CÁ NESTA BABILÓNIA ONDE MANA
Cá nesta Babilónia, onde mana
Matéria a quanto mal o mundo cria;
Cá onde o puro Amor não tem valia,
Que a Mãe, que manda mais, tudo profana;
Cá, onde o mal se afina, e o bem se dana,
E pode mais que a honra a tirania;
Cá, onde a errada e cega Monarquia
Cuida que um nome vão a Deus engana;
Cá, neste labirinto, onde a Nobreza
O Valor e Saber pedindo vão
Às portas da Cobiça e da Vileza;
Cá neste escuro caos de confusão,
Cumprindo o curso estou da natureza.
Vê se me esquecerei de ti, Sião!
LUIZ VAZ DE CAMÕES
In Obras de Luíz de Camões (Vol. II), 1861
Pelo Visconde de Juromenha
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