas e entradas das cidades, vilas e lugares do reino, pedras lavradas com uma inscrição alusiva à Imaculada Conceição. Algumas destas lápides ainda continuam a existir em alguns locais.

Outros reis, seus sucessores, continuaram a tradição deste culto de homenagem a Nossa Senhora, como D.João V que, em 1917, recomendou a a todas as igrejas a celebração anual com pompa e solenidade da Festa da Imaculada Conceição, enquanto D. João VI emite um decreto criando a Ordem Militar de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa e a Cabeça da Ordem (lugar principal) na sua Sua Real Capela.

Igreja de Nossa Senhora da Conceição em Vila Viçosa

D. Luís I oficializa, em 1854, a bula "Ineffabilis Deus" do Papa Pio IX, e um ano mais tarde comemora este facto com solenes festividades, assinalando assim o primeiro ano da comunicação ao Mundo da Definição do Dogma.

Feriado nacional e dia santo de guarda, a data de 8 de Dezembro constitui-se como um dia de festa religiosa.  Durante muitos anos foi associada à celebração mundial do Dia da Mãe, actualmente comemorado no primeiro domingo do mês de Maio.




Saudemos Maria, neste Seu Dia.







quarta-feira, dezembro 01, 2010

1 DE DEZEMBRO DE 1640 - Para recordar...



  






1 de Dezembro de 1640. Um feriado mais, que assinala uma sucessão de eventos que em Portugal conduziram às Guerras da Restauração, mas que cada vez mais vai  caindo no esquecimento e indiferença do povo português. Assim e de um modo mais ou menos sucinto, procurarei  transmitir nesta publicação, uma panorâmica  da situação política portuguesa de então.

El-Rei D. João IV

De 1580 a 1640 Portugal viveu sob o domínio espanhol. A monarquia dualista da Dinastia Filipina, iniciada após as Cortes de Tomar, com a proclamação de Filipe II de Espanha como Rei de Portugal, fez acumular descontentamentos que resultaram na instauração da Casa de Bragança, a 1 de Dezembro de 1640.

O tumulto Manuelino de Évora, em 1637, foi um prenúncio do movimento restaurador. A causa imediata dessas alterações em Évora fora o lançamento de novos impostos.

A conspiração de 1640 foi planeada pelos fidalgos D. Antão de Almada, D. Miguel de Almeida e pelo Dr. João Pinto Ribeiro, além de outros, que nesse sábado de 1640 acorreram ao Terreiro do Paço e mataram o Secretário de Estado Miguel de Vasconcelos e aprisionaram a Duquesa de Mântua, que governava então Portugal em nome de seu primo, Filipe III.

O momento fora bem escolhido, porque a Casa de Habsburgo defrontava os problemas derivados da Guerra dos Trinta Anos e procurava vencer a revolta da Catalunha. No decurso do reinado de D. João IV, as hostilidades não se caracterizavam por encontros graves, devido à circunstância de a coroa estar envolvida na Guerra dos Trinta Anos e na revolta da Catalunha, pelo que não pôde dar uma resposta eficaz à revolta portuguesa.

Os Conjurados


Este facto  permitiu ao partido de Bragança organizar e aperfeiçoar o seu exército com a chegada de novos efectivos e a utilização de oficiais e técnicos estrangeiros de qualidade.

Para além dos poucos significativos incidentes de fronteira, apenas se travou uma batalha importante, a do Montijo, em 1644. Todavia, a guerra arrastou-se durante 28 anos, vindo a paz a ser assinada já na regência de D. Pedro II.

A 2 de Dezembro de 1640, D. João IV já se dirigia como soberano, por carta régia datada de Vila Viçosa, à Câmara de Évora. O caminho a seguir era o da reorganização  de todas as forças para as batalhas.

A Guerra da Restauração


Assim, resolve criar no dia 11 de Dezembro o Conselho de Guerra para decidir sobre todos os assuntos relativos ao exército.

Vem a seguir a Junta das Fronteiras que haveria de cuidar das fortalezas fronteiriças, da defesa de Lisboa , das guarnições e portos de mar.


