ENAMORADOS
Tinham como nós o vício
do delírio
E um fogo de prazer a
crescer nos olhos
Indiferentes
Seguiam amarrados às
raízes do sonho
De uma noite secreta
E num canto da lua a
escorrer loucura
Esmagavam nas mãos
A última pétala do medo
Como nós tinham a
angústia na pele
Que se toca e queima e
acende picadas
Nos sexos doridos
E um sorriso puro e uma
branca postura
De amantes cegos pela
sensualidade
Irrompia-lhes das bocas
vulneráveis
E húmidas
Tinham como nós
cumplicidade
A vertigem e a força e
a medula febril
A rebentar num rio de
desejo e de loucura
E como nós sorriram
E como nós sonharam
Quando entraram
decididos
No paraíso alugado de
uma pensão obscura
FERNANDO CAMPOS DE
CASTRO
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