segunda-feira, fevereiro 06, 2017

EM TEMPOS DE CARNAVAL, A TRISTEZA E A ALEGRIA DOS AMORES E DESAMORES DE PIERROT, COLUMBINA E ARLEQUIM





Um Pierrot apaixonado,
que vivia só cantando,
por causa de uma Colombina
acabou chorando,
acabou chorando...




Colombina, Pierrot e Arlequim são personagens de um estilo teatral conhecido como Commedia dell’Arte, nascido em Itália, no século XVI.
Participantes de uma trama cheia de sátira social, os três figurantes representam serviçais envolvidos num triângulo amoroso: Pierrot ama Colombina, que ama Arlequim, que, por sua vez, também deseja Colombina.
Colombina e Arlequim

Este género teatral surgiu como alternativa à chamada Commedia Erudita, de inspiração literária, que apresentava atores que falavam em latim, naquela época uma língua já inacessível à maioria das pessoas. Assim, a história do trio enamorado foi sempre um autêntico entretenimento popular, com origem no Carnaval. Apresentadas nas ruas e praças das cidades italianas, as histórias encenadas ironizavam a vida e os costumes dos poderosos de então. Apesar de obedecerem a um enredo predefinido, as peças tinham a improvisação como ingrediente principal, exigindo dos atores uma grande disciplina e um talento cómico. Estes  tinham que responder rapidamente e de improviso às novas piadas e situações criadas pelo colegas.

Colombina, era criada de uma filha do patrão Pantaleão, o mais popular dos personagens patrões, representantes da elite da sociedade italiana nas histórias da Commedia dell’Arte. Mercador veneziano, Pantaleão era um tirano avarento e galanteador desajeitado, alvo constante do gozo dos servos e de outros personagens da trama.
Mas Colombina era tão bela e refinada quanto a sua patroa. Era também o pivô de um triângulo amoroso que ficaria famoso em todo o mundo – de um lado, o apaixonado Pierrot; do outro, o malandro Arlequim.  Para despertar o amor deste último, a romântica Colombina cantava e dançava provocantemente graciosa nos espetáculos.

Pierrot cujo nome original era Pedrolino, foi batizado em França, no séc. XIX, como Pierrot e assim ficou conhecido. O mais pobre dos personagens serviçais, vestia roupas feitas de sacos de farinha, tinha o rosto pintado de branco e não usava máscara. Vivia sofrendo e suspirando de amor pela Colombina. Por isso, era o alvo preferido das piadas em cena. Não foi à toa que a sua atitude, os seus trajes e sua maquiagem influenciaram todos os palhaços de circo. O seu caráter é aquele de um palhaço triste, apaixonado por Colombina, que inevitavelmente lhe parte o coração e o deixa pelo Arlequim. É normalmente representado usando roupas largas e brancas, por vezes metade pretas, cara branca e uma lágrima desenhada por debaixo dos olhos.
Pierrot
A característica principal do seu comportamento é a sua ingenuidade. É considerado como um bobo, sempre alvo de partidas, mas mesmo assim continua a confiar nas pessoas. Pierrot também é representado como sendo um lunático, distante e inconsciente da realidade.

Arlequim  também era criado de Pantaleão. Era também um espertalhão preguiçoso e insolente, que tentava convencer  todos da sua ingenuidade e estupidez. Depois de entrar em cena saltitando, deslocava-se pelo palco com passos de dança e um grande repertório de movimentos acrobáticos. Debochado, adorava pregar partidas aos outros personagens e depois usava a sua agilidade para se escapar das confusões criadas. Outra de suas características era a sua roupa de losangos, pela qual se destacava em cena.

No Carnaval Brasileiro, Arlequim procura encontrar o seu par, Colombina, pelas ruas. Gosta de fumar tabaco e atrapalhar a festa dos ambiciosos, aventureiros e homens de boa educação. Arlequim também pode, quando é avistado por uma dama, roubar-lhe um beijo, brincadeira que causa ciúmes a Colombina. Que acaba por pregar uma partida a Arlequim ou à dama que foi beijada…
Arlequim oferece ainda o seu coração a uma dama bela e acessível, deixando-o à porta de casa. Quando alguém come esse coração do Arlequim, torna-se o Arlequim.
A intenção de Pierrot é roubar o coração quando Arlequim o oferece a alguém, intento esse que fracassa sempre devido às brincadeiras do mesmo.

Em qualquer tradição carnavalesca, o amor deste trio lendário surge condenado ao fracasso e é celebrado das mais diversas formas. Mas sempre com o condimento alegre e picante, conjugado em perfeita harmonia com um romantismo nostálgico e dolente …




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