segunda-feira, outubro 01, 2012

A MAGIA DA DANÇA (PARTE IX) - O Samba
















O samba propriamente, é um género musical que deu origem a um tipo de dança de raízes africanas (Angola) e que ao surgir no Brasil se tornou numa das principais manifestações da cultura popular deste país.


Samba

No Brasil, acredita-se que o termo samba deriva da palavra semba, de origem africana, possivelmente de Angola ou Congo, de onde vieram a maior parte dos escravos para o Brasil. Para outros estudiosos, poderia ter tido origem na Península Ibérica, na palavra árabe Zamba ou Zambra, introduzida pelos mouros durante o século VIII e por ocasião da sua invasão da Península. Mas a certeza não existe e por isso mesmo outras versões surgiram ao longo dos tempos.


Instrumentos musicais do samba original

É complexo falar do Samba, é uma cultura com múltiplos movimentos, mas não restam dúvidas quanto à sua faceta mais marcante: a expressão musical, traduzida na música propriamente e na dança movimento. Será esta última o enfoque desta mensagem sobre a Dança.

Dentre as suas características originais, existe uma forma onde a dança é acompanhada por pequenas frases melódicas e refrões de criação anónima, alicerces do samba de roda nascido no Recôncavo Baiano e levado, na segunda metade do século XIX para a cidade do Rio de Janeiro pelos negros trazidos de África e que se instalaram na então na capital do Império. O samba de roda baiano, que em 2005 se tornou um Património da Humanidade da UNESCO, a pedido do então ministro da Cultura Gilberto Gil, foi uma das bases do samba carioca.


Heitor Villa-Lobos, compositor
Apesar de existir em várias partes do país - especialmente nos Estados da Bahia, do Maranhão, de Minas Gerais e de São Paulo - sob a forma de diversos ritmos e danças populares regionais que se originaram no batuque, o samba como género musical é entendido como uma expressão musical urbana do Rio de Janeiro, onde esse formato de samba nasceu e se desenvolveu entre o final do século XIX e as primeiras décadas do século XX. 

Foi no Rio de Janeiro que a dança praticada pelos escravos libertos entrou em contacto e incorporou outros géneros musicais tocados na cidade (como a polca, o maxixe, o lundu, o xote entre outros), adquirindo um caráter totalmente próprio. Desta forma, apesar de outras formas regionais de samba persistirem noutras partes do país, foi o samba carioca urbano que saiu da categoria local, para ascender à condição de símbolo da identidade nacional brasileira durante a década de 1930.

Considerado um marco na história moderna e urbana do samba, ocorreu em 1917, no próprio Rio de Janeiro, a gravação em disco de Pelo Telefone, considerado como o primeiro samba a ser gravado no Brasil (segundo os registos da Biblioteca Nacional). Pelo Telefone, na verdade, foi uma criação coletiva de músicos que participavam nas festas da casa da tia Ciata, mas acabou como um registo de Donga e Almeida, na Biblioteca Nacional. Pelo Telefone, foi a primeira composição a alcançar sucesso como marca de samba e contribuiria para a divulgação e popularização do género.


Carmen Miranda, cantora e sambista

A partir daquele momento, este samba carioca urbano começou a ser difundido pelo país, inicialmente associado ao carnaval, posteriormente alcançando um lugar próprio no mercado musical. Surgiram muitos compositores como Heitor Villa-LobosHeitor dos Prazeres, João da Baiana, Pixinguinha e Sinhô, mas os sambas destes últimos compositores eram amaxixados, e ficaram conhecidos como sambas-maxixe.

Os contornos modernos deste samba urbano carioca somente viriam no final da década de 1920, a partir de inovações em duas frentes: com um grupo de compositores de blocos carnavalescos dos bairros do Estácio de Sá e Osvaldo Cruz, e com compositores dos morros da cidade como em Mangueira, Salgueiro e São Carlos

Não é por acaso que se identifica este formato de samba como "genuíno" ou de "raiz". A sua divulgação consolidou-se como expressão musical urbana e moderna e passou a ser tocado e divulgado por todas as rádios, espalhando-se pelos morros cariocas e bairros da zona sul do Rio de Janeiro. Inicialmente criminalizado e visto com preconceito, pelas suas origens negras, o samba conquistaria também o público da chamada "classe média".


Morro da Mangueira, no Rio de Janeiro

O samba moderno urbano, surgido a partir do início do século XX, tem ritmo basicamente 2/4 e andamento variado, com estribilhos cantados ao som das palmas e ritmo batucado, aos quais se acrescentam uma ou mais partes ou estâncias, de versos declamatórios.

Tradicionalmente o samba é tocado por instrumentos de corda: o cavaquinho e vários tipos de violão, e ainda por instrumentos de percussão: o pandeiro, o surdo e o tamborim. Por influência das orquestras norte-americanas em voga a partir da Segunda Guerra Mundial, e pelo impacto cultural da música dos EUA no pós-guerra, passaram a ser utilizados também instrumentos musicais como o trombone, trompete, e, por influência do "choro", a flauta e clarinete.


Martinho da Vila, cantor e compositor
Com o passar dos anos, surgiram mais vertentes no seio deste samba "nacional" urbano carioca, que ganharam identidades próprias, como o samba-breque, o samba-canção, a bossa-nova, o samba-rock, o pagode, entre outras. Resumindo, aqui estão os

PRINCIPAIS TIPOS DE SAMBA:

Samba-enredo: Surge no Rio de Janeiro durante a década de 1930.

Samba de partido alto: Com letras improvisadas, falam sobre a realidade dos morros e das regiões mais carentes. Compositores mais conhecidos: Moreira da Silva, Martinho da Vila e Zeca Pagodinho.

Pagode: Nasceu na cidade do Rio de Janeiro, nos anos 70 (década de 1970), e conquistou as rádios e pistas de dança na década seguinte. Tem um ritmo repetitivo e utiliza instrumentos de percussão e sons eletrónicos. Espalhou-se rapidamente pelo Brasil, graças às letras simples e românticas. Principais grupos: Fundo Quintal, Negritude Jr., Só Pra Contrariar, e outros.

Samba-canção: Surgiu na década de 1920, com ritmos lentos e letras sentimentais e românticas. Exs.: "Ai, Ioiô", de Luís Peixoto.

Samba carnavalesco: Marchinhas e Sambas feitas para cantar e dançar nos bailes carnavalescos. Exs.: Chiquita Bacana, Colombina, Cidade Maravilhosa.


Samba de breque: Este estilo tem paragens rápidas, onde o cantor pode incluir comentários, de caráter humorístico ou crítico.
Um dos mestres deste estilo é Moreira da Silva.

Samba-enredo

Samba-exaltação: Com letras patrióticas e ressaltando as maravilhas do Brasil. com acompanhamento de orquestra.
Ex.: Aquarela do Brasil, de Ary Barroso.


Samba de gafieira: Foi criado na década de 1940 e tem acompanhamento de orquestra.

Rápido e muito forte na parte instrumental, é muito usado nas danças de salão.


Sambalanço: Surgiu na década de 1950 nas boates de São Paulo e Rio de Janeiro.

Foi fortemente influenciado pelo Jazz. Um dos representantes mais emblemáticos é Jorge Ben Jor, que mistura também elementos de outros estilos.








Dançarina de Escola de Samba-Carnaval


Para finalizar, recordem: no dia 2 de dezembro, Dia Mundial do Samba, todo o mundo tem que sambar...












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