SÓ SE MORRE DE AMOR
Meu
anjo, escuta: quando junto à noite
Perpassa
a brisa pelo rosto teu,
Como
suspiro que um menino exala;
Na
voz da brisa quem murmura e fala
Brando
queixume, que tão triste cala
No
peito teu?
Sou
eu, sou eu, sou eu!
Quando
tu sentes lutuosa imagem
D'aflito
pranto com sombrio véu,
Rasgado
o peito por acerbas dores;
Quem
murcha as flores
Do
brando sonho? — Quem te pinta amores
Dum
puro céu?
Sou
eu, sou eu, sou eu!
Se
alguém te acorda do celeste arroubo,
Na
amenidade do silêncio teu,
Quando
tua alma noutros mundos erra,
Se
alguém descerra
Ao
lado teu
Fraco
suspiro que no peito encerra;
Sou
eu, sou eu, sou eu!
Se
alguém se aflige de te ver chorosa,
Se
alguém se alegra co'um sorriso teu,
Se
alguém suspira de te ver formosa
O
mar e a terra a enamorar e o céu;
Se
alguém definha
Por
amor teu,
Sou
eu, sou eu, sou eu!
António Gonçalves Dias foi um poeta, advogado, jornalista, etnógrafo e teatrólogo brasileiro.
Nasceu a 10 de Agosto de 1823, em Caxias, Maranhão, Brasil, e morreu a 03 de Novembro de 1864.
Um grande expoente do romantismo
brasileiro e da tradição literária conhecida como 'indianismo'
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