Tudo
começou com um grande espaço branco, completamente exposto no meio da sala de
estar, um espaço que a incomodava.
A
professora de música Layla Fanucci estava em pé, junto ao sofá, a observar a
grande e vazia parede que se encontrava acima do mesmo. Costumava estar
pendurado nessa parede um poster de Monet, mas Layla tirou-o. “Era giro. Como
algumas músicas, que são só giras. Mas para mim, há uma diferença entre ouvir
um CD e ouvir a banda ao vivo, e sentir algo que mexe contigo e te tira o
fôlego.”
Ora
ai está, ela queria que aquela parede também lhe tirasse o fôlego. E — eureka —
foi ai que surgiu a ideia: música ao vivo, porque não arte ao vivo? Então Layla
começou a visitar várias galerias na cidade de Napa Valley, onde vive: “Eu não
conseguia encontrar nada.” , declarou.
Então
ela fez, o que qualquer pessoa do género “Faz Tu Mesmo” faria: Decidiu que iria
ser a própria a pintar a parede. Só havia um pequeno problema. “Eu nunca tinha
pintado nada na minha vida.”
Na
sua primeira viagem pela pintura Layla fez algo excepcional.
Comprou uma tela
branca com 6mX5m de altura, deitou-a no chão, e cobriu a tela com uma explosão
de tintas em azul, vermelho, amarelo, verde, e branco. À medida que ia
pintando, a sua mão fluía graciosa e energeticamente sobre a tela, como se o
fizesse há anos. O desenho era abstrato, mas Layla acrescentou um clarinete,
uma árvore de Natal e 3 figuras a representar os seus filhos.
“É
grande, é arrojado, tem cor, está pronto,” pensou para si mesma. “Fim da
história.”
Mas
na verdade, era só o começo. Quando os amigos foram visitá-la e viram a obra de
Layla, ficaram fascinados. Nos anos que se seguiram, nove dos seus amigos
pagaram-lhe para que também pintasse arte para as suas casas. “Eu estava
surpresa e encantada, e não fazia ideia de como isto começou,” declarou. “Um
casal pintou toda a sua sala de estar para combinar com as cores do quadro que
lhes pintei.”
Inspirada
pelas reações positivas dos seus amigos, Layla pintou, pintou e pintou entre
gargalhadas. “Eu só queria pintar, sempre e a toda a hora,” declarou. “Eu tinha
isto tudo dentro de mim, e só agora é que estava a soltar este talento.”
Este
magnifico talento escondido fez com que Layla reflectisse sobre a sua vida. “Eu
amava a música e amava ensinar ,” declarou, “mas nunca quis admitir que depois
de 25 anos de ensino de música, estava a ficar cansada.”
Era
este o dilema em que Layla vivia, até descobrir a sua faceta de artista
interior. Layla recebia um salário estável, dinheiro que ela e o seu marido,
Robert, um procurador fiscal, usavam para pagar a faculdade dos seus filhos e
para ajudar a suportar um pequeno negócio de vinhos da família.
“Mas
de repente, toda a gente, incluindo o meu marido, diziam: 'Ensina em part-time
e vê se a arte te pode levar a algum lado' .Mas eu sabia que se queria dar
oportunidade à arte, tinha que dar tudo de mim.”
Em
2001, dois anos após pendurar a sua primeira pintura na grande parede branca,
Layla deixou o trabalho de professora. “O meu marido disse: ‘Eu sinto-me como
se estivessemos no Titanic e tu tivesses simplesmente saltado.’”
Layla
ouviu todas as estatísticas assustadoras:
Apenas
5% dos artistas ganham dinheiro, apenas 5% do mundo da arte tinha saída. Como é
que ela faria parte da excepção desses 5%, escapando à regra dos outros 95% dos
artistas sem sucesso, tornando a sua arte num negócio? Primeiro, Layla percebeu
que precisava de estabelecer objectivos profissionais:
Definiu
um período de dois anos para tornar isto possível. “Se não for capaz de
conseguir ganhar no mínimo o meu salário, volto a ser professora.” Pensou. Vestiu
uma velha camisa branca de Robert e começou a trabalhar entre 10 a 12 horas por
dia. “Sabem como os corredores falam da sensação fantástica que têm quando
terminam a maratona? Quando pinto, sinto sempre essa sensação.”
