A MAGIA DA DANÇA (PARTE IV) - O CANCAN

O Cancan apareceu pela primeira vez nos salões da classe trabalhadora de Montparnasse em Paris, por volta de 1830. Era uma versão mais animada da "galop", uma dança rápida em tempo 2/4, muitas vezes caracterizado como a parte final da quadrilha.

Troupe de Mll. Églantine, - Cartaz de Henri de Toulouse-Lautrec

O Cancan foi, portanto, originalmente uma dança para casais, caracterizado pelo espetáculo de chutes altos e outros gestos de braços e pernas. Pensa-se que foi influenciado pelas travessuras de um artista popular da década de 1820, Charles Mazurier, muito conhecido pelas suas performances acrobáticas, que incluíam o écart grande ou salte divide, mais tarde transformado em característica popular do Cancan. 

Nesta época e durante todo o século XIX em França, a dança foi conhecida como o Chahut. Ambas as palavras são francesas, e enquanto Cancan significava "boatos" ou "escândalo", uma dança escandalosa portanto, Chahut significava "ruído" ou "tumulto". A dança causou uma espécie de escândalo, e por um tempo, houve tentativas de a reprimir. Por vezes acontecia pessoas dançarem o Cancan e serem presas, mas este nunca chegou a ser banido oficialmente, como às vezes é alegado. Ao longo da década de 1830, foram principalmente grupos de homens, principalmente estudantes, que provocaram mais indignação, ao dançarem o Cancan em fila, publicamente.

Jean Avril - Cartaz de Toulouse-Lautrec

Com os intérpretes, o Cancan tornou-se mais hábil e aventureiro, e desenvolveu gradualmente uma existência paralela como entretenimento, ao lado da forma participativa, embora ainda fosse muito uma dança para pessoas e não um espetáculo executado em palco por um coro.

Nas décadas de 1840 a 1860, alguns homens tornaram-se estrelas do Cancan, nomeadamente o grupo masculino conhecido como os  Quadrille des Clodoches. Dançaram em Londres. 

Mas neste período as mulheres foram artistas muito mais famosas.

Eram, na sua maioria, cortesãs da média burguesia, apenas semiprofissionais, ao contrário das bailarinas da década de 1890, como La Goulue  e Jane Avril, principescamente pagas pelas suas aparições no Moulin Rouge e outros lugares.

Le Café de Paris - Jean Béraud

As dançarinas do Segundo Império e do "fin de siècle" criaram movimentos no Cancan que mais tarde o coreógrafo Pierre Sandrini incorporou no espetacular "Cancan francês", que ele concebeu no Moulin Rouge na década de 1920, apresentando o seu grupo Bal Tabarin, em 1928. Esta foi uma combinação do estilo individual da dança parisiense dos salões, com o estilo do coro alinhado das salas de música britânicas e americanas.

Esta forma, a partir de 1920 tornou-se no conhecido Cancan francês, tanto do agrado dos turistas, altamente coreografado e com atuações de dez minutos ou mais, com a oportunidade das bailarinas exibirem as suas "especialidades".

Dançado em 2/4 do tempo, formando no palco um coro em estilo de linha, os movimentos principais são o chute alto ou battement, o rond de jambe (movimento de rotação rápido da perna com o joelho levantado e a saia levantou), o port d'armes (usando uma perna assente no chão enquanto a outra é agarrada pelo tornozelo e erguida na vertical), a roda da carroça e o grand écart (o voo ou salto divide).

Tornou-se prática para os bailarinos gritar e o grito durante a realização do Cancan, mas isto não é de todo uma prática essencial.

Existe também o Cancan de homens, que usam o battement, juntamente com os backflips e cartwheels, e divide, que se destinam sobretudo a mostrar a capacidade atlética e energia dos bailarinos.

Henri de Toulouse-Lautrec

No final do século XIX e inicío do século XX, o Cancan era visto como muito mais erótico porque, nesta altura, as bailarinas fizeram uso de roupa interior extravagante e meias pretas contrastantes. Levantavam e manipulavam as saias muito mais, e por vezes acrescentavam o movimento considerado mais atrevido e provocador de flexão sobre as suas saias e atirando-as sobre as costas, mostravam as culotes para o público. La Goulue, dançarina do Moulin Rouge, tornou-se famosa por este gesto. Tinha um coração bordado no assento das suas culotes.

A dançarina de Cancan, às vezes, aproxima-se de um homem e aposta em como ela consegue tirar-lhe o chapéu sem usar as suas mãos. Feita a aposta, ela executa um chute alto que lhe tira o chapéu e permite ao homem uma olhada rápida na sua calcinha. Este é um aviso para quem pensa tomar liberdades indesejadas com uma dançarina de Cancan, de que poderá levar um chute no rosto, em troca.

É um mito que o Cancan alguma vez tenha sido dançado sem culotes. Esta crença errada enraizou-se provavelmente porque quando o primeiro Cancan apareceu em salões de dança da classe trabalhadora da década de 1830, as culotes não eram um elemento padrão da roupa interior.

