Ontem, integrada num grupo de colegas da Util, desloquei-me ao Museu da Farmácia em Lisboa, onde nos aguardava uma visita.
Constituiu uma agradável surpresa: usufruí de uma visita excelentemente guiada no que respeita a informação, simpatia e competência demonstradas pela jovem guia, como o próprio Museu me surpreendeu pela variedade e riqueza do seu espólio. De assinalar a beleza do palácio que ocupa, agora modernizado, em plena Lisboa histórica, e os jardins com o magnífico miradouro sobre o Tejo. Confesso, gostei. Justifica bem uma visita.
Constituiu uma agradável surpresa: usufruí de uma visita excelentemente guiada no que respeita a informação, simpatia e competência demonstradas pela jovem guia, como o próprio Museu me surpreendeu pela variedade e riqueza do seu espólio. De assinalar a beleza do palácio que ocupa, agora modernizado, em plena Lisboa histórica, e os jardins com o magnífico miradouro sobre o Tejo. Confesso, gostei. Justifica bem uma visita.
Com 12 mil visitantes anuais, um par de horas chega para se ficar a saber quase tudo o que há para saber sobre a conquista da saúde no mundo.
O projeto arrancou em 1981. Uma equipa da Associação Nacional de Farmácias decidiu começar a sensibilizar as farmácias portuguesas em remodelação, para doarem o seu património ao futuro museu. Até ao ano da abertura, em 1996, reuniram nove mil peças. Começaram a adquirir objetos mais antigos em leilões e coleções privadas. No museu que continua em crescimento, não existe nenhuma peça mais especial do que a outra. Só talvez a pedra filosofal.
Conhecida por pedra filosofal, a Pedra de Goa foi o medicamento feito por farmacêuticos portugueses na Índia no século XVI, que se achava ser a chave da eternidade. A do museu está intacta, com o respetivo cálice de prata que conferia pureza e envolta em dourado, cor que simboliza a vida eterna. É uma mistura de barro, lodo, conchas, âmbar, almíscar, resina, raspas de corno de unicórnio, pedras preciosas e ópio. O seu uso era simples: nas dores ligeiras era só passar a pedra pelo corpo; para grandes males, raspava-se a pedra, ingeria-se e colocava-se uma folha de ouro a cobrir a parte usada.
O Museu da Farmácia alberga o sarcófago mais antigo do país. Todas as peças do espólio têm um sentido. No Egipto a múmia no sarcófago não representava o fim da vida, logo da saúde, mas sim o início. Exposto na vertical, significa a conquista da eternidade na saúde e na beleza, daí a importância da cosmética de então.
O Museu da Farmácia alberga o sarcófago mais antigo do país. Todas as peças do espólio têm um sentido. No Egipto a múmia no sarcófago não representava o fim da vida, logo da saúde, mas sim o início. Exposto na vertical, significa a conquista da eternidade na saúde e na beleza, daí a importância da cosmética de então.
No museu pode ser vista a única peça gravada com escrita cuneiforme em exposição em Portugal, uma receita da Mesopotâmia, onde se recomenda o uso terapêutico da cerveja, entre um sem fim de peças singulares, como estatuetas do México datadas entre 550 e 950 A.C., e o mítico e enorme dente de narval (mamífero do Ártico) que as lendas diziam ser o corno do unicórnio, o animal puro com poderes curativos.
Perdidas na variedade do espólio, descobre-se outras curiosidades como um mapa com os pontos de energia do corpo humano, do Tibete, ou a "técnica" que antecede o Raio-X: no passado a questão resolvia-se com alucinogénos. O médico e o paciente drogavam-se para subir ao mundo dos espíritos onde falavam os dois para que então o espírito do médico entrasse dentro do corpo do paciente e fizesse o diagnóstico.
Daí até ao século XXI, passa-se pelas farmácias portáteis de expedições e por uma cultura original de penicilina, assinalada a vermelho por Alexander Fleming. Chega-se aos dias de hoje com uma alusão à exploração de aplicações da nanotecnologia para o campo de saúde.
Podem ainda ser vistas quatro reconstruções em tamanho real de farmácias do período entre o século XVII e o século XX, entre elas uma trazida na íntegra de Macau, e ainda uma farmácia lisboeta que participou recentemente nas gravações da série da RTP sobre o regicídio.
Um dia, ao olhar para o céu, o diretor deste museu, João Neto, lembrou-se de contactar a NASA e a Agência Espacial Federal Russa, dado que no museu não havia nada referente às odisseias do homem no espaço.
Assim, após alguns contactos, a farmácia portátil original da missão STS-97 do vaivem espacial Endeavour, em dezembro de 2000, como produtos de higiene pessoal e alimentos utilizados na MIR e na parte russa da Estação Espacial, foram integrados no espólio deste museu.
O próximo projeto será a aquisição e exposição de objetos evocadores da saúde utilizados em filmes ou por pessoas famosas. Prometemos não nos surpreender com as novidades que possamos vir a admirar numa próxima visita ao Museu da Farmácia...
Este Museu recebeu uma Menção Honrosa na entrega dos Prémios Anuais de Museologia que a Associação Portuguesa de Museologia (APOM) atribuiu aos museus nacionais que mais se distinguiram em 2011, nas mais variadas vertentes.
O prémio, na categoria de Melhor Intervenção em Conservação e Restauro, valoriza o trabalho de reconstituição da Farmácia Estácio, que se encontra exposta no Museu da Farmácia da cidade do Porto.
Este prémio, visa distinguir também a ação do Museu na recolha e preservação do património farmacêutico desde 1981.
LOCALIZAÇÃO DO MUSEU DA FARMÁCIA:
Rua Marechal Saldanha, 1,
1249-069 Lisboa.
Distrito: Lisboa
Concelho: Lisboa
Freguesia: Santa Catarina
Telef: 213400680
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