quinta-feira, dezembro 18, 2014

OS ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA ABERTOS A NORMALIZAR RELAÇÕES COM CUBA - Abriram-se as "Algemas da História": EUA e Cuba reatam relações










Os Estados Unidos e Cuba preparam-se para encetar conversações para normalizar as relações entre os dois países, de costas voltadas há 52 anos.

Os presidentes dos Estados Unidos e Cuba, Barack Obama e Raúl Castro, anunciaram esta quarta-feira o início da normalização das relações entre os dois países, cortadas há mais de meio século. Será aberta uma embaixada dos Estados Unidos em Havana, Cuba, pela primeira vez em mais de 50 anos.

Dois cubanos assistem à declaração de Raúl Castro, em Havana. 

O Presidente Obama admitiu que a política de isolamento não resultou com Cuba. Neste dia, "a América liberta-se das algemas da história". “Acredito que podemos fazer mais pelo povo cubano”, disse o Presidente norte-americano numa declaração pública. "Aos cubanos, os Estados Unidos oferecem uma mão amiga", acrescentou.

Obama disse que vai falar com os membros do congresso para anular o embargo comercial, financeiro e económico imposto pelos Estados Unidos a Cuba depois da revolução de 1959 que levou o comunista Fidel Castro ao poder.

Os dois presidentes contaram que falaram pelo telefone na terça-feira para discutir os últimos pontos da libertação de Alan Gross, um americano preso em Cuba há cinco anos, que desencadeou a retoma de conversações entre os dois países. Ambos, discursando simultaneamente durante a tarde desta quarta-feira, agradeceram ao Papa Francisco e ao Vaticano, respectivamente, o seu envolvimento na mediação da troca de prisioneiros que ajudou a desbloquear as relações EUA-Cuba. 
"Devemos aprender a arte de conviver de forma civilizada com as nossas diferenças", disse o Presidente cubano no fim da sua intervenção. Ao povo cubano, Castro prometeu que as negociações aconteceram "sem abrir mão de um único" dos princípios da Revolução Cubana e depois de "grandes perigos, sanções, adversidades e sacrifícios".


O que muda?

As principais mudanças nas relações diplomáticas entre Cuba e os Estados Unidos passam, entre outras medidas, por:

abertura de uma embaixada em Havana

possibilidade de viagem sem restrições entre os países
eliminação de Cuba da lista dos Estados que patrocinam o terrorismo

troca comercial de materiais de construção

possibilidade de as empresas americanas oferecerem os seus serviços a cubanos

permitir serviços de telecomunicação e internet em Cuba

Havana, Cuba.

"Nunca podemos apagar a história entre nós", acautelou Obama, frisando que Cuba ainda tem que melhorar alguns aspectos em termos de reformas económicas e de direitos humanos. Também Raúl Castro reconheceu as diferenças que ainda existem entre os dois países, separados por poucos quilómetros de mar, mas diz estar "disposto" a trabalhar no sentido de melhorar as questões diplomáticas.

Pelo mundo as várias opiniões começaram a fazer-se ouvir. O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, considera as tréguas diplomáticas "muito positivas" e considera que está na altura de os dois países normalizarem as relações.

O Papa Francisco congratula-se com a “histórica decisão dos governos dos Estados Unidos da América e de Cuba em estabelecer relações diplomáticas com o objectivo de, no interesse dos respectivos cidadãos, superar as dificuldades que marcaram a sua história recente”.  Francisco escreveu uma carta ao Presidente de Cuba, Raúl Castro, e outra ao Presidente norte-americano, Barack Obama.  O comunicado da Secretaria de Estado da Santa Sé refere que as cartas convidavam ambos os líderes “a resolver questões humanitárias de interesse comum, entre as quais, a situação de alguns detidos, com vista a desencadear uma nova fase nas relações entre as duas partes”.

Em Outubro, a Santa Sé acolheu no Vaticano delegações dos dois países e “ofereceu os seus bons ofícios para favorecer um diálogo construtivo sobre temas delicados, de onde brotaram soluções satisfatórias para ambas as partes”, diz o texto. “A Santa Sé continuará a assegurar o seu apoio às iniciativas que as duas Nações realizarão para incrementar as relações bilaterais e favorecer o bem-estar dos respectivos cidadãos”.

O Papa Francisco no Vaticano, no dia dos seus anos.

O comunicado não o diz, mas este é o resultado de uma longa e paciente ação da diplomacia vaticana, desencadeada há mais de 15 anos, quando se preparava a visita de João Paulo II em 1998, reforçada com a visita de Bento XVI em 2012 e que no dia do aniversário do Papa Francisco atinge um final feliz.
Agora, e depois de uma troca de prisioneiros entre os dois países, Obama e Raúl Castro agendaram discursos para quarta-feira passada. Espera-se o anúncio de mudanças nas relações entre Cuba e os EUA.

O Vaticano esteve envolvido nas negociações para libertação dos detidos. Já antes, fora com um grande sorriso que o Papa Francisco recebeu e cumprimentou o Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, quando da deslocação do presidente americano ao Vaticano. “É tão bom vê-lo”, afirmou Obama, sentado à frente de Francisco. O encontro público durou breves instantes, durante os quais o Papa se limitou a sorrir e a ouvir os cumprimentos do líder do mundo Ocidental. 






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