segunda-feira, maio 15, 2017

AS "ROSAS DE OURO" QUE OS PAPAS OFERECEM...




O Papa Francisco  ofereceu uma Rosa de Ouro ao Santuário de Fátima, uma das distinções mais importantes concedidas a santuários e instituições católicas, na tarde desta sexta-feira, 12 de maio, após a oração na Capelinha nas Aparições. Uma confirmação da validade universal e intemporal da mensagem de Fátima, segundo o padre Vítor Coutinho, vice-reitor do Santuário de Fátima. Foi o segundo papa a entregar pessoalmente esta distinção.

A última vez que Francisco cumpriu o gesto de oferecer uma Rosa de Ouro, uma oferta tradicional dos Papas a santuários marianos, foi em julho de 2016, em Czestochowa, Polónia. Antes tinha-o feito em Guadalupe (México) e no Santuário de Nossa Senhora da Caridade do Cobre (Cuba).

O Santuário de Fátima já recebeu duas Rosas de Ouro, distinção criada em 1049 por Leão IX e que os Papas atribuem em reconhecimento de serviços prestados à Igreja ou à sociedade por personalidades e instituições católicas.
A primeira Rosa de Ouro do Santuário de Fátima foi concedida pelo Papa Paulo VI, em 21 de novembro de 1964, no fim da terceira sessão do Concílio Vaticano II, e entregue a 13 de maio de 1965 pelo cardeal Fernando Cento, legado do Papa.
Bento XVI foi o primeiro pontífice a entregar pessoalmente a Rosa de Ouro, durante a oração que recitou na Capelinha das Aparições, a 12 de maio de 2010.

A Rosa de Ouro surgiu no início da Idade Média. A primeira referência está testemunhada numa bula de 1049, pela qual o Papa Leão IX isentou o Convento de Santa Cruz de Woffenheim (Alsácia), com a condição da abadessa enviar anualmente uma Rosa de Ouro à Santa Sé. Segundo a crónica de São Martinho de Tours, a mais antiga das ‘’Rosas de Ouro’’ conhecida teria sido aquela que o Papa Urbano II enviou a Fulque IV de Anjou, em 1096. 

O Papa Francisco oferece a terceira Rosa de Ouro ao Santuário de Fátima

Desde a Baixa Idade Média a honraria da Rosa de Ouro para honrar um soberano substituiu a honraria das Chaves da Confissão de São Pedro, ou Chaves de Ouro, instituída no século VIII, pelo Papa Gregório II.

A data exata da instituição da rosa é desconhecida. De acordo com alguns é anterior a Carlos Magno (742-814), de acordo com outros teve sua origem no fim do século XII. Mas certamente já existia antes do ano 1050, quando o Papa Leão IX (1051) fala da Rosa de Ouro como uma instituição já antiga, no seu tempo. 
O costume de oferecer a Rosa de Ouro, teve início quando os papas se transferiram para Avinhão, continuando depois que o papado retornou para Roma.

O príncipe condecorado recebia a Rosa de Ouro do papa, numa cerimónia solene, acompanhado pelo Sacro Colégio dos Cardeais. No início do século XVII passou a ser oferecida somente a rainhas e princesas. Aos imperadores, reis e príncipes eram oferecidos presentes mais apropriados, como espadas. Mas, se um monarca estivesse presente em Roma, no Domingo Lætare(Domingo da Alegria), poderia receber a Rosa de Ouro. O ofício de entregar a Rosa de Ouro aos que residiam fora de Roma foi dado, pelos papas aos Cardeais Legados, aos núncios, aos inter-núncios e aos delegados apostólicos.

Em tempos mais recentes, depois do Concílio Vaticano II, a condecoração pontifícia passou a ser presente dos papas a Nossa Senhora: Fátima em 1965 por Paulo VI; Aparecida no Brasil, em 1967 por Paulo VI; de Luján em 1982 por João Paulo II; de Guadalupe; de Loreto; da Evangelização em Lima, Peru, em 1988, por João Paulo II; de Jasna Gora em Częstochowa, Polônia, em 2006 pelo Papa Bento XVI; Aparecida no Brasil, em 2007, por Bento XVI, e Pompeia, na Itália, em 2008, por Bento XVI.

A rosa é colocada numa mesa com velas e o papa procede à bênção revestido dos paramentos cor-de-rosa (Gaudete et Lætare) e com uma mitra preciosa. A bênção da Rosa de Ouro difere da bênção das rosas comuns. Após os versículos usuais, o pontífice recita a oração poética. Terminada a oração, o papa coloca incenso no turíbulo, que lhe é entregue por cardeal-diácono e incensa o bálsamo e o almíscar, colocando-os no receptáculo do miolo da rosa. Depois incensa a rosa e asperge-a com água benta. O ornamento é então dado ao clérigo o mais novo da Câmara Apostólica, que o carrega na frente do papa até a capela, onde é colocado no altar no pé da cruz em cima de um véu de seda rosa ricamente bordado, onde permanece. Após a missa, a rosa é levada, em procissão, para a sacristia, onde é posta com cuidado num lugar preparado para ela, até que seja oferecida a alguma personagem digna.

Os Papas Paulo VI e Bento XVI oferecem, respetivamente, a primeira e segunda Rosa de Ouro ao Santuário de Fátima

A maior parte das Rosas de Ouro foram fundidas pelos seus destinatários, para reutilização do ouro, com fins monetários.
Os exemplares antigos que subsistem são poucos:
- No tesouro da catedral de Benevento.
- No Museu Sacro da Biblioteca Vaticana.
- Na Arquibasílica de São João Latrão.
-.No Museu Nacional da Idade Média, no hôtel de Cluny, em Paris, onde se encontra a Rosa de Ouro feita por Minúquio de Sena, a mais antiga das que subsistem.
-.No Palácio da Comuna ( Palazzo Communale ) de Siena
-.No Tesouro (Schatzkammer = câmara abobadada) do Palácio Imperial de Hofburg, em Viena.
-.No Museu Arquidiocesano de Arte Sacra no Rio de Janeiro.
- 3 no Santuário de Fátima, Portugal.

Na imagem que inicia esta publicação podem ver-se, da esquerda para a direita: a Rosa de Ouro de Minúquio de Sena (1330), a mais antiga das ainda conservadas, no Museu Nacional da Idade Média, Paris. Foi oferecida em 1330 pelo Papa João XXII a Rodolfo III de Nidau, Conde de Neuchâtel. E ainda a Rosa de Ouro da Biblioteca Apostólica Vaticana e a Rosa de Ouro oferecida ao Santuário de Fátima, pelos 3 papas.





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