Foram adotadas  por volta de 1850, por causa da saia tipo crinolina. Inicialmente as culotes eram do tipo "aberto", e este é talvez um outro motivo para o mito. No entanto, a direção do Moulin Rouge nunca permitiu que os seus bailarinos atuassem com roupas assim provocantes.

O Moulin Rouge e a sua "troupe" de dançarinas do Cancan

Muitos compositores escreveram música para o Cancan. A música mais célebre é do compositor francês Jacques Offeenbach, Galop Infernal, em "Orpheu do Submundo" (1858). O pintor francês Henri de Toulouse-Lautrec produziu várias pinturas e um grade número de cartazes de dançarinos do Cancan. Outros se lhe seguiram, como Georges Seurat, Georges Rouault e Pablo Picasso.

PALMAS PARA "O ARTISTA" - Oscars 2012

A 84.ª cerimónia de entrega do Oscar 2012 foi tão previsível  quanto se esperava. Com excepção de algumas categorias técnicas, a Academia de Artes e Ciências de Hollywood fez a alegria dos apostadores, premiando o filme "O Artista" com cinco Oscares, entre eles o de Melhor Filme do Ano, logo ladeado pelo filme "Hugo"igualmente premiado com cinco Oscares, mas referentes às areas da Tecnologia.

Sendo um ano histórico de produções, a Academia preferiu a popularidade à inovação, não valorizando esta, que "O Artista" utilizou, desde a montagem aos recursos técnicos atuais que lhe asseguraram a qualidade da produção, sob o pretenso formato de filme antigo, do tempo do cinema mudo. Na escolha do Melhor Filme, não me manifestarei, até porque surpreendentemente teria feito outra, muito diferente de qualquer destas.

O "Artista" confirmou o seu favoritismo nas categorias principais: Oscar de Melhor Figurino, Melhor Banda Sonora, Melhor Ator, Melhor Realizador e Melhor Filme, o primeiro estrangeiro a levar o prémio máximo da noite.

Já nas categorias técnicas, "Hugo" reinou praticamente em absoluto, com: Oscar de Melhores Efeitos Visuais, Mistura e Edição de Som, Direção de Arte e Fotografia, o que contrariou o favoritismo de "A Ávore da Vida", que acabou a noite sem ter vencido em nenhuma das três categorias para que tinha sido nomeada.

Depois de trinta anos e dezassete nomeações, Meryl Streep ganhou o seu terceiro Oscar, pelo seu desempenho no filme "A Dama de Ferro", no papel de Margaret Thatcher. Muito aplaudida pela plateia, Meryl emocionou-se durante o seu discurso de agradecimento, extensivo ao seu maquiador e colaborador de longa data, J. Roy Helland, que também ganhou o Oscar de Melhor Maquiagem.

Os vencedores dos troféus de Ator e Atriz Secundários, também corresponderam ao esperado: Otavia Spencer ("Vidas Cruzadas") e Christopher Plummer ("Toda Forma de Amor"), que já tinham ganho todos os prémios nas suas categorias, ao longo da temporada. Aos 82 anos de idade, Christopher Plummer torna-se no ator mais velho a ganhar um Oscar.

O filme iraniano "A Separação", de Ashghar Farthadi, também confirmou o seu favoritismo ao ganhar o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro.

A cerimónia foi apresentada, pela 9.ª vez pelo comediante Billy Crystal, que iniciou a festa com a sua tradicional paródia aos nomeados. As suas piadas, tão previsíveis quanto os prémios, ajudaram a animar uma noite que, apesar de quebrar paradigmas e tentar corrigir tardiamente algumas injustiças, culminou com a vitória saudosista de um filme "à antiga" - o segundo filme mudo a vencer o Oscar, ou antes, o primeiro filme mudo a vencer o Oscar desde 1929...

LISTA DOS VENCEDORES:

Melhor Filme: "O Artista"

Melhor Direção: Michel Hazanavicius

Melhor Ator: Jean Dujardin, "O Artista"

Melhor Atriz: Meryl Streep, "A Dama de Ferro"

Melhor Ator Secundário: Christopher Plummer, "Toda Forma de Amor"

Melhor Atriz Secundária: Octavia Spencer, "Histórias Cruzadas"

Melhor Filme Estrangeiro: "A Separação"

Melhor Filme de Animação: "Rango"

Melhor Argumento Original: "Meia-Noite em Paris", Woody Allen

Melhor Argumento Adaptado: "Os Descendentes", Alexander Payne, Nat Faxon e Jim Rash

Melhor Fotografia: "Hugo"

Melhor Direção de Arte: "Hugo"

Melhor Montagem: "Millennium: Os Homens que não Amavam as Mulheres"

Efeitos Visuais: "Hugo"

Melhor Edição de Som: "Hugo"

Melhor Mistura de Som: "Hugo"

Melhor Figurino: "O Artista"

Melhor Maquiagem: "A Dama de Ferro"

Melhor Banda Sonora: "O Artista", Ludovic Bource

Melhor Canção: "Man or Muppet", Os Muppets

Melhor Documentário: "Undefeated"

Melhor Documentário de Curta-metragem: "Saving Face"

Melhor Curta-metragem: "The Shore"

Melhor Curta-metragem Animada: "The Fantastic Books of Mr. Morris Lessmore"

KODAK THEATRE - Onde Tudo Acontece...

