segunda-feira, outubro 13, 2014

MALALA YOUSAFZAY E KAILASH SATYARTHI DIVIDEM O PRÉMIO NOBEL DA PAZ 2014








O indiano Kailash Satyarthi e a paquistanesa Malala Yousafzay ganharam o Nobel da Paz de 2014 "pela sua luta contra a supressão das crianças e jovens e pelo direito de todos à educação", anunciou o comité organizador do prémio na manhã de sexta feira passada. Satyarthi, de 60 anos, é um ativista dos direitos das crianças na Índia e a Malala sobreviveu a uma tentativa de assassinato dos talibãs em 2012 pela  sua militância a favor da educação das meninas na sua região natal do noroeste do Paquistão.

Com o prémio, Malala, de 17 anos,  torna-se na mais jovem ganhadora do Nobel, superando o cientista australiano-britânico Lawrence Bragg, que compartilhou o Prémio de Física com o pai, em 1915, aos 25 anos. Na sua conta no microblog Twitter, Malala disse: "Obrigada por todo apoio e amor".


Depois de receber tratamento médico intensivo, Malala mudou-se para o Reino Unido. Em 2013, recebeu o prémio Sakharov para a liberdade de consciência, concedido pelo Parlamento Europeu.
"As crianças precisam de ir para a escola e não serem exploradas financeiramente. Nos países pobres do mundo, 60% da população atual tem menos de 25 anos. É fundamental para um desenvolvimento global pacífico que os direitos das crianças sejam respeitados", disse o presidente do Comité Nobel norueguês, Thorbjoern Jagland.

"Kailash Satyarthi, mantendo a tradição de Gandhi, liderou várias formas de protestos e manifestações, todas pacíficas, focando na grave exploração das crianças para ganho financeiro. Ele também contribuiu para o desenvolvimento de importantes convenções internacionais sobre o direito da criança."

Satyarthi afirmou que estava "encantado" com a notícia, segundo a agência Press Trust of India. "Agradeço ao comité Nobel por este reconhecimento do sofrimento de milhões de crianças", disse o premiado.

Abandonou a carreira de engenheiro eletricista em 1980 e passou a fazer campanha contra o trabalho infantil e a organizar numerosas formas de protesto pacífico e manifestações contra a exploração de crianças para ganho financeiro

Malala Yousufzai estava numa aula de Química quando soube que tinha sido distinguida com o Prémio Nobel da Paz. Sentiu-se honrada por receber uma distinção que diz não merecer. Decidiu assistir a todas as aulas que tinha esta sexta-feira e só depois deixou o liceu Edgbaston, em Inglaterra. Na reacção ao prémio mostrou firmeza nos seus objectivos e prometeu que a sua luta pelo direito das crianças à educação não irá esmorecer.

“Sinto-me honrada por ter sido escolhida como Prémio Nobel da Paz. Sinto-me honrada com este precioso prémio. E estou orgulhosa por ser a primeira paquistanesa e a primeira jovem a conseguir este prémio. É uma grande honra para mim”, começou por dizer Malala, a jovem laureada do Nobel da Paz deste ano, de 17 anos, numa conferência de imprensa em Birmingham, onde vive com a família desde que deixou o Paquistão. Malala sublinhou que este prémio é “para todas as crianças sem voz”, “para lhes dar coragem”.

A paquistanesa, que queria ser médica e agora quer ser uma “boa política”, voltou a mostrar a sua faceta de oradora eloquente e desembaraçada quando lembrou que o prémio não era só seu mas também do indiano Kailash Satyarthi. “Estou muito contente por partilhar este prémio com uma pessoa da Índia. Com alguém com um grande caminho pelos direitos das crianças e contra a escravatura infantil. Inspira-me. Estou muito contente por haver tantas pessoas que caminham pelos direitos das crianças e que não estou sozinha”.


A jovem activista aproveitou o facto de ser paquistanesa e Satyarthi indiano para falar da tensão que ainda ensombra os dois países. “Um acredita no hinduísmo e outro acredita fortemente no islão. Isso envia uma mensagem às pessoas, uma mensagem de amor entre o Paquistão e a Índia e entre as diferentes religiões. Não interessa a cor da pele, a língua que falamos, a religião em que que acreditamos, devemos considerar-nos todos seres humanos e devemos respeitar-nos e lutar pelos direitos das crianças, das mulheres e de todos os seres humanos”.


A jovem disse ter-se comprometido com Satyarthi, com quem falou ao telefone, a apelarem aos respectivos primeiros-ministros Narendra Modi, da Índia, e Nawaz Sharif, do Paquistão, para que estejam presentes na cerimónia de entrega do Prémio Nobel da Paz, em Oslo, a 10 de Dezembro. Malala e Satyarthi pretendem “caminhar juntos para que todas as crianças tenham educação”. “Vamos tentar estabelecer ligações fortes entre o Paquistão e a Índia”.

Num agradecimento à família, Malala falou do pai e da importância de a ter deixado “voar” para atingir os seus objectivos.
O Prémio Nobel que acaba de receber é tido como um encorajamento para continuar a sua campanha em defesa do direito das crianças à educação e da igualdade entre homens e mulheres. 

“Às vezes é muito difícil expressar os nossos sentimentos, mas senti-me muito honrada, mais poderosa e corajosa. Este prémio é mais que um pedaço de metal, é um encorajamento para continuar, para acreditar em mim, e saber que há mais pessoas que me apoiam nesta campanha”.

O primeiro-ministro do Paquistão, Nawaz Sharif, afirmou que Malala é o "orgulho do Paquistão".


Palavras de Malala aos ouvidos surdos do mundo:
«Uma criança, um professor, uma caneta e um livro podem mudar o mundo. A educação é a única solução. Educação antes de tudo». E «Não podemos ser bem-sucedidos quando metade do mundo é reprimida». 

(Malala Yousafzai Discurso na ONU a 12 de Julho de 2013, o dia em que completou 16 anos).
10/10/2014 06h01 - Atualizado em 10/10/2014 11h17








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