quinta-feira, outubro 23, 2014

" A HISTÓRIA PARTILHADA.TESOUROS DOS PALÁCIOS REAIS DE ESPANHA"- Fundação Calouste Gulbenkian






São 140 obras que chegaram a Portugal pela primeira vez. Algumas têm assinatura de pintores como Goya, Caravaggio, Tintoreto ou Velázquez.
O património não se faz só de monumentos. A prová-lo está a exposição que inaugura esta quarta-feira, na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, e que revela 140 obras do património espanhol.

"A história partilhada. Tesouros dos Palácios Reais de Espanha" é uma mostra em que se pode apreciar obras de nomes maiores da pintura, como Goya, Caravaggio, Tintoreto ou Velázquez.A exposição é centrada no coleccionismo dos monarcas espanhóis e aproxima os dois países, diz o director do Museu Gulbenkian, João Castel-Branco.

Além de pintura, esta exposição única que chega a Lisboa exibe também escultura, armaria, arte sacra e mobiliário. Pilar García, uma das curadoras, diz que é a primeira vez que são mostradas em Portugal todas estas obras.

“Nenhuma das obras que está nesta exposição pisou antes solo português. Tivemos muito cuidado com isso. Sabemos que temos nas colecções reais espanholas muitas obras relacionadas com Portugal mas que já estiveram cá noutras exposições. Por exemplo, já emprestámos muitas vezes objectos indo-portugueses mas, desta vez, quisemos que nenhuma destas peças estive estado antes em Portugal.”

Há dois anos que a Gulbenkian e o Património de Espanha trabalham nesta exposição que, de acordo com o curador Álvaro del Campo, é ambiciosa. “Acho que é um projeto muito ambicioso, porque tenta falar de muitas coisas e tem muitas leituras cruzadas. Mas posso destacar algumas linhas. Uma das mais importantes, são as relações e influências entre as casas reais de Portugal e Espanha em toda a criação e em todas as obras de arte e de objectos culturais do património real.”

As obras pertencem ao Património Nacional de Espanha, que depende da presidência do Governo espanhol e que tem a seu cargo o antigo património real. É dos 22 edifícios tutelados que chegam as 140 peças expostas em Lisboa. Há também obras de duas colecções particulares, do Museu do Prado e do Museu Arqueológico Espanhol e uma do Museu Nacional de Arte Antiga de Lisboa.
                
A mostra revela como foi criada a coleção da coroa espanhola, para a qual Isabel, a Católica, teve um papel importante. Álvaro del Campo, o curador da exposição, revela que é a monarca quem recebe o visitante ao chegar à exposição.

“Começamos com Isabel - a Católica, rainha de Castela, porque é uma filha de Portugal, mas não é só por isso. É a grande criadora, é quem lança as bases do Estado moderno em Espanha e é a herdeira de um património que vai ser depois a alma do património real que é todo o tesouro que estava guardado na casa de Segóvia - O tesouro real dos Trastâmaras.  Com a chegada da Casa da Áustria esse tesouro é aumentado com a figura do imperador Carlos V que, como sabem, estava casado com Isabel de Portugal e que vai garanti-lo perante Filipe II”, explica.

Também na entrada da exposição é dado ao visitante ao entrar um folheto, uma árvore genealógica que espalha as relações familiares entre Portugal e Espanha e as suas casas reais.

Igualmente importante para a história do colecionismo foi a figura de Filipe II. “Devemos lembrarmo-nos que tem quase mais sangue português que espanhol. É de família. E isso podem vê-lo muito bem na árvore genealógica que está no início da exposição e que deixa muito claro quais são as relações familiares durante estes séculos”, segundo Álvaro del Campo.

O curador sublinha que Filipe II, no seu testamento, estabelece que há três coleções fundamentais e são essas que vão permanecer e ser enriquecidas nos reinados seguintes.

O grande empreendimento artístico é a criação do Mosteiro do Escorial. No meio da exposição de paredes azuis escuras e brancas, Álvaro del Campo sublinha a importância do monumento, que integra um panteão, um centro de conhecimento e religioso e, ao mesmo tempo, um palácio para o rei.
De lá vieram algumas peças exemplares das artes ali expostas. Há  pinturas de Tessiano, Tintoretto, El Greco; objetos para fins litúrgicos e muitas obras preciosidades mostradas em Lisboa, onde poderão também ser vistas obras dos mosteiros de clausura.

As 140 peças estão expostas em duas salas da Gulbenkian, até 25 de Janeiro.

Lá estarei, se Deus quiser.

Para saber mais sobre esta mostra:


EXPOSIÇÃO TEMPORÁRIA

22 de outubro 2014 - 25 de janeiro 2015
Galerias de exposições temporárias
Fundação Calouste Gulbenkian e
Museu Calouste Gulbenkian
3ª feira a domingo das 10.00 – 18.00 horas (última entrada 17.30 horas). 
Encerra 2ª feira e nos seguintes dias: 24, 25 de dezembro e 1 de janeiro

Algumas das obras expostas:


Pinturas atribuídas a Gerard Horenbout (c. 1465-1541) ou a pintores espanhóis. BreviariumEspanha, final do século XV.
 Códice sobre pergaminho com iluminura. 19,8 x 14,3 cm
Juan Pantoja de la Cruz (1553-1608). Retrato de Carlos V com Armadura 1608.
 Óleo sobre tela.

Anton Raphael Mengs (1728-1779). O Meio-Dia ou Febo. Espanha, c. 1768-1769.
Óleo sobre tela
Bernard van Orley (1491-1541/1542). Pieter de Pannemaker (at. 1517-1535). Tapeçaria “Queda a. Caminho do Calvário”.
 Bruxelas, c. 1518-1523. Ouro, prata, seda e lã. 

 São Fernando a Adorar a Imaculada Conceição.Luca Giordano (1634-1705). 
Antón Peffenhauser (1525-1603). Armadura de aparato de Filipe II. Augsburgo, c. 1560.
 Aço repuxado, pavonado, cinzelado e gravado
Andrea Vaccaro (1604-1670). Milagroso Abastecimento de Um Convento Teatino. c. 1660-1661.
 Óleo sobre tela. 
Jan Cossiers (1660-1671) segundo composição de Peter Paul Rubens (1577-1640). A Morte de Jacinto. 1636- 1638.
 Óleo sobre tela. 

Andrea Vaccaro (1604-1670). Milagroso Abastecimento de Um Convento Teatino. c. 1660-1661. Óleo sobre tela. 
Manuel Pereira (1588-1683). Santa Isabel de Portugal. Espanha, c. 1625.
 Madeira talhada policromada. 
Doménikos Theotokópoulus, El Greco (1541-1614). A Adoração do Nome de Jesus. c. 1577-1579 .
 Óleo sobre tela. 
Autor desconhecido. Arca-relicário. Espanha, 1729. 
Madeira


Autor desconhecido. Relicário « Catedral de Milão». Milão, segunda metade do século XVI.
 Madeira, vidro, ferro, ouro, esmalte, papel pintado. 




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