O Kodak Theatre é a jóia de coroa do Hollywood & Highland Center, um complexo de restaurantes e entretenimentos localizado no coração histórico de Hollywood. O teatro, com uma capacidade de 3332 lugares abriu em novembro de 2001 e rapidamente se tornou conhecido, por mais de um bilião de pessoas em todo o mundo, como a primeira casa permanente dos prémios da Academia.

Aspecto noturno do complexo do Kodak Theatre

Construído com um custo de 94 milhões US Dólares, o Kodak Theatre foi concebido pelo Grupo Rockwell de renome internacional, para receber no seu palco glamoroso não só artistas e celebridades, mas também equipado para servir as enormes necessidades técnicas de um programa de televisão ao vivo para todo o mundo, como a noite do Oscar.

A nomeação do Kodak Theatre, numa parceria de marketing com a Eastman Kodak Co. que durou 20 anos, foi um dos patrocínios corporativos não-desportivos mais significativo da história. Esta longa ligação com a Kodak tornou natural a relação do Kodak Theatre com a indústria cinematográfica em Hollywood. Na verdade, durante 78 anos consecutivos, o eleito Melhor Filme foi produzido em película Kodak.

Perpetiva do Kodak Theatre

Inicialmente como um local de aprendizagem do entretenimento ao vivo, o Kodak Theatre já recebeu uma série de artistas de prestígio e de eventos, nos quais se contam as presenças de Alicia Keys, Celine Dion, Prince, Elvis Costello, Barry Manilow, Steve Wonder, Harry Connick Jr., Melissa Etheridge, Dixie Chicks, Tyler Perry, American Ballet Theatre e diversas turnés de produções da Broadway.

O Kodak Theatre também acolheu os espectáculos relativos à final do programas televisivo American Idol, Prémios AFI Lifetime Achievement para Tom Hanks, Meryl Streep e George Lucas, Prémios ESPY Awards e BET.

Sala de Espetáculos do Kodak Theatre

Para o espectador habitual de teatro, a visita ao Kodak Theatre começa no Hollywood Boulevard, onde um portal imponente, projetado pela Rockwell, serve como uma grande entrada para o teatro, que está afastado da rua. Ao longo de uma caminhada por dois andares decorados com placas de vidro iluminadas e representativas dos Prémios para cada Melhor Filme vencedor do Oscar colocadas em portais de pedra calcária, chega-se a uma escadaria de mosaicos vermelhos que dá acesso à entrada principal.

O "lobby" do teatro de cinco andares é caracterizado por uma grande escada central em espiral com balaustradas de cerejeira, encimada por uma cúpula oval pratada. Alguns elementos importantes do "lobby" foram inspirados por Campodiglio de Michaelangelo em Roma e coreografia de Busby Berkley.

Lobby do Kodak Theatre

Vinte e seis imagens espetaculares de vencedores famosos do Oscar, incluindo Grace Kelly, Jack Nicholson, Marlon Brando, Hallie Berry e Julia Roberts são exibidas permanentemente como tranparências fotográficas em peliglass penduradas diante de painéis de contas brilhantes,"Silver Screen". A sala dedicada exclusivamente a George Eastman ostenta uma uma estatueta do Oscar em tamanho real, um dos nove atribuídos à Eastman Kodak Company ao longo dos anos de conquistas científicas e técnicas da empresa e suas contribuições para a indústria.

A sala de audiências é abrilhantada por uma "tiara" folheada a prata, numa impressionante estrutura de looping oval, que tanto disfarça e apoia a grade de iluminação do teto imenso do teatro. A câmara foi concebida para chamar a atenção da ação no palco, bem como para alcançar todos os pormenores do público e artistas.

Perspetiva da Sala de Espetáculos 

A sala está equipada com detalhes sumptuosos que conferem calor ao espaço, com acabamentos em cerejeira e estofos de uma cor de ameixa intensa, acompanhados de um brilho cintilante proveniente das cortinas de dois tons de tecido iridiscente e uma malha de bronze fina que se estende até ao topo do palco, medindo cerca de 6 metros de largura por 35 metros de altura. A área do palco é uma das maiores do país, com 120 metros de largura e 75 metros de profundidade.

A Wolfgang Puck Catering e Eventos, propriedade do célebre chefe Wolfgang Puck, é a fornecedora exclusiva dos serviços de catering para o Kodak Theatre, incluindo o edifício principal, bastidores e eventos especiais privados a realizar nos lobbies do teatro e na sala de George Eastman.