Dá-se, ainda em Dezembro de 1641, a criação da Tenência para assegurar a artilharia das fortalezas com o produto das Terças dos concelhos.

Posteriormente são restabelecidas as Leis Militares de D. Sebastião, visando reorganizar o exército. Paralelamente, desenvolve-se uma intensa actividade diplomática.

Com as vitórias do partido brigantino, criaram-se condições para o reconhecimento da independência, o que viria a ser conseguido, em 1668, sendo já regente o infante D. Pedro.

Neste último ano foi assinado o tratado de paz, terminando, assim, ao fim de 28 anos de luta, as Guerras da Restauração em Portugal.













terça-feira, novembro 23, 2010

DOCAS DE LISBOA - Alcântara

 



SABIA

QUE...


Alcântara é actualmente um dos principais centros de divertimento nocturno da capital portuguesa.
As Docas de Alcântara e as suas múltiplas discotecas, restaurantes e esplanadas, que se espalham pelas antigas fábricas, são um dos chamarizes dos habitantes e turistas.

Localizadas mesmo aos pés da Ponte 25 de Abril, oferecem a soberba panorâmica do rio Tejo e do monumento a Cristo-Rei.

Todavia, o século XXI trouxe para Alcântara novos estudos urbanísticos, com vista a modernizarem e desenvolverem esta zona de quarenta e três hectares, que incui a zona ribeirinha das Docas.

Têm sido diversos os projectos apresentados, desde as polémicas torres do arquitecto Siza Vieira, ao estudo conjunto dos seus colegas Frederico Valsassina, Sea Kay e Jean Nouvel, aos audaciosos projectos do arquitecto Norman Sentis Foster...

O que farão à nossa freguesia de Alcântara, tão rica em património arquitectónico?

E o que será das suas já "internacionais" Docas, património da vida nocturna de Lisboa?

Fiquem a conhecer alguns destes projectos...
Algumas alternativas...









domingo, novembro 21, 2010

S.S.BENTO XVI E "A LUZ DO MUNDO"- O Uso do Preservativo



Sem temer polémicas, Bento XVI distancia-se da imagem de um Papa ultraconservador e admite a utilização do preservativo "em certos casos". Esta é a primeira vez que um Papa aceita o uso do preservativo, como solução possível no controle da disseminação do vírus da SIDA.


Uso do preservativo
As declarações que estão a agitar a opinião mundial constam do livro "Luz do Mundo", a ser lançado e apresentado à imprensa na próxima terça-feira, 23 de Novembro, pelo jornalista alemão Peter  Seewald.

São boas novas para a comunidade católica, eu mesma me me confesso encantada com esta decisão de S.Santidade, uma vez que a posição do Vaticano perante a sexualidade tem sido um dos principais pontos de tensão entre os fiéis e a cúria romana.
Os fiéis, quase sem excepção, concordam e elogiam a coragem de Bento XVI, segundo várias abordagens públicas a pessoas católicas ou não. D.João Torgal Ferreira, Bispo das forças armadas, considerou, hoje, um  "volte de face" que Bento XVI tenha admitido a utilização do preservativo
D. João Torgal  Ferreira
"em certos casos" para reduzir os riscos de contaminação da SIDA: " considero que é um estrondo, sem cair em excessos nem exageros, um volte de face com o qual me rejubilo", afirmou.

No livro, Bento XVI fala ainda do contexto das palavras polémicas na viagem aos Camarões e a Angola, no ano passado, onde disse que "a SIDA não pode resolver-se com a distribuição de preservativos, que agravam o problema".


Odon Vallet, especialista em História das Religiões, comenta a posição de Bento XVI: "esta nova atitude muda a visão sobre aqueles que usam o preservativo para evitar a transmissão do vírus da SIDA e em África ou na Ásia isto é muito importante".

Papa Bento XVI junto de líderes africanos


No entanto, o Papa diz que o preservativo "não é o caminho para se acabar com a infecção do HIV" que, segundo ele, passa por "humanizar a sexualidade e não banalizá-la".



