O bicentenário do nascimento do escritor Charles Dickens cumpre-se hoje, e Lisboa assinala este evento com a inauguração de duas exposições e uma palestra.
Exposição Comemorativa do 200.º Aniversário de Charles Dickens |
Na Biblioteca Nacional é aberta a exposição das edições portuguesas do criador de Oliver Twist, na Sala de Referência, enquanto na Hemoteca Municipal é inaugurada a exposição: "Dickens nas Bibliotecas Municipais de Lisboa". Também hoje, pelas 18h00, na Biblioteca-Museu Repúbica e Resistência, o cineasta Lauro António apresentará a palestra "O Universo de Charles Dickens no Cinema".
Mas importa escrever uma vez mais, um pouco sobre Dickens, fonte inesgotável de fantasia e popularidade da era vitoriana e um dos escritores que mais contribuiu para a introdução da crítica social na literatura de ficção inglesa.
Dickens e a sua Fantasia |
Charles John Huffam Dickens era filho de John Dickens e de Elizabeth Barrow. Educado por sua mãe, tomou gosto pelos livros. Durante três anos frequentou uma escola particular. Contudo o seu pai foi preso por dívidas e, ainda adolescente, Dickens teve que trabalhar numa fábrica que produzia graxa para sapatos.
Alguns anos depois a situação da família melhorou, graças a uma herança recebida pelo pai. Mas a mãe não permitiu que ele saísse logo da fábrica, facto que Dickens nunca lhe perdoou. As más condições de trabalho da classe operária tornar-se-iam um dos temas mais recorrentes da sua obra.
Em 1827, Dickens começou a trabalhar num cartório. Apaixonando-se pela filha de um banqueiro, teve que suportar a desaprovação do romance pelos pais da noiva, mas Dickens foi indiferente a esta circunstância. Em 1832, conseguiu um emprego como repórter do jornal "Morning Chronicle". Passou então a publicar crónicas humorísticas sob o pseudónimo de Boz, reunidas mais tarde como "Esboços feitos por Boz". Com isso Dickens ganhou espaço no jornal para apresentar os capítulos de "As Aventuras do Sr. Pickwick", que estabeleceu o seu nome como escritor.
Exemplar da Segunda Edição de "A Christmas Carol" |
A 2 de Abril de 1836 Dickens casou-se com Catherine Hogarth, de quem teve dez filhos. Dois anos depois começou a divulgar, em folhetins semanais, "Oliver Twist" onde, pela primeira vez, apontava os males sociais da era vitoriana. O romance foi ilustrado por Cruikshank.
Em 1838, Dickens escreveu "Vida e Aventura de Nicholas Nikleby", e, depois, "Loja de Antiguidades" (1840), "Barnaby Rudge" (1841) e "Martin Chuzzlewitt" (1943-1944), escrito após uma viagem aos Estados Unidos.
Em 1843, publicou o seu mais famoso livro de Natal, "A Christmas Carol", ao qual anteriormente e por ocasião do passado Natal, dediquei uma publicação ilustrada (Um Conto de Natal...), com a versão cinematográfica desta obra tão carismática. Outros livros se seguiram, como "The Chimes" (1844), que escreveu durante uma viagem a Génova e o "Grilo da Lareira" (1845).
Restaurante Regras, em Londres, frequentado por Dickens, no auge da sua fama |
Em 1849 publicou um dos seus romances mais conhecidos, "David Coperfield", inspirado em grande parte, na sua própria vida. Aos poucos a sua obra tornou-se mais crítica em relação às instituições inglesas. Seguem esta linha os seus livros "Assim São Dombey e o Filho" (1847), "A Casa Sombria" (1852), e "Tempos Difíceis".
Charles Dickens separou-de da sua mulher em 1858. A causa da sua separação teria sido a atriz Ellen Ternan, que acompanhou o escritor até ao fim dos seus dias, apesar da união nunca ter sido reconhecida oficialmente. Escreveu ainda "História de Duas Cidades" (1859), "Grandes Esperanças" (1861) e "Nosso Amigo Comum" (1864). Nos últimos anos da sua vida iniciou o livro "O Mistério de Erwin Drood", mas a morte impediu a sua conclusão.
Charles Dickens separou-de da sua mulher em 1858. A causa da sua separação teria sido a atriz Ellen Ternan, que acompanhou o escritor até ao fim dos seus dias, apesar da união nunca ter sido reconhecida oficialmente. Escreveu ainda "História de Duas Cidades" (1859), "Grandes Esperanças" (1861) e "Nosso Amigo Comum" (1864). Nos últimos anos da sua vida iniciou o livro "O Mistério de Erwin Drood", mas a morte impediu a sua conclusão.
N.º48 de Doughty Street, residência de Dickens, aberta ao público como Casa-Museu Dickens |
Vítima de acidente cerebral em junho de 1870, foi sepultado no Poets' Corner ,na Abadia de Westminter.
Na sua sepultura ficaram gravadas as seguintes palavras: "Apoiante dos pobres, dos que sofrem e dos oprimidos; e com a sua morte, um dos maiores escritores de Inglaterra, desaparece para o mundo".
Termino com uma das suas muitas e conhecidas citações:
"...Uma vaga noção de tudo, e um conhecimento de nada."
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