As visitas guiadas ao teatro são realizadas sete dias por semana, com raras exceções, a partir das 10:30am às 2:30pm, com intervalos de trinta minutos. O passeio permite aos visitantes admirar os destaques arquitetónicos e históricos do local de renome mundial, bem como o vislumbre da característica ultra-glamourosa do Kodak Theatre na maior noite de Hollywood - a noite da atribuição do Oscar.

Red Carpet do Kodak Theatre

O Kodak Theatre está, como inicialmente disse, localizado dentro do Hollywood & Highland Center, de  mais de 640.000 pés quadrados de espaço ocupado por inquilinos comerciais nacionais, regionais e locais, numa variedade de restaurantes, alguns dos melhores clubes noturnos de Hollywood, de seis tela-state-of-the-art cinema ao lado do famoso Grauman Chinese Theatre e ainda o Renaissance Hollywood Hotel & Spa, com os seus 640 quartos.

O CIM Group, um sistema integrado de atividade imobiliária com base em Hollywood, tornou-se o proprietário do Hollywood & Highland Center, em fevereiro de 2004.

Mas na noite do próximo domingo, 26 de fevereiro, certamente muitos de nós aqui estaremos, onde tudo acontecerá , para direta ou indiretamente assistir ao espetáculo da noite mais glamourosa do Kodak Theatre e de Hollywood - a noite da atribuição do Prémio Oscar 2012...

CAVALO DE GUERRA - Steven Spielberg

Quem gosta de emoção e aventura, com certeza vai gostar de "Cavalo de Guerra" (War Horse), filme do realizador Steven Spielberg, que hoje chegou às nossas salas de cinema. Baseado no livro homónimo do autor inglês Michael Morpurgo, classificado na categoria de drama, narra a longa história de amizade e lealdade entre um homem e o seu cavalo que, enviado para a guerra, contagia todos em seu redor, numa mensagem de confiança e esperança. Esta obra do escritor Michael Morpurgo, também já havia sido adaptada ao teatro.

Cena de "Cavalo de Guerra"

Com uma belíssima fotografia, que nos mostra os extensos campos de trigo e os velhos moinhos de vento tão comuns na Europa, a história comovente, muito ao gosto de Spielberg, desenrola-se tendo como cenário a Inglaterra de 1914, quando do  rebentamento da Primeira Guerra Mundial.

Prestes a ser despejado da fazenda onde vive com os pais, Albert Narracott (interpretado pelo ator Jeremy Irvine) encontra-se numa situação limite sem dinheiro, e vê o seu cavalo Joey ser vendido ao exército britânico, por seu pai, numa tentativa desesperada de equilibrar as finanças da família.

Intervenção do cavalo Joey, no filme

Enviado para as sangrentas batalhas entre a Inglaterra e a Alemanha, Joey demonstra não ser um cavalo qualquer, mas um animal milagroso que resiste às mazelas da guerra e encontra refúgio tanto entre soldados de ambos os lados como junto de um fabricante de geleias (Niels Arestrup) e a sua neta Emilie (Celine Buckens). Mas os laços de amizade entre Albert e o cavalo não se desfazem facilmente. E é para os campos de batalha que o rapaz parte, em busca do seu amigo.

O elenco traz ainda a atriz Emily Watson como a mãe de Albert e Peter Mullan como o pai, além de David  Thewlis (Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban) e Tom Hidlestton (Thor). Com o selo de qualidade da Dreamworks, "War Horse" já conta com duas nomeações para o Oscar deste ano, assim como "As Aventuras de Tintin", do mesmo realizador Steven Spielberg.

Em resumo, este é um filme com muitas possibilidades, ideal para toda a família (embora difícil), com um fundo de amizade e superação, que o tornam num épico maravilhoso e emocionante, certamente culpado por fazer correr as lágrimas de muitos espetadores.

Steven Spielberg dirige as filmagens,
onde também participa, esporadicamente

O tema não é de todo surpreendente, mas a banda sonora, de John Williams, e a fotografia incrível e espetacular que envolve todo o filme, tornam Spielberg num vencedor e um dos favoritos para o Oscar.

Ficaremos a conhecer todas as escolhas da Academia de Hollywood já neste tão próximo dia 26 de fevereiro, no Kodak Theatre...

QUAIS OS LIMITES FÍSICOS DA HUMANIDADE? - Tentativa de Ultrapassar a Barreira do Som em Voo de Queda Livre

Um austríaco prepara-se prepara-se para bater vários recordes com décadas. Entre eles, o voo mais alto de balão tripulado e o salto mais alto de paraquedas. Se conseguir, será também a primeira pessoa a ultrapassar a barreira do som em queda livre, um salto a quase 37 quilómetros de altitude.

Félix Baumgartner e Joe Kittinger Apresentam o equipamento para a Prova

A cidade de Roswell, no Novo México, EUA, foi o local escolhido para a missão Redbull Stratos. De lá, o atleta austríaco de desportos radicais Félix Baumgartner tentará saltar de um balão na estratosfera a uma altitude de 36 mil metros e realizar uma queda livre capaz de bater todos os recordes, contando para isso com o apoio de uma equipa de cientistas aeroespaciais.

