sexta-feira, outubro 21, 2016

PELA NOITE, COM EUGÉNIO DE ANDRADE: "LISBOA"

LISBOA


Alguém diz com lentidão:
“Lisboa, sabes…”
Eu sei. É uma rapariga
descalça e leve,
um vento súbito e claro
nos cabelos,
algumas rugas finas
a espreitar-lhe os olhos,
a solidão aberta
nos lábios e nos dedos,
descendo degraus
e degraus e degraus até ao rio.
Eu sei. 
E tu, sabias?


EUGÉNIO DE ANDRADE
in Até Amanhã, 1956


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