O Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, 10 de junho, é
o dia feriado nacional em que se assinala a morte de Luís Vaz de Camões em
1580, sendo também este o dia também dedicado ao Santo Anjo da Guarda de
Portugal, protetor do país.
Presidente Marcelo Rebelo de Sousa no Terreiro do Paço, durante as manifestações do Dia de Portugal, Camões e Comunidades 2016 |
Durante o Estado Novo, de 1933 até à Revolução dos Cravos de 25 de abril de
1974, foi celebrado como o Dia da Raça: a raça portuguesa ou os portugueses. Luís de Camões representava o génio da pátria na sua dimensão mais
esplendorosa, significado que os republicanos atribuíam ao 10 de Junho, apesar
de nos primeiros anos da república ser um feriado exclusivamente municipal.
Com o 10 de Junho, os republicanos de Lisboa tentaram invocar a glória das
comemorações camonianas de 1880, uma das primeiras manifestações das massas
republicanas em plena monarquia.
O 10 de Junho começou a ser particularmente exaltado com o Estado Novo, o
regime instituído em Portugal em 1933 sob a direção de António de Oliveira
Salazar. Foi a partir desta época que o dia de Camões passou a ser festejado a
nível nacional. A generalização dessas comemorações deveu-se bastante à
cobertura dos meios de comunicação social.
Até ao 25 de Abril de 1974, o 10 de Junho foi conhecido como o Dia de
Camões, de Portugal e da Raça, este último epíteto criado por Salazar na
inauguração do Estádio Nacional do Jamor em 1944. A partir de 1963, o 10 de Junho tornou-se numa
homenagem às Forças Armadas Portuguesas, numa exaltação da guerra e do poder
colonial.
Painel alusivo aos Lusíadas, em Ourém |
Com uma filosofia diferente, a Terceira República converteu-o no Dia de
Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas em 1978. Desde o ano 2013 a
comunidade autónoma da Extremadura espanhola festeja também este dia.
A devoção ao Anjo da Guarda de Portugal, igualmente hoje celebrado, é
ignorada por muitas pessoas. Todavia ela partilha oficialmente as celebrações
deste Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas e também do
Santo Anjo de Portugal.
Esta devoção surgiu de um pedido do rei D. Manuel I de Portugal. Foi o Papa
Júlio II que, em 1504, instituiu a festa do «Anjo Custódio do Reino» cujo culto
já seria antigo em Portugal. O pedido terá sido feito ao papa Leão X e este
autorizou a sua realização no terceiro Domingo de Julho.
Foi invocada pela primeira vez na Batalha de Ourique, e a mesma deu uma tal
vitória às forças de D. Afonso Henriques sobre os invasores muçulmanos, que
proporcionou a D. Afonso Henriques o facto de se autoproclamar Rei de Portugal.
Desfile das Forças Armadas no Terreiro do Paço, durante as manifestações deste dia de Portugal, Camões e Comunidades. |
Nas suas Memórias, a Irmã Lúcia deixou escrito que, entre Abril e outubro
de 1916, nas Aparições de Fátima, teria já aparecido um anjo aos três
pastorinhos, por três vezes, duas na Loca do Cabeço e outra junto ao poço do
quintal da sua casa em Fátima (Ourém), convidando-os à oração e penitência, e
afirmando ser o "Anjo de Portugal".
Este ano, as comemorações do dia 10 de junho vão, pela primeira vez na história, estar
divididas entre dois países, mas sempre junto dos portugueses. Marcelo Rebelo
de Sousa quer desta forma estar mais próximo dos cidadãos lusos e mostrar que a
diáspora nacional não é esquecida, considerando “estranho” que “nunca ninguém tenha pensado” que estas cerimónias fazem sentido desta forma.
Acrescentou ainda que “não será uma vez sem sequência”, já que “pelo menos de dois em dois anos, o que significa três vezes no decurso do mandato de cinco anos, haverá celebração desta natureza junto das comunidades portuguesas”
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