TARDIO
Quando quis ser fruto
fui fome,
não mais do que areia
de um chão sem cio.
Quando sonhei ser pano
fui agulha.
E morri no sono do gesto
de enrolar o fio.
Quando aprendi a ser poente
já não havia céu.
Quando quis anoitecer
tudo era luz.
E assim me condeno
em livre vício:
no mais derradeiro
eu só vislumbro um início.
MIA COUTO
(idades, cidades, divindades)
Maputo, 2005
3 comentários:
Muito bonito...gostei! Muitos parabéns e obrigada sempre pela sua partilha!! Bom fim de semana!!
Fascinante.
Sentido e com muita verdade.
Obrigada
Beijinho
Maria Alice Ferreira//Alice Ferreira
...Me embriaguei em tamanha perfeição.
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