Baumgartner quer ser o primeiro o primeiro homem a ultrapassar a velocidade do som sem a proteção de uma aeronave, e ao mesmo tempo recolher dados nunca antes obtidos para o progresso da medicina. Depois dos testes numa câmara de pressão especial, no rio Texas, a missão passa agora para a sua fase  final e decisiva.

Cristo Rei, no Rio de Janeiro, e o World Financial Center , em Taipei

A escolha da cidade aconteceu devido às condições mais favoráveis. A área é muito povoada, possui algumas das melhores instalações para o lançamento de balões como este, e o tempo oferece boas condições de vento para que tudo seja feito com êxito.

A equipa do Red Bull Stratos realiza os últimos preparativos para a tentativa de superar o recorde da tentativa do coronel Joe Kittinger que perdura há 52 anos: uma queda livre de 31.333 metros durante o projeto histórico "Excelsior III", em 1960. Joe Kittinger é o conselheiro do projeto Red Bull Stratos desde o início, além de ser o mentor do atleta austríaco, de 41 anos.

Preparativos Finais da Missão

Félix Baumgartner já bateu recordes da B.A.S.E. Jump (as iniciais inglesas de edifícios, antenas, pontes e penhascos) em alguns dos locais espetaculares, como o World Financial Center T101 em Taipei, um dos edifícios mais altos do mundo. Também protagonizou um salto com menor altitude, quando saltou da estátua do Cristo Redentor, no Rio de Janeiro. Em 2003, BaumGartner usou asas de carbono atadas ao corpo, para se tornar no primeiro homem  a atravessar o Canal da Mancha, entre França e Inglaterra.

O salto a partir dos limites do espaço, no entanto, representa a entrada numa nova dimensão até para o próprio Baumgartner. É sem dúvida um passo arriscado em direção ao desconhecido. Uma equipa de técnicos e cientistas de renome passou os últimos cinco anos no estudo do desenvolvimento do equipamento e procedimentos necessários para assegurar o êxito e a segurança da missão.

A missão Red Bull Stratos pretende, de uma só vez, bater quatro recordes que já duram há mais de cinquenta anos: o voo mais alto de balão tripulado (36.000 metros), o salto mais alto de paraquedas, a primeira pessoa a ultrapassar a barreira do som em queda livre, e a queda livre de maior duração (cerca de cinco minutos e trinta segundos).

Testes Finais

A equipa irá compartilhar as suas descobertas e avanços nas áreas da aviação e aeroespacial com a comunidade científica de todo o mundo. A missão "Excelsior III" de Kittinger contribuiu muito para desenvolver pesquisas que levaram a melhorias na segurança pessoal em ambientes próximos do espaço, assim como no desenho apropriado de roupas espaciais. Os limites físicos da humanidade serão redefinidos com esta missão. A equipa espera conseguir avanços significativos para as ciências médicas e contribuir para a sobrevivência no espaço.

Para Baumgartner, consciente que a missão pode pôr em risco a sua própria vida, este projeto é muito mais do que mais uma tentativa de bater outro recorde: "Esta missão é antes de tudo um trabalho pioneiro. Talvez um dia as pessoas olhem para trás e digam que Félix Baumgartner e a equipa Red Bull Stratos ajudaram a aperfeiçoar os uniformes usados no espaço. Queremos atingir algo para a posteridade".

HUGO - Martin Scorsese

O nome de Martin Scorsese é sinónimo de bons filmes e grandes obras-primas da história do cinema. E é exatamente um pouco dessa história que o realizador leva para os écrans com "Hugo", que estreou nesta sexta feira.

Logotipo do Filme

Em 1902, Georges Méliès mudou completamente a história do cinema ao lançar "Viagem à Lua", a primeira ficção científica da sétima arte, numa época em que nem de longe o cinema era considerado como uma arte. Méliès fez cerca de 500 filmes que se perderam com o tempo, principalmente depois da Primeira Guerra Mundial que deixou a Europa devastada.

Isto está bem patente ao longo de "Hugo", adaptação da obra homónima de Brian Selznick , "A Invenção de Hugo Cabret", através de um menino órfão e solitário que vive numa estação de comboios em Paris, no início da década de 1930. Hugo (Asa Buttterfield) comete pequenos furtos na loja de brinquedos da estação para poder consertar o autómato encontrado por seu pai num museu, acreditando que ele poderia conter alguma mensagem para ele e mudar a sua vida para sempre.

Por ironia do destino, o dono da loja é Georges Méliès (Ben Kingsley), mas ele nem imagina quem é aquele senhor amargurado e triste. Um dia, é descoberto por Méliès e obrigado a entregar-lhe tudo o que tem nos bolsos, inclusivé o caderno de anotações sobre o autómato, deixando-o perplexo e confuso. A partir daí, a trama começa a desenvolver-se mostrando outros personagens que circulam pela estação, como o guarda vilão e trapalhão, vivido e interpretado por Sacha Baron Cohen.

