Raduan
Nassar é o escritor da língua portuguesa escolhido pelo júri como vencedor do
Prémio Camões de 2016. O autor brasileiro está longe da ribalta há muitos anos,
vive recluso numa quinta. Entre os poucos romances publicados destaca-se
Lavoura Arcaica.
A
escolha do seu nome surpreende devido à sua ausência da vida literária há duas
décadas, mesmo que tenha sido um dos 13 finalistas da recente edição do Prémio
Man Booker Internacional, onde, a par do angolano José Eduardo Agualusa, eram
as duas únicas vozes de língua portuguesa.
A
sua obra está publicada em Portugal pelas editoras Cotovia e Relógio D'Água,
respetivamente A Menina a Caminho na primeira e O Copo de Cólera e Lavoura
Arcaica na segunda, e é considerada uma das mais importantes da literatura
brasileira contemporânea.
A
atribuição do Prémio Camões a Nassar interrompe a habitual rotatividade entre
autores de língua portuguesa. No ano passado foi a portuguesa Hélia Correia, no
ano anterior ao brasileiro Alberto da Costa e Silva e antes ao moçambicano Mia
Couto. Esperava-se por isso que esta edição distinguisse a carreira literária
de um escritor africano. Uma rotatividade que não é oficial e que já antes
tinha sido alterada.
O
nome foi anunciado esta segunda-feira, numa conferência de imprensa com o
secretário de Estado da Cultura, Miguel Honrado, e o júri desta 28.ª edição do
concurso.
No
ano passado a vencedora foi a portuguesa Hélia Correia e, em 2014, o prémio foi
atribuído ao historiador e ensaísta brasileiro Alberto da Costa e Silva.
O
Prémio Camões foi instituído por Portugal e pelo Brasil em 1988, para
"consagrar anualmente um autor de língua portuguesa que, pelo valor
intrínseco da sua obra, tenha contribuído para o enriquecimento do património
literário e cultural da língua comum".
Foi
atribuído pela primeira vez em 1989, ao escritor Miguel Torga (1907-1995) e
entre os 27 distinguidos há 11 portugueses e 11 brasileiros, tendo já sido
também distinguidos um autor cabo-verdiano, Arménio Vieira, de 75 anos, em
2009, dois angolanos - Luandino, em 2006, e Pepetela, de 74 anos, em 2006 -, e
dois moçambicanos, José Craveirinha (1922-2003), em 1991, e Mia Couto, de 61
anos, em 2013.
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