SEM DEPOIS
Todas as
vidas gastei
para morrer
contigo.
E agora
esfumou-se o
tempo
e perdi o
teu passo
para além da
curva do rio.
Rasguei as
cartas.
Em vão: o
papel restou intacto.
Só meus
dedos murcharam, decepados.
Queimei as
fotos.
Em vão: as
imagens restaram incólumes
e só meus
olhos
se
desfizeram, redondas cinzas.
Com que
roupa
vestirei
minha alma
agora que já
não há domingos?
Quero
morrer, não consigo.
Depois de te
viver
não há
poente
nem o enfim
de um fim.
Todas as
mortes gastei
para viver
contigo.
MIA COUTO
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