Cena de "Hugo"

O filme é uma belíssima homenagem aos primeiros anos da cinematografia. "Como realizador, sinto que tudo já realizado no cinema de hoje, teve início com Georges Méliès. E quando olho para trás e vejo os filmes originais, sinto-me emocionado e inspirado, porque eles ainda transmitem a vibração da descoberta, mais de cem anos depois de terem sido feitos. E também porque eles estão entre as primeiras e mais poderosas expressões de um formato de arte que eu amo, e ao qual dediquei a maior parte da minha vida", declarou Martin Scorsese.

O único "senão" apontado a esta produção é a lentidão da parte inicial. A acção demora a acontecer, mas depois é um deleite para o espectador. A presentação de alguns excertos do Primeiro Cinema, como o dos Irmãos Lumière e do próprio Méliès, só acrescentam pontos positivos ao filme, tornando-se delicioso visualizá-los em écran grande (3D).

Martin Scorsese e os intérpretes do filme, Asa Butterfield e Chloe Moretz

A direção de arte, maquiagem, figurinos e tantos outros elementos fazem de "Hugo" uma produção de qualidade que merece ser vista pelo menos por uma vez. Neste caso específico, a utilização da tecnologia 3D é válida, e entusiasmou, ao que se sabe, os membros da Academia. "Com as atuações e movimentos certos, o trabalho torna-se numa mistura de teatro e filme, mas ao mesmo tempo diferente de ambos", afirma Scorsese, acerca das novas tecnologias. O realizador aliás, faz uma pequena participação no filme, como fotógrafo.

"Hugo" recebeu 11 nomeações para o Óscar deste ano de 2012,  tornando-se no filme mais nomeado este ano, inclusive de melhor filme e realização para Martin Scorsese, que recebeu a sua primeira estatueta em 2007, por "Os Infiltrados" (The Departed-2006).

No que me diz respeito, confesso que adorei...

SONETOS DISPERSOS - Um Passeio Pela Literatura

O SOL É GRANDE: CAEM COA CALMA AS AVES

O sol é grande: caem coa calma as aves

1- Francisco Sá de Miranda (1481-1558)
2- Luís Vaz de Camões (1524?-1580)
3- Manuel Maria Barbosa Du Bocage (1765-1805)
4- Antero Tarquínio de Quental (1842-1891)
5- Florbela Espanca (1894-1930)
6- Manuel Alegre (1936-?)

Do tempo em tal sazão, que sói ser fria.

Esta água que do alto cai acordar-me-ia,

Do sono não, mas de cuidados graves.

Ó cousas, todas vãs, todas mudaves,

Que é tal coração que em vós confia?

Passam os tempos, vai dia trás dia,

Incertos muitos mais que aos ventos as naves.

Eu vira já aqui sombras, vira flores,

Vi tantas águas, vi tanta verdura,

As aves todas cantavam de amores.

Tudo é seco e mudo; e, de mistura,

Também mudando-me eu fiz doutras cores.

E tudo o mais renova: isto é sem cura!

(Francisco Sá de Miranda)

AQUELA TRISTE E LEDA MADRUGADA

Aquela triste e leda madrugada,

Cheia toda de mágoa e piedade,

Enquanto houver no mundo saudade,

Quero que seja sempre celebrada.

Ela só, quando amena e marchetada,

Saía, dando à terra claridade,

Viu apartar-se de uma outra vontade,

Que nunca poderá ver-se apartada.

Ela só viu as lágrimas em fio,

Que de uns e outros olhos derivadas,

Juntando-se, formaram largo rio.

Ela ouviu as palavras magoadas

Que puderam tornar o fogo frio

E dar descanso às almas condenadas.

(Luís Vaz de Camões)

JÁ BOCAGE NÃO SOU!...À COVA ESCURA

Já Bocage não sou!...À cova escura

Meu estro vai parar desfeito em vento...

Eu aos Céus ultrajei! O meu tormento

Leve me torne sempre a terra dura.

Conheço agora já quão vã figura

Em prosa e verso fez meu louco intento;

Musa!...Tivera algum merecimento

Se um raio de razão seguisse pura!

Eu me arrependo; a língua quase fria

Brade em alto pregão à mocidade,

Que atrás do som fantástico corria.

Outro Aretino fui...A santidade

Manchei... Oh! Se me creste, gente ímpia,

Rasga meus versos, crê na eternidade!

(Manuel Maria Barbosa Du Bocage)


NA MÃO DE DEUS

Na mão de Deus, na sua mão direita,

Descansou afinal meu coração.

Do palácio encantado da ilusão

Desci a passo e passo a escada estreita.

Como as flores mortais, com que se enfeita

A ignorância infantil, despojo vão,

Depois do Ideal e da Paixão

A forma transitória e imperfeita.

Como criança, em lôbrega jornada,

Que a mãe leva ao colo agasalhada

e atravessa, sorrindo vagamente,

Selvas, mares, areias do deserto...

Dorme o teu sono, coração liberto,

Dorme na mão de Deus eternamente!

(Antero de Quental)

OS VERSOS QUE TE FIZ

Deixa dizer-te os lindos versos raros

Que a minha boca tem para te dizer!

