TRINTA DINHEIROS
No bengaleiro do mercado público
penduraram o coração.
Vestem o fato dos domingos
fáceis.
Não têm rosto
têm sorrisos muitos sorrisos
aprendidos no espelho da própria
podridão.
Têm palavras como sanguessugas.
Curva-se muito.
As mãos parecem prostitutas.
Alma não têm. Penduraram a alma.
Por fora parecem homens.
Custam apenas trinta dinheiros.
MANUEL ALEGRE
(In Praça da Canção)
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