domingo, abril 08, 2012

"PIB" OU "FIB"? - Butão, o Reino da Felicidade












Ignorada pelos roteiros turísticos tradicionais, Paro é a entrada para o Butão, pequeno reino do Himalaia, localizado entre os gigantes China e Índia, na Ásia. Paro não é a capital - a sede administrativa é Thimphu -mas a única cidade que tem aeroporto. A 2.250 metros acima do nível do mar, o vale é também um dos principais pontos de partida para algumas montanhas mais altas do mundo, como Gangkar Puensum (7541 metros acima do nível do mar) e a Jumolhari (7314).

Reino do Butão

Uma das nações mais pobres do globo, de acordo com a ONU (Organização das Nações Unidas), o Butão também figura entre as dez mais felizes, segundo pesquisa da University of Leicester, no Reino Unido. O país tem fome zero, analfabetismo zero, índices de violência insignificantes e nenhum mendigo nas ruas. Não há registo de corrupção administrativa e o povo adora o rei, Jigme Khesar Namgyal Wangchuck, o quinto em cem anos de monarquia (1907-2007).

A Felicidade é levada a sério no país - único no mundo a ter Gross National Happiness (Felicidade Interna Bruta, FIB, tradução para o português) como política pública. Cabe ao Estado prover as condições necessárias para que a população possa concentrar-se na busca da felicidade, por meio dos ensinamentos do Budismo, religião oficial do país.

Mosteiro de Cheri

O Butão tem uma população de 2,3 milhões de habitantes, segundo o último censo, abrigados nos 38,4 mil quilómetros quadrados da superfície do seu território. Os butaneses são simples, hospitaleiros e muito gentis. Não apresentam os sinais de stresse, pressa e impaciência, tão comuns na cultura ocidental. A uma pergunta do tipo: "posso fazer isto?", eles respondem invariavelmente o mesmo: "se isso te faz feliz,sim". O salário mínimo no Butão é de 100 euros mensais.

A arquitetura e o artesanato são das maiores atrações no Butão. Em cada distrito (20.000 no total), existe um "Dzong", antigos fortes usados hoje como sedes administrativas, assim como os "Chortens", pequenos templos construídos para abrigar imagens do Buda e relíquias religiosas. O artesanato e o vestuário têm  também tradição milenar. Peças de prata e cobre, tecidos criados no tear, bordados feitos à mão, pinturas em madeira, de fundo religioso, enfeitam todas as casas e estão à venda nas lojas do país.

Cidade de Paro

Mas foi neste minúsculo Butão, país encravado na Ásia e aos pés da cordilheira do Himalaia, que este conceito de Felicidade Interna Bruta surgiu há mais de trinta anos e que engloba não só o crescimento económico, mas também as dimensões sociais, ambientais espirituais e culturais do desenvolvimento.

Na Conferência Nacional sobre o FIB, realizada no final de outubro em São Paulo, Brasil, o coordenador das pesquisas sobre o FIB no Butão, Karma Dasho Ura, explicou como é composto este índice: "Analisamos as 73 variáveis que mais contribuem para a meta de atingir o bem-estar e a satisfação com a vida". Essas variáveis estão contempladas em nove itens gerais:

Família butanesa

  1. Bom padrão de vida económico
  2. Gestão equilibrada do tempo
  3. Bons critério de governança
  4. Educação de qualidade
  5. Boa saúde
  6. Vitalidade comunitária
  7. Proteção ambiental 
  8. Acesso à cultura
  9. Bem-estar psicológico.
Para Dasho Ura, a "felicidade das pessoas deve ser o objetivo das políticas públicas do governo". Outro convidado do evento, entre outros, foi Michael Pennock, diretor do Observatório para Saúde Pública em Vancouver, no Canadá, que expôs uma situação semelhante no seu país: " Ficamos mais prósperos, mas perdemos a sensação de vida em comunidade.

Festival no Butão


Não somos mais felizes e estamos a destruir o planeta", afirmou.


Ao informar que está em desenvolvimento o índice Canadense de Bem-Estar, baseado na estrutura da FIB, Pennock afirmou: "Precisamos repensar as nossas noções básicas de progresso, pois, a partir de certo ponto, a prosperidade não traz o aumento da felicidade nem do bem-estar".


Quanto ao historial do Reino do Butão, não se lhe conhece qualquer registo até ao século VII. Acredita-se que o país era inabitado até ao ano 2000 a.C. No século VII, o rei do Tibete Songtsen Gambo, construiu os dois primeiros mosteiros do país o Kyichu Lhkhang, em Paro, e o Jambay Lakhang, na cidade de de Bhumtang. Os templos colocaram o Butão no mapa do Budismo. Até ao século XX, o Butão foi regido pela filosofia budista, pelas suas diretrizes administrativas, sociais, morais e legais. Somente em 1907 o país coroou o primeiro rei, Jigme Thinley, em março de 2008. Quatro meses depois o país promulgou a sua primeira Constituição.

Família real do Butão


Presentemente o rei só se pronuncia quanto às questões de segurança nacional. As demais decisões cabem ao primeiro-ministro.

Mesmo assim a figura do rei, mais precisamente a família real, está presente em todas as casas, festividades e comemorações públicas do país, com grande simpatia por parte da população.

        

Poderão os políticos deste mundo conturbado, seguir o exemplo?...PIB ou FIB?










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