sexta-feira, agosto 09, 2013

URBANO TAVARES RODRIGUES (1923-2013) DEIXOU-NOS HOJE...





"O Fim do Amor Trágico e Romântico?
Vivemos, de facto, numa época em que a noção de amor trágico e romântico, 
que herdámos do século dezanove, se tornou inactual, embora continue ainda a ser vivida por muitos - e até com o carácter de construção moral e estética - essa relação extremamente apaixonada, exigente e exclusiva. 
A reclamação da liberdade erótica não me parece que de algum modo tenda a degradar a vida, 
conquanto possa dessublimizá-la e do mesmo passo desmistificá-la, 
precisamente no propósito de a tornar mais lúcida e mais generosa. 
Afigura-se-me que na contestação de todas as prepotências firmadas em preconceitos, 
em princípios estabelecidos apriorísticamente, 
há sempre um nexo muito íntimo entre a reinvindicação da liberdade erótica, 
da liberdade no trabalho e da liberdade política. 
E, naturalmente, quando se dá uma explosão desta espécie, 
é como uma pedra que rola e que vai agregando uma série de materiais 
e descobrindo a sua própria composição 
até às zonas mais profundas da sua estrutura."

Urbano Tavares Rodrigues ( in "Ensaios de Escreviver")





Morreu esta sexta-feira, aos 89 anos, Urbano Tavares Rodrigues - militante comunista, escritor, poeta e professor de Literatura. O escritor encontrava-se internado há três dias no Hospital dos Capuchos, em Lisboa. O seu derradeiro livro, Escutando o rumor da vida seguido de solidão em brasa, foi editado há perto de um ano.


Nascido em dezembro de 1923, Urbano Tavares Rodrigues iria fazer 90 anos em dezembro. Filho do também escritor Urbano Rodrigues, a sua escrita revela fortemente a influência do campo alentejano e das suas gentes, recebida durante a infância passada em Moura, onde nasceu no seio de uma família de grandes proprietários agrícolas.

De educação católica tradicional, virou as costas à religião durante a adolescência, por questões de coerência moral. Considerando-se um  "comunista heterodoxo", Urbano Tavares Rodrigues assumiu igualmente, por diversas vezes, críticas ferozes ao estalinismo. 

Um dos autores portugueses mais prolíficos da segundam metade do séc. XX, Urbano Tavares Rodrigues recebeu vários galardões literários, nomeadamente o Prémio Ricardo Malheiros, com a obra Uma Pedrada no Charco. Recebeu ainda o Prémio da Associação Internacional de Críticos Literários, o Prémio da Imprensa Cultural, o Prémio Vida Literária da Associação Portuguesa de Escritores e o Grande Prémio de Conto Camilo Castelo Branco. 
O corpo de Urbano Tavares Rodrigues será velado a partir das 19:00 na Sociedade Portuguesa de Autores, em Lisboa, 



 
Descanse em paz.











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