São talhados em mármore de Paros

Cinzelados por mim pra te oferecer.

Têm dolência de veludos caros,

São como sedas pálidas a arder...

Deixa dizer-te os lindos versos raros

Que foram feitos para te endoidecer!

Mas, meu amor, eu não tos digo ainda...

Que a boca da mulher é sempre linda

Se dentro guarda um verso que não diz!

Amo-te tanto! E nunca te beijei...

E nesse beijo Amor, que eu não te dei

Guardo os versos mais lindos que te fiz!

(Florbela Espanca)

AS FACAS

Quatro letras nos matam quatro facas

que no corpo me gravam o teu nome.

Quatro facas amor com que me matas

sem que eu mate esta sede e esta fome

Este amor é de guerra. (De arma branca).

Amando ataco amando contra-atacas

este amor é de sangue que não estanca.

Quatro letras nos matam quatro facas.

Armado estou de amor. E desarmado.

Morro assaltando morro se me assaltas.

E em cada assalto sou assassinado.

Quatro letras amor com que me matas.

E as facas ferem mais quando me faltas.

Quatro letras nos matam quatro facas.

(Manuel Alegre)

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SPORT LISBOA E BENFICA - Património de Portugal

O SportLisboa e Benfica é um clube multidesportivo sediado em Lisboa. O seu ecletismo, historial e forte base de adeptos fazem do Benfica um dos maiores clubes de Portugal e um dos mais prestigiados a nível mundial. As estimativas em relação ao número de adeptos apontam para cerca de 14 milhões espalhados por todo o mundo. Segundo o Guiness, o Benfica é atualmente o clube do mundo com maior número de sócios ativos. 

Sport Lisboa e Benfica de 1904



Segundo fontes não oficiais o clube tinha, no final de Março de 2011, cerca de 235.000 sócios com quotas em dia, o que mais uma vez lhe valeu a revalidação de Maior Clube do Mundo. O seu sócio n.º1, José Oliveira, festejou o seu 100.º aniversário em Setembro de 2011. Foi com a idade de 11 anos que se tornou sócio do Benfica, já lá vão 90 anos. 

E como todos os grandes clubes, o Benfica possui várias claques de adeptos. As principais são os "No Name Boys" e os "Diabos Vermelhos, embora também haja outras claques mais pequenas, como o "Grupo Manks". Todavia, nenhum destes grupos está legalizado nem manifestou desejo de o fazer.

Considerado pela IFFHS como o melhor clube europeu do século XX, foi eleito pela FIFA o 12.º maior clube de futebol do século XX, e o melhor entre os clubes portugueses. Segundo a BBDO, a marca Benfica ocupava, em 2007, a 17.ª posição das marcas de futebol mais valiosas da Europa.

Plantel Atual

A principal modalidade do clube é o futebol, mas distingue-se também noutras, como o andebol, o basquetebol, o futsal, hóquei em patins, voleibol entre outras. Nos seus equipamentos utiliza como cores principais o vermelho e o branco e como símbolo uma águia, até há pouco tempo chamada Vitória.

No futebol, conquistou o seu último título de campeão nacional na época de 2009/10, no dia 9 de Maio de 2010, no Estádio da Luz, frente ao Rio Ave (2-1) com golos de Óscar Cardozo que foi assim o melhor marcador dessa época. Este foi o 32.º campeonato do clube, o que faz com que este seja o melhor registo em Portugal.

Como tem sido largamente divulgado no historial do Benfica, foi a 28 de fevereiro de 1904, que um grupo de ex-alunos da Real Casa Pia de Lisboa (a atual Casa Pia) de onde se destacava Cosme Damião, criou nas traseiras da Farmácia Franco, em Belém, o Sport Lisboa, com uma única secção, a do futebol. Nessa reunião histórica, ficou estipulado que o clube recém criado jogaria com as cores  vermelho e branco e que teria no emblema uma águia e o moto "E Pluribus Unum".

Eusébio da Silva Ferreira

O primeiro campo de jogos foi na Quinta da Feteira, mas os tempos não foram fáceis. Devido a problemas financeiros, vários jogadores abandonaram o Benfica para o mais abastado Sporting, o que deu origem a uma rivalidade que perdura até aos dias de hoje e que em 1908, contribuiu para a fusão do Sport Lisboa com o Grupo Sport Benfica, clube sobretudo dedicado ao ciclismo, facto que originou o emblema atual (com a introdução da roda da bicicleta) e o nome definitivo: Sport Lisboa e Benfica.

Após vencer a sua primeira Taça de Portugal em 1940, no início dos anos 40, o Benfica muda-se definitivamente do Estádio das Amoreiras, anteriormente adquirido, para o Campo Grande. Foi neste campo que o Benfica lutou contra o domínio do Sporting. No ciclismo, é de destacar a importância de José Maria Nicolau, vencedor de duas edições da Volta a Portugal na década de 1930 e que de camisola encarnada espalhou a admiração pelo clube, por todo o país. Ainda na década de 1940, o Benfica é campeão por três vezes, em 1942, 1943 e 1945, e conquista a Taça de Portugal em quatro ocasiões: 1940, 1943, 1944 e 1948.

