quinta-feira, fevereiro 09, 2017

CARMEN MIRANDA (1909-1955) - Uma Portuguesa que amou o Samba e o Carnaval, morreu há 108 anos.






Maria do Carmo Miranda da Cunha, nasceu em Marco de Canaveses em 9 de Fevereiro de 1909. Mais conhecida como Carmen Miranda, foi uma cantora e atriz lusobrasileira cuja carreira artística se dividiu  pelo Brasil e Estados Unidos, entre as décadas de 1930 e 1950. Trabalhou na rádio, no teatro de revista, no cinema e na televisão.

 
Carmen Miranda
Chegou a ter o maior salário até então pago a uma mulher nos Estados Unidos. O seu estilo eclético fez com que fosse considerada percursora do "tropicalismo", movimento cultural brasileiro, surgido no final da década de 1960. Ganhou o apelido "Carmen" no Brasil, graças ao gosto que o pai tinha por óperas.

Pouco depois do seu nascimento, o pai emigrou para o Brasil, onde se instalou no Rio de Janeiro. Em 1910, a mãe Maria Emília, seguiu o marido, acompanhada da filha mais velha Olinda e de Carmen, que tinha menos de um ano de idade. Carmen nunca voltou à sua terra natal, o que não impediu Marco de Canavezes de atribuir o seu nome ao Museu Municipal.

Em 1926, Carmen que tentava ser artista, apareceu incógnita, numa revista. Mas em 1929, foi apresentada pelo compositor Josué Barros, que, encantado com seu seu talento, promoveu a sua apresentação em editoras e teatros. Foi neste ano que fez as primeiras gravações em disco. Todavia o grande sucesso veio a partir de 1930, quando gravou a marcha "Pra Você Gostar de Mim" de Jubert de Carvalho. Antes do fim do ano já era apontada com a "maior cantora brasileira" pelo jornal "O País". A partir daqui, realizou diversas digressões pela Argentina.

Estreou o primeiro filme em 1936, no Brasil e depois de uma atuação com o ator de americano Tyrone Power, começou a delinear-se a sua carreira em Hollywood, com o fabuloso salário de 30 contos de reis, num casino.

Em 1939, o empresário norteamericano Lee Schubert e a atriz Sonja Henie assistiram ao seu show no casino de Usca e depois de uma atuação a bordo do transatlântico Normandie, Carmen assinou o seu primeiro contrato empresarial. Carmen Miranda partiu para os Estados Unidos no navio "Uruguai", em vésperas da Segunda Guerra Mundial (em Maio de 1939) e em 1946 era a artista mais bem paga de Hollywood e a mulher que mais impostos pagava nos Estados Unidos.

Apesar do seu casamento com o americano David Sébastian, Carmen relacionou-se com os atores como John Wayne e Dana Andrews. O seu casamento com  David, foi apontado como o começo da decadência moral e física da artista. David, que antes era um simples empregado de produtores de cinema, tornou-se seu empresário e conduziu desastrosamente os negócios da artista. Alcoólatra, foi ainda acusado de ter eventualmente estimulado Carmen a consumir bebidas alcoólicas, das quais esta logo se tornou dependente.

Como católica, evitava o divórcio do seu casamento, já em estado ruinoso e em consequência do qual sofreu um aborto que agravou profundamente as tendências depressivas e o abuso de bebidas alcoólicas, sedativos e barbitúricos, por parte da artista.

Em 1954 regressou ao Brasil onde fez vários tratamentos de desentoxicação, mas mantinha o casamento com o marido, que se havia tornado cada vez mais alcoólatra e violento. Todavia e após um período de melhoria, Carmen Miranda retornou aos Estados Unidos onde fez várias "tournées". Mas numa participação especial no programa televisivo de Jimmy Durante, Carmen sofreu um desmaio durante um número de dança. Ainda assim conseguiu recuperar e terminou a actuação.

Nessa mesma noite recebeu os amigos na sua residência de Beverly Hills e após ter bebido e cantado algumas canções, subiu para o quarto para se deitar. Acendeu um cigarro, vestiu um robe, retirou a maquiagem e dirigiu-se para a cama. Um colapso cardíaco fulminante derrubou-a e caiu no chão, morta, em 5 de Agosto de 1955.
O seu corpo foi encontrado no dia seguinte, pela mãe, às 10h e 30m da manhã. Tinha 46 anos.

O Brasil, para onde retornou o seu corpo embalsamado e a bordo de um avião, rendeu-lhe uma das maiores homenagens de sempre. O cortejo fúnebre para o cemitério de S. João Batista, foi acompanhado por uma multidão de mais de meio milhão de pessoas, que em surdina cantaram "Taí", um do seus maiores sucessos. No ano seguinte, o perfeito do Rio de Janeiro dedicou-lhe um museu, Museu Carmen Miranda, que foi inaugurado em 1976, no Flamengo.

O espólio artístico que deixou é extremamente vasto, englobando canções, filmes e inúmeras participações em programas de rádio e televisão.

Nunca regressou a Portugal, a sua terra natal.






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