terça-feira, agosto 09, 2016

PELA NOITE, COM PEDRO HOMEM DE MELLO: "HAVEMOS DE IR A VIANA"



HAVEMOS DE IR A VIANA


Entre sombras misteriosas,
Em rompendo ao longe estrelas.
Trocaremos nossas rosas
Para depois esquecê-las.
Se o meu sangue não me engana,
Como engana a fantasia.
Havemos de ir a Viana,
Ó meu amor de algum dia.
Ó meu amor de algum dia,
Havemos de ir a Viana.
Se o meu sangue não me engana,
Havemos de ir a Viana.
Partamos de flor ao peito,
Que o amor é como o vento.
Quem pára perde-lhe o jeito,
E morre a todo o momento.
Se o meu sangue não me engana,
Como engana a fantasia.
Havemos de ir a Viana,
Ó meu amor de algum dia.
Ó meu amor de algum dia,
Havemos de ir a Viana.
Se o meu sangue não me engana,
Havemos de ir a Viana.
Ciganos, verdes ciganos,
Deixai-me com esta crença.
Os pecados têm vinte anos,
Os remorsos têm oitenta.



PEDRO HOMEM DE MELLO






Pedro Homem de Mello (1904-1984), Foi um poeta lírico e autor de uma vasta obra. Nasceu na cidade do Porto em 1904 e formou-se em Direito pela Universidade de Lisboa.
Foi subdelegado do procurador da República, dedicou-se ao ensino, tendo sido diretor da Escola Comercial Mouzinho da Silveira.

Pedro Homem de Mello foi também jornalista e estudioso das tradições populares e do folclore nacional, sobretudo do Norte, que durante anos divulgou num programa da RTP.
Destaque também para a sua colaboração no movimento da revista literária “Presença”, fundada em Coimbra, em 1927.

Desenvolveu uma extensa obra poética, com a publicação de mais de 30 títulos e que vão desde a década de 30 até à década de 70. Ainda que seja um autor pouco divulgado, Pedro Homem de Mello assume o seu lugar no panorama cultural nacional. Reveladores dessa dimensão são os prémios que recebeu: Prémio Antero de Quental (1939), Prémio Ocidente (1964), e o Prémio Nacional de Poesia em 1972.

Amália Rodrigues imortalizou algumas das suas palavras, particularmente os títulos “Povo que lavas no rio”, “O rapaz da camisola verde”, “Havemos de ir a Viana” e “Fria Claridade”, hoje temas incontornáveis no Fado.

Faleceu em 1984.





Sem comentários:

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...