Argentino de nascimento, Jorge Bergoglio, hoje Papa Francisco, é o primeiro
cidadão da América do Sul a ser agraciado com o Prémio Carlos Magno, recebido
igualmente pelo Papa João Paulo II em 2004 e, dois anos, pelo ex-presidente dos
Estados Unidos Bill Clinton. Até à data ainda nenhum português foi distinguido
com o Carlos Magno, prémio que reconhece o trabalho excecional de figuras
públicas ou instituições no serviço da unidade europeia.
Esta condecoração denomina-se Prémio Carlos Magno, em homenagem ao primeiro
imperador do Sacro Império Romano, coroado pelo Papa Leão III. Pelas suas
conquistas, Carlos Magno estabeleceu a Europa Ocidental e a posição do
continente na Idade Média, sendo visto como “pai da Europa”.
A distinção foi criada na cidade alemã de Aachen, “outrora centro do mundo
Ocidental”, local onde o mais ilustre soberano de sua época morreu. É conferida
todos os anos pela Comissão Executiva formada por representantes da sociedade e
da Igreja, presidido pelo presidente da Câmara, pelo decano da Catedral e pelo
reitor da Universidade de Aachen.
O Prémio Carlos Magno distingue, este ano, o Papa Francisco pelo
contributo para o projeto de unidade europeu e em nome desse compromisso o Sumo
Pontífice não deixou de apontar, durante uma cerimónia no Vaticano, esta
sexta-feira, várias críticas.
Perante representantes de instituições europeias e de vencedores
anteriores, como a chanceler alemã Angela Merkel, entre outros, o Papa apontou
o dedo ao modelo económico ocidental: “Se queremos repensar a nossa sociedade precisamos
de criar trabalhos dignos e bem remunerados, em especial para os mais jovens.
Fazê-lo implica o surgimento de modelos económicos novos, mais inclusivos e
equitativos, pensados não para servir apenas alguns, mas para beneficiar os
cidadãos comuns e a sociedade como um todo.”
Uma altura em que os valores que serviram de base à unificação europeia
parecem estar cada vez mais desacreditados, e isso mesmo ficou bem patente
quando o Papa Francisco foi, no mês passado, visitar campos de refugiados na
Grécia, deixando a descoberto que as declarações da Comissão sobre a qualidade
do acordo entre a EU e a Turquia para o controlo dos refugiados eram simples mentiras.
Assim o Francisco reforçou a importância da fidelidade ao código
genético europeu: “Sonho com uma Europa que se preocupa com as crianças, que
oferece ajuda fraternal aos pobres e aos recém-chegados que querem ser aceites
porque perderam tudo e precisam de abrigo. (…) Sonho com uma Europa em que ser
migrante é um convite a um maior compromisso em nome da dignidade de todos os
seres humanos.”
Com sala cheia, o Papa Francisco transmitiu o ideal que tem da Europa,
numa
altura em que o velho continente é cada vez mais confrontado
com provas de fogo que ameaçam a sua estrutura de base...
1 comentário:
Bem merecido. Papa Francisco tem algo de diferente. Que bom seria que o Mundo O ouvisse e algumas coisas pelo menos fossem mudando.
Alice Ferreira
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