quarta-feira, janeiro 11, 2012

A MAGIA DA DANÇA (PARTE III) - A VALSA








A primeira dança de salão oficial, a Valsa, a primeira que qualquer aspirante a bailarino aprende, foi apresentada ao mundo em Viena, Áustria, no ano de 1776, e na Alemanha quase simultaneamente. É  um género musical erudito de compasso binário composto ( embora muitas vezes, para facilitar a leitura, seja escrita em compasso ternário). As valsas foram muito tocadas nos salões vienenses e muito dançadas pela corte e toda a elite da época, nos grandiosos salões do Palácio de Hofburg, em Viena.

A Valsa Vienense - Ballet da Ópera de Viena

A palavra "Valsa" deriva do alemão "Walzen", que significa "girar" ou "deslizar". Nada mais apropriado, tendo em conta que esta é uma dança que incorpora um padrão básico de movimentos ( passo-passo-espera ) e resulta numa dupla de bailarinos elegantes que, em ondulações graciosas, mudanças rápidas na velocidade do corpo e as elevações nas pontas dos pés de ambos, tornam a Valsa única. A sua coreografia pode ser originalmente simples, baseada num esquema em diagonal, com um ritmo repetitivo, básico e de fácil memorização, que se traduzem em movimentos leves e suaves, executados na pista sempre no sentido contrário dos ponteiros do relógio.

Johan Strauss I

Curiosamente, uma das danças mais elegantes de todos os tempos teve a sua origem nos dançares tradicionais dos camponeses austríacos. Com algumas adaptações, o folclore camponês, tão popular na Áustria e no sul da Alemanha, entrou pelos salões de dança como um furacão, e foi imediatamente aceite pela sociedade vienense.

A Valsa e o seu sucesso seguiram para França (só em Paris existiram 700 salões de dança) e depois para Espanha e Portugal. Os portugueses, por sua vez, levaram a Valsa na bagagem da sua corte, quando a Corte portuguesa desembarcou no Brasil, em 1808. Foi apresentada nos salões onde dançava a elite do Rio de Janeiro. E assim correndo o mundo, chegou à América, Boston, no ano de 1834, onde não foi tão bem recebida.
Johan Strauss II

Ao contrário das danças existentes até então - onde o par dançava separado ou com os braços esticados e as mãos pousadas nos ombros um do outro - a Valsa implicava um contacto físico muito próximo e, por incrível que pareça, foi desde logo apelidada de "dança proibida" e apontada como uma dança vulgar, ou seja, um autêntico pecado. Este sentimento era ainda partilhado pelo povo inglês, na Europa, onde a aceitação da Valsa foi igualmente lenta.

Por outro lado, a intimidade da Valsa era algo que agradava a muita gente, principalmente aos jovens e, como o "fruto proibido é sempre o mais desejado", não houve resistência suficientemente forte para extinguir a dança.

Aliás a sua popularidade e aceitação continuaram a crescer ao longo de todo o século XIX, por dois motivos: os seus passos básicos eram fáceis de aprender e os salões de dança eram dos "espaços públicos de aproximação, que a época oferecia a namorados e amantes".

Palácio de Hofburg, na actualidade

Em meados do século XIX, a Valsa estava simplesmente na moda e praticava-se em todo o mundo, sem excepção.

Os compositores mais famosos do estilo são os membros da família Strauss, Johann Strauss I e Johann Strauss II. Mais tarde a Valsa foi reinterpretada por compositores como Frédéric Chopin, Joahannes Brahms e Maurice Ravel.

Johann Strauss foi o pai de Johann Strauss II  , e mais dois irmãos, Josef  e Eduard Strauss. Johan Strauss II afirmou muitas vezes admirar as obras de seu pai, mas não era segredo para os vienenses que a rivalidade entre os dois foi intensa, rivalidade fortemente alimentada pela imprensa da época. Strauss pai, morreu em Viena em 1849, vítima de escarlatina, apanhada por contágio de um dos seus filhos ilegítimos.

Baile Anual da Valsa, no Palácio de Hofburg

Quando o pai morreu, o jovem Johann Strauss II fundiu a sua orquestra com a de seu pai e iniciou uma série de "tournées", após as quais compôs uma série de composições patrióticas dedicadas ao imperador Franz Josef I, de Habsburg, provavelmente para agradar aos olhos do novo monarca que subiu ao trono austríaco, após a revolução de 1848.

Strauss Jr. finalmente superou a fama de seu pai, e tornou-se um dos compositores de valsa mais populares da época, fazendo digressões com a sua orquestra por todo o Império Austro-Húngaro, Polónia e Alemanha. Strauss foi admirado por outros compositores como Richard Wagner e tornou-se amigo pessoal de Johannes Brahms, a quem dedicou uma valsa.

Monumento a  Johan Strauss II, em Viena, Áustria.

O legado deixado pelo compositor é vasto, desde a composição de diversas operetas e uma ópera, marcado sobretudo pelas suas valsas tão belas quanto inesquecíveis, como "Danúbio Azul", "Lenda dos Bosques de Viena", a "Valsa do Imperador" e tantas mais. Mas foi  durante a composição do "ballet" "Aschenbrödel", que Johan Strauss II morreu, em 1899.

Apesar da popularidade inicial da valsa ter sido confrontada com alguma resistência, a mais conhecida dança de salão de sempre sobreviveu a todas as críticas, mostrando o seu valor nas melhores pistas de dança do mundo. Com o passar dos anos, serviu de base à criação de outras danças, igualmente populares e assumiu diversas variações:

  • Valsa Vienense: a pioneira, dança-se a um ritmo bastante rápido.
  • Valsa Moderna ou Inglesa: uma variante da Valsa Vienense, dança-se a um ritmo mais lento.
  • Valsa Internacional Standard: o par mantém sempre a posição "fechada", normalmente é apenas dançada em competições internacionais.
  • Valsa Estilo Americano: incorpora vários movimentos onde o par deixa praticamente de ter contacto um com o outro.
  • Valsa Peruana: muito semelhante à Valsa Moderna, difere na música, que é fortemente influenciada pelos sons latinos e espanhóis.
  • Valsa Venezuelana: os venezuelanos incluíram novos passos e a sua própria música, à Valsa clássica.
  • Valsa "Cross Step": como o próprio nome indica, esta Valsa inclui um passo especial, que é cruzado

Aceitemos o convite e, dançando ou simplesmente assistindo, vamos gozar a beleza da Valsa...






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