Leonard Cohen festejou a 21 de setembro os seus 82 anos com um novo álbum, You Want It Darker, o 14.º da sua carreira, no qual refletia sobre sua própria mortalidade e, com a sua voz grave,
interrogava-se sobre a
natureza do homem e de um Deus todo-poderoso.
Ainda no mês passado, o
músico e poeta aplaudiu a atribuição do Nobel da Literatura a Bob Dylan e
considerou que foi como "dar uma medalha ao monte Evereste por ser a
montanha mais alta". O nome do próprio Cohen foi várias vezes apontado
como candidato ao Nobel.
Nascido a 21 de
setembro de 1934 numa família judaica em Montreal (Canadá), Leonard Cohen
compôs algumas das músicas mais inesquecíveis das últimas décadas.
No Canadá
licenciou-se em literatura na Universidade McGill, em 1955, e integrou o grupo
musical The Buckskin Boys.
Mudou-se para Nova
Iorque com uma bolsa para a Columbia Graduate School, e aos 24 anos recebeu
outra, do Canada Council, para escrever um livro, o que lhe permitiu viajar
para a Europa.
Cohen acompanhou sempre
a música com a literatura, a sua grande paixão, que começou aos 16 anos, quando
escreveu os seus primeiros poemas.
Publicou o primeiro
álbum, Songs of Leonard Cohen, em
1967, já depois de ter feito trinta anos e de ter revelado a faceta literária,
em particular com o livro de poesia Let
us compare mythologies (1956) e o romance 'O Jogo preferido', (1963), editado em Portugal em 2010. Leonard Cohen é também
autor do livro de poesia Flowers for
Hitler(1964).
Em Portugal estão
também publicados Filhos da Neve e O livro do desejo, que reúne poemas
dispersos escritos ao longo dos últimos vinte anos, alguns dos quais durante um
retiro budista de Cohen nos Estados Unidos e na Índia.
Considerado um dos mais
importantes nomes da música popular do século XX, Cohen escreveu músicas
simbólicas da sua geração, incluindo Hallelujah.
Suzanne ou So Long Marianne ilustram, em 1967, uma
primeira coleção de canções marcadas pelo sofrimento amoroso.
Aos 77 anos, foi
distinguido com o Prémio Príncipe das Astúrias das Letras pelo "imaginário
sentimental" da escrita e da música, justificou o júri.
No mesmo ano, em 2011,
foi galardoado com o 9.º Prémio Glenn Gould, atribuído de dois em dois anos a
artistas que contribuam para enriquecer a condição humana e representem os
valores da inovação, inspiração e transformação.
Apesar da idade, estava
mais ativo desde 2008, quando iniciou uma nova digressão internacional, depois
de uma ausência de 15 anos, e editou o álbum Old Ideas (2012).
Em 2014, lançou o álbum
Popular Problems, que aborda
preocupações e dilemas do mundo atual.
Sobre este álbum,
marcado pela sua voz cavernosa e grave, Leonard Cohen afirmou que é atravessado
por um sentimento identificável por todos: "Toda a gente sofre e toda a
gente luta por ser alguém, por ser reconhecido. É preciso perceber que a luta
de um é igual à luta de qualquer outro; e o sofrimento também. Creio que nunca
se chegará a uma solução política se não se perceber esta ideia".
Questionado sobre se
uma canção pode oferecer soluções para problemas políticos, respondeu: "Eu
penso que a canção é, ela mesma, uma espécie de solução".
Cohen foi precedido na
morte, em julho, por Marianne Ihlen, a norueguesa com quem viveu na ilha grega
de Hydra e que inspirou 'So Long, Marianne'.
Numa carta para Ihlen
revelada por um amigo, Cohen declarou o seu "amor sem fim" por ela,
escrevendo: "Eu acho que vou seguir-te muito em breve."
Paz
à sua alma
(Fonte Lusa)
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