Foi em 1950 que o Benfica atingiu o seu primeiro feito internacional com a conquista da Taça Latina. O clube encarnado foi o único clube português a ter ganho esta prestigiosa competição, considerada como predecessora da Taça dos Campeões Europeus, como consta na lista de honra da FIFA.

Em 1954 chega um momento vital na história do clube: com a larga contribuição de muitos associados e simpatizantes, o Benfica inaugura o Estádio da Luz, inicialmente com capacidade para 30.000 espectadores e onde jogou até 2003. Com campo próprio e a chegada do treinador Otto Glória, que introduz o profissionalismo em toda a estrutura encarnada e adota treinos inovadores em Portugal, o Benfica começa a fazer frente ao domínio sportinguista. Em 1954/55 o Benfica conquista o Campeonato, pondo assim  um ponto final à liderança de quatro anos do Sporting.

Estádio da Luz

Na década de 50, o Benfica vence três Campeonatos Nacionais e seis Taças de Portugal. Em 1957 faz a terceira dobradinha da sua História e participa pela primeira vez na Taça dos Campeões Europeus. Nas modalidades, o clube cria as secções de boxe, badmington, patinagem artística e caça submarina.

Em 1960 foi acrescentado o terceiro anel ao Estádio da Luz, aumentando assim a sua capacidade para 70.000 espectadores, ao mesmo tempo que acontece a chegada do novo treinador húngaro, vindo do rival FC PORTO, Béla Guttman, que teve um impacto imediato. Com Béla Guttman, o Benfica conquistou 2 Campeonatos de Portugal, 1 Taça de Portugal e 2 Taças dos Campeões Europeus. Nesta época, o melhor marcador benfiquista foi o capitão José Águas, com onze golos.

Rui Costa, Jorge Jesus e Luís Filipe Vieira

Porém, no ano seguinte, o Benfica não vai além do terceiro lugar no Campeonato, mas vence a Taça de Portugal e chega à final da Taça dos Campeões Europeus. Já com Eusébio na equipa, o Benfica recupera de dois golos de desvantagem no marcador, para vencer o Real Madrid, por 5-3, com dois golos sensacionais do Pantera Negra. O Benfica sagrou-se assim bicampeão da Europa.

Contudo, no final desta partida, Béla Guttman resolve sair do Benfica e lançar a famosa maldição: "Nos próximos 100 anos, o Benfica não voltará a ser campeão europeu". Infelizmente esta maldição pareceu resultar, uma vez que o Benfica não voltou a ser campeão europeu, apesar de ter marcado presença em várias finais.

Em 1972 e 1973, o Benfica torna-se no mais perfeito campeão da história do futebol português. 28 vitótias, dois empates, zero derrotas, 101 golos marcados e apenas 13 sofridos, num primeiro campeonato invicto da história do futebol português. Mas terminados os três anos dourados do treinador Jimmy Hagan, o acontecimento da Revolução dos Cravos, contribuiu para mergulhar o Benfica em plena depressão  financeira, tal como o próprio país.

Benfica Campeão 2009/10

Depressão de que o Benfica só viria a libertar-se nos anos de reconstrução, depois da época de Eriksson, com a presidência de Manuel Vilarinho e depois  Luís Filipe Vieira. Com o treinador José Camacho o Benfica volta às vitórias, após um jejum de oito anos e simultâneamente inaugura o novo Estádio da Luz com capacidade para 65.000 espectadores. Época tristemente assinalada pelo triste falecimento de Miklos Fehér, enquanto envergava a camisola do Benfica numa partida em que defrontava o Vitória de Guimarães.

Entretanto os treinadores sucedem-se, Trapattoni, novamente Camacho, Quique Flores, que foi finalmente substituído já na época de 2009/10 por Jorge Jesus, que então treinava o Braga. Com o treinador Jorge Jesus chegam também jogadores como Saviola e Javi Garcia, comprados ao Real Madrid, Ramires comprado ao Cruzeiro e Fábio Coentrão, que se mantinha no plantel.

Sport Lisboa e Benfica - Sub 20

Quando a primeira metade da temporada terminou, após 15 partidas, o Benfica tinha onze vitórias, dois empates e apenas uma derrota. 

A partir desta altura, o Benfica entra numa era de vitórias, destacando o brilhantismo do jogador Óscar Cardozo, que nesta temporada se tornou o melhor marcador, com 26 golos.

Durante o Campeonato Português 2009/10, o Benfica teve um registo de 24 vitórias, quatro empates, quatro empates e duas derrotas, com 78 golos marcados e apenas 20 sofridos. 

Sendo o Campeão Português 2009/10, o Benfica garantiu a entrada direta na fase dos grupos da Liga dos Campeões 2010/11

O Benfica é o clube português com mais Campeonatos Nacionais (32), Taças de Portugal (24) e Taças da Liga (3).