A Igreja Católica comemora hoje, 22 de janeiro, a festa do dia de São Vicente, abrindo uma exceção à Liturgia do Tempo Comum, por coincidir com um dia de domingo. Pela Igreja Ortodoxa, São Vicente é comemorado a 11 de novembro.
Fresco da Igreja de São Vicente, em Lisboa |
Vicente de Saragoça, também conhecido como São Vicente de Fora ou San Vicente Mártir, foi um mártir do início do século IV, que sofreu o martírio em Valência. Nasceu em Aragão (atual Espanha) e não se sabe ao certo a data do seu nascimento. Os relatos apontam a sua existência de vida no fim do século III e início do século IV. A história deste santo chegou aos dias de hoje mais em forma de lenda, do que em dados documentais. Reza a lenda que Vicente teria deixado Huesca ainda criança, para viver em Saragoça.
São Vicente foi contemporâneo do imperador romano Diocleciano. Roma estendia, então, o seu império até à Península Ibérica. Durante o seu reinado, Diocleciano reabilitou as velhas tradições romanas, incentivando o culto dos deuses antigos, proibindo o culto do cristianismo, iniciando aquela que seria vista pelos historiadores como a penúltima perseguição do Império Romano ao cristianismo.
Em fevereiro de 303, Diocleciano promulgou um édito imperial que ordenava a destruição geral de igrejas e objetos do culto dos cristãos, ordenando que toda a população fizesse sacrifícios aos deuses romanos.
Cabo de São Vicente, no Algarve |
Durante esta perseguição aos cristãos, Vicente, devotado cristão, recusou-se a obedecer às ordens imperiais de oferecer sacrifícios aos deuses pagãos. Por causa desta sua recusa, foi cruelmente martirizado até à morte, em 304. Após o martírio, o corpo de Vicente teria sido atirado aos animais, mas foi protegido de ser devorado por um corvo. Esta proteção foi vista pelos cristãos como um milagre, foi-lhe erguida uma igreja, em homenagem, e Vicente passou passou a ser venerado como um santo.
Com o fim do Império Romano, a Península Ibérica sofreu a invasão dos mouros. Durante a época desta invasão, os muçulmanos, em 713, puseram o corpo de São Vicente num barco e deixaram-no à deriva, no mar. O barco, levando as relíquias do martirizado, foi dar ao Promontorium Sacrum (Promontório Sacro, Cabo de Sagres, Portugal), que passou a chamar-se Cabo de São Vicente.
Igreja de São Vicente de Fora, em Lisboa |
Os cristãos que aí viviam sob o domínio dos mouros, recolheram o corpo e transportaram-no para uma ermida erguida em sua homenagem. Durante alguns séculos o culto de São Vicente alastrou-se por todo o território que seria futuramente o o reino de Portugal.
Dom Afonso Henriques, primeiro rei de Portugal, foi quem decidiu resgatar o corpo de São Vicente aos sarracenos, que dominavam Sagres, nessa época. Sob as ordens de Dom Afonso Henriques, as relíquias do santo foram levadas para Lisboa. Diz a tradição da lenda que, quando o corpo seguiu no barco, dois corvos acompanharam-no, velando-o.
As relíquias, transferidas de Sagres para uma igreja fora das muralhas de Lisboa, geraram uma veneração intensa dos habitantes desta cidade, por São Vicente, que em 1173 e de acordo com a tradição, foi proclamado o santo padroeiro de Lisboa. Hoje, a Igreja também reconhece São Vicente como santo padroeiro da diocese do Algarve.
Barca de São Vicente |
Em França, São Vicente é padroeiro dos vinhateiros e profissões afins, e porta como insígnias um cacho de uvas, para além da palma do martírio.
O corvo, ave da lenda do santo martirizado em Valência e que também zelou pela segurança do transporte de barco das relíquias do santo para Lisboa, foi adotado como um símbolo do brasão desta cidade e de muitas outras povoações portuguesas.
E assim permaneceu até aos dias de hoje.
2 comentários:
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El otro describe el Camino histórico de Roda de Isábena a Valencia que rememora los pasos de San Vicente Mártir , patrón de Valencia, cuando en el siglo IV fue apresado en Zaragoza junto al Obispo Valero por los soldados romanos enviados por el Cónsul Daciano y trasladado a Valencia para sufrir martirio ante la negativa a renunciar a su fe. Así la difusión del conocimiento de este hecho provocó en los siglos siguientes una corriente de peregrinaciones desde toda Europa hasta Valencia para visitar los restos del mártir en San Vicente de la Roqueta , convirtiéndose este fenómeno en algo muy anterior a las peregrinaciones medievales a Santiago de Compostela, desarrollado por Via Vicentius.
http://viavicentius.blogspot.com
http://www.caminodesanvicentemartir.es
Muito obrigada pela vista e comentário. Já visitei o vosso site ao qual logo me associei, porque gostei bastante e achei muito interessante.
Contem uma informação preciosa. Os meus parabéns para Valencia, e para os administradores dos sites.
Cumprimentos de Lisboa.
Gracias.
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