VÉSPERA
Há um perfume
que trabalha em mim
e me acende,
antigo,
sobre a poeira
Há um rosto
que regressa à fonte
água readormecendo
E só hoje reparo
o labor das nuvens
corais solares
arquitectando o céu
Pássaros brancos
vão pousando
na varanda dos teus olhos
Só hoje enfrento o sol
fogo imóvel,
labareda de água
Andemos, meu amor,
de coração descalço sobre o sol
MIA COUTO,
in "Raiz de orvalho e outros poemas"
Outubro 1988
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