MENINO
No colo da mãe
a criança vai e vem
vem e vai
balança.
Nos olhos do pai
nos olhos da mãe
vem e vai
vai e vem
a esperança.
Ao sonhado
futuro
sorri a mãe
sorri o pai.
Maravilhado
o rosto puro
da criança
vai e vem
vem e vai
balança.
De seio a seio
a criança
em seu vogar
ao meio
do colo-berço
balança.
Balança
como o rimar
de um verso
de esperança.
Depois quando
com o tempo
a criança
vem crescendo
vai a esperança
minguando.
E ao acabar-se de vez
fica a exacta medida
da vida
de um português.
Criança
portuguesa
da esperança
na vida
faz certeza
conseguida.
Só nossa vontade
alcança
da esperança
humana realidade.
MANUEL DA FONSECA,
in "Poemas para Adriano"
Manuel Lopes Fonseca, mais conhecido como Manuel da Fonseca nasceu em
Santiago do Cacém no dia 15 de outubro de 1911
em Lisboa, e morreu no dia 11 de Março de 1993. Foi um escritor poeta, contista,
romancista e cronista português.
Após ter terminado o ensino básico, Manuel da Fonseca prosseguiu os seus
estudos em Lisboa. Estudou no Colégio Vasco da Gama, Liceu Camões, Escola
Lusitânia e Escola de Belas-Artes. Apesar de não ter sobressaído na área das
Belas-Artes, deixou alguns registos do seu traço sobretudo nos retratos que
fazia de alguns dos seus companheiros de tertúlias lisboetas como é o caso do
de José Cardoso Pires. Durante os períodos de interregno escolar, aproveitava
para regressar ao seu Alentejo de origem. Daí que o espaço de eleição dos seus
primeiros textos seja o Alentejo. Só mais tarde e a partir de Um Anjo no
Trapézio é que o espaço das suas obras passa a ser a cidade de Lisboa.
Membro do Partido Comunista Português (PCP), Manuel da Fonseca fez parte do
grupo do Novo Cancioneiro e é considerado por muitos como um dos melhores
escritores do neo-realismo português. Nas suas obras, carregadas de intervenção
social e política, relata como poucos a vida dura do Alentejo e dos
alentejanos.
A sua vida profissional foi muito díspar tendo exercido nos mais diferentes
sectores: comércio, indústria, revistas, agências publicitárias, entre outras.
Era membro da Sociedade Portuguesa de Escritores quando esta atribuiu o
Grande Prémio da Novelística a José Luandino Vieira pela sua obra Luuanda, o
que levou ao encerramento desta instituição e à detenção de alguns dos seus
membros na prisão de Caxias, entre os quais Manuel da Fonseca.
Em sua homenagem, a Escola Secundária de Santiago do Cacém denomina-se
Escola Secundária Manuel da Fonseca e as bibliotecas municipais de Castro Verde
e Santiago do Cacém, Biblioteca Municipal Manuel da Fonseca.
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