Esta
alegria resultou numa explosão de criatividade e, em 2 anos, Layla conseguiu
pintar mais de 200 obras — abstractas, representações de flores, músicos,
mulheres, homens. “Fui inspirada pelo estilo e cores que Matisse utilizava.”
A
notícia espalhou-se, Layla começou logo a vender as suas pinturas e a ganhar
tanto dinheiro quanto ganhava quando era professora. Animada e fascinada com o
seu pequeno sucesso, enviou fotografias das suas obras para reputados
consultores de arte de Nova Iorque e marcou reuniões. “Estava tão nervosa à
medida que subia o elevador de um elegante hotel francês, em Nova Iorque, para
ir para uma reunião numa suite com uma estranha, levando um livro de
fotografias dos meus quadros. Só conseguia pensar: O que estou aqui a fazer?”
A
mulher, parecida com a Meryl Streep no filme “O Diabo veste Prada”, estudava cada página do livros com uma
atenção cuidada, e cruzava as mãos com agressividade e em silêncio, sempre que
Layla tentava contar as histórias das suas obras. Quando a consultora fechou o
livro, já tinha o seu veredicto:
“É
bom. Mas nós não queremos saber.” Foi então que deu a Layla o conselho que
mudou a sua vida: “Como é que um quadro de Layla Fanucci?” Layla tentou
formular uma resposta, mas a consultora calou-a, dizendo: “Para conseguirmos
vender as suas obras, elas têm que ter um estilo que ninguém consiga imitar.”
A
consultora de arte sugeriu que Layla produzisse mais obras nos próximos 6
meses. Foi uma tarefa difícil, mas que aceitou prontamente. “Senti
instintivamente que este processo me iria levar onde eu precisava de estar.”
Nos
dois anos que se seguiram Layla ouvia as novas críticas da consultora sobre as
suas novas obras, e voltava para o seu estúdio para fazer novas experiências.
Durante todo este processo desenvolveu uma obra única, com o estilo Layla
Fanucci, os cenários de cidades: Pinta camada por camada de cor em para
comunicar o estado de espirito de cada cidade —Nova Iorque, Paris, Veneza, e
Roma. Quando a pintura seca, Layla adiciona detalhes arquitectónicos, como
prédios e pontes, em seguida, dá vida aos quadros pintando pessoas, movimentos
e energias antes de cobrir estes cenários com mais cor. Assim acaba por pintar
3 cidades por cima da primeira, criando textura e profundidade, para quando se
olhar de perto, ser possível ver as outras cidades e os detalhes
arquitectónicos a sobressair.
Layla
comprovou as suas capacidades quando entregou à consultora de arte um original
seu, que foi exposto, em destaque, numa galeria de arte em Nova Iorque,
sendo-lhe também oferecida uma exposição a solo para as suas restantes obras.
No entanto, a consultora avisou-a que se as obras não se vendessem, a carreira
artística de Layla terminaria naquela momento.
Surpreendentemente, nove das suas obras venderam-se em apenas um
mês.
Desde
então, fez várias exposições e vendeu os seus quadros a coleccionadores de todo
o mundo.
Os
críticos louvam as suas obras, e uma característica das mesmas em particular: a
conexão de Layla com a música. “Ela captura os ritmos das grandes metrópoles, o
esplendor lírico dos céus e a cacofonia das ruas. E olhando para estes
cenários, conseguimos perceber o porquê das pessoas estarem sempre a voltar
para estes lugares, como músicas que nunca nos cansamos de ouvir, como se
encontrassemos algo de novo nelas.”
Layla
vendeu recentemente a sua maior obra de todos os tempos, uma pinta de 9mx14m
chamada “City of the World Opus II”, por $100,000, quando um turista visitou a
sua galeria online e se apaixonou pelas suas obras. “Num ano, vendi 32 pinturas
e ganhei tanto dinheiro como aquele que faria caso tivesse continuado como
professora durante 33 anos.
“Bem,
todos nós temos talentos escondidos,”declarou Layla Fanucci “Se os
descobrirmos, temos que os desenvolver todos os dias e deixa-los florir. Eu
penso muitas vezes no que podia ter perdido, senão tivesse desistido de um
salário estável e confiável, para seguir a minha paixão.”
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