Nesta manhã de domingo, quando entrei em casa, regressada do habitual cumprimento da missa dominical, fui surpreendida por uma referência a esta lenda ou milagre, como se queira chamar. Logo me encantou. Caso raro, da comunicação social. Mas fui saber mais...
Santuário de Nossa Senhora de Caacupé |
No ano de 1600 um índio guarani, convertido ao cristianismo e paroquiano dos franciscanos, foi perseguido pelos seus inimigos Mbayaes. Cercado e desesperado, o jovem índio escondeu-se atrás de uma árvore que parecia protegê-lo.
Aterrorizado, invocou a Imaculada Conceição, a Virgem da sua devoção. Entre súplicas, suspiros, medo e esperança, prometeu à Rainha dos Céus que, se o livrasse dos seus inimigos, lhe faria uma imagem com a madeira daquela árvore.
Milagrosamente os Mbayes não o encontraram e, a partir daquele momento, o objetivo da sua vida passou a ser o cumprimento da sua promessa. Passado algum tempo o guarani voltou à árvore protetora, retirou do tronco a madeira necessária para o seu objetivo, fê-la secar. Pacientemente, com toda a arte de que era capaz e com o fervor da sua alma, começou a esculpir duas estátuas da Virgem: uma maior para a Igreja de Tobatí, nas proximidades, e uma outra, mais pequena, para a sua própria devoção.
Índio Guarani, esculpindo as duas imagens da virgem |
A imagem mais pequena é a Virgem dos Milagres, venerada na cidade de Caacupé. Quanto à imagem mais pequena, supõe-se ter sido saqueada pelos selvagens. E não se soube mais nada, nem mesmo do jovem índio guarani e cristão.
Mais tarde, em 1603, ocorreu uma grande inundação que provocou imensa destruição, inclusive a perda da imagem. Posteriormente, quando as águas baixaram, milagrosamente, reapareceu a Virgem esculpida pelo índio, toda embalada, dentro de uma maleta de couro. Os habitantes do lugar, conhecedores da imagem, começaram a difundir a devoção e a evocá-la com o nome de Virgem dos Milagres.
Resgatada das águas barrentas por um índio carpinteiro, chamado José, permaneceu por um tempo em sua casa. Mas após este ter testemunhado inúmeros prodígios e graças, a imagem foi levada para a aldeia de Tobati, onde lhe construíram uma capela.
Interior do Santuário e o altar onde se encontra a imagem da Padroeira do Paraguai |
Para ali acorreram muitos moradores e logo a aldeia cresceu, dando origem à cidade de Caacupé.
Caacupé é hoje uma realidade mariana e crescem a cada dia o número de peregrinos, as romarias e procissões para aquele santuário. Padroeira do Paraguai, Nossa Senhora de Caacupé tem a sua festa principal no dia 8 de dezembro de cada ano.
Plena de simbolismo, não poderia ignorar a descrição desta imagem da Padroeira do Paraguai:
- Os três círculos de estrelas, como a Igreja ensina, representam Maria "virgem antes, durante e após o parto.
- O seu rosto moreno (cruzamento entre Guarani raça indígena e caucasianos europeus) são as mulheres típicas paraguaias.
- O olhar materno da Virgem, o cuidar dos seus filhos.
- A estrela brilhante da coroa lembra Maria "Estrela da Manhã", que anuncia o fim da noite e o começo de um novo dia.
- O cabelo comprido que cai pelas costas é uma características das mulheres indígenas.
- Veste uma luxuosa túnica branca e tem sobre os ombros um requintado manto azul.
- O manto é adornado com figuras da flor nativa dos trópicos: "Maracujá". Os nativos, nas suas migrações, reconhecem a fertilidade da terra, pela presença desta flor.
- A imagem da Virgem está de pé, pisando uma cobra, sobre o globo azul com três estrelas douradas, e fitas com as cores da bandeira do Paraguai.
O simbolismo é múltiplo:
- em primeiro lugar, Maria vence o mal (a serpente da figura mítica do mal que ameaça a humanidade),
- e excede os ídolos pagãos (três estrelas).
- Por outro lado, as fitas simbolizam Maria a proteger o povo do Paraguai.
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