É já na próxima segunda
feira dia 22 de Maio, que Plácido Domingo regressa a Portugal para um concerto
único que vai contar com a participação especial da fadista Katia Guerreiro.
Para o tenor “o fado
cantado da maneira como os portugueses o sentem é fantástico. Há um jeito na voz,
uma elegância... A verdade é que é um género muito especial.”
Kátia Guerreiro é uma
das mais importantes representantes do Fado em todo o mundo. Além de ser uma
intérprete consagrada e reconhecida como uma notável embaixadora da música
portuguesa, é também Membro do Parlamento Europeu da Cultura, desde 2005 e em
2015 foi condecorada pela Presidência da República com a Comenda da Ordem do
Infante D. Henrique, pelo seu inestimável contributo na divulgação da cultura
portuguesa e projeção de Portugal no mundo.
O concerto de Plácido
Domingo em Portugal será acompanhado pela Orquestra Sinfonietta de Lisboa, que,
desde a sua fundação, em 1995, já trabalhou com grandes nomes da música.
Álbum "Amore Infinito" |
Além de diretor do Scala
de Milão, em 1993 Plácido Domingo fundou a Operalia, uma competição anual internacional
de voz, que ajuda a iniciar as carreiras de muitos cantores de poucas posses a
tornaram-se figuras importantes nos palcos mundiais. Contam-se, entre outros,
Nina Stemme, Joyce DiDonato, José Cura, Rolando Villazon, Erwin Schrott, Pretty
Yende, Eric Owens, Susanna Phillips e Anthony Roth Costanzo. O concurso
Operalia é realizado uma vez por ano, sempre num país diferente.
De entre os seus
numerosos álbuns de música, Plácido Domingo olha com especial carinho o álbum
que contém as músicas baseadas em 20 poemas de São João Paulo II, que refletem
a sua mensagem sobre o amor: “Eu vi um santo. O mundo precisa se lembrar deste
homem incrível”.
Encantado pela pessoa e
os poemas de João Paulo II, o tenor Plácido decidiu homenageá-lo. Dedicou
quatro anos ao projeto musical do álbum Amore
Infinito, em que transforma em música os 20 poemas de João Paulo II.
Uma vez mais, recordo a
história, famosa já, referente à rivalidade que em tempos envolveu Plácido
Domingo e José Carreras, prova inequívoca da generosidade do primeiro para com
o segundo. Foram dois dos Três Tenores —
Luciano Pavarotti, Plácido Domingo e José Carreras — que emocionaram o mundo
cantando juntos.
Plácido Domingo e José Carreras |
Mesmo aqueles que nunca
visitaram Espanha, conhecem a rivalidade existente entre catalães e madrilenos,
já que os catalães lutam pela sua autonomia numa Espanha dominada por Madrid.
Pois bem, Plácido
Domingo é madrileno e José Carreras é catalão e, por questões políticas, em 1984,
Carreras e Domingo tornaram-se adversários. Sempre muito solicitados em todas
as partes do mundo, ambos faziam constar nos seus contratos que só se
apresentariam em determinado espetáculo se o adversário não fosse convidado.
Em 1987, surgiu a
Carreras um inimigo muito mais implacável do que o seu rival Plácido Domingo.
Foi surpreendido por um diagnóstico terrível: leucemia.
A sua luta contra o cancro
foi muito dolorosa, submeteu-se a vários tratamentos, o transplante da medula
óssea e uma transfusão de sangue que o obrigava a viajar uma vez por mês aos
Estados Unidos.
Nestas condições não
podia trabalhar e apesar de ser dono de uma razoável fortuna, os altos custos
das viagens e o tratamento debilitaram as suas finanças.
Quando não teve mais
condições financeiras, tomou conhecimento da existência de uma fundação em
Madrid, cuja finalidade única era apoiar o tratamento de doentes de leucemia.
Graças ao apoio da
Fundação “Hermosa”, Carreras venceu a doença e voltou a cantar, recebeu
novamente os altos cachets que merecia e tratou de se associar à fundação.
Ao ler os estatutos da fundação,
descobriu que o fundador, maior colaborador e presidente da associação era
Plácido Domingo.
Soube, então, que este
criou a fundação, em princípio, para o atender e que se manteve no anonimato
para que não se sentisse humilhado por aceitar auxílio do seu “inimigo”.
Os Três Tenores |
O mais comovedor foi o
encontro dos dois...
Surpreendendo Plácido numa
de suas apresentações em Madrid, Carreras interrompeu o evento e humildemente,
ajoelhando-se a seus pés, pediu-lhe desculpas e agradeceu-lhe publicamente.
Plácido ajudou-o a
levantar-se e com um forte abraço selaram o início de uma grande amizade.
Numa entrevista a
Plácido Domingo, uma jornalista perguntou-lhe porque tinha criado a Fundação
“Hermosa” num momento em que, além de beneficiar um inimigo, tinha ajudado o
único artista que poderia fazer-lhe concorrência. A resposta de Domingo foi
curta e definitiva:
— Porque não se pode
perder uma voz como esta...
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