quinta-feira, dezembro 16, 2010

EUSÉBIO - 50 ANOS EM PORTUGAL



Foi há cinquenta anos que Eusébio da Silva Ferreira chegou a Portugal, em 15 de Dezembro de 1960, com destino ao Benfica. Para Eusébio, "parece que foi ontem", afirmou numa entrevista a um jornal desportivo.

"Estava um frio", lembra o Pantera Negra, que pela primeira vez deixava a velha Lourenço Marques, hoje Maputo capital de Moçambique, rumo à Metrópole. "Lá era Verão, mais de 40 graus, e eu trazia um fatinho",completou Eusébio, dirigindo-se ao jornalista.

Eusébio, o Pantera Negra
Pela primeira vez longe de Moçambique, Eusébio, 18 anos, nunca imaginaria o que o aguardava na capital portuguesa. Era, à época, a grande figura do Sporting Clube de Lourenço Marques, e os jornais portugueses de há muito relatavam as suas façanhas.

Entretanto as notícias que chegavam a Portugal davam conta de que Eusébio poderia vir para o Sporting: nessa altura, em Portugal, ninguém conhecia a sua figura, mas o seu nome já era conhecido.

Assim, no dia da sua chegada à Portela, o jovem Eusébio encontrou, para além dos jornalistas, o comité do Benfica, liderado pelo Director Domingos Claudino, que também o aguardava. Do aeroporto seguiram para a secretaria do clube benfiquista, na rua Jardim do Regedor, de onde Eusébio recorda os seus primeiros momentos em Portugal: "o senhor Coluna é que me aguentou. Só conhecia Lourenço Marques, nunca tinha saído e de repente há toda aquela confusão à minha volta. Tinha passagem de ida e volta e queria ir-me embora. A minha mãe tinha dito aos dirigentes do Benfica que, o filho, se não se adaptasse, o dinheiro estava no banco. Eram 250 contos. Foi então que o senhor Coluna falou com o chefe do departamento do Benfica, Gastão Silva, e disse-lhe para me tirar daqui sem ninguém saber".

Eusébio e o Glorioso
Foi o que aconteceu. Eusébio nem conheceu Lisboa. Seguiu de imediato para o Algarve, para Lagos.

"Ninguém me conhecia", continuou a recordar, "levantava-me de manhã cedo, ia fazer uma corrida e dar uns toques. Ninguém me conhecia, no hotel eram só estrangeiros".

Eusébio permaneceu em Lagos por mais uns quatro dias, para que tudo se resolvesse (à época  o Sporting reclamava o direito à contratação de Eusébio, uma vez que este era jogador do Sporting Clube de Lourenço Marques) e, antes de regressar a Lisboa, Eusébio recorda um emocionado telefonema: "liguei para a minha mãe e disse-lhe que já podia beber um copo, uma cervejinha preta, porque já sou jogador do Benfica". Continuou: "depois mandei-lhe 100 contos em dinheiro, um prémio do Presidente Maurício Vieira de Brito. O senhor Coluna disse-me para não ser em cheque, porque a minha mãe iria gostar de receber as notas novinhas de mil escudos, aquelas azulinhas"...

Eusébio era finalmente jogador do Benfica. A estreia oficial aconteceu apenas em Maio de 1961.

"O meu primeiro ordenado foi cinco contos, depois passou para seis. O senhor Coluna, o senhor José Águas e o senhor Costa Pereira ganhavam 4.500 escudos"... Rematou o Pantera Negra. E assim nasceu a maior lenda viva do futebol português, talvez mesmo do futebol mundial...

Muitos parabéns a Eusébio, por todos estes 50 anos passados na Luz, ao serviço do Benfica!


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