Apesar de ainda manter a posição de que os preservativos não são a resposta para o vírus da SIDA, este passo mostra que o Papa está disposto a repensar a doutrina da Igreja Católica, de forma a que esta possa dar resposta aos diversos problemas que as sociedades destes tempos tão conturbados, colocam como um desafio constante, aos seus fiéis e às suas crenças.







quinta-feira, novembro 18, 2010

MARCEL MARCEAU (1923-2007) - O Mestre do Silêncio




Marcel Marceau ou Mime Marceau, foi o mímico mais popular do período pós-guerra e junto com Étienne Decroux e Jean Louis Barrault, deu uma nova roupagem à mímica do século XX.

Oriundo de uma família francesa de origem judia, Marcel foi forçado a fugir de casa aos 16 anos, quando o seu país entrou em guerra, passando a viver em Lille. Juntou-se mais tarde às forças do general Charles de Gaulle junto com o seu irmão, mas como o seu inglês era excelente, foi nomeado oficial de ligação com o exército do general Patton.

Após ter visto Charles Chaplin, interessou-se em atuar. Terminada a guerra e em 1946, matriculou-se na escola de arte dramática de Charles Dullin no Teatro Sarah Bernardt em Paris, onde estudou com o mestre Étienne Decroux, que também tinha ensinado Jean-Louis Barrault. Este, ao observar o excepcional talento de Marceau, integrou-o na sua companhia, onde o desempenho de Marcel Marceau foi tão elogiado, que o incentivou a representar o seu primeiro mimodrama "Praxitele e o Peixe Dourado", no Teatro Sarah Bernardt, nesse mesmo ano. A partir daqui e com a unanimidade positiva da crítica, a carreira de Marcel Marceau como mímico, consolidou-se.

Em 1947 e inspirado em comediantes como Chaplin, os Irmãos Marx e nos "clowns" da commedia dell'arte italiana, Marceau criou  Bip, o palhaço de cara pintada que, com o seu casaco às riscas e já gasto, chapéu alto de seda, com uma flor espetada - significando a fragilidade da vida - se tornou o seu alter-ego, exactamente como o Vagabundo de Chaplin.
As desventuras de Bip interagiam com tudo, desde borboletas a leões, de navios a comboios, nos salões ou nos restaurantes, eram ilimitadas. Com  uma pantomina de estilo, Marcel Marceau foi reconhecido como fora de série.

Os seus exercícios silenciosos, que incluíam trabalhos clássicos como "A Gaiola", "Andando de  Encontro ao Vento", o "Fabricante de Máscaras", "No Parque", sátiras de tudo, desde escultores a matadores, foram considerados como trabalhos geniais.

Curiosamente, foi "Andando Contra o Vento" o inspirador do passo de dança Moonwalk de Michael Jackson, que veio a tornar-se amigo e admirador de Marcel Marceau, ao ponto de o eleger como coreógrafo favorito. Em 1949, após ter recebido o renomeado Prémio Deburau, Marcel Marceau formou a sua própria companhia, "Mime Marcel Marceau", única companhia de pantomina do mundo naquele tempo e com a qual conquistou todo um resto de vida repleto de êxitos incontáveis.


O governo francês conferiu a Marcel Marceau a sua honra mais elevada, fazendo dele "Oficial da Legião de Honra", entre várias outras distinções. Foi membro de diversas Academias, Academia de Belas Artes de Berlim, Academia das Belas Artes de Munique e Academia de Belas Artes do Institut de France. Foi, ainda, nomeado "Doutor Honoris Causa" pelas Universidades do Estado de Ohio, Linfield College, Princeton e Michigan.

Em 1999, a cidade de Nova Iorque estabeleceu o dia 18 de Março, como o "Dia de Marcel Marceau". Foi o maior mímico até aos dias de hoje. Na minha juventude, tive a sorte de o admirar em algumas das suas melhores actuações. A sua mímica transmitia uma ilusão verdadeiramente espantosa...

Marcel Marceau morreu aos 84 anos, a 26 de Setembro de 2007.  






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