sexta-feira, fevereiro 03, 2017

BOA TARDE, COM ANTÓNIO GONÇALVES DIAS: " SÓ SE MORRE DE AMOR"







SÓ SE MORRE DE AMOR

Meu anjo, escuta: quando junto à noite
Perpassa a brisa pelo rosto teu,
Como suspiro que um menino exala;
Na voz da brisa quem murmura e fala
Brando queixume, que tão triste cala
No peito teu?
Sou eu, sou eu, sou eu!


Quando tu sentes lutuosa imagem
D'aflito pranto com sombrio véu,
Rasgado o peito por acerbas dores;
Quem murcha as flores
Do brando sonho? — Quem te pinta amores
Dum puro céu?
Sou eu, sou eu, sou eu!


Se alguém te acorda do celeste arroubo,
Na amenidade do silêncio teu,
Quando tua alma noutros mundos erra,
Se alguém descerra
Ao lado teu
Fraco suspiro que no peito encerra;
Sou eu, sou eu, sou eu!


Se alguém se aflige de te ver chorosa,
Se alguém se alegra co'um sorriso teu,
Se alguém suspira de te ver formosa
O mar e a terra a enamorar e o céu;
Se alguém definha
Por amor teu,

Sou eu, sou eu, sou eu!





António Gonçalves Dias foi um poeta, advogado, jornalista, etnógrafo e teatrólogo brasileiro. 

Nasceu a 10 de Agosto de 1823, em Caxias, Maranhão, Brasil, e morreu a 03 de Novembro de 1864. 

Um grande expoente do romantismo brasileiro e da tradição literária conhecida como